sexta-feira, 24 de outubro de 2025

MARKETING SIGNIFICA VERBALMENTE: MERCADO EM AÇÃO

 




Marketing significa verbalmente mercado em ação e é definido como “a disciplina que estuda os mercados, os produtos, as políticas e os planos comerciais, a organização de vendas e distribuição, as atividades publicitárias e de promoção e tudo o que diz respeito, direta ou indiretamente, ao fluxo dos produtos e dos serviços do produtor para o consumidor ou utilizador final, com o objetivo de garantir que todas as decisões da empresa tenham em conta as exigências dos clientes e as possibilidades de mercado e permitam à empresa realizar, com o mínimo de despesa, o máximo volume de vendas e de lucros”.(Manual do Vendedor Moderno de R. Butazzi e F. Ubaldini)

Mesmo antes do nascimento do produto, o marketing já desenvolve atividades, auscultando o mercado, pesquisando os concorrentes, procurando saber as necessidades do consumidor, para então estabelecer as características do produto. A seguir, irá estabelecer as áreas onde se encontram os clientes potenciais para o produto e que meios serão usados para alcançá-los, criando uma política de vendas, com a respectiva organização de vendas, com alocação de recursos para a publicidade e promoção de vendas.

O marketing  está presente em todas as etapas da vida do produto, orientando as empresas em todos os momentos. Vejamos um exemplo: Uma  empresa  pretende lançar no mercado uma nova marca de refrigerante, com sabor de frutas que já é sucesso em outros países. Mas o sucesso lá fora não significa que será bem sucedido aqui. A empresa tem que pesquisar para saber se o sabor do refrigerante é do agrado do consumidor, se a cor é atraente, se a embalagem se destaca, se é pratica e funcional, saber que faixas etárias poderão consumir o novo produto. Uma vez respondidas todas essas perguntas, através de pesquisas com preenchimento de questionários, o empresário tem elementos para estabelecer o mercado em que o produto será vendido, o sistema de distribuição, o preço, a campanha de publicidade que será criada para o mesmo, a promoção de vendas e outros detalhes.

Mesmo preenchidos todos os requisitos acima mencionados, o produto ainda poderá fracassar. Numerosos exemplos são conhecidos. O figurino foi seguido rigorosamente, todas as etapas foram preenchidas, o produto foi lançado, as vendas explodiram no primeiro momento, mas na reposição, o faturamento despencou.

Os exemplos de produtos que fracassaram são inúmeros, tanto aqui como no exterior. Em 1985, a Coca-Cola realizou uma pesquisa  para lançar um novo sabor de seu refrigerante. As pessoas provavam os dois sabores sem saber qual era  o novo e qual o velho e 55% dos entrevistados se mostraram a favor do novo. Depois, eram  informadas sobre qual era o novo e qual o antigo. 75% das pessoas preferiram o novo e só 23% preferiram o antigo. Foi lançado o novo sabor e foi um fracasso. Por quê? Os pesquisadores ficaram sem resposta para a pergunta.

 O escritor Lair Ribeiro, em seu livro Magia da Comunicação, afirma que “Eles, os pesquisadores, esqueceram a lei da escassez, segundo a qual quanto mais raro é um produto, mais desejado é ele pelo consumidor.” É possível que seja esse o motivo  do fracasso, no caso em questão.

Mas quais são as causas para o fracasso de um produto? Às vezes,  é  difícil  responder,  porque elas  podem ser numerosas. Vamos dar alguns exemplos.

Pode ser a concorrência que, ao tomar conhecimento do novo produto, trabalhou com grandes descontos, levando os varejistas a fazerem grandes estoques de suas marcas. Pode ser também a publicidade que não conseguiu transmitir as qualidades do novo produto ou não conseguiu atingir seu público alvo. Pode ser, finalmente, um fato novo surgido entre a pesquisa e o lançamento do produto, que mudou a maneira de pensar dos consumidores.

Nem sempre é fácil detectar as causas da morte de um produto. Os meios de comunicação exercem hoje uma influência extraordinária sobre as pessoas. A notícia sobre intoxicação de pessoas que consumiram determinada marca de produto alimentício provoca de imediato a queda nas vendas do produto em questão, como também nas vendas dos produtos similares dos concorrentes.

