Scripta e Virtual
O blog da cultura e do conhecimento. Inicio com trecho do poema de Gonçalves Dias, Y- Juca Pirama: - Assim, o Timbira, coberto de glória/ Guardava a memória/ Do moço guerreiro, do velho tupi./ E à noite nas tabas,/ se alguém duvidava/ Do que ele contava/ Dizia prudente:“Meninos, eu vi”. Eu também vi muita coisa e vou contar, neste blog, para vocês. Por favor, faça seus comentários e torne-se um seguidor de meu blog. E-mail do autor: vsom01@yahoo.com.br
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
VENDER É PRECISO É O LIVRO QUE TODO VENDEDOR DEVERIA CARREGAR NO PORTA-LUVAS DE SEU CARRO
QUER SABER COMO ERA A VIDA NUM SEMINÁRIO NA DÉCADA DE 30? ENTÃO, LEIA AS TORRES DAS TRÊS VIRTUDES
Júlio César, o nosso herói, é uma mente brilhante, uma
inteligência privilegiada, que entra em choque com seus educadores, no
seminário, a maioria de nacionalidade alemã, em cuja instituição reina uma
disciplina férrea, com todos voltados para a oração, o estudo e o trabalho,
enquanto na fazenda do pai imperam o crime e a devas-sidão. O jovem encontra no
estudo e nos livros uma válvula de escape para as contradições de sua vida,
alcançando um nível cultural bem além de seus com-panheiros de seminário. Torna-se,
por isso mesmo, um espírito independente e contestador, dominado pelo orgulho e
pela vaidade, até o dia em que entra em sua vida uma jovem, que o faz repensar
todo o seu passado, além de trágicos acontecimentos que se sucedem em sua
família.
Embora seja uma obra de ficção, o
autor de As Torres das Três Virtudes traz neste livro um pouco de suas
experiências vividas no Seminário Seráfico São Luis de Tolosa, cenário de
grande parte da ação aqui relatada. Trocou os nomes de alguns personagens,
mas descreve
fatos
reais e situações existentes naqueles longínquos anos quarenta. Temperou a
narrativa com um pouco de sonho e ficção.
Se o leitor passar algum dia pela
cidade de Rio Ne-gro, no Paraná, e olhar ao longe, poderá ainda ver as torres
do velho Seminário São Luis de Tolosa lá no alto da montanha, uma construção
quase centenária, trans-formado em parque ecoturístico, tombado como patrimônio
histórico e cultural do município de Rio Negro. Ele foi construído por frades
alemães, e inaugurado em 3 de fevereiro de 1923. Na década de 70, o educandário
foi desativado, sendo os estudantes transferidos para um novo seminário construído
numa fazenda próxima à cidade de Agudos, no Estado de São Paulo. As instalações
do velho seminário São Luis de Tolosa, depois de muitos anos fechadas, foram
recuperadas e hoje nelas funcionam a prefeitura e secretarias do município da
cidade de Rio Negro, Paraná, além de diversos órgãos dedicados à cultura.
É neste cenário que se desenvolve a primeira parte da narrativa de As Torres das Três Virtudes. O cenário da segunda parte do livro é uma grande fazenda, no interior de Santa Catarina, na qual imperam o vício, o crime e a lei da winchester.
Para maiores informações, consulte: vsom01@yahoo.com.br
OPERAÇÃO KAABA, UM CONFLITO INTERNACIONAL ENTRE PAÍSES ÁRABES E POTÊNCIAS OCIDENTAIS
Na derradeira
perseguição da Santa Igreja Romana estará sentado (no sólio de Pedro) Petrus Romanus,
que apascentará suas ovelhas em meio a múltiplas turbulências, as quais
transcorridas e a cidade das sete colinas destruída, o juiz poderoso julgará o
povo”. (Profecia de São Malaquias sobre o último papa da
Igreja Católica).
