Foto deFrei Orlando, capelão militar, que acompanhou a Força Expedicionária Brasileira à Itália, na Segunda Guerra Mundial. À época, o autor estudava no Seminário Seráfico São Luiz de Tolosa, na cidade de Rio Negro,. Paraná. No livro – As Torres das Três Virtudes – R.H. Souza faz um relato sobre a morte do capelão. Eis a narrativa:
"Depois da guerra, quando os pracinhas brasileiros retornaram da Europa, visitou o seminário um frade franciscano de nome Frei Alfredo Setaro que tinha sido capelão militar junto à Força Expedicionária Brasileira. Chegou em seu uniforme militar, no posto de capitão. Era um frade muito inteligente e proferiu palestras para os seminaristas, narrando episódios que presenciou durante a guerra. Algumas de suas narrativas foram mal recebidas por alguns padres alemães mais exaltados, principalmente quando ele se referiu ao comportamento de soldados brasileiros no trato de alguns prisioneiros alemães, como aquele que teve um soldado da FEB ao encontrar um alemão, apavorado, escondido debaixo de uma cama, numa casa bombardeada. Ele pegou o prisioneiro pelo nariz e o arrastou até junto do pelotão que os recebeu às gargalhadas.
Frei Alfredo também narrou um episódio que deixou a plateia emocionada. Referia-se à morte de seu confrade, Frei Orlando, também capelão militar. Ele seguia num jipe dirigido por um soldado , em companhia de outros militares, em visita aos postos avançados em Monte Castelo, quando o veículo teve uma das rodas travada por uma pedra. Todos desceram do jipe e um soldado italiano que acompanhava o grupo começou a bater na pedra com a coronha de seu fuzil, momento em que a arma disparou e atingiu o capelão no coração, matando-o na hora.
– Vejam – concluiu o palestrante. – O nosso querido Frei Orlando escapou de bombardeios e de outros perigos que cercavam as tropas, para morrer estupidamente diante da imprudência e irresponsabilidade daquele soldado. Isso aconteceu em 20 de fevereiro de 1945, quase ao final da guerra. Mas tenham certeza que a memória de nosso confrade será sempre lembrada pela dedicação e fervor com que exercia seu ministério, jamais se furtando em assistir qualquer moribundo, por mais perigosas que fossem as circunstâncias".
O governo brasileiro instituiu frei Orlando como patrono do Serviço de Assistência Religiosa do Exército, criado, em caráter permanente, por decreto-lei, no ano de 1946.
Foto de Frei Alfredo Setaro. Ele e frei Orlando usavam o uniforme de capitão, o posto mais elevado entre os capelães militares que acompanhavam a Força Expedicionária Brasileira
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