Na chamada economia de mercado, hoje globalizada, o marketing adquire uma dimensão nunca antes imaginada. São milhares de empresas, fabri-cando milhões de produtos, numa concorrência sem precedentes. Apenas, a título de ilustração, compa-remos a indústria automobilística no Brasil depois de  25 anos de seu surgimento.

Segundo o IBGE, em 1979 o Brasil tinha 4 montadoras de carros (Ford, GM, Volks e Fiat) fabricando 40 modelos. 25 anos depois já eram 10 montadoras que fabricavam 400 modelos.

O moderno consumidor tem hoje, além de opções de produto, opções de preços, de forma de paga-mentos, de financiamentos. Os produtos, no Brasil, como em outros países, (carros, eletrodomésticos, alimentos) competem com produtos nacionais e com produtos importados,  produtos importados com outros importados.  Quem lucra com isso é o consumidor e o marketing é que indica às empresas o caminho a seguir.

O mercado é hoje uma verdadeira selva e o marketing é o guia que conduz o empresário na gestão de seus negócios. Ele faz levantamentos, acompanha a concorrência, orienta a fabricação, estabelece as metas de produção, planeja a publicidade e a promoção de vendas e direciona a equipe de vendas, através do treinamento para que sejam alcançadas as metas propostas pela empresa.

Todas as atividades de marketing conduzem a um só objetivo: facilitar a atividade de vendas, criando os meios adequados para o seu bom desempenho. Dentro da empresa moderna, o Departamento de Marketing desempenha um dos mais importantes papéis, estando geralmente subordinadas a ele as atividades de vendas, pesquisa, treinamento de ven-dedores, publicidade e promoção de vendas.

No passado, o grande problema das indústrias era fabricar um produto, pois a tecnologia era rudimentar. Hoje, com os avanços tecnológicos, fabricar um produto deixou de ser um mistério. O nível de qualidade dos produtos praticamente se equivale. Veja o exemplo do mercado de televisores. A maioria dos equipamentos de TV colocados hoje no mercado apresenta índices de qualidade semelhantes, embora haja sempre alguma diferença entre um modelo e outro. Onde fica, então, essa diferença? Pode ser o sistema de vendas do produto, os prazos de garantia, preços menores, design sofisticado, assistência técnica. É o marketing que destaca o diferencial entre um produto e outro.

As diferenças entre os produtos podem também estar no acabamento, na assistência técnica, na qualidade da matéria-prima, nos rigorosos padrões de qualidade. O que também pode destacar um produto do outro pode ser a qualificação do vendedor, uma equipe bem treinada, capaz de prestar toda a assistência ao cliente.

Três aspectos do marketing são importantes: as pesquisas, os setores, os objetivos.

As pesquisas recolhem, classificam e analisam todos os dados necessários para orientar as atividades comerciais. Elas são quantitativas e qualitativas. As pequisas quantitativas usam dados estatísticos (numéricos) muitas vezes disponíveis na própria empresa. Exemplo: Vou lançar um poduto farmacêutico indicado para a pediatria. Para avaliar o potencial do mercado, vou levantar o número de pediatras existentes nas praças que a empresa pretende atingir, o número de concorrentes e o potencial de consumidores na faixa de preço do produto.

As pesquisas qualitativas realizam investigações e inquéritos psicológicos de nível variável sobre os consumidores.  Exemplo:  A empresa  está   lançando  um perfume no mercado e faz previamente uma pesquisa entre os consumidores que vão indicar sua opinião, para classificação do produto como ótimo, bom, regular. Na pesquisa qualitativa, a empresa pro-cura a opinião do consumidor sobre o produto.

Os setores de interesse do marketing são os mercados, os produtos, a política de vendas, a organização de vendas, a publicidade e a promoção de vendas.

Os mercados são aqueles segmentos territoriais em que se encontram grupos ou classes de clientes. Exemplo: Área de uma cidade onde se localiza grande parte da classe A de determinada sociedade. Se a empresa vai montar uma loja de carros de luxo, importados, vai localizá-la na área de maior poder aquisitivo.

Um comerciante numa grande cidade brasileira montou uma sorveteria num bairro da cidade, cercado de colégios públicos e alguns particulares, confiando no mercado escolar. Vendia ali exclusivamente sorvete de uma marca famosa, mas de preço bem  elevado. Ele   investiu  um  bom dinheiro em máquinas e instalações  e o empreendimento fracassou, porque o poder aquisitivo da população escolar era baixo. O vendedor do fabricante de sorvete daquela área não se apercebeu da situação e não alertou o cliente para o problema. Esqueceu também que a época era de crise e os pais não estavam conseguindo nem pagar as mensalidades de seus filhos nos colégios particulares. Resultado: antes de completar seis meses da inauguração, a loja fechou. Era uma loja bonita, com vendedores atenciosos, mas não resistiu à realidade do mercado.

