sábado, 23 de novembro de 2024

UMA VIAGEM QUE QUASE SE TRANSFORMOU NUMA GRANDE TRAGÉDIA


No livro Menino Tropeiro, o autor narra uma viagem de sua família que quase se transformou em tragédia. Leia os detalhes.
Para comprar o livro, consulte: atendimento@clubedeautores.com.br

"Antes do nascimento de meu quarto irmão, Rogério, numas férias de fim de ano, a família resolveu visitar meus avós na cidade de Campos Novos. Como a distância era bem razoável, os preparativos foram minuciosos. Arrumamos dois cavalos e uma mula e viajamos até uma fazenda às margens do Rio Canoas, cujo proprietário traçou um mapa para que seguíssemos um caminho pela floresta, margeando o rio. Assim, reduziríamos bem a distância. Num determinado ponto do rio, encontramos uma balsa e passamos para o outro lado, na direção do povoado de Abdon Batista, onde pernoitamos na casa de um conhecido de meu pai.

No dia seguinte, bem cedo, partimos para Campos Novos, onde chegamos à noite, famintos e cansados. Minha avó, que não conhecia os netos, nos recebeu com muita alegria e o velho João Gomes foi um anfitrião bem agradável. A maioria dos irmãos de minha mãe já tinha tomado rumo na vida e as mulheres estavam quase todas casadas. Ali só permanecia o irmão mais novo de minha mãe, de nome Antônio, um pouco mais velho do que eu e duas tias, sendo uma delas, tia Adelaide. Ficamos uns quinze dias em Campos Novos e retornamos para Anita Garibaldi numa bela manhã. Saímos de madrugada e, por volta do meio dia, já atravessávamos de balsa o rio Canoas.

Na outra margem do rio, tinha uma área gramada à sombra das árvores e minha mãe achou o lugar bem apropriado para a sesteada, como dizíamos. Descemos dos cavalos e, enquanto ela preparava uma rápida refeição, levei os animais para um pequeno pasto próximo, me colocando de guarda no começo  da  estrada  para  impedi-los de fugir.

Minha mãe preparou pão com queijo e linguiça para todos e me chamou para buscar a minha porção.

– Mãe – disse eu, – não vou sair daqui, porque os animais podem fugir.

– Os animais estão pastando e não vão fugir.

Eu ainda insisti, mas ela ordenou, com apoio de meu pai, que eu buscasse o lanche e não me preocupasse com as montarias. Só que eles não entendiam de cavalos como eu. Saí bem devagar e me afastei uns trinta metros, quando um dos cavalos ergueu a cabeça e, ao ver o caminho livre, avançou rápido, seguido dos outros animais.

– Eu não disse pra senhora que eles iam fugir - gritei desesperado, enquanto me precipitava atrás das bestas.

Nessas circunstâncias, a única maneira de cercar animais fujões é cortar caminho e ir esperá-los em frente, o que a situação do momento não permitia, porque a mata era muito fechada, cheia de espinheiros. Assim, enquanto eu e meu pai corríamos atrás deles, mais se distanciavam de nós. Eu estava desesperado e meu pai bufava de nervoso. Enquanto corríamos, eu pensava nas consequências. Em primeiro lugar, os animais não eram nossos e éramos responsáveis por eles. Depois, como iria ficar a família, perdida no meio do mato, com duas crianças pequenas (eu já me considerava um adulto). A corrida desesperada demorou mais ou menos uma meia hora, quando o céu veio em nosso socorro. Numa curva do caminho, avistamos as montarias pastando, tranquilamente, junto ao portão de uma propriedade, cuja cerca os impedia de seguirem adiante. Cansados e nervosos (meu pai mais nervoso do que eu) nos aproximamos e seguramos os três infratores pelas rédeas  e tomamos  o  caminho  de volta, enquanto seu Heitor a eles se referia com alguns adjetivos bem pesados, como se os pobres quadrúpedes tivessem consciência do mal que tinham praticado. Fomos encontrar dona Lina inconsolável, na previsão do pior, enquanto meus irmãos choramingavam assustados. Arrumamos as trouxas, nos acomodamos sobre os arreios e cavalgamos silenciosos em direção de casa, onde chegamos no final do dia. Durante o restante do trajeto, não encontramos ninguém, um sinal do que poderia ter sido o desfecho da viagem, se tivéssemos perdido os animais". 


sábado, 5 de outubro de 2024

OS NOVOS TEMPLÁRIOS E O VOTO EM PROL D A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DO MEIO AMBIENTE




No livro OPERAÇÃO KAABA, o autor relata a tentativa de sequestro de um papa por um grupo de militantes islâmicos, no ano de 2045. O papa foge para o Brasil e aqui se refugia no mosteiro de uma nova ordem religiosa, os Novos Templários. Mas o que fazem os religiosos dessa nova ordem. Explicamos isso no texto que segue. Mas, se você quiser  conhecer todos os detalhes dessa fascinante história, acesse : atendimento@clubedeautores.com.br

"Enquanto o tempo passava, os Novos Templários faziam de tudo para tornar a estada do papa nas dependências do mosteiro a mais agradável possível. Essa congregação era de origem recente, fundada por um grupo de profissionais liberais, na Europa, sob a liderança de um médico inglês, de nome Richard Toffler. Isso aconteceu, no ano de 2037. Eles se denominaram Novos Templários, pois o objetivo era restaurar os antigos ideais dos templários, monges guerreiros do século X, que participaram da Primeira Cruzada e constituíram uma ordem religiosa sob os auspícios do Papa Urbano II. Eles lutaram pela libertação dos lugares santos da Palestina.



Os modernos seguidores dos Templários adotavam em sua regra, além dos tradicionais votos de pobreza, castidade e obediência, também o voto de preservação, em defesa da vida e do meio ambiente. Nessa linha, eles desenvolviam estudos em todos os países em que se instalaram. Em suas fileiras contavam com médicos, biólogos, ambientalistas e pesquisadores de diversos setores, com o apoio das autoridades em geral. Em vez da espada e das pesadas armaduras dos antigos templários, os novos guerreiros estavam armados com computadores pessoais, microscópios e outros instrumentos de pesquisa. Eles achavam que a vida era o bem supremo dado por Deus ao homem e a melhor maneira de servi-Lo era protegê-la, bem como à natureza e ao meio ambiente.

Os mosteiros dos Novos Templários geralmente eram construídos em áreas de proteção ambiental, oferecidas pelos diversos governos, pois sabiam que eles iriam ali exercer um trabalho profícuo em prol da natureza. E foi o que aconteceu com o Mosteiro da Serra da Mantiqueira, como era conhecido. A área fora cedida pelo governo do Estado de São Paulo para que os irmãos ali instalassem uma casa de recolhimento e oração, mas também um centro de pesquisa para estudar e proteger o ecossistema da serra e da floresta, que era duramente atingido pela poluição das inúmeras indústrias localizadas ao longo da Via Dutra, a maior artéria industrial e comercial do País."


