quarta-feira, 12 de novembro de 2025

O LIVRO OPERAÇÃO KAABA DESCREVE UMA CURIOSA INCURSÃO PELA SERRA DA MANTIQUEIRA



O livro Operação Kaaba, de autoria de R.H. Souza descreve as ações de um grupo terrorista que tenta localizar o papa Pedro Paulo I, que estava escondido num mosteiro na Serra da Mantiqueira, no Estado de São Paulo, para sequestrá-lo e leva-lo para a Arábia, onde seria julgado por um tribunal das Nações Árabes Unidas (NAU) em guerra com o Ocidente. Leia o texto que segue e terá uma ideia do conteúdo desta eletrizante narrativa. Para comprar o livro, acesse: atendimento@clubedeautores.com.br
                 

"Abdel chegou à Fazenda Manga-Larga numa tarde de domingo, pois nesse dia a vigilância nas estradas era praticamente nenhuma. Ficou acertado com o Khaled, o comandante da Operação Kaaba, que ele subiria à Serra da Mantiqueira disfarçado de cientista alemão, com o nome de Karl Wilhelm von Humboldt. Antes de viajar, comprou roupas e material adequado para a escalada, sem esquecer, naturalmente, dos equipamentos para suas pesquisas científicas,  como  potentes  máquinas fotográficas e equipamento de gravação de alta sensibilidade para gravar o canto dos pássaros.

A chegada de Fábio Abdel Aziz à fazenda foi comemorada pelos companheiros, Mara e Fuad, pois a monotonia já tomava conta de suas cabeças. O proprietário, Nestor, recebeu cordialmente o novo hóspede, pois fora informado pessoalmente pelo Grão-Mestre da missão do terrorista. Quando falaram da excursão à Mantiqueira, Nestor lhe disse que tinha um mateiro de absoluta confiança, que conhecia bem os caminhos da serra, pois, em outros tempos, andara por lá à procura de uma mina de pedras preciosas da qual seus antepassados muito falavam.

– E encontrou a mina? – perguntou Abdel muito curioso.

 – Encontrou umas pedrinhas sem grande valor, mas sua experiência agora pode nos ser valiosa.

–  Certamente! E quando posso conhecê-lo?

– Amanhã vou mandar chamá-lo e faremos as apresentações. Seu nome é Antônio...Antônio Godói. Ele poderá lhe ser de muita utilidade, pois a escalada da serra será longa e difícil.

Numa reunião entre os três guerrilheiros foram delineadas as ações a serem executadas na Serra da Mantiqueira por Abdel e seu guia. Eles não poderiam tentar a escalada próximo à cidade de Lorena, mas bem antes, para não serem percebidos pelo posto da Polícia Federal na subida para o Mosteiro dos Novos Templários. Ambos seriam levados por um furgão da fazenda e deixados na raiz da serra, com seus equipamentos.

Enquanto Abdel fazia a escalada da serra para traçar os caminhos para o ataque, Khaled fotografaria do alto toda a região, além do mosteiro e áreas próximas.

Já estávamos no mês de outubro e os dias eram mais quentes e foi na madrugada de uma sexta-feira, que o furgão da fazenda deixou os dois excursionistas num lugar ermo, na raiz da Mantiqueira. Abdel Aziz e Antônio Godói combinaram toda a estratégia a ser desenvolvida , no caso de se  depararem com pessoas estranhas ou elementos da polícia ou do exército. O mateiro alertou Abdel:

– Vamos encontrar trechos de difícil acesso, muitas escarpas, com córregos, mata fechada e outros obstáculos. Conheço algumas trilhas, que irão facilitar a nossa escalada A cada 4 horas de caminhada, paramos para descansar. À noite, vamos armar a barraca perto de algum córrego e acenderemos fogo para afugentar os bichos.

– Tem muita cobra ? – perguntou Abdel.

– Tem todo tipo de cobra e precisamos tomar cuidado. É só não mexer com elas, pois não atacam.

– O sr. Nestor me disse que você andou atrás de pedras preciosas...

– Sim, andei, mas achei pouca coisa e sem muito valor. Meu avô falava da existência  na Mantiqueira  de uma grande mina de pedras preciosas. Quem sabe, um dia ainda acharei essas pedras e ficarei rico.

Os dois iniciaram a subida e Abdel logo sentiu as dificuldades da caminhada. Em muitos trechos, o terreno era escorregadio e, em outros, precisavam andar agarrados às cordas presas por Antônio em pedras ou em árvores para passarem sobre os abismos.

Por toda parte havia animais silvestres, pássaros em quantidade e répteis, o que justificava a atividade de cientista a que Abdel se propunha. Pelo caminho, ele fotografava os pássaros, gravava seus trinados e teve que explicar ao guia o significado de sua “profissão” de ornitólogo.

