Nefasta abriu a porta do quarto e Anita
entrou pelo pequeno corredor e foi em direção à sala de jantar, feericamente
iluminada. A grande mesa estava posta, coberta por uma linda toalha de linho
branco, a baixela era de prata reluzente, os pratos da mais fina porcelana. Os
copos, de cristal finíssimo, rebrilhavam à luz das velas e os talheres eram de
ouro. As cabeceiras da mesa estavam preparadas para receber apenas dois
comensais. Anita ficou aturdida com tanto luxo e suntuosidade. Foi então que um
vulto saiu do quarto de hóspedes e bateu palmas entusiásticas. Era Firmino
Osório Constantino, o Poderoso.
– Parabéns, minha querida! Como estás
linda e maravilhosa nessas roupas que eu mandei
buscar em Paris, especialmente para ti, no dia de hoje.
Firmino vestia calças de veludo escuro,
com uma linda camisa branca de cambraia, sobre a qual ostentava um colete
também de veludo. Do pescoço lhe pendia um pesado cordão de ouro. Calçava finos
sapatos de cromo alemão, com polainas de pele de castor. Aproximou-se de Anita
e a conduziu pelo braço até uma das cabeceiras da mesa, acomodando-a na
cadeira, enquanto falava:
– Hoje, minha querida, estou feliz,
porque é um grande dia para todos nós.
– Meus parabéns pelo seu aniversário.
– Obrigado, minha querida, muito
obrigado, mas estamos festejando muito mais do que o meu aniversário.
– Mais o quê?
– Por enquanto é segredo. Logo, logo
saberás de tudo. O importante agora é este jantar festivo. Mandei preparar um
cardápio digno dos maiores maitres, acompanhado também de um bom vinho
francês.
– Por que tudo aqui é ligado à França? –
perguntou Anita. – São francesas as roupas que visto, franceses são os
perfumes, agora até a comida e o vinho...
– Porque a França, minha querida,
particularmente Paris, é a terra da arte, da beleza, das mulheres bonitas e,
principalmente, minha cara, é a terra do prazer e do pecado.
Ao pronunciar as últimas palavras, o
Poderoso sorriu maliciosamente, enquanto se dirigia para o seu lugar, na outra
cabeceira da mesa. Fez então sinal para que Nefasta e as criadas começassem a
servir o jantar, na verdade um suntuoso jantar com iguarias raras que Anita
nunca imaginara que pudessem ser preparadas naquele fim de mundo. Quando foi
servido o vinho, Firmino ergueu um brinde à saúde de Anita e à sua própria
saúde, pois, afinal, o aniversariante era ele.
Já no final do jantar, Anita tinha
bebido duas taças de vinho e Nefasta lhe
serviu mais uma. Neste momento, Firmino olhava para a jovem, fixamente, e ela começou a ficar perturbada, pois se
sentia hipnotizada por aqueles olhos penetrantes. Ela caiu numa espécie de
torpor, enquanto seu corpo era tomado de intenso prazer e bem-estar, como nunca
antes acontecera.
De repente, a jovem começou a ouvir uma
música em ritmo alucinante, ao mesmo tempo em que entravam no recinto numerosas
figuras de mulheres semidespidas, muito formosas, que lembravam as ninfas da
mitologia e começaram a dançar ao ritmo frenético da música. Depois, entraram sátiros, seres lascivos, com corpo humano e pernas e
pés de bode, que também aderiram ao ritmo diabólico. Na regência daquele baile
infernal, estava Firmino, o Poderoso, que dava gargalhadas e servia taças e mais
taças de vinho a todos, enquanto ele
mesmo rodopiava em meio ao turbilhão de prazer e orgia. As ninfas se
aproximavam de Anita e lhe exibiam os corpos seminus, de seios desnudos e
Nefasta gritava: “Mais vinho, toma mais vinho, princesa!”,
enquanto enchia sua taça até o líquido transbordar e escorrer pela toalha da
mesa. Era uma dança sensual, lasciva e
libidinosa.
