Com o passar do tempo, o filho do nosso amigo avarento, descobriu a chave do cofre do papai e lhe roubou a quantia de 20 contos de réis, uma fortuna para a época. Pegou o dinheiro e fugiu. Mas, com tanto dinheiro no bolso, o nosso jovem se envolveu em muitas aventuras com mulheres, festanças e vida desregrada. O fato é que o dinheiro acabou e ele resolveu, como o filho pródigo da Bíblia, retornar à casa paterna, pedindo perdão ao "querido papai". Rambuski perdoou o filho e voltou aos antigos hábitos. Todo domingo lhe dava a tradicional moeda de valor ínfimo, com a antiga recomendação: "Vê se não não sai por aí, gastando feito um tresloucado".
O tempo passava e, na calada da noite, Samuel percebeu que Rambuski continuava botando muito dinheiro no velho cofre, dinheiro que ele não sabia de onde vinha. E um diabinho veio soprar em seu ouvido: "Aproveita, Samuel. Descobre onde o velho guarda a chave do cofre e dá-lhe um novo golpe. Só que, desta vez, pega muito mais... Ele está velho e logo vai morrer e esse dinheiro certamente vai ser todo seu. Faça isso antes que algum ladrão entre na casa e esvazie o cofre. Aí, quem vai ficar na merda é você".
As palavras do diabinho tiveram um efeito imediato no comportamento de Samuel e o momento apropriado não demorou a chegar. Era inverno, um inverno rigoroso e Rambuski pegou uma gripe muito forte e caiu de cama, gravemente enfermo. O filho quis chamar um médico, mas papai achou que era uma despesa desnecessária. Ele não estava ali para encher o bolso do esculápio. Era assim que ele designava o médico do lugar.
Durante uma noite em que o velho avarento dormia profundamente, abatido pela doença, Samuel revirou os cômodos da casa e encontrou a chave do cofre, escondida dentro de um penico, que ficava debaixo da cama de Rambuski. A chave estava numa pequena sacola e o velho avarento achava que ali ninguém iria encontrá-la. Samuel abriu o cofre e ficou espantado. Não tinha mais espaço para nada. Estava recheada com pacotes de notas de 100 mil réis, a moeda da época. Samuel encheu uma maleta com o preciso tesouro e fugiu de casa naquela mesma noite, tomando diversas conduções até o litoral do Estado, onde embarcou num navio, rumo ao Rio de Janeiro. Quando contou o dinheiro, ficou espantado. Estava de posse de oitenta contos de réis, uma grande fortuna. Fugiu e nunca mais voltou. E o velho Rambuski, amargurado, morreu pouco tempo depois.
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