Os produtos a serem lançados no mercado devem considerar os gostos, desejos e necessidades dos consumidores e não aqueles do fabricante e dos membros de sua família.

Quando foram lançados nos Estados Unidos em 1922 os primeiros carros da Ford, produzidos em série, o Modelo T, conhecido popularmente no Brasil como Ford Bigode, os consumidores não tinham outra opção. Ou compravam o carro ou ficavam com suas antigas charretes e carroças. Mas logo entraram outros fabricantes no mercado, produzindo outros modelos, atendendo outras faixas de consumidores, pois o modelo da Ford era um modelo popular. Anos mais tarde, o próprio Modelo T, fabricado para percorrer estradas ruins de antes da guerra, começou a se tornar obsoleto, porque era de aparência rústica e os consumidores queriam produtos mais sofisticados e confortáveis. As estradas eram melhores e consmidores de maior poder aquisitivo estavam no mercado. Havia até uma piada sobre o modelo T. “Um Ford é como uma banheira: é útil, mas ninguém quer ser visto dentro dela”.

Henry Ford, empolgado com o sucesso do modelo T, não queria lançar novos modelos. Chegou ao ponto de dizer que os compradores poderiam escolher qualquer cor para seus carros, desde que fosse o preto. Logo, ele teve que lançar um novo modelo (o modelo A) e em cores diversas, porque o consumidor já tinha  outras  opções, pois  outros fabricantes, como a General Motors  e a Crysler  ameaçavam  o  seu  império. A  teimosia de Ford, não acreditando no poder do consumidor, quase levou seu império à ruína. Ele entendia muito de mecânica, mas pouco de marketing.

A política de vendas. O marketing deve indicar a política de vendas a ser adotada com relação ao produto, para garantir à empresa os maiores lucros, no maior período de tempo possível

A organização de vendas compreende a forma-ção da equipe de vendas e o sistema a ser adotado para alcançar os objetivos. A empresa define se vai fazer vendas diretas ao consumidor, se vai operar através de representantes, atacadistas e varejistas, se é venda por telemarketing.

Publicidade e promoção de vendas. Devem ser definidas as atividades de publicidade e promoção de vendas que são as mais adequadas para estimular os consumidores a comprarem o produto.

Os objetivos do marketing são: especificar os mercados mais favoráveis à venda do produto; determinar o nível de produção mais adequado em função dos custos e do potencial do mercado; organizar a venda do produto produzido; programar e organizar a publicidade e as atividades de promoção de vendas.

Outrora, a preocupação com o lançamento de um produto era de ordem técnica. Hoje, é exatamente o contrário. A empresa procura inicialmente auscultar as necessidades e os desejos do consumidor, através de pesquisas, para depois lançar o produto de acordo com os desejos e as necessidades desse consumidor.

Quando Henry Ford dizia que os compradores de seu Ford T podiam escolher  qualquer cor para os seus carros, desde que fosse a cor preta, demonstrava desconhecer as regras do mercado. Ele estava preocupado com os seus problemas de produção e não com os desejos dos consumidores. As coisas tinham mudado e os concorrentes surgiam no mercado e ele  não queria se dar conta do problema.

O conceito de vendas mudou em sua essência. O foco não é mais a empresa nem o vendedor, mas o cliente.

               

 Texto extraído do livro VENDER É PRECISO. Para comprá-lo, acesse:

atendimento@clubedeautores.com.br

 

 

 

 

 

 


sexta-feira, 17 de outubro de 2025

COMO CONHECI O BRIGADEIRO EDUARDO GOMES. ELE CHEGOU, NÃO COM A FARDA MILITAR, MAS NUM PIJAMA LISTRADO

 