Anita não tinha mais noção de tempo e
espaço, enquanto prosseguia a dança alucinante. Firmino se aproximou dela e puxou-a pelo
braço, obrigando-a a participar do ritmo frenético e ela começou a dançar,
dançar, volutear, enquanto os sátiros agarravam as ninfas e as arrastavam
brutalmente para os cantos da sala e as possuíam ali, à vista da plateia, que
aplaudia. Depois, todos voltavam ao centro da sala e bailavam, bebendo novas
taças de vinho que Firmino lhes oferecia, enquanto bradava: “Viva o prazer,
viva o sexo, viva a lascívia, viva o pecado!”. E eles, em coro, respondiam:
“Viva o prazer, viva o sexo, viva a lascívia, viva o pecado e viva o nosso
Senhor Todo Poderoso, a quem rendemos honra e glória”.
Anita foi despertada daquele pesadelo
pela voz de Nefasta:
– Minha princesa, está na hora de
dormir, pois estás muito cansada. Já preparei tua cama e podes te recolher.
A jovem olhou à volta e a sala estava
como no início do jantar. Firmino continuava em seu lugar, en-quanto
bebia lentamente mais uma taça de vinho. Anita perguntou:
– E aquela gente toda que estava aqui?
– A que gente te referes? – perguntou
Nefasta, enquanto o Poderoso sorria satisfeito.
– Tinha muita gente aqui: mulheres,
seres esquisitos, sátiros, ninfas. Todos bebiam, dançavam e praticavam atos
pecaminosos.
– É o vinho, minha querida – acrescentou
Firmino. – Bebeste um pouco além da tua resistência.
Anita se despediu de Firmino
e se retirou
para o quarto, acompanhada de Nefasta,
que a ajudou a trocar os trajes de festa por roupas de dormir. Colocou-lhe
sobre o corpo uma camisola muito sensual que lhe deixava os seios praticamente
à mostra. Depois, falando baixinho, completou:
– Tenho certeza de que desta, ele vai
gostar.
CONTEÚDO DOS LIVROS :
O FILHO DE ANITA - Uma história que beira o fantástico. Um rico fazendeiro que incorpora o Malvado, desenvolve um intenso trabalho para seduzir uma bela jovem, Anita, criando situações inusitadas. A história reúne frades, médicos, vaqueiros, mulheres inteligentes e o povo simples dos vilarejos. E tem um final surpreendente. Só lendo, para crer. Mas, se você é impressionável, compre o livro, mas não leia, para não perder o sono. Deixe que outros o leiam.
VENDER É PRECISO- Um livro para treinamento de vendedores e empresários, mostrando as melhores técnicas de vendas, desenvolvidas no país e no exterior. Agora, em segunda edição.
OPERAÇÃO KAABA - Uma história extraordinária, que se passa no ano de 2045, num conflito internacional de graves consequências e o sequestro de um papa por terroristas islâmicos. O livro fala do surgimento de uma nova ordem religiosa - os Novos Templários, em cujos votos está, agora incluído, o voto de Preservação, com o objetivo de minorar os graves problemas ambientais que surgirão no futuro. A história envolve terroristas, jornalistas, políticos, fanáticos religiosos, personagens do clero e a figura de um papa - Pedro Paulo I, além de uma bela jovem que dá um colorido especial à narrativa.
AS TORRES DAS TRÊS VIRTUDES- livro dividido em duas partes. A primeira se passa num seminário, com a narrativa de fatos vivenciados pelo autor em sua juventude, mostrando como se desenvolvia a vida de um jovem, baseada no estudo, no trabalho e na oração, além das atividades esportivas. A segunda parte é vivida pelo herói da narrativa, na fazenda de seu pai, onde impera a corrupção, a violência e a lei da Winchester.
MENINO TROPEIRO - é a biografia da infância do autor, filho de um professor primário, que dava aulas em povoados do Planalto Catarinense. Aulas para 4 turmas, simultaneamente, com a maioria dos alunos vindos das propriedades agrícolas. Eles não tinham condução, como os alunos atuais. Vinham a pé, na escola não havia refeições e, à tarde voltavam para casa e pegavam uma enxada para ajudar os pais no trabalho das lavouras. Eram outros tempos.
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