Para
escrever a eletrizante narrativa de Operação Kaaba,
o autor
se inspirou nas profecias de São Malaquias, que profetizou
através de curtas sentenças as características de 112 papas, a partir do ano de
1139. O último papa da lista do santo é chamado de Petrus Romanus
e seu pontificado é definido como in persecutione extrema
(na última perseguição). Segundo especialistas, será uma época de graves
perseguições à Igreja Católica e de muitas atribulações para o condutor da
barca de Pedro.
As
ações de Operação
Kaaba situam-se no ano de 2045, quando um papa
brasileiro, Pedro Paulo I, ocupa a Cátedra de Pedro, no momento em que explode
um grande conflito internacional entre Oriente Médio e países ocidentais. A
cidade de Roma e o Vaticano são bombardeados por misseis lançados pelos
chamados países da NAU (Nações Árabes Unidas). O papa é obrigado a fugir de
Roma e a se refugiar no Brasil. Inicia-se, então, uma verdadeira caçada ao
pontífice por um grupo de terroristas, pois os países da NAU querem
transformá-lo em moeda de troca com as nações do Ocidente, participantes do
conflito. Em suas ações no território brasileiro, os terroristas contam com a
ajuda de uma seita de fanáticos, além de grupo de narcotraficantes que fazem
contrabando de armas para os países do Oriente Médio, que delas precisam para o
desenvolvimento da guerra.
O
Governo Brasileiro escolhe para refúgio do papa o Mosteiro dos Novos Templários,
situado na Serra da Manti-queira, no
Estado de São Paulo. Trata-se de uma nova congregação religiosa fundada no
século XXI que, além dos votos tradicionais, adota o voto de preservação (preservação da vida e do meio ambiente). A
existência dessa congregação é o resultado de uma tendência do mundo futuro em
que as questões ambientais deverão ser tratadas quase como uma nova religião diante
dos problemas climáticos que atingirão todas as nações. Aliás, essa tendência
já se iniciou com o relatório da ONU sobre o efeito estufa no clima do planeta,
além da atuação de organizações que se multiplicam pelos cinco continentes na
defesa da vida e da natureza.
Em
Operação Kaaba desfilam jornalistas, policiais, traficantes de armas,
terroristas, fanáticos religiosos, elementos do clero e das forças armadas e
também uma bela guerrilheira, que desempenha um papel fundamental em toda a
trama. E o papa oferece a própria vida para alcançar a paz entre as nações.
Para maiores informações, consulte: vsom01@yahoo.com.br
terça-feira, 5 de novembro de 2024
O LIVRO O FILHO DE ANITA ESTÁ PRESENTE NO BRASIL E EM DIVERSOS PAISES ATRAVÉS DA EDITORA CLUBE DE AUTORES
O
cenário em que se desenvolve a história aqui narrada remonta aos inícios dos
anos vinte, nas regiões do planalto catarinense, onde suas populações viviam
praticamente isoladas do restante do país. O acesso ao litoral era feito
através da fantástica Serra do Rio do Rastro, cujos caminhos eram percorridos
pelos valentes tropeiros e seus animais de carga, que buscavam nos portos do
litoral os produtos necessários à vida dos povoados e fazendas.
Os velhos tropeiros escreveram uma silenciosa epopeia, ao
vencer as dificuldades ao longo da serra, em demoradas jornadas, cavalgando
durante semanas por caminhos íngremes e perigosos.
É este o cenário do
livro O Filho de Anita, onde se
cruzam frades e médicos, tropeiros, colonos, fazendeiros e bandidos, todos com
sua ciência, crenças e superstições. Os personagens centrais do livro são um
frade alemão, uma jovem que todos acreditam estar possuída pelo demônio, um
médico italiano, formado na Europa, para quem a ciência está acima de tudo,
além de um fazendeiro que, segundo o povo, incorpora o próprio Malvado, o Coisa
Ruim. Mas outros personagens aqui desfilam: são os peões das fazendas, os colonos,
as mulheres do interior, com a sabedoria que Deus lhes deu, os homens da
fronteira, além da população simples dos lugarejos do interior, cujo acesso à
civilização só era conseguido através dos velhos estafetas, que percorriam as
estradas em lombo de burro com as pesadas malas do correio.
