Na minha adolescência,
durante a Segunda Guerra Mundial, eu trabalhava numa farmácia em minha cidade
natal, Lages, Estado de Santa Catarina. Eu acompanhava a guerra através de uma
revista que era distribuída gratuitamente, sob o título: Em Guarda para a Defesa das
Américas. A referida revista era publicada pelo governo americano e tinha
por objetivo unir os povos das Américas contra os países do Eixo. Na verdade,
os americanos precisavam da cooperação de todos, principalmente das matérias
primas que alimentavam sua gigantesca indústria bélica. A revista era muito bem
impressa, pelo sistema de rotogravura, e
trazia reportagens sobre a guerra, cenas de combate, vitórias dos aliados,
matérias sobre os grandes generais americanos, como George S. Patton. Em Guarda
era publicada em português e também em espanhol, distribuída em diversos países
sul-americanos. Foi através dela que eu me informava sobre o que acontecia no
mundo lá fora, durante a grande guerra, cujas consequências sentíamos nos
longínquos campos de Lages, pois havia racionamento de carne e de outros
produtos, principalmente de gasolina, com o surgimento dos carros a gasogênio
que trafegavam lentamente pelas estradas do interior, movidos a carvão vegetal,
cuja combustão produzia o gás que alimentava os motores dos diversos tipos de
veículos.
A cooperação brasileira
com os americanos era evidente, principalmente pela cessão pelo governo
brasileiro da base aérea de Natal através da qual os americanos fizeram uma
verdadeira ponte aérea para o Norte da África para abastecer os aliados durante
o conflito. Era um projeto gigantesco que movimentava em torno de 500 aeronaves
por dia que seguiam carregados de armas e munições, além de alimentos, rumo ao continente africano. A seguir, o
Brasil entrou na guerra com o envio da Força Expedicionária Brasileira que
lutou na Itália, ao lado de americanos e aliados.
E existia um outro
grande projeto de mútua cooperação entre os dois países, do qual pouco se fala
e que tinha por objetivo a produção de alimentos. Para tanto, um grupo de
agrônomos brasileiros foi levado aos
Estados Unidos para ali absorverem as mais avançadas práticas agrícolas. Os
americanos sabiam que, se a guerra se prolongasse além do ano de 1945, eles não
teriam mais condições de produzir alimentos em quantidade suficiente para
abastecer a Europa devastada. O Brasil, então, foi escolhido para participar
desse esforço de guerra, com o aproveitamento de suas imensas áreas
agricultáveis. Conheci um agrônomo que, àquela época, fez parte da equipe
que foi enviada aos Estados Unidos e me
disse que o projeto era grandioso e faria o Brasil dar um gigantesco salto na
sua produção de alimentos, fato que só iria acontecer quase meio século depois.
A revista Em Guarda foi o retrato de uma época.
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