Alcançar o alto do paredão localizado atrás do Mosteiro dos Novos Templários a partir do pátio próximo ao laboratório, era uma operação difícil, pois não havia trilha de acesso. Para chegar ao alto era necessário o uso de cordas e material de alpinismo e foi dessa maneira que o sargento do exército, Alfredo Duarte, com mais cinco soldados, alcançaram o topo, onde montaram um posto de observação, com o objetivo de detectar a chegada de qualquer suspeito através da floresta. Lá do alto também podiam ver a paisagem ao longe e perceber a aproximação de qualquer aeronave suspeita vinda em direção ao mosteiro. No local foram instalados  equipamentos de vigilância e rastreamento e uma metralhadora ponto 50, protegida por uma barricada de sacos de areia e voltada para a floresta. Os soldados usavam metralhadoras portáteis.

  A Polícia Federal solicitara a ajuda do exército na vigilância da floresta, porque ele dispunha de equipamentos altamente sofisticados, que detectava sons e imagens a uma distância de até dois quilômetros. Antenas foram levantadas acima das árvores e os equipamentos de rastreamento estavam localizados numa grande barraca, onde dia e noite ficavam dois operadores fazendo o monitoramento.

No segundo dia de incursão de Abdel e Antônio Godói pela floresta, o  operador de  radar do exército chamou o Sargento Duarte e informou que o equipamento detectava a presença de duas pessoas a uma distância de dois quilômetros e que vinham em direção ao mosteiro. Imediatamente, o sargento mandou que dois homens bem armados se dirigissem ao encontro dos intrusos e se comunicassem com a base através do rádio.

Os dois soldados avançaram cautelosamente e, depois de algum tempo, avistaram os dois indivíduos. Um, o “cientista” com barba e cavanhaque, vestindo roupa cáqui, constituída de calça e um blusão tipo militar, cheio de botões, além de botas, capacete, óculos pequenos, com aro de metal, portando uma máquina fotográfica com potente objetiva. O outro, o assistente, carregava um microfone na ponta de uma haste de metal e trazia nas costas uma grande mochila com vários outros equipamentos.

Abdel, ao perceber que ele e o companheiro eram observados, falou baixinho para Antônio:

– Levante o microfone e finja que faz uma gravação, enquanto que eu vou virar a teleobjetiva para a copa das árvores para fotografar os pássaros. Faça tudo com naturalidade e deixe que eu falo com eles. Os soldados se aproximaram e um deles, de nome Jacinto, apontou a metralhadora na direção dos dois suspeitos e ordenou:

– Coloquem no chão os  equipamentos e mãos ao alto para serem revistados.

Abdel, imitando o cientista alemão, retrucou:

– Senhor zoldat por acaso me digas se é proibidas fotografiren pázaros do floresta?

– Mãos para cima ou atiramos! – gritou o soldado.

  Os dois não pensaram duas vezes e arriaram no chão os equipamentos, com as mãos para o alto, para serem revistados. Em seguida, o soldado Jacinto mandou o colega carregar os equipamentos dos suspeitos e ordenou que eles colocassem as mãos na cabeça e seguissem à frente, em direção ao posto de observação.

Abdel mantinha-se tranquilo, enquanto Antônio Godói demonstrava intenso nervosismo, pois nunca passara por situação semelhante. Ao chegarem ao posto de comando, o soldado Jacinto levou-os até o sargento Alfredo Duarte e falou:

– Prendemos esses dois suspeitos lá no alto. Disseram que fotografavam pássaros e gravavam seus cantos. Trouxe-os para serem interrogados.

Abdel fixou o sargento e reagiu:

Eu quer saber por que eu e meu guias estar aqui presas. Nós não violar nenhum lei do naçón brasileiras...

– Acalme-se, amigo. Em primeiro lugar, me diga seu nome completo.

  – Eu se chamar Dóctor Karl Wilhelm von Humboldt... von, sargentas deve saber, em álemon significar orrigem nobre. Avô meu, famosa duque do Saxônia. Eu, zientista, ornitólogas, pertencer a Instituto Dresden para Pesquisas do Natureza. Esta é meu passaport e querer protestar com raiva, muita raiva, contra meu prizón e de meu amigas Antonios Gódoi. Vocês cometer um crime contra o ciências internacional.

O sargento examinou o passaporte e não achou nenhuma irregularidade, mas era preciso conferir. Afastou-se do posto e ligou para os agentes da Polícia Federal de plantão junto ao mosteiro, forneceu os dados do passaporte do alemão e pediu confirmação, enquanto mantinha detidos os  dois suspeitos.  Depois,  voltou  à tenda e se  dirigiu ao guia do “cientista” alemão:

– Agora, vou conversar aqui com o amigo do nosso cientista. Nome e endereço, por favor?

– Meu nome – falou o guia com voz trêmula – é Antônio Godói e moro num sítio a dez quilômetros da Dutra. O sítio não tem nome.

– E por que trabalha como guia aí do alemão?

– Porque eu conheço a Mantiqueira há muitos anos. Andei por aí atrás de uma mina de pedras preciosas.

– Pedras preciosas ?

– Sim, mina de pedras preciosas, mas, infelizmente, não encontrei nada.

–  E como conheceu o alemão?