Parte desse território
catarinense foi também cenário de uma das mais trágicas
rebeliões, a chamada Guerra do Contestado, liderada pelo “monge”
José Maria, sucessor de João Maria, considerados santos pelas populações
locais. Nessa guerra pereceram mais de vinte mil pessoas e as feridas levaram
muito tempo para cicatrizar, tema também abordado em O Filho de Anita.
Falamos
de uma civilização que não conhecia o trem de ferro, nem o automóvel e que
tinha como principais meios de transporte as carretas e os muares. Este é um
livro de ficção, mas muitos de seus personagens existiram na vida real. A
região onde se desenvolvem os fatos aqui narrados é formada pelo Planalto Catarinese, fronteiriça
ao Rio Grande
do Sul, com
o Rio Pelotas separando-a do território
gaúcho. Os moradores locais incorpo-raram alguns costumes e o linguajar dos
pampas, embora as rixas e a competição natural entre os homens de fronteira
sejam a constante no seu relacionamento.
Foi
assim que as populações do planalto, esquecidas pelas autoridades, construíram
o seu futuro, através do trabalho e da mútua cooperação entre nativos e
emigrantes.
quinta-feira, 24 de outubro de 2024
O LIVRO MENINO TROPEIRO FOI APROVADO PELA EQUIPE DA LEI ROUANET
"O
livro Menino Tropeiro de R.H. Souza
descreve as experiências de um menino do interior, cuja existência é uma
aventura que se renova todos os dias. Mostra como era a vida num lugarejo
perdido no planalto catarinense, enquanto a guerra se desenvolvia na Europa e
era acompanhada pela população através de um único aparelho de rádio existente
na localidade.
Esta é a história da família de um
professor primário, cujo trabalho se desenvolve no interior de Santa Catarina,
numa região de colonização italiana. O livro traz fatos pitorescos,
acontecimentos curiosos, episódios trágicos da vida de um menino do interior na
luta para superar as dificuldades de uma família numerosa, trabalhando desde a
mais tenra idade.
Um dos heróis desta narrativa é um
médico italiano, descendente de família nobre europeia, formado numa universidade
da Itália, e que escolheu o interior catarinense para exercer a medicina.
Trata-se de extraordinária figura humana a não medir sacrifícios no exercício
de sua profissão, trabalhando numa região sem os mínimos recursos, onde não
tinha hospital, nem farmácia. Ele era o único médico num raio de 100
quilômetros."
sábado, 5 de outubro de 2024
OS NOVOS TEMPLÁRIOS E O VOTO EM PROL D A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DO MEIO AMBIENTE
No livro OPERAÇÃO KAABA, o autor relata a tentativa de sequestro de um papa por um grupo de militantes islâmicos, no ano de 2045. O papa foge para o Brasil e aqui se refugia no mosteiro de uma nova ordem religiosa, os Novos Templários. Mas o que fazem os religiosos dessa nova ordem. Explicamos isso no texto que segue. Mas, se você quiser conhecer todos os detalhes dessa fascinante história, acesse amazon.com.br.
"Enquanto o tempo passava, os Novos Templários faziam de tudo para tornar a estada do papa nas dependências do mosteiro a mais agradável possível. Essa congregação era de origem recente, fundada por um grupo de profissionais liberais, na Europa, sob a liderança de um médico inglês, de nome Richard Toffler. Isso aconteceu, no ano de 2037. Eles se denominaram Novos Templários, pois o objetivo era restaurar os antigos ideais dos templários, monges guerreiros do século X, que participaram da Primeira Cruzada e constituíram uma ordem religiosa sob os auspícios do Papa Urbano II. Eles lutaram pela libertação dos lugares santos da Palestina.