Como isso aconteceu? Vou contar, em detalhes. O ano, se bem me lembro foi 1958. Eu trabalhava no Rio de Janeiro como redator de uma revista católica, cujo diretor era frei Mateus Hoepers, grande amigo do brigadeiro Eduardo Gomes. Acho mesmo que era seu   confessor. Frei Mateus pediu que eu visitasse o brigadeiro em sua residência e lhe falasse da revista, pois ele estava interessado em conhecer detalhes sobre a mesma. Eu podia visitá-lo em qualquer dia da semana, pois ele já estava aposentado. E lá fui em direção de um apartamento na zona Sul do Rio de Janeiro. Toquei a campainha do apartamento  do famoso brigadeiro e ele veio me receber, trajando
um pijama listrado. Estava sozinho em casa, pois era um solteirão convicto. Nunca se casou. Conversamos durante uns trinta minutos e ele se mostrou um homem muito educado e simpático.
    Conversando com frei Mateus, ele me lembrou detalhes da vida de Eduardo Gomes. Fora candidato duas vezes à presidência da República, mas não se elegeu, o que não impediu de exercer diversos cargos públicos, como ministro da Aeronáutica e outras funções de relevância em vários governos republicanos do Brasil. Frei Mateus relembrou um fato curioso. Numa de suas campanhas   para a presidência, um grupo de senhoras de São Paulo criou um docinho, que era distribuído nas reuniões políticas, apelidado de brigadeiro, nome usado até hoje para designar a guloseima.
    Frei Mateus me contou também, como ele se referia a dois políticos famosos da época: Jânio Quadros e o general Juarez Távora.
O primeiro, dizia ele, era "um certo que parecia louco" e o segundo, "um louco que parecia certo". Ambos eram políticos que marcaram época.
    Eduardo Gomes era uma católico praticante e chegou mesmo a ser agraciado pelo Vaticano com a Ordem de São Silvestre pelos serviços prestados à Igreja. 


                            Foto da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana
                            Eduardo Gomes é o primeiro da esquerda para direita.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

NARRATIVA SOBRE O SEQUESTRO DE UM PAPA POR TERRORISTAS ISLÂMICOS, NO ANO DE 2045



O livro Operação Kaaba é extraordinária narrativa do sequestro de um papa de nacionalidade brasileira  por terroristas islâmicos no ano de 2045, em circunstâncias dramáticas. Veja como isso foi planejado em seus mínimos detalhes. no texto que segue. Para  conhecer a história toda, compre o livro no seguinte endereço: atendimento@clubedeautores.com.br


"Eram 18h quando o comandante do grupo, depois de dar alguns telefonemas, saiu de seu quarto e se dirigiu à sala de reuniões, onde cumprimentou com um aperto de mão os dois recém-chegados, chamando cada um pelo nome. Depois, sentou-se à cabeceira da mesa e iniciou a conversa:

– Vamos acabar com os  segredos, amigos, e ir direto  ao assunto. Neste momento, declaro o início da Operação Kaaba, que tem por objetivo silenciar um dos maiores, senão o maior símbolo do Ocidente, o representante máximo dos infiéis. A missão a nós confiada pelo Presidente Abu al-Raschid é se-questrar o papa, sua santidade Pedro Paulo I.

Todos os presentes se entreolharam espantados. Omar Kahled fez uma pausa,  enquanto  saboreava o impacto de suas palavras sobre a pequena plateia. Em seguida, continuou:

– Sim, o objetivo é sequestrar o papa. E vocês talvez me perguntem o motivo e eu direi. Estamos em guerra com o Ocidente, principalmente com a Europa e os Estados Unidos, o grande Satã. E o papa é o principal símbolo dos cristãos. Ele tem feito declarações contundentes contra as Nações Árabes Unidas, hoje a maior força do Islã. Ele se tornou o líder de um grande complô internacional contra os nossos países, é visceralmente contra os nossos modos de vida e métodos de trabalho, defende uma política abertamente favorável ao Estado de Israel, hoje um país com relações estreitas com o Vaticano. Vocês sabem muito bem que uma fração significativa dos judeus já aceita a figura de Jesus de Nazaré como o Messias prometido. Eles são vinho da mesma pipa, rezam pela mesma bíblia e se unem quando se trata de combater os povos islâmicos.

– Por que Operação Kaaba ? – perguntou Mara.

– Como boa seguidora de Alá, você sabe que a Kaaba é um dos nossos maiores símbolos. Inicialmente, era uma pedra alva e imaculada, depois enegrecida pelos pecados dos homens. Daí, o nome Kaaba – pedra negra. Operação Kaaba é uma homenagem ao santuário de Meca, que atrai milhões de fiéis islâmicos para adorar a pedra que nos foi enviada por Alá, pelas mãos do Patriarca Abraão.