                                                                 

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

FATOS ESTRANHOS OCORRIDOS NA FAZENDA SANTA BÁRBARA, QUANDO DO NASCIMENTO DE UM MENINO. LEIA O CAPÍTULO 22 D0 LIVRO O FILHO DE ANITA





 "As semanas e os meses se passaram, enquanto Anita tinha que suportar uma gravidez muito difícil. O ser que carregava em seu corpo, sugava- lhe todas as energias. Sofria de enjoo, estava muito fraca e anêmica, mas o pior era a depressão de que fora tomada. Ela não sabia o que estava para acontecer, não sabia como seria o filho que carregava no ventre. Aqueles pesadelos voltaram, durante os quais ela sentia a presença de Firmino Constantino. Sentia mesmo o tilintar de suas esporas no assoalho do quarto. E não lhe saia da cabeça aquela frase do livro vermelho lido por Nefasta: “ ... o dragão parou diante da mulher que havia de dar a luz, para que dando a luz, lhe entregasse o filho”. 

 Dr. Cláudio comparecia com frequência à fazenda para lhe dar assistência. Quando esteve em Lages para compra de remédios, o médico procurou o consultório do amigo dr. Sartório e lhe contou em detalhes o que se passava com Anita.

 – Bem, caro colega – disse dr. Sartório –, quem poderia nos dar uma ajuda neste momento seria Frei Gaspar, mas ele, infelizmente, não está mais entre nós. A última vez que estive com Frei Protásio, fui informado que o nosso bom amigo esteve em tratamento num grande hospital do Rio de Janeiro. Os médicos da capital também não puderam fazer nada por ele, assim como nós não podemos fazer nada pela nossa jovem Anita. O problema dela chegou às fronteiras da ciência e ninguém  sabe o que se encontra do outro lado. É lamentável, mas essa é a verdade. – Sua gravidez é muito difícil. 

 – E o colega acha que foi esse Firmino Constantino quem a engravidou? 

 – É possível, pois ela passou vários dias na fazenda sob efeito de chás à base de ervas e, certamente, não estava na plenitude de suas faculdades mentais. 

 – Eu nunca ouvi falar que o Diabo tenha engravidado alguma mulher. 

 – Como o sr. disse, Anita está naquela fronteira da ciência, além da qual muito pouco se sabe. E para complicar, o amigo também não acredita no Diabo.

 – Isso é verdade. 

 Dr. Cláudio se despediu do colega e retornou a Anita Garibaldi. Quando chegou ao povoado, encontrou Sebastião, empregado da fazenda Santa Bárbara, muito nervoso, à sua espera, pois, ao que parecia, Anita entrara em trabalho de parto.

 – Preciso de um cavalo descansado – disse o médico.

 – Trouxe um excelente cavalo para o senhor – respondeu Sebastião. 

 A distância até a fazenda foi percorrida a galope, pelos dois cavaleiros. Pacheco já os esperava, nervoso, na porteira da fazenda.

 – Graças a Deus que chegou, dr. Cláudio. Minha irmã passa muito mal e creio que a criança nascerá a qualquer momento. 

– Vamos ver, meu amigo. Preciso de um local para me instalar e arrumar o material. Mandem ferver água, tragam toalhas bem limpas, Num minuto estarei a postos. 

 O médico se preparou no aposento contíguo ao de Anita e depois entrou no quarto, onde a jovem se contorcia nas contrações do parto, assistida por d. Madalena e uma criada. Dr. Cláudio pediu a Pacheco que ele e sua mãe se retirassem do local, pois o nervosismo de ambos seria contagioso e deixaria Anita ainda mais agitada. Pediu que só a criada ficasse ali para ajudá-lo. 

 Pacheco ficou com a mãe, em silêncio, na sala da fazenda, durante um longo tempo, enquanto ouviam os gritos desesperados de Anita e a voz do médico que mandava ela fazer força, força e mais força. De repente, houve um silêncio e, a seguir, um choro de criança. Todos respiraram aliviados. Passaram-se alguns minutos e dr Cláudio, muito sorridente, surgiu na porta do quarto e informou: 

 – Podem entrar que nasceu o filho de Anita. É um menino bem forte, bonito e saudável. 

 Aquela notícia que deveria dar um ponto final a todas as apreensões da família, foi início de novas perturbações. Quando o médico acabou de falar, a casa foi invadida por um vento forte e gelado, coisa impossível de acontecer em pleno verão, pois era o final do mês de fevereiro. Lá fora já era noite e os cães da fazenda começaram a uivar, os cavalos se agitavam nervosos e relinchavam nas cocheiras. Alguns peões estavam no curral assistindo uma vaca prestes a dar cria, quando o animal se levantou repentinamente e o bezerro ficou preso no cordão umbilical. O pequeno animal nasceu morto, para espanto dos presentes, pois o parto corria normal. Os cavalos que trouxeram dr. Cláudio e Sebastião estavam amarrados à entrada da fazenda, empinaram assustados, soltaram as rédeas e fugiram, como que impelidos por misteriosa energia. Dias depois ainda se sentiam os efeitos do estranho fenômeno. 

As criadas da fazenda observaram que os ovos de todas as galinhas que estavam nas chocadeiras, naquele período, não vingaram. Tinham gorado e nenhum pinto nasceu. 

 Quando Pacheco, dona Madalena e o médico entraram no quarto, Anita descansava aliviada e o menino jazia no berço, enrolado numa manta, pois o ambiente ainda estava gelado. Ele mantinha os olhos bem abertos como se estivesse fixando as pessoas e tinham um brilho estranho nas pupilas, fato que deixou o médico perturbado, porque nunca observara fenômeno semelhante. Dirigindo-se a Pacheco e a dona Madalena, falou: 

 – Acho melhor levar o berço do menino para outro aposento, para que Anita tenha o repouso mais absoluto, pois ela precisa. Suas energias foram totalmente exauridas e ela não está em condições de amamentá-lo. É preciso preparar uma mamadeira. 

 D. Madalena retirou-se apressada do quarto e foi para a cozinha da fazenda providenciar leite para a mamadeira do recém-nascido, enquanto Pacheco e a criada retiravam do quarto da mãe o berço com o menino, de acordo com instruções do médico. O berço  foi colocado ao lado de uma cama, em outro aposento, onde as criadas se revezariam durante a noite, pois o menino certamente precisaria de todos os cuidados e atenções especiais. 

 Quando nasce uma criança, geralmente as pessoas celebram, ficam felizes. Mas isso não acontecia na Fazenda Santa Bárbara. O ambiente estava pesado, sombrio, ninguém falava. Pacheco mantinha-se em silêncio e o médico estava mais preocupado com Anita, examinando-a com frequência. 

Entre os empregados da fazenda começaram a surgir comentários. Todos perceberam que, no momento do nascimento do menino, coisas estranhas ocorreram. Foi aquele vento gelado, a inquietação dos animais, a vaca que perdeu o bezerro. Eram muitas as coincidências.