Os
modernos seguidores dos Templários adotavam em sua regra, além dos tradicionais
votos de pobreza, castidade e obediência, também o voto de preservação,
em defesa da vida e do meio ambiente. Nessa linha, eles desenvolviam estudos em
todos os países em que se instalaram. Em suas fileiras contavam com médicos,
biólogos, ambientalistas e pesquisadores de diversos setores, com o apoio das
autoridades em geral. Em vez da espada e das pesadas armaduras dos antigos
templários, os novos guerreiros estavam armados com computadores pessoais,
microscópios e outros instrumentos de pesquisa. Eles achavam que a vida era o
bem supremo dado por Deus ao homem e a melhor maneira de servi-Lo era
protegê-la, bem como à natureza e ao meio ambiente.
Os
mosteiros dos Novos Templários geralmente eram construídos em áreas de proteção
ambiental, oferecidas pelos diversos governos, pois sabiam que eles iriam ali
exercer um trabalho profícuo em prol da natureza. E foi o que aconteceu com o
Mosteiro da Serra da Mantiqueira, como era conhecido. A área fora cedida pelo
governo do Estado de São Paulo para que os irmãos ali instalassem uma casa de
recolhimento e oração, mas também um centro de pesquisa para estudar e proteger
o ecossistema da serra e da floresta, que era duramente atingido pela poluição
das inúmeras indústrias localizadas ao longo da Via Dutra, a maior artéria
industrial e comercial do País."
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
FATOS ESTRANHOS OCORRIDOS NA FAZENDA SANTA BÁRBARA, QUANDO DO NASCIMENTO DE UM MENINO. LEIA O CAPÍTULO 22 D0 LIVRO O FILHO DE ANITA
"As semanas e os meses se passaram, enquanto Anita tinha que suportar uma gravidez muito difícil. O ser que carregava em seu corpo, sugava- lhe todas as energias. Sofria de enjoo, estava muito fraca e anêmica, mas o pior era a depressão de que fora tomada. Ela não sabia o que estava para acontecer, não sabia como seria o filho que carregava no ventre. Aqueles pesadelos voltaram, durante os quais ela sentia a presença de Firmino Constantino. Sentia mesmo o tilintar de suas esporas no assoalho do quarto. E não lhe saia da cabeça aquela frase do livro vermelho lido por Nefasta: “ ... o dragão parou diante da mulher que havia de dar a luz, para que dando a luz, lhe entregasse o filho”.
Dr. Cláudio comparecia com frequência à fazenda para lhe dar assistência. Quando esteve em Lages para compra de remédios, o médico procurou o consultório do amigo dr. Sartório e lhe contou em detalhes o que se passava com Anita.
– Bem, caro colega – disse dr. Sartório –, quem poderia nos dar uma ajuda neste momento seria Frei Gaspar, mas ele, infelizmente, não está mais entre nós. A última vez que estive com Frei Protásio, fui informado que o nosso bom amigo esteve em tratamento num grande hospital do Rio de Janeiro. Os médicos da capital também não puderam fazer nada por ele, assim como nós não podemos fazer nada pela nossa jovem Anita. O problema dela chegou às fronteiras da ciência e ninguém sabe o que se encontra do outro lado. É lamentável, mas essa é a verdade. – Sua gravidez é muito difícil.
– E o colega acha que foi esse Firmino Constantino quem a engravidou?
– É possível, pois ela passou vários dias na fazenda sob efeito de chás à base de ervas e, certamente, não estava na plenitude de suas faculdades mentais.
– Eu nunca ouvi falar que o Diabo tenha engravidado alguma mulher.
– Como o sr. disse, Anita está naquela fronteira da ciência, além da qual muito pouco se sabe. E para complicar, o amigo também não acredita no Diabo.
– Isso é verdade.
Dr. Cláudio se despediu do colega e retornou a Anita Garibaldi. Quando chegou ao povoado, encontrou Sebastião, empregado da fazenda Santa Bárbara, muito nervoso, à sua espera, pois, ao que parecia, Anita entrara em trabalho de parto.
