As grandes noites do Teatro Amazonas chegavam ao fim. Os seringais cultivados na Malásia e Cingapura, superavam a produção nacional de borracha, que, em 1913, correspondia a 67% da asiática, e no ano seguinte caia para 44%. Pior ainda, o custo de produção na Ásia era inferior ao da Amazônia, onde as técnicas eram primitivas, o transporte oneroso e muito pequeno o rendimento do trabalho em árvores dispersas e de difícil acesso. "Enquanto um trabalhador da Malásia podia recolher num só dia três quilos de borracha, um serigueiro do Amazonas recolhia um só quilo, de 8 a 15 dias". (Prado e Capelatto.)
Manaus despediu-se do antigo esplendor no carnaval de 1915. A festa começara animada, com toda a população dançando e brincando nas ruas, clubes e cafés. A alegria chegou ao auge quando, no corso da avenida Eduardo Ribeiro, desfilaram os "Paladinos da Galhofa", em onze carros alegóricos. Em um deles ia Ária Ramos, a musa dos "Paladinos", considerada a moça mais bonita da cidade. À noite, no Clube Ideal, houve um baile. Num intervalo da orquestra, pediram a Ária que tocasse no violino a valsa Sublime Amor. Quando terminou a execução, explodiram os aplausos. Ária soltou um breve gemido, levou a mão direita ao pescoço e caiu. Um bando de mascarados, palhaços, piratas, pierrôs correu até o palco e debruçou-se sobre a jovem. Lá atrás, um moço fantasiado de cowboy, segurava o revólver e balbuciava:"Foi um acidente."
No mesmo ano, o preço da borracha caiu verticalmente. Em 1916, já não houve carnaval. A atmosfera de decadência corroeu o luxo das mansões em Manaus e Belém, a outra capital da borracha. As duas cidades começaram a entrar num marasmo, típico dos centros urbanos que viveram um luxo artificial.
"A memória prefere o apocalipse. Numa manhã calorenta de Manaus, os quadros da ruína: suicídios, debandada de aventureiros, navios lotados de arrivistas em fuga, as passagens esgotadas, famílias inteiras em mudança, os palacetes abandonados. Os que permaneceram ou não tiveram força para escapar, foram contaminados pelos sintomas da miséria crescente (...), como o mato [que] assaltava as ruas calçadas com paralelepípedos importados". (Márcio de Souza, escritor.)
Texto extraído da coleção Nosso Século da Abril Cultural, copyright 1980.
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CONTEÚDO DOS LIVROS :
O FILHO DE ANITA - Uma história que beira o fantástico. Um rico fazendeiro que incorpora o Malvado, desenvolve um intenso trabalho para seduzir uma bela jovem, Anita, criando situações inusitadas. A história reúne frades, médicos, vaqueiros, mulheres inteligentes e o povo simples dos vilarejos. E tem um final surpreendente. Só lendo, para crer. Mas, se você é impressionável, compre o livro, mas não leia, para não perder o sono. Deixe que outros o leiam.
VENDER É PRECISO- Um livro para treinamento de vendedores e empresários, mostrando as melhores técnicas de vendas, desenvolvidas no país e no exterior. Agora, em segunda edição.
OPERAÇÃO KAABA - Uma história extraordinária, que se passa no ano de 2045, num conflito internacional de graves consequências e o sequestro de um papa por terroristas islâmicos. O livro fala do surgimento de uma nova ordem religiosa - os Novos Templários, em cujos votos está, agora incluído, o voto de Preservação, com o objetivo de minorar os graves problemas ambientais que surgirão no futuro. A história envolve terroristas, jornalistas, políticos, fanáticos religiosos, personagens do clero e a figura de um papa - Pedro Paulo I, além de uma bela jovem que dá um colorido especial à narrativa.
AS TORRES DAS TRÊS VIRTUDES- livro dividido em duas partes. A primeira se passa num seminário, com a narrativa de fatos vivenciados pelo autor em sua juventude, mostrando como se desenvolvia a vida de um jovem, baseada no estudo, no trabalho e na oração, além das atividades esportivas. A segunda parte é vivida pelo herói da narrativa, na fazenda de seu pai, onde impera a corrupção, a violência e a lei da Winchester.
MENINO TROPEIRO - é a biografia da infância do autor, filho de um professor primário, que dava aulas em povoados do Planalto Catarinense. Aulas para 4 turmas, simultaneamente, com a maioria dos alunos vindos das propriedades agrícolas. Eles não tinham condução, como os alunos atuais. Vinham a pé, na escola não havia refeições e, à tarde voltavam para casa e pegavam uma enxada para ajudar os pais no trabalho das lavouras. Eram outros tempos.
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