 Um empregado afirmou que viu uma nuvem de grandes morcegos voando sobre a fazenda e estava certo de que aquilo significava mau agouro. Uma preta velha, que tinha premonições, disse com todas as letras que o menino que nascera era o filho do Diabo. Falou até de uma profecia que afirmava que ele um dia viria para viver entre os homens e lhes trazer muitas desgraças, que nasceria do ventre de uma jovem, assim como acontecera com Nosso Senhor Jesus Cristo. Afirmou que o povo devia rezar muito, se apegar a Deus e a Virgem Maria para não perecer sob as garras do Malvado. 

 A noite já ia alta, quando o médico se recolheu para descansar um pouco, pois o dia tinha sido pesado. Viajara de Lages até Anita Garibaldi e dali até a fazenda. Dona Madalena também dormia, depois de tomar um calmante que o médico lhe deu.

 Os empregados da fazenda já tinham se recolhido. Anita dormia profundamente, mas o recém-nascido permanecia acordado. Estava muito agitado, mas não chorava. Pacheco e a criada permaneciam ao lado do berço, quando foram surpreendidos com os latidos dos cães da fazenda, ouvindo-se, a seguir, um tropel de muitos cavalos, seguido de fortes batidas na porta principal da casa, enquanto os cães ganiam como que atingidos por alguma força terrível. Pacheco pegou um lampião e foi em direção à porta, mas antes de abri-la, perguntou: 

 – Posso saber quem chega?

 – Por favor, abra a porta – disse uma voz de homem, acompanhada do rosnar de um cão. – Abra, que somos de paz. Mas, se não abrir, arrombaremos, porque estamos em maioria. 

 Não restou a Pacheco outra alternativa. Abriu a porta e deu de cara com um homem alto, vestindo uma longa capa preta, acompanhado de um grande cão. Montados em seus cavalos, permaneciam atrás do recém chegado, vários homens portando armas de cano longo.

 – Meu nome é Firmino Osório Constantino – disse o intruso. – Vim buscar meu filho que nasceu hoje.

 – Quem garante que é teu filho? – retrucou Pacheco. – Como podes ter tanta certeza? 

 – Anita, tua irmã, foi a escolhida para gerar esse filho. Estava escrito que uma jovem daria à luz a um filho meu, que realizará muitos prodígios. Infelizmente, ela não entendeu a grandiosidade da missão que lhe foi reservada. 

Enquanto falava, o homem afastou Pacheco para o lado e entrou sala adentro. O jovem achou que não havia como resistir e conduziu o intruso até o quarto onde estava o berço do menino. Firmino aproximou-se e ficou a observar a criança por algum tempo com um largo sorriso de felicidade. Depois, disse: 

 – Filho querido, de há muito eras esperado. Eu te fiz à minha imagem e semelhança. Irás morar na casa de teu pai e te sentarás à sua direita e com ele reinarás. Todos os homens te renderão homenagens. 

 Enquanto concluía as palavras, ergueu a criança do berço, agasalhou-a sob a grande capa preta e se dirigiu para a porta de saída da casa, sempre acompanhado de Soldante, que rosnava para Pacheco. Ao cruzar a sala, Firmino encontrou dr. Cláudio que acordara com o barulho e saiu do quarto. 

 – Obrigado, doutor – disse – pelo magnífico trabalho que realizou. Um dia será recompensado, regiamente recompensado. E não se esqueça que foi um privilégio acompanhar o nascimento do filho de Firmino Osório Constantino. 

 Aproximou-se do cavalo e montou, sempre com o menino nos braços. Deu meia volta, esporeou a montaria e partiu célere, acompanhado da comitiva de vaqueiros. Pacheco só fechou a porta depois que os vultos mergulharam nas trevas daquela terrível noite. 

 – O que realmente aconteceu? – perguntou doutor Cláudio, ainda estupefato com o que vira e ouvira. 

– É ele, doutor, o Firmino Constantino. Disse que o filho é dele e veio buscá-lo. Não pude fazer nada, porque trouxe consigo o cão feroz e lá fora estavam uns dez homens armados com armas pesadas. Foi sorte os empregados da fazenda não terem percebido, porque, certamente, teríamos um tiroteio feio, com muita gente ferida e até morta. Como iremos contar a Anita o ocorrido? 

- Não será uma tarefa fácil, podes crer.

 – Conto com sua diplomacia para essa tarefa, doutor. É melhor o senhor falar, com sua experiência de médico. Eu acho que não conseguirei. 

 – Está certo! Amanhã, logo cedo, quando ela acordar, irei lhe falar. O amigo pode dormir tranquilo a esse respeito. 

 Como não havia nada mais a fazer, os dois homens se recolheram e o mesmo fez a criada que estava no quarto de plantão. Logo que o dia clareou, Pacheco procurou Sebastião, peão da fazenda, e lhe deu uma missão. – Quero que vás até a fazenda do Delegado Otacílio Brito e peças que ele venha até aqui, pois tenho uma investigação para ele fazer. Diga-lhe que uma criança foi sequestrada, o filho de Anita... 

 – O filho de dona Anita foi sequestrado, seu Pacheco? Quando isso aconteceu? 

 – Foi ontem à noite, Sebastião, mas depois saberás os detalhes. E não quero que fales disso com ninguém, somente com o Delegado Otacílio.

 – O patrão fique tranquilo, que nada falarei. Só vou tomar um café e logo estarei na estrada. 

 Pacheco retornou à casa da fazenda e encontrou dr. Cláudio no quarto de Anita. Ele informava à jovem que, durante a noite, seu filho fora sequestrado por Firmino Constantino. Para surpresa de todos, a reação de Anita foi tranquila. Parecia até aliviada, quando falou: 

 – Esta noite tive outro sonho. Frei Gaspar apareceu e me avisou que Firmino viria buscar o menino. Falou também que ele, Firmino, me violentara enquanto eu estava na Toca do Diabo e que todas as noites eu era dopada por Nefasta, quando tomava aquele chá para dormir e nesse estado ele dispunha de meu corpo, com a ajuda e a complacência da governanta, também um espírito impuro. E me disse que a concepção se deu naquela noite de orgias, organizada por ele para celebrar seu aniversário, quando me ofereceram vinho e eu tive alucinações. Acrescentou que era melhor que o Malvado levasse o menino, porque muita coisa ruim poderia acontecer a todos nós, se ele aqui ficasse. Disse também que eu não me preocupasse, porque meu espírito e meu corpo agora estavam livres e que jamais ele voltaria para me atormentar. E completou que só a Cruz de Cristo e o fogo purificador poderão livrar o mundo de Firmino Constantino. 

 – Anita – disse Pacheco –, mandei o Sebastião atrás do Delegado Otacílio Brito, pois iremos reunir um grupo de homens para desentocarmos esse bandido de sua toca.

 – Não faças isso, meu irmão, porque ele tem muitos homens e muita gente irá morrer. 

 – É preciso fazer, Anita, para darmos um ponto final em toda essa desgraça. Enquanto estiver vivo, poderá retornar e prejudicar muitos inocentes. 