– Preciso de um cavalo descansado – disse o médico.
– Trouxe um excelente cavalo para o senhor – respondeu Sebastião.
A distância até a fazenda foi percorrida a galope, pelos dois cavaleiros. Pacheco já os esperava, nervoso, na porteira da fazenda.
– Graças a Deus que chegou, dr. Cláudio. Minha irmã passa muito mal e creio que a criança nascerá a qualquer momento.
– Vamos ver, meu amigo. Preciso de um local para me instalar e arrumar o material. Mandem ferver água, tragam toalhas bem limpas, Num minuto estarei a postos.
O médico se preparou no aposento contíguo ao de Anita e depois entrou no quarto, onde a jovem se contorcia nas contrações do parto, assistida por d. Madalena e uma criada. Dr. Cláudio pediu a Pacheco que ele e sua mãe se retirassem do local, pois o nervosismo de ambos seria contagioso e deixaria Anita ainda mais agitada. Pediu que só a criada ficasse ali para ajudá-lo.
Pacheco ficou com a mãe, em silêncio, na sala da fazenda, durante um longo tempo, enquanto ouviam os gritos desesperados de Anita e a voz do médico que mandava ela fazer força, força e mais força. De repente, houve um silêncio e, a seguir, um choro de criança. Todos respiraram aliviados. Passaram-se alguns minutos e dr Cláudio, muito sorridente, surgiu na porta do quarto e informou:
– Podem entrar que nasceu o filho de Anita. É um menino bem forte, bonito e saudável.
Aquela notícia que deveria dar um ponto final a todas as apreensões da família, foi início de novas perturbações. Quando o médico acabou de falar, a casa foi invadida por um vento forte e gelado, coisa impossível de acontecer em pleno verão, pois era o final do mês de fevereiro. Lá fora já era noite e os cães da fazenda começaram a uivar, os cavalos se agitavam nervosos e relinchavam nas cocheiras. Alguns peões estavam no curral assistindo uma vaca prestes a dar cria, quando o animal se levantou repentinamente e o bezerro ficou preso no cordão umbilical. O pequeno animal nasceu morto, para espanto dos presentes, pois o parto corria normal. Os cavalos que trouxeram dr. Cláudio e Sebastião estavam amarrados à entrada da fazenda, empinaram assustados, soltaram as rédeas e fugiram, como que impelidos por misteriosa energia. Dias depois ainda se sentiam os efeitos do estranho fenômeno.
As criadas da fazenda observaram que os ovos de todas as galinhas que estavam nas chocadeiras, naquele período, não vingaram. Tinham gorado e nenhum pinto nasceu.
Quando Pacheco, dona Madalena e o médico entraram no quarto, Anita descansava aliviada e o menino jazia no berço, enrolado numa manta, pois o ambiente ainda estava gelado. Ele mantinha os olhos bem abertos como se estivesse fixando as pessoas e tinham um brilho estranho nas pupilas, fato que deixou o médico perturbado, porque nunca observara fenômeno semelhante. Dirigindo-se a Pacheco e a dona Madalena, falou:
– Acho melhor levar o berço do menino para outro aposento, para que Anita tenha o repouso mais absoluto, pois ela precisa. Suas energias foram totalmente exauridas e ela não está em condições de amamentá-lo. É preciso preparar uma mamadeira.
D. Madalena retirou-se apressada do quarto e foi para a cozinha da fazenda providenciar leite para a mamadeira do recém-nascido, enquanto Pacheco e a criada retiravam do quarto da mãe o berço com o menino, de acordo com instruções do médico. O berço foi colocado ao lado de uma cama, em outro aposento, onde as criadas se revezariam durante a noite, pois o menino certamente precisaria de todos os cuidados e atenções especiais.