– Mas onde está o papa?  – perguntou Abdel.

– Ainda não sabemos e é para isso que estamos aqui. Depois do bombardeio de Roma, feito pelos nossos mísseis, ele foi resgatado por um comando americano e embarcado num submarino nuclear, que navegou em direção ao Atlântico. A seguir, foi transferido para um navio, provavelmente da marinha brasileira, que se dirigiu ao litoral do Nordeste. A partir desse momento, não temos mais informações. É só isso o que sabemos. Mas como o papa é brasileiro, os nossos agentes acham que ele deve  estar  no  Brasil,  possivelmente nas Regiões Sudeste ou Nordeste, onde seria mais fácil escondê-lo e defendê-lo. O Presidente Abu al-Raschid emitiu uma ordem para caçá-lo onde quer que esteja e considera sua prisão ponto de honra para a causa islâmica.

– Mas como achar o papa num país imenso, com mais de oito milhões de quilômetros quadrados? – perguntou Ricardo Fuad.

 – Se fosse fácil, vocês não seriam os escolhidos. Ini-cialmente, faremos um trabalho de prospecção. Mara seguirá para Brasília, onde tem alguns contatos no Ministério das Relações Exteriores. Você, Fuad, seguirá para São Paulo e Abdel ficará no Rio de Janeiro. Eu ficarei aqui, onde estará o nosso quartel general. Receberei todas as informações e as passarei para vocês onde quer que se encontrem. Se Mara não conseguir nenhuma pista em Brasília, irá em seguida para São Paulo onde trabalhará junto com Ricardo Fuad.

Depois das instruções gerais, Omar Kahled exibiu um documentário sobre a vida do papa, no qual o mostrava em solenidades no Vaticano e em visitas a diversos países do mundo cristão. Simulações feitas em computador indicavam que aparência o pontífice poderia apresentar, usando disfarces. Cópias dessas simulações foram entregues aos presentes, bem como um longo dossiê sobre as relações de Juliano Monteverde desde os tempos em que fora Cardeal Arcebispo de São Paulo, até aquela data. O texto falava de suas relações com prelados brasileiros, com políticos, empresários, líderes católicos e membros de outras religiões, com as quais sempre procurou manter um bom relacionamento. Juliano Monteverde era adepto entusiasta do ecumenismo, iniciado por seus antecessores, principalmente por João Paulo II, que governou a Igreja na virada do segundo para o terceiro milênio.

Em resumo, era isso o que dizia o texto fornecido pelo líder terrorista. O dossiê informava que o cardeal era amigo de rabinos e pastores, mas chamava a atenção para o fato de o papa ter também inimigos no Brasil. Citava os membros da seita Legionários do Nazareno, constituída por grupos de fanáticos, que tinham  como mandamento número um, a defesa da moral e dos bons costumes. Eles formavam uma espécie de força paramilitar e atacavam até fisicamente aqueles que não estivessem de acordo com seus princípios. As atrizes que posavam nuas para revistas masculinas ou aquelas que apareciam nuas na internet, eles as chamavam de prostitutas virtuais e achavam que deviam ser punidas com rigor. Depredavam boates, atacavam bancas de jornais e revistas que expunham material por eles chamados de pornográfico. No litoral de  Santa Catarina, atacaram uma praia de nudistas e o saldo foi um morto e muitos feridos entre os frequentadores da mesma. O papa, quando cardeal de São Paulo, condenou com veemência as atitudes dos Legionários do Nazareno e eles passaram a chamá-lo de representante do Diabo, bem como a outros membros do clero, que se opunham a tais métodos. O dossiê informava sobre a possibilidade de a Operação Kaaba contar com o auxílio dos legionários na caçada ao pontífice em território brasileiro, o que certamente daria maior velocidade à missão.

– Se descobrimos o esconderijo do papa – perguntou Mara – como iremos atacá-lo? Ele certamente estará protegido por um forte esquema de segurança.