Diante do argumento do irmão, Anita se calou. Pediu comida, pois estava com fome, fato que deixou o médico animado, pois ela se recuperava a olhos vistos. Dr. Cláudio deixou recomendações aos familiares quanto ao tratamento da jovem, despediu-se e retornou a Anita Garibaldi, onde outros doentes o aguardavam."


Para comprar o livro, O FILHO DE ANITA, acesse: atendimento@clubedeautores.com.br


 







sábado, 17 de agosto de 2024

OS NÚMEROS INCRÍVEIS DAS OBRAS PSICOGRAFADAS PELO MÉDIUM CHICO XAVIER

 




Chico Xavier é, no mundo espírita, uma fenômeno extraordinário, quando analisamos os número de obras por ele psicografadas, fenômeno que até hoje a ciência não consegue explicar, sendo o nome do autor respeitado e admirado no mundo inteiro, inclusive por membros de outras crenças, pois ao publicar suas obras, não recebia nenhum tostão de direitos autorais, vivendo com o pequeno salário como datilógrafo do Ministério da Agricultura. Os milhões que recebia eram endereçados a associações espíritas, para aplicá-los em benefício dos mais necessitados. Vejamos os números:
- Mais de 450 livros psicografados. 50 milhões de exemplares impressos no mundo inteiro, pois seus livros foram traduzidos nos seguintes idiomas: inglês, espanhol, japonês, esperanto, francês, alemão, italiano, russo, marroquino, romeno, sueco, grego, húngaro e outros. O livro Nosso Lar, do espírito do médico André Luiz, psicografado por Chico, nos
 primeiro anos de seu lançamento, já tinha vendido 2 milhões de exemplares e, hoje, continua vendendo.

Chico psicografou mais de 10mil cartas, sendo que a caligrafia das mesmas correspondia à letra das pessoas falecidas, sendo o fato testemunhado por seus familiares. Algumas dessas cartas serviram de documentos em processos judiciais, sendo que, em determinado processo, o réu foi absolvido pelo juiz, porque seu advogado apresentou carta da vítima, afirmando que sua morte fora o resultado de um disparo acidental de arma de fogo e que o réu não tinha culpa pelo ocorrido. Chico nunca recebeu um tostão por psicografar essas cartas. Um milionário de nome Fred Figher deixou em testamento um fortuna para Chico e ele a destinou na íntegra para a Federação Espírita Brasileira. 

 Um de seus biógrafos narra dois episódios a respeito de Chico Xavier. No primeiro, ele conta que o medium recebeu de um admirador um carro zero quilômetro e Chico, nesse momento, viu se aproximar um caminhão com uma carga de macarrão e como ele estava, aquele dia, sem alimentos para os pobres que faziam fila no seu centro espírita, propôs ao caminhoneiro trocar o carro pela carga de seu caminho. O motorista aceitou e o negócio foi concluído com grande vantagem para a outra parte.

Um outo episódio fala que um visitante de seu centro espírita em Uberaba, acho que era Sílvio Santos, na saída, acompanhado do medium, deu-lhe uma bolada para suas obras de caridade. Ao se despedirem, um mendigo se aproximou e pediu uma esmola para Chico. Ele levou a mão ao bolso, tirou todo o dinheiro recebido e o entregou ao pedinte.

Alguns membros da imprensa tentaram "desmascarar"o medium. O fato mais relevante  aconteceu com David Nasser e o fotógrafo Jean Manson, ambos da revista O Cruzeiro,  que se apresentaram no centro espírita de Chico, como jornalistas americanos, usando o piloto do avião que os levou até lá como intérprete. Ao saírem, receberam cada um livro com dedicatória, que dizia, no livro de Davi Nasser: Ao meu irmão David Nasser, de Emanuel. Texto semelhante. no livro de Manson. Quando descobriram as dedicatórias, a reportagem já tinha sido publicada, para desmoralização  dos dois jornalistas.





quarta-feira, 14 de agosto de 2024

COMO ESCAPEI DA MORTE NO VÔO DA VASP SÃO PAULO-RIO EM 28 DE SETEMBRO DE 1959


                 
                              Modelo do mesmo tipo de avião da Vasp 
                              que caiu em São Paulo. É um SAAB SCANDIA PP SPV

Era uma viagem de negócios. Nesse ano, eu trabalhava, como redator de uma
revista no Rio de Janeiro e me dirigi a São Paulo para tratar de negócios com uma pessoa que pretendia ser o representante da referida revista, na cidade.
Embarquei num avião da NAB e, ao chegar ao aeroporto de Congonhas, me dirigi ao balcão da VASP, marcando o meu retorno ao Rio de Janeiro, para o mesmo dia. O horário do voo seria para as 18 horas, se não me falha a memória.

Dirigi-me ao endereço marcado pelo candidato à representante da revista e passamos grande parte do tempo discutindo detalhes da tarefa a que ele se propunha. Quando terminamos de conversar já eram 4 horas da tarde e fui convidado por ele  a comer uma pizza, uma vez que não tínhamos almoçado. Lembrei-lhe o horário do meu voo, mas ele ponderou que havia tempo suficiente. Podíamos comer com calma, que não haveria problema. Quando terminamos do comer, o relógio marcava alguns minutos para as cinco horas. Tomei um táxi e pedi ao motorista que me levasse rapidamente ao aeroporto de Congonhas, mas ele me alertou para um grande engarrafamento que se formara no caminho naquele direção. Fiquei nervoso, mas nada podia ser feito. 

Ao chegar ao Congonhas, corri para o balcão da Vasp, mas não encontrei ninguém para me atender e observei que havia um grande agitação nas dependências do aeroporto. Dirigi-me a um senhor que estava próximo e ele me informou que estavam falando de um grave acidente de avião, nas proximidades. Nesse momento, uma funcionária da VASP, chegou ao balcão, muito nervosa e informou que o avião da companhia para o Rio de Janeiro caíra, e todos os participantes do voo tinham morrido. Fiquei paralisado. Corri ao telefone e falei com o meu entrevistado, dando-lhe a notícia e lhe pedindo, caso minha mulher ligasse do Rio de Janeiro, a informasse do milagroso acontecimento relacionado à minha humilde pessoa, salvo por um engarrafamento no caminho do aeroporto. Na minha casa no Rio de Janeiro, não tinha telefone, uma raridade na cidade, naquela época.

Para retornar ao Rio de Janeiro, o Vasp me colocou num avião da Varig, um convair, avião de grande porte. Quantos passageiros estavam no referido? Apenas 3: o signatário e  um casal muito nervoso. Cáspite, como diria um italiano.