Quando nasce uma criança, geralmente as pessoas celebram, ficam felizes. Mas isso não acontecia na Fazenda Santa Bárbara. O ambiente estava pesado, sombrio, ninguém falava. Pacheco mantinha-se em silêncio e o médico estava mais preocupado com Anita, examinando-a com frequência.
Entre os empregados da fazenda começaram a surgir comentários. Todos perceberam que, no momento do nascimento do menino, coisas estranhas ocorreram. Foi aquele vento gelado, a inquietação dos animais, a vaca que perdeu o bezerro. Eram muitas as coincidências.
Um empregado afirmou que viu uma nuvem de grandes morcegos voando sobre a fazenda e estava certo de que aquilo significava mau agouro. Uma preta velha, que tinha premonições, disse com todas as letras que o menino que nascera era o filho do Diabo. Falou até de uma profecia que afirmava que ele um dia viria para viver entre os homens e lhes trazer muitas desgraças, que nasceria do ventre de uma jovem, assim como acontecera com Nosso Senhor Jesus Cristo. Afirmou que o povo devia rezar muito, se apegar a Deus e a Virgem Maria para não perecer sob as garras do Malvado.
A noite já ia alta, quando o médico se recolheu para descansar um pouco, pois o dia tinha sido pesado. Viajara de Lages até Anita Garibaldi e dali até a fazenda. Dona Madalena também dormia, depois de tomar um calmante que o médico lhe deu.
Os empregados da fazenda já tinham se recolhido. Anita dormia profundamente, mas o recém-nascido permanecia acordado. Estava muito agitado, mas não chorava. Pacheco e a criada permaneciam ao lado do berço, quando foram surpreendidos com os latidos dos cães da fazenda, ouvindo-se, a seguir, um tropel de muitos cavalos, seguido de fortes batidas na porta principal da casa, enquanto os cães ganiam como que atingidos por alguma força terrível. Pacheco pegou um lampião e foi em direção à porta, mas antes de abri-la, perguntou:
– Posso saber quem chega?
– Por favor, abra a porta – disse uma voz de homem, acompanhada do rosnar de um cão. – Abra, que somos de paz. Mas, se não abrir, arrombaremos, porque estamos em maioria.
Não restou a Pacheco outra alternativa. Abriu a porta e deu de cara com um homem alto, vestindo uma longa capa preta, acompanhado de um grande cão. Montados em seus cavalos, permaneciam atrás do recém chegado, vários homens portando armas de cano longo.
– Meu nome é Firmino Osório Constantino – disse o intruso. – Vim buscar meu filho que nasceu hoje.
– Quem garante que é teu filho? – retrucou Pacheco. – Como podes ter tanta certeza?
– Anita, tua irmã, foi a escolhida para gerar esse filho. Estava escrito que uma jovem daria à luz a um filho meu, que realizará muitos prodígios. Infelizmente, ela não entendeu a grandiosidade da missão que lhe foi reservada.
Enquanto falava, o homem afastou Pacheco para o lado e entrou sala adentro. O jovem achou que não havia como resistir e conduziu o intruso até o quarto onde estava o berço do menino. Firmino aproximou-se e ficou a observar a criança por algum tempo com um largo sorriso de felicidade. Depois, disse:
– Filho querido, de há muito eras esperado. Eu te fiz à minha imagem e semelhança. Irás morar na casa de teu pai e te sentarás à sua direita e com ele reinarás. Todos os homens te renderão homenagens.
Enquanto concluía as palavras, ergueu a criança do berço, agasalhou-a sob a grande capa preta e se dirigiu para a porta de saída da casa, sempre acompanhado de Soldante, que rosnava para Pacheco. Ao cruzar a sala, Firmino encontrou dr. Cláudio que acordara com o barulho e saiu do quarto.
– Obrigado, doutor – disse – pelo magnífico trabalho que realizou. Um dia será recompensado, regiamente recompensado. E não se esqueça que foi um privilégio acompanhar o nascimento do filho de Firmino Osório Constantino.