– Nesse momento, nós contaremos com reforços de pessoal e equipamentos que virão de nossas bases na Tríplice Fronteira formada pelo Brasil, Paraguai e Argentina, cujo comando está localizado em Foz do Iguaçu, no Brasil. O ataque final não pode falhar, sob pena de comprometermos a causa islâmica no mundo inteiro. A Operação Kaaba se desenvolverá em três etapas: a primeira é de prospecção, para localização do esconderijo do papa. A segunda etapa é a formação de um comando fortemente armado e treinado para o ataque. Finalmente, a terceira etapa será o ataque, com o sequestro do pontífice e a retirada dos guerrilheiros em segurança para suas bases e a volta da maioria para suas casas, pois imaginem a caçada que sofreremos, se bem sucedidos. E fracasso, vocês sabem, é palavra que não existe para um guerrilheiro islâmico.

– Como você sabe, eu tenho uma amiga em Brasília, de nome Lúcia, que é casada com um diplomata do Itamaraty – falou Mara. – Eu a conheci há alguns anos atrás quando seu marido era o embaixador na embaixada brasileira no Irã. Lúcia não sabe das minhas atuais atividades. Poderei fazer contato com ela, pois me deve alguns favores daqueles tempos, quando eu tinha a função de intérprete na chancelaria iraniana.

– Pode ser um bom começo. Use sua intuição feminina e procure levantar o máximo de informações que nos auxilie nessa gigantesca tarefa.

 – E se a guerra se prolongar –, falou Ricardo Fuad – não corremos o risco de perder os nossos contatos no Oriente Médio, principalmente na Arábia?

– Sim, corremos, mas  a missão  continuará.  Recursos  não nos faltarão, pois temos uma soma considerável depositada em bancos de Foz do Iguaçu, onde contamos também com o apoio de patrícios, que defendem a mesma causa. Ali, teremos também a ajuda de importantes traficantes de drogas e armas que fazem negócios milionários com a NAU. É importante que saibam que a Operação Kaaba é formada por um grupo numeroso de agentes. Na Arábia, temos o comando central, subordinado diretamente ao nosso Presidente Abu al-Raschid. Temos homens  espalhados pela Europa e até nos Estados Unidos, na coleta de informações. Nós formamos a linha de frente.

– E será que podemos contar com a ajuda desses Legio-nários do Nazareno? – perguntou Abdel.

– Acho perfeitamente possível, mas precisamos agir com cautela, pois não conhecemos bem essa gente.  Iremos fazer sondagens, antes de qualquer contato com eles.

Encerrada a reunião, ficou acertado que, no dia seguinte, Mara, Fuad e Abdel partiriam em busca de informações. Era o início da caçada. Omar Khaled ficaria na casa de pedra à espera de notícias da área internacional. Quando tivessem um quadro mais concreto da situação, se reuniriam novamente em Petrópolis ou em outro local para traçarem os planos para o ataque final.

Os meios de comunicação de todo o  mundo  especulavam sobre o paradeiro do papa e na internet surgiam as conjecturas mais absurdas. Aventava-se a hipótese de ele estar preso no Oriente Médio, onde seria julgado e condenado à morte. Outros diziam que estaria numa fazenda na região do Pantanal Brasileiro, onde fora visto por turistas, a passeio pela região. Ele estaria viajando num pequeno barco com dois guarda-costas. Alguém, julgando-se bem informado, afirmava que o papa fora resgatado por um comando americano e estava escondido numa base militar no Texas.

  Na grande imprensa brasileira, muitos jornalistas tinham informações não confirmadas de que Juliano Monteverde estaria escondido no Brasil, em local ignorado, pois era um segredo guardado a sete chaves pelo Governo Brasileiro. Corriam também boatos sobre um grupo terrorista, a soldo das Nações Árabes Unidas. Esse grupo teria entrado no País para sequestrar o papa, pois, com ele nas mãos, os governantes da NAU contariam com um excelente trunfo no desenvolvimento do conflito. Entretanto, a imprensa do Brasil mantinha silêncio sobre o assunto para não colocar em risco a vida do pontífice. Tinha feito um pacto com o Governo.

Aliás, foi esse o conteúdo de uma informação confidencial emitida pela Chancelaria Brasileira e enviada ao Presidente da República. O documento dizia o seguinte:

“Temos informações dos serviços secretos americanos e também da Polícia Federal Brasileira, que um grupo de terroristas provenientes de países árabes já entrou ou tenta entrar em território brasileiro com passaportes falsificados. O chefe deles deve ser um terrorista de grande experiência internacional, cujo nome ainda não é conhecido, nem a facção à qual pertence. Seriam quatro os participantes da operação em território brasileiro, pertencentes ao mesmo grupo, que, anos atrás, ficou famoso pela prática de diversos atos terroristas praticados na Europa e Estados Unidos. A missão desses terroristas teria por objetivo sequestrar e até mesmo matar o papa, exilado em nosso país.”