Quando cheguei ao Rio de Janeiro, já tarde da noite, encontrei minha mulher muito nervosa, por causa do adiantado de hora, mas ela ainda não tinha conhecimento do desastre da Vasp. Ligamos a televisão e os repórteres de um dos canais estavam fazendo uma reportagem no bairro do Jabaquara em São Paulo, mostrando os destroços do avião, com informações sobre as vítimas:  4 tripulantes e 16 passageiros.



quarta-feira, 22 de maio de 2024

FERNÃO DE MAGALHÃES, O NAVEGADOR QUE PROVOU QUE A TERRA ERA REDONDA

 



Fernão de Magalhães (1480-1521) viveu numa época de grande turbulência marítima. Colombo descobriu a América, Vasco da Gama descobriu o caminho das Índias,  Cabral chegou até o Brasil.A Europa, liderada por Portugal e Espanha estavam de olho no Oriente, na busca de suas famosas especiarias, mas o único percurso marítimo, era navegar ao longo do continente africano, atravessar o Cabo das Tormentas e chegar até a Índia, como fez Vasco da Gama. Esse cabo passou a chamar-se Cabo da Boa Esperança, pois era o único acesso às riquezas do Oriente (Índia, China, Japão, Pérsia e suas numerosas ilhas).

 As chamadas especiarias tão desejadas pelos europeus eram as seguintes:pimenta, gengibre, cravo, canela, noz moscada, açafrão, e ervas aromáticas. Na Europa, essas especiarias valiam ouro.

Fernão de Maglhães era de origem portuguêsa, de descendência nobre. Ainda jovem, fez viagens  à Índia, participando de combates, mas o seu sonho era buscar um novo caminho marítimo para o Oriente, velejando pelo Atlântico e encontrar uma travessia para chegar ao Oceano Pacífico.

Trabalhando para o governo português, conquistou o título de capitão, mas foi acusado de colaboração com os mouros, fato considerado de alta traição pelo rei D. Manuel, levando Magalhães a renunciar à nacionalidade portuguesa, voltando seus olhos para a Espanha, onde foi acolhido pelo rei Carlos V. E foi na Espanha que ele conseguiu apoio para o seu grande projeto. Com a ajuda de amigos importantes conseguiu expor seus planos para atingir as Índias Orientais, viajando pelo Ocidente. Com a ajuda do astrônomo português, também exilado, Rui Faleiro, elaborou o projeto da viagem que foi financiado por Cristóvão de Haro, um rico proprietário de Antuérpia, inimigo do rei de Portugal.

Foi montada uma esquadra com cinco navios e 265 tripulantes, de várias nacionalidades, sob o comando de Fernão de Magalhães, recebendo ele provisões e armas para dois anos de viagem, embora a sua viagem tenha durado três anos. As naus foram batizadas com os seguintes nomes: Vitória, Santiago, Conceição, Santo Antônio eTrinidad.



Veja como a professora Dilva Frazão descreve a sequência de fato relativos à viagem de Fernão de Magalhães, ilustrada pelo mapa anexo:

"Fernão de Magalhães e sua esquadra partiram de Sanlúcar, porto andaluz no oceano Atlântico, no dia 20 de setembro de 1519. A viagem era lenta, por falta de ventos favoráveis. No dia 29 de novembro chegam próximo ao Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco.

No dia 13 de dezembro entram na baía do Rio de Janeiro, para buscar suprimentos e reparar as embarcações. No dia 10 de janeiro de 1520 chegam a um rio batizado de Rio da Prata.

No dia 31 de março chegam ao Golfo de São Matias e resolvem invernar até que chegasse a primavera. Nessa região encontraram um povo de estatura elevada e pés grandes, que receberam o nome de “patagonês”, (hoje, Patagônia).

Em fins de maio, a nau "Santiago" naufragou e alguns marinheiros conseguiram se salvar. Em 24 de agosto, a frota reiniciou a viagem. Na altura do rio “Santa Cruz”, a frota parou por dois meses, devido às tempestades.

No dia 21 de outubro encontraram o "Cabo das Onze Mil Virgens" e finalmente chegam a uma passagem que os levaria ao outro lado do oceano. A paisagem era aterrorizante, rochas íngremes, penhascos altíssimos e labaredas das fogueiras dos nativos. A região foi chamada de “Terra do Fogo”.

No dia 1 de novembro começou a travessia do estreito, batizado de “Todos os Santos” (hoje, Estreito de Magalhães). A travessia levou 27 dias. Ao chegarem ao novo oceano o chamaram de “Pacífico”, por suas águas calmas.

No dia 6 de março de 1521, quase sem suprimentos encontraram algumas ilhas com grande variedade de frutas e água doce. No dia 16 chegaram em um arquipélago mais tarde denominado Filipinas, onde foram bem recebidos pelos nativos. 

No dia 27 de abril ao desembarcarem em Mactán, Fernão de Magalhães foi morto, atingido por uma flecha, em luta com os nativos. O que restou da armada prosseguiu viagem sob o comando de Juan Sebastián Elcano.

Finalmente, no dia 21 de dezembro, as duas naus restantes, “Trinidad” e “Vitória”, chegam ao destino e fizeram um enorme carregamento de especiarias nas ilhas Molucas. 

Na viagem de volta, contornaram o Cabo da Boa Esperança em 19 de maio de 1522. No dia 7 de setembro, somente 18 homens regressam ao porto de Sanlúcar.

Embora Fernão de Magalhães não tenha chegado pessoalmente à ilha das especiarias, sua tarefa foi cumprida, chegou bem perto e demonstrou que o mundo era redondo.

Em homenagem aos seus feitos, o nome do navegador foi dado a um estreito (Estreito de Magalhães), às duas nebulosas mais próximas (Nuvens de Magalhães), a uma zona meridional do Chile (Território de Magalhães) e a um conjunto de ilhas da Micronésia (Arquipélago de Magalhães).

Fernão de Magalhães faleceu em Mactán, Filipinas, no dia 27 de abril de 1521."

Para os antigos, a terra era plana, como se fosse um prato invertido, cujas águas de  mares e oceanos eram lançadas no  abismo.Aliás, hoje ainda tem gente que  acredita nisso.Para provar a esfericidade da terra, Fernão de Magalhães viajou por longo tempo, com sua tripulação, perdeu a vida e dos seus 265 tripulantes, só 18 retornaram à Espanha com duas naus, mas a carga de especiarias que elas trouxeram, pagou todas as despesas da expediçao e ainda deu um bom lucro para o seu patrocinador. Cáspite!




sexta-feira, 17 de maio de 2024

CAPÍTULO INTRIGANTE DA BÍBLIA: A HISTÓRIA DA DESTRUIÇÃ0 DAS CIDADES DE SODOMA E GOMORRA

 


Segundo nos relata a Biblia ( Gênesis 18 e 19), Deus resolveu liquidar com essas duas cidades, face aos pecados de sua população. Mas, que pecados eram esses? Diversos, como ganância, sexo entre homens, daí o nome sodomia e muitos outros.

 Mas nessa cidade, residia um sobrinho de Abrahão de nome Ló e o patriarca intercedeu junto ao Senhor para que não destruísse as cidades. Mas, como ficou constatado que ali não  tinha nem 10 justos, prevaleceu a vontade divina no sentido de aniquilar com suas populações. Isso iria acontecer através do fogo e do enxofre, a serem despejados do alto dos céus.