– Ele veio do Rio de Janeiro e andou aí pela Dutra à procura de um guia. Um fazendeiro, que estava num posto  de gasolina se lembrou de meu nome e mandou me chamar. Como preciso de dinheiro, aceitei na hora, pois o alemão paga bem.

– Que meio de transporte trouxe o alemão até aqui?

Neste ponto da conversa, Abdel, ou Karl Wilhelm, irônico, interferiu:

– Eu vir no trenós do Papai Noel, Sargentas.

– Sr. Karl Wilhelm, não estou aqui para brincadeiras. Quero saber como o sr. veio do Rio de Janeiro até aqui, por favor?

– Eu vir de ômnibas, sargentas...Descer no estrada, quando ver o Mantiqueirras.

Neste ponto da conversa o telefone tocou e um agente da Polícia Federal informou ao sargento Alfredo Duarte que, aparentemente, o passaporte do ornitólogo alemão estava em ordem. Foi essa a informação fornecida por Brasília. E eram aconselhados a soltarem o suspeito, pois não havia nenhum mandado de prisão contra ele, assim como não era crime fotografar pássaros na floresta. Quanto à existência do Instituto de Pesquisas, em Dresden, era preciso consultar o Itamaraty e levaria algum tempo.

– O sargento  aproximou-se  do “alemão” e informou que ele e seu guia estavam livres, mas pediu que se afastassem do lugar, porque era área proibida. Estava sob controle militar.

– Proibidos por quê? Por acaso estamos num guerra, sargentas?

– Não, sr. Karl Wilhelm  von....

Dóctor Karl Wilhelm von Humboldt, sargentas!         

– Sim, Dóctor von Humboldt! Não estamos em guerra, mas esta área é controlada agora pelo Exército Brasileiro. Pode fotografar seus pássaros, mas longe daqui, bem longe.

Abdel e Antônio Godói pegaram seus equipamentos e se afastaram lentamente em direção ao alto da serra, pois de lá poderiam fotografar o mosteiro e arredores, com as poderosas lentes de que dispunham, sem serem  perturbados pelo sargento Duarte e seus soldados. Antônio Godói quis puxar conversa, mas Abdel o interrompeu, em voz baixa:

– Não fale nada, porque eles têm microfones que captam ruídos a grandes distâncias. E não olhe para trás, para não despertar suspeitas. Vamos nos afastar e subir a serra até o pico mais alto.

Depois de umas duas horas de caminhada, os dois excursionistas alcançaram o topo da serra de onde tinham uma visão completa de uma vasta região do vale, com suas cidades, uma em continuação a outra, formando o maior complexo industrial do país, ligado pela Rodovia Presidente Dutra, com seu intenso movimento de veículos. De lá podiam também observar o Mosteiro dos Novos Templários, construído sobre um platô, cercado pela floresta. Abdel assestou seu potente binóculo sobre a área do mosteiro e observou o movimento dos monges, que entravam e saíam de uma construção ao fundo, que devia ser o laboratório de pesquisas. Na frente do mosteiro, cinco a seis pessoas formavam um grupo, junto ao qual ele identificou barricadas e armas de grosso calibre, como metralhadoras e até um lança míssil. Próximo ao grupo, estava estacionado um grande helicóptero militar. Animado, Abdel alertou o companheiro:

– Está na hora do serviço fotográfico.

A seguir, tirou da mochila sua máquina fotográfica de fabricação alemã, marca Zeiss, com uma grande teleobjetiva, que podia fotografar a placa de um carro à distância de mais de um quilômetro. Durante alguns minutos só se ouviam os clics da máquina, que Abdel disparava com rapidez. De repente, parou de fotografar, pegou novamente o binóculo e  o assestou sobre deter-minado ponto atrás do mosteiro. Então, acionou novamente o obturador da câmera, agora, freneticamente, por diversas vezes. Em seguida, com a euforia do caçador, que acabou de avistar sua presa, falou para o guia:

– Acho que consegui um furo de reportagem. Acabei de fotografar um indivíduo de certa idade, com roupas civis, escuras, passeando pelo gramado ao fundo do Mosteiro.

– E quem seria?

– Acho que é o papa! Acho não, tenho certeza! Está com um livro na mão. Missão cumprida, companheiro. Podemos voltar para casa. Auf viedersehen, sargentas!

De volta à Fazenda Manga Larga, Abdel se comunicou com Omar Khaled e lhe fez um relato sucinto a respeito da incursão à Serra da Mantiqueira. Informou o comandante da Operação Kaaba sobre a situação local, como armas fotografadas, helicóptero, número de agentes federais e soldados do exército, que davam proteção ao papa. Disse, inclusive, ter fotografado um indivíduo no jardim do mosteiro, tudo indicando ser ele Pedro Paulo I. Satisfeito, Omar Khaled concluiu:

– Excelentes informações você me fornece e elas irão me ajudar muito na estratégia final. Por favor, transmita meus parabéns a esse Doctor Karl Wilhelm von Humboldt pelo magnífico desempenho como ornitólogo alemão nesse trabalho de pesquisa fotográfica dos pássaros da Serra da Mantiqueira.

Com boas gargalhadas, os dois encerraram a conversa.

                                        



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