A partir das informações do Itamaraty, o Governo Bra-sileiro acionou todos os  serviços de  inteligência, inclusive o Ministério da Defesa. A Polícia Federal redobrou a fiscalização nos portos e aeroportos, com a realização de batidas em rodovias, no exame rigoroso da lista de passageiros de todos os aviões que chegavam ao território nacional, principalmente aqueles pro-venientes da Tríplice Fronteira ao Sul do Brasil, onde era certo que existiam células terroristas patrocinadas pela NAU. Sabia-se, outrossim, que os membros da NAU mantinham estreitas relações comerciais com organizações criminosas da região, com destaque para os traficantes de armas e narcotraficantes. Com os primeiros, eles faziam negócios de milhões de dólares na compra de armas para uso de suas tropas, na Guerra do Oriente Médio, pois os aliados exerciam um verdadeiro bloqueio nos oceanos para que carregamentos de armas provenientes da China e da Rússia não chegassem à região. Os negócios de armas na América Latina eram feitos com uma organização denominada CIN, Consórcio Internacional de Negócios, cujo chefão era o argentino Don Juan López Herrera, residente no Paraguai, mas com negócios também em território brasileiro, próximo à fronteira do Estado do Mato Grosso do Sul.

O Consórcio Internacional de Negócios era uma poderosa organização, cujos tentáculos alcançavam vastas regiões do território da América Latina, com forte influência política em inúmeros países. Juan López Herrera tinha uma grande mansão no Paraguai, próximo à cidade de Pedro Juan Caballero, onde dava suntuosas festas com a presença de políticos, empresários, policiais e até pessoas dos meios artísticos internacionais. Era um homem culto e refinado, que mantinha relações com o chamado grand monde internacional.

A essa altura do século XXI, o crime organizado na América Latina ganhara status de empresa multinacional, pois  adotavam práticas modernas na gestão dos negócios, com a presença de núcleos em diversos países da região."


                                                                               

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

ALGUMAS CURIOSIDADES NA VIDA DE UM CABOCLO NO INTERIOR DO BRASIL

 



OS textos apresentados, a seguir, são do livro MENINO TROPEIRO do autor deste blogue, livro que descreve alguns costumes dos caboclos que povoavam o interior do Planalto Catarinense, na década de trinta. Para melhor se informar sobre o assunto, compre o livro: atendimento@clubedeautores.com.br

"João Machadeiro trabalhava de sol a sol, derrubando pinheiros, preparando os rachões para as cercas. Além do trabalho, ele precisava preparar as próprias refeições, o que fazia à noite. Durante o trabalho ele só parava para fazer o seu cigarro de palha, que exigia um ritual todo especial e eu não me cansava de observá-lo. Primeiro, com seu longo facão, cortava o fumo  de rolo em  pedacinhos.  Depois, colocava-os cuidadosamente na palha de milho e a enrolava com cuidado. Agora, era a vez de acender o pito. O acendedor vinha dentro de uma pequena sacola, de onde ele tirava a ponta de um chifre de boi de uns quinze centímetros, cheio com uma espécie de algodão inflamável. Em seguida, encostava na extremidade do chifre uma pederneira (ou pedra de fogo como a chamavam) e, com um pedaço de lima, feria a pedra, arrancando-lhe faíscas, projetadas sobre o algodão, inflamando-o. Então, era só encostar a  ponta do cigarro na brasa e dar as primeiras baforadas. Era uma operação um tanto complicada, mas funcionava, pois fósforo era uma raridade na região e de preço um tanto elevado para a população mais pobre do lugar. É isso mesmo: não existia fósforo para os pobres do lugar e isqueiro eles nem conheciam. Isso, em pleno século XX.

Outra peculiaridade: João Machadeiro não tinha botas, nem sapato, nem chinelo. Ele usava como calçado para andar pela mata, um pedaço de pneu velho, onde  enfiava o pé, prendendo-o com uma espécie de cadarço. Era um tipo de calçado usado por muitos caboclos da região.