Mas diante da súplicas do Patiarca Abraão, o Senhor reolveu salvar seu sobrinho e enviou dois anjos ao enconto de Ló, para que o retirasse da cidade, justamente com seus familiares.
Os anjos vieram disfarçados de jovens e o encontram às portas da cidade. Ló conduzia os dois visitantes até sua residência, quando foi cercado por um grupo que lhe pedia para lhe entregar os dois para neles saciarem seus apetites pecaminosos, pois os visitantes eram de uma beleza extraordinária. O povo do lugar era adepto daquilo que passou à História com o nome de Sodomia - ou seja - o sexo entre dois indivíduos masculinos.

Ló ficou extremamente nervoso e, num ato de desespero, falou para aqueles que o cercavam: 
"Não posso permitir isso, pois vai de encontro ao direito da hospitalidade. Mas se quiserem, estão aí minhas duas filhas. Elas são jovens e bonitas... elas são virgens.  Podem pegá-las e saciar seus desejos carnais". O grupo aceitou a proposta indecente daquele pai desesperado e quando se aproximaram das filhas de Ló para estuprálas, os anjos que até aquele momento estavam calados, gritaram: Basta! Mais  nenhum passo! O grupo ficou paralizado e todos começaram a esfregar as mãos nos olhos e a gritar que estavam perdendo a visão. E assim, foi feito: todos ficaram cegos... cegos para sempre.

Ló, após esse trágico incidente, conduziu os dois visitantes até sua casa e os apresentou a seus familiares, iniciando-se, então a fuga da cidade, sob a direção dos bondosos anjos que os alertaram a não olharem para trás, enquanto dirigiam seus passos rumos às montanhas.




Mas então, aconteceu o imprevisto. A mulher de Ló, muito curiosa, em determinado trecho do caminho, estancou os passos e voltou seus olhos em direção à cidade que começava a ser destruída pelo fogo. E, então, seu corpo virou uma estátua de sal. E não  foi por falta de aviso, pois quem avisa, amigo é.





Depois de longos dias de caminhada, agora sem a companhia dos anjos, Ló e suas filhas se dirigiram a uma região montanhosa e acabaram se refugiando numa caverna, onde passaram a residir por um tempo. E foi nessa caverna que aconteceu o impensável. A filha mais velha, uma noite, enquando o pai dormia, se aproximou da mais nova e falou:

" Mana, escute o que vou lhe dizer.Nosso pai está velho e vai morrer sem deixar descendente masculino. Então, eu sugiro que nós o livremos desse problema. Vamos lhe dar bastante vinho e, depois,  deitar com ele  e lhe proporcionar herdeiros, fato que é bom para todos nós".

A irmão mais nova concordou com a mais velha e ambas dormiram com o bom papai e lhe deram  dois filhos. que receberam os seguintes nomes: o filho da mais velha: Moabe e da mais nova: Ben-Ami.

Mas as cidades de Sodoma e Gomorra existiram? Segundo os historiadores, elas ficavam perto do Mar Morto e foram varridas para as profundezas do mesmo por um gigantesco tsunami.O fato é que o Monte Sodoma existe e próximo dele foi descoberta a maior caverna de sal do mundo. E a pedra na figura abaixo, seria o que restou da mulher de Ló? A pedra está lá para quem quiser vê-la.





 

sexta-feira, 10 de maio de 2024

AS TERRÍVEIS PREVISÕES DE NOSTRADAMUS PARA O NOSSO TEMPO



 Michel de Nostradamus, este era  o seu nome, é um vidente incrível, face suas previsões sobre acontecimentos de seu tempo e sobre o futuro da humanidade. Um fato o tornou famoso à época, ao profetizar a morte do marido da imperatriz Catarina de Medici, Henrique II, em terrível acidente durante um torneio de cavalaria. Nostradamus previu a revolução francesa, o surgimento de Napoleão e a própria morte. Seu nome passou a ser famoso na França, sua terra natal e em toda a Europa.



Para os tempos modernos ficaram famosas as previsões do vidente francês sobre a Segunda Guerra Mundial, a ascensão de Adolfo Hitler, sobre o qual chegou a mencionar o nome, chamando-o de Hiter. Previu a bomba atômica sobre Hiroshima e Nagazaqui. Profetizou a morte do presidente Kennedy, o ataque às torres gêmeas e outros episódios, além da epidemia do Kovid 19.

Mas o que o profeta francês previu, especificamente,  para o ano de 2.024? Ele profetizou a morte da rainha Elizabeth II da Inglaterra e a renúncia de Charles  III, o atual monarca, renúncia essa em favor do príncipe Harry, atualmente afastado da monarquia, famoso por suas declarações negativas sobre a família real.

Nostradamus também fala do afastamento do papa Francisco do pontificado da Igreja Católica, por morte ou renúncia. O mais provável é a morte do pontífice, atualmente com 87 anos, pois ele até já escolheu para o seu sepultamente a Basília de Santa Maria  Maggiore,  contrariando a tradição do Vaticano, que tem  sepultado seus pontífices na cripta da Balílica de São Pedro. Em um trecho do livro diz "através da morte de um pontífice muito velho, um romano de boa idade será eleito, dele se dirá que enfraquece sua sé, mas por muito tempo ele permanecerá sentado e em atividade mordaz". 

Referido-se aos conflitos mundiais de 2.024, Nostradamus fala de uma guerra entre China e Taiwan, com a participação, naturalmente dos Estados Unidos, que já se declarou, abertamente, em favor da ilha, para qual fornece armas há muito tempo. E ele se refere também a um conflito mundial, que seus intérpretes consideram ser a terceira guerra mundial, iniciada, provavelmente em 2023, com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Ele fala também do surgimento de uma nova potência mundial, representado pela Índia, que desempenhará um importante papel no contexto internacional.

Nostradamus também se refere aos problemas climáticos, prevendo secas, grande enchentes, desastres ambientais, com fome generalizada atingindo grandes parcelas da população mundial. Tais fatos são relatados pela imprensa, diariamente.

Uma previsão de Nostradamus é sobre o surgimento do anticristo, uma figura de projeção internacional, que dominará povos e nações. Esse papel é atribuido por muitos a Wladimir Putin, o líder soviético, depois de uma guerra que exterminará toda a Europa. Mas ele também prevê uma grave doença que atingirá Putin, cujo poder é disputado, ferozmente,  por um seu correligionário.

Vale destacar que muitas das profecias de Nostradamus, feitas há mais de 450 anos, são corroboradas por videntes mais recentes, como Baba Vanga, chamada de a Nostradamus dos Balcãs e Beata Elena Aiello, uma freira  que fala da Rússia e do papel internacional de Putin, que manda seus exércitos secretos invadirem a Europa, deixando o Rio Reno, na Alemanha, repleto de cadáveres,  chegando até à Itália e asteando a bandeira soviética na cúpula da basílica de São Pedro. Sinal dos tempos!