Aproximou-se do cavalo e montou, sempre com o menino nos braços. Deu meia volta, esporeou a montaria e partiu célere, acompanhado da comitiva de vaqueiros. Pacheco só fechou a porta depois que os vultos mergulharam nas trevas daquela terrível noite.
– O que realmente aconteceu? – perguntou doutor Cláudio, ainda estupefato com o que vira e ouvira.
– É ele, doutor, o Firmino Constantino. Disse que o filho é dele e veio buscá-lo. Não pude fazer nada, porque trouxe consigo o cão feroz e lá fora estavam uns dez homens armados com armas pesadas. Foi sorte os empregados da fazenda não terem percebido, porque, certamente, teríamos um tiroteio feio, com muita gente ferida e até morta. Como iremos contar a Anita o ocorrido?
- Não será uma tarefa fácil, podes crer.
– Conto com sua diplomacia para essa tarefa, doutor. É melhor o senhor falar, com sua experiência de médico. Eu acho que não conseguirei.
– Está certo! Amanhã, logo cedo, quando ela acordar, irei lhe falar. O amigo pode dormir tranquilo a esse respeito.
Como não havia nada mais a fazer, os dois homens se recolheram e o mesmo fez a criada que estava no quarto de plantão. Logo que o dia clareou, Pacheco procurou Sebastião, peão da fazenda, e lhe deu uma missão. – Quero que vás até a fazenda do Delegado Otacílio Brito e peças que ele venha até aqui, pois tenho uma investigação para ele fazer. Diga-lhe que uma criança foi sequestrada, o filho de Anita...
– O filho de dona Anita foi sequestrado, seu Pacheco? Quando isso aconteceu?
– Foi ontem à noite, Sebastião, mas depois saberás os detalhes. E não quero que fales disso com ninguém, somente com o Delegado Otacílio.
– O patrão fique tranquilo, que nada falarei. Só vou tomar um café e logo estarei na estrada.
Pacheco retornou à casa da fazenda e encontrou dr. Cláudio no quarto de Anita. Ele informava à jovem que, durante a noite, seu filho fora sequestrado por Firmino Constantino. Para surpresa de todos, a reação de Anita foi tranquila. Parecia até aliviada, quando falou:
– Esta noite tive outro sonho. Frei Gaspar apareceu e me avisou que Firmino viria buscar o menino. Falou também que ele, Firmino, me violentara enquanto eu estava na Toca do Diabo e que todas as noites eu era dopada por Nefasta, quando tomava aquele chá para dormir e nesse estado ele dispunha de meu corpo, com a ajuda e a complacência da governanta, também um espírito impuro. E me disse que a concepção se deu naquela noite de orgias, organizada por ele para celebrar seu aniversário, quando me ofereceram vinho e eu tive alucinações. Acrescentou que era melhor que o Malvado levasse o menino, porque muita coisa ruim poderia acontecer a todos nós, se ele aqui ficasse. Disse também que eu não me preocupasse, porque meu espírito e meu corpo agora estavam livres e que jamais ele voltaria para me atormentar. E completou que só a Cruz de Cristo e o fogo purificador poderão livrar o mundo de Firmino Constantino.
– Anita – disse Pacheco –, mandei o Sebastião atrás do Delegado Otacílio Brito, pois iremos reunir um grupo de homens para desentocarmos esse bandido de sua toca.
– Não faças isso, meu irmão, porque ele tem muitos homens e muita gente irá morrer.
– É preciso fazer, Anita, para darmos um ponto final em toda essa desgraça. Enquanto estiver vivo, poderá retornar e prejudicar muitos inocentes.
Diante do argumento do irmão, Anita se calou. Pediu comida, pois estava com fome, fato que deixou o médico animado, pois ela se recuperava a olhos vistos. Dr. Cláudio deixou recomendações aos familiares quanto ao tratamento da jovem, despediu-se e retornou a Anita Garibaldi, onde outros doentes o aguardavam."
Para comprar o livro, O FILHO DE ANITA, acesse: amazon.com.br