Um dia de manhã, eu estava em frente à casa, olhando a paisagem, quando percebi uma fileira de homens se deslocando silenciosamente em direção a Anita Garibaldi. Todos eles  apresentavam  ferimentos diversos, na cabeça, nos braços, nas pernas. Tinham as roupas sujas de sangue. Meu pai se aproximou e perguntou ao último homem da fila o que tinha acontecido e ele fez um relato sucinto:

– Foi briga de pixirum – disse o homem. – Meu compadre José Inácio chamou esse povo pra fazer um roçado na terra dele. No final, deu comida com muita pinga pra todo mundo e tá aí o resultado: foi briga de foice, seu moço.

– E para onde vão, agora?

– Vamos procurar o doutor lá em Anita pra tratar da gente, pois tem homem aí que perdeu muito sangue.

O pixirum, em linguagem cabocla, era um mutirão realizado com frequência na região, quando alguém reunia amigos e conhecidos para a realização de uma tarefa em sua propriedade, como roçado, plantio, colheita, tarefa para muitos braços. No final, o organizador do pixirum oferecia aos participantes um almoço, regado a cachaça, que, geralmente, terminava em briga. E foi isso o que aconteceu com aquela gente." 











segunda-feira, 9 de junho de 2025

FREI ROGÉRIO NEUHAUS - O APÓSTOLO DO PLANALTO CATARINENSE

 

F

Frei Rogério Neuhaus nasceu na Alemanha no ano de 1863 e falece no Rio de Janeiro no ano de 1924. Passou grande parte de sua vida no planalto catarinense. no convento franciscano da cidade de Lages, percorrendo a áreas do interior, onde exerceu um trabalho  apostólico da mais elevada relevância, tanto é que o povo do interior, até hoje o considera um santo, pelo trabalho que exerceu junto as suas populações mais pobres. Muitos moradores davam o nome Rogério a um de seus filhos, em homenagem ao grandes apóstolo. O autor deste texto teve um irmão que recebeu esse nome, pois a mãe da família tinha grande veneração pelo frade alemão.
Num subúrbio da cidade de Lages existia mesmo uma capela, que recebeu o nome de Capela Frei Rogério, onde todos os domingos eram celebradas missas com grande afluência de público.

Quando explodiu a chamada Guerra do Contestado, entre os fanáticos de João Maria e o Governo Federal, Frei Rogério enfrentou o perigo e procurou o chefe dos rebeldes,  tentando sustar o conflito, mas seus esforços foram em vão. O fanatismo falava mais alto e o resultado foram mais de 20 mil rebeldes massacrados pelas forças federais que, pela primeira vez no Brasil, empregaram  aviões de combate e artilharia. Frei Rogério se desvelou para minorar os sofrimentos da população que restou depois da guerra.

Frei Rogerio se destacou também como exorcista,  tento participado ativamente de vários episódios, pois parece que naquele tempos, o diabo estava solto. Sobre isso, o  livro sobre Frei Rogério, escrito pelo seu irmão de hábito. Frei Pedro Sinzig, editado pela  Editora Vozes,   relata com minúcias diversos episódios ocorridos com o humilde frade.

Depois de exercer sua atividade pastoral, com grandes sacrifícios, viajando em lombo de burro pelas estradas tortuosas do Planalto Catarinense, Frei Rogério estava com a saúde abalada, sendo transferido pelos seus superiores para o Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro, onde veio a falecer alguns anos depois.




sexta-feira, 16 de maio de 2025

POR QUE A IGREJA É O SAL DA TERRA?

 


Jesus foi o maior especialista no uso de imagens
para perpetuar verdades. Quando falou da influência
da igreja no mundo usou duas metáforas: sal e luz.
Qual é o significa do sal? 1) O sal é vital para impedir
a decomposição. Antes da invenção da refrigeração,
a carne era preservada pelo uso do sal. Assim como
sal impede a podridão do alimento, a presença da
igreja no mundo é anti-séptica. 2) O sal é importante
para dar sabor. A presença da igreja no mundo dá
tempero à vida e sabor aos relacionamentos na sociedade.
3) O sal é importante para provocar a sede.
A presença de Deus no mundo tem como propósito
despertar as pessoas para conhecerem a Deus.
Texto de Hernandes Dias Lopes, enviado por Maria Auxiliadora
Curtir
Comentar
Enviar
Compartilhar
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook

Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
Facebook
rdsnSpoteoPOR QUE A IGREJA É O SAL DA TERRA?Jesus foi o maior especialista no