LIVROS PARA SEUS MOMENTOS DE LAZER 

Livro de RHS na amazon.com.br: O FILHO DE ANITA, VENDER É PRECISO, OPERAÇÃO KAABA, AS TORRES DAS TRÊS VIRTUDES E  MENINO TROPEIRO

                                                                       

 

             
         

terça-feira, 16 de abril de 2024

O RETRATO EMOCIONANTE QUE UM BISPO FEZ DE SUA MÃE

 



           RETRATO DE MÃE

Uma Simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus;

e pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo; que, sendo moça pensa como uma anciã e, sendo velha , age com as forças todas da juventude;

quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida e, quando sábia, assume a simplicidade das crianças;

pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama, e, rica, empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos;

forte, entretanto estremece ao choro de uma criancinha, e, fraca, entretanto se alteia com a bravura dos leões;

viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam, e, morta tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.

Não exijam de mim que diga o nome desta mulher se não quiserem que orvalhe de lágrimas este álbum: porque eu a vi passar no meu caminho.

Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página: eles lhes cobrirão de beijos a fronte; e dirão que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria Mãe.

(Tradução de Guilherme de Almeida)


Autor: Don Ramon Angel Jara - Bispo de La Serena -Chile (1852-1917). Inscrição que ele fez em seu álbum.







sexta-feira, 5 de abril de 2024

UMA CONVERSA ESCLARECEDORA SOBRE AS ATROCIDADES DA CHAMADA GUERRA DO CONTESTADO





                       Foto de São João Maria, o homem que                                       desencadeou 
a chamada Guerra do Contestado

Publicamos, a seguir, o capítulo 10 do livro O Filho de Anita, durante o qual, os principais personagens do livro falam sobre a Guerra do Contestado. Este livro é de autoria do autor deste blog, que já tem perto de 200 mil leitores, em 15 países, mas cujos livros, infelizmente,  não têm alcançado ainda um mínimo de leitores, embora considerados pelas pessoas que os leram de qualidade ímpar. Um de seus livros - MENINO TROPEIRO-  foi aprovado pela lei Rouanet para ser distribuido em escolas, mas um problema grave de saúde em sua família, com perda de um ente querido, impediu que o autor procurasse patrocinadores, perdendo ele o prazo estipulado pela referida lei para essa atividade.

Leia o capítulo anexo do livro O FILHO DE ANITA e tire suas conclusões.Para compra do mesmo, o endereço é: amazon.com.br

"Quando o dia começou a clarear, João Custódio atrelou os cavalos ao carro de molas e deu início à segunda parte da viagem à Fazenda Santa Bárbara. Logo na saída do povoado, enveredaram por uma estrada estreita que duas horas depois deveria levá-los até a fazenda. Entretanto, quando já estavam a meio caminho, surgiu um obstáculo inesperado. Uma grande árvore, cujas raízes estavam podres, caíra sobre a estrada, impedindo a passagem do veículo.

       – Vejam só! – disse João Custódio, muito nervoso, enquanto segurava os animais e brecava o carro. – Era só o que faltava...

       – Calma, João! Vamos pensar numa solução – disse Frei Gaspar, enquanto descia do carro com os companheiros de viagem e observavam o obstáculo.

       Dr. Sartório completou:

       – Aqui não temos como passar, a menos que voltemos atrás e peguemos outro caminho. Conheces outro caminho, João?

       – Eu não conheço este lugar e não sei se existe outra saída para a fazenda.

       Com grande dificuldade, vieram de ré com o carro de molas, até uma pequena clareira, ao lado da estrada, onde foi possível fazer a volta. Retornaram alguns metros, quando encontraram um caboclo que vinha do moinho, trazendo uma mula com dois sacos de farinha de trigo. À pergunta de João Custódio sobre a existência de um caminho alternativo para a fazenda Santa Bárbara, ele respondeu com convicção:

         – Tem, sim. O moço leva o carro até à primeira encruzilhada aí adiante, quebra pra esquerda, segue até o moinho, depois passa pela venda do seu Pedro Babi e encontra uma estradinha que vai por entre uns pinheiros muito altos, anda por ela, segue  até  passar por um oratório de São João Maria, anda mais um pouco e cai de novo na estrada da fazenda.

       – Quanto tempo leva até lá?

         – Tem uns par de léguas até lá, mas o tempo vai depender aí dos cavalos, que já estão meio cansados.

         De acordo com os conselhos do caboclo, João Custódio seguiu a trilha indicada, enquanto os frades e o médico conversavam animadamente.

       – Quem é São João Maria de que nos falou o amigo, ainda há pouco? – perguntou Frei Gaspar.

       – João Maria – disse Frei Protásio – é um personagem muito conhecido em toda essa região e surgiu no tempo da Revolução  Federalista,  que  começou no Rio Grande do Sul e teve repercussão aqui na região. João Maria, que se dizia monge, era considerado santo pela maioria da população e peregrinou por estas paragens durante muito tempo, fazendo milagres e curas milagrosas Depois de sua morte, apareceu por aqui, por volta de 1912, outro personagem, de nome José Maria, que se dizia sucessor de São João Maria. Também se considerava monge e iniciou um movimento revolucionário, que reuniu milhares de caboclos que lutavam pela posse das terras. Esse movimento foi chamado de a Guerra Santa do Contestado...

  –  Que teve mais de 20 mil mortos – completou dr. Sartório.

   – Exatamente! – concluiu Frei Protásio. – Foi uma guerra sangrenta que só acabou com a interferência de tropas federais. Esse monge José Maria era, na verdade, um militar desertor que apareceu por essas paragens. Usava barba grande, receitava remédios para a população pobre e passou a liderar um movimento para a instauração da Monarquia Celeste, regida por leis da cavalaria medieval. Como a maioria de seus seguidores, José Maria também morreu em combate, logo no início do movimento, mas sua luta foi levada adiante por seus companheiros.

       –  O que significa o oratório?– perguntou Frei Gaspar.

         – Tem muitos deles pela região – completou João Custódio, que ouvia com atenção a conversa. – Nos lugares onde São João Maria passou ou dormiu... o povo levantou uma cruz, onde ele é venerado até hoje.

       – João Maria foi um visionário, mas esse José Maria não passava de um fanático e contestador – acrescentou dr. Sartório


                                       Monge José Maria

     – Ele foi um fanático – disse Frei Protásio –, mas aglutinou a seu redor uma população enorme de miseráveis, pessoas sem terra, exploradas pelas madeireiras e pelos latifundiários da erva-mate. Para se ter uma idéia, depois da construção da ferrovia São Paulo - Rio Grande do Sul, mais de oito mil trabalhadores foram abandonados à própria sorte, sem condições de retornar a seus lugares de origem. Por outro lado, muitas pessoas foram expulsas de suas terras por jagunços, a mando de poderosos.  A  chamada  região  do  Contestado  era  terra de ninguém e foi palco de uma sangrenta luta, na qual o Governo Federal empregou sete mil homens, massacrando os seguidores de José Maria, que  foi morto em combate, logo no começo da luta.

       – Nessa guerra, acrescentou dr. Sartório – foram empregados até aviões e artilharia...

       – Sim – completou Frei Protásio. – Isso demonstra a amplitude do conflito, que abriu profundas feridas na alma desse povo, possibilitando o aparecimento dos messias salvadores. E foi o que aconteceu com os nossos estimados monges.

       – Compreende-se, então, a veneração que o povo tem por esses personagens, os monges João Maria e José Maria – concluiu Frei Gaspar.

       – O sr. vai ouvir falar muito de São João Maria – disse João Custódio –, vai encontrar seu retrato em muitas casas de caboclos, que acendem velas diante de sua imagem e pedem favores e milagres. Dizem que ele faz muitos milagres.




                     Cablocos combatentes da Guerra do Contestado


       O carro chegou à venda de Pedro Babi. João Custódio falou:

       – Vamos parar um tempinho para os cavalos descansarem enquanto os senhores tomam um café.

       – Acho uma boa ideia – disse dr. Sartório. – Preciso esticar as pernas, pois os solavancos dessa maravilhosa carruagem perturbam a minha  coluna.

         Os quatro desceram do carro e se dirigiram à venda. Ao se aproximar, Frei Gaspar observou um grande cavalo preto, amarrado a uma árvore, ao lado da casa. Voltou-se para João Custódio e perguntou:

       – Nós não conhecemos esse cavalo?

       – Conhecemos, sim. É o bagoal do cavaleiro misterioso, o tal de Firmino Osório Constantino, que nós encontramos naquela viagem para Lages. Ele deve estar aí na venda e já estou prevendo confusão.

       – Fica calmo, meu amigo. Iremos verificar.

       João Custódio, seguido pelos dois frades e dr. Sartório entraram na venda. No balcão estava o proprietário, Pedro Babi, um italiano simpático que recebeu a todos com entusiasmo.

       A um canto do estabelecimento, sentado num banco de madeira, com um copo na mão e uma garrafa de aguardente ao lado, estava Firmino Constantino. O cão felpudo estava deitado a seu lado e rosnou para os visitantes logo que entraram. Firmino, dirigindo-se a Frei Gaspar, ironizou:

       – Então, Reverendo, nos encontramos de novo? Veja como o mundo é pequeno. Mas o que fazem aqui por esses pagos, dois padres e mais um distinto senhor...

       – O distinto senhor é o dr. Sartório – completou Frei Gaspar.

       – Muitas satisfações, dr. Sartório. Permita que eu me apresente: Firmino Osório Constantino, seu criado – falou com ironia. – Mas, o doutor aí é doutor... em que área do conhecimento?

       – Ele é médico – falou Frei Gaspar, enquanto Frei Protásio observava o curioso personagem. – Ele é o médico que examinará Anita, na Fazenda Santa Bárbara, compromisso que assumi com a família da jovem.

       – Ah!, sim!...examinar Anita, conforme o  compromisso. Mas eu lhe disse que Anita não tem nada.

       – O cavalheiro por acaso também é médico? – perguntou intrigado, dr. Sartório.

       – Não sou médico, apenas curioso.

       – Se não é médico, como sabe que ela não tem nada?

       – A experiência da vida me ensina, dr. Sartore... aliás, dr. Sartório. Eu ando por aí, vendo e aprendendo.

         – Por acaso, é parente da moça?

       – Não sou parente, apenas um interessado, diga-mos assim... um amigo muito especial.

       Firmino fez uma pausa e completou:

       – Mas não é o que pode parecer, doutor. O meu interesse por essa moça está relacionado à esfera meramente espiritual ou metafísica, como dizem os padres.

       – Ah!... compreendo... – resmungou o médico.

       – Eu pedi ao Reverendo – referindo-se a Frei Gaspar – que não retornasse à Fazenda Santa Barbara, pois ele não tem nada a fazer ali. Mas o Reverendo é meio teimoso, como todos os tedescos e teimosia muitas vezes tem seu preço.

       – Espero que isso não seja uma ameaça – respondeu dr. Sartório.

       – Não é ameaça, apenas um aviso.

       – O cavalheiro deve saber que vivemos num país livre – disse o médico em tom incisivo – onde as pessoas têm o direito de ir e vir.

       – Esse direito, doutor, termina quando alguém esbarra nas esporas de Firmino Constantino.

       – O cavalheiro é muito presunçoso.

         – É só esperar para ver. Depois, não digam que eu  não  avisei.  Por enquanto, faço uso da advertência e da diplomacia. Quero convencer o frade alemão que ele não tem nada a ver com Anita, porque ele não é dessa região, não é parente da moça, mal a conhece.

       –  E o sr. a conhece, por acaso?

       – Eu a conheço há muito tempo, os nossos destinos estão intimamente ligados. Eu tenho uma nobre missão para ela.

         Firmino acabou de falar, bebeu um último gole de cachaça e saiu devagar, tilintando as esporas no assoalho da venda, sempre acompanhado do temido cão. Ao chegar à porta, voltou-se para Frei Gaspar:

         – Não se esqueça da senha, frade: Vae victis! Mas agora, preciso ir, pois tenho um servicinho a fazer aqui perto e não vai demorar. Boa tarde para todos. Ainda nos veremos por aí.

       João Custódio aproximou-se do balcão e perguntou a Pedro Babi se conhecia o estranho personagem, mas foi informado que era a primeira vez que ele aparecia por ali. Então, completou:

       – Veja, Frei Gaspar, são muitas as coincidências. A árvore caída na estrada, a presença desse Caipora aqui na venda... sem falar de tudo o que já aconteceu antes, como o sr. deve estar lembrado. Ele não quer mesmo que o sr. chegue à fazenda.

       – Ele não tem que querer ou não querer, meu amigo – acrescentou dr. Sartório.

       – Não quer, porque ele é o Coisa Ruim em pessoa. E a moça está possuída por ele. O dr. não reparou naquele  cachorrão,  com   fogo  nos olhos?... Nós já encontramos esses dois de outra vez e não ficamos com boas lembranças

       – O meu amigo está impressionado. Não existe Coisa Ruim e esse sujeito deve ser um dos muitos malucos que andam perdidos por aí...

       – É melhor esperarmos para ver.

       – O homem assusta – falou Pedro Babi que até aquele momento se mantinha calado. – Bebeu quase uma garrafa de cachaça e não pagou..

       – O sr. devia ter cobrado – insistiu o médico.

       – Não me atrevi. Quando vi o cachorrão com aqueles olhos de brasa fixados em minha pessoa, não tive coragem.

       Os viajantes, depois de tomarem um café quente, embarcaram novamente no carro e seguiram viagem pelo caminho indicado com mais detalhes por Pedro Babi. Todos seguiam em silêncio enquanto meditavam sobre as ameaças de Firmino Constantino. Foi o médico quem retomou a conversa:

         – Os frades, meus amigos, não precisam ficar atemorizados com as ameaças desse sujeito. Ele deve ser algum fazendeiro rico sem nada para fazer que se transformou num cavaleiro andante, uma espécie de Don Quixote das coxilhas, à procura de moinhos de vento para combater. E como o Cavaleiro da Triste Figura, ele tem lá também a sua Dulcinéia, no caso a nossa menina Anita, que não imagina quem seja o seu protetor e admirador, obsecado por esse tipo especial de paranóia.

       – Paranóia ou não – retrucou Frei Gaspar –, o fato é que existem alguns pontos que eu não consigo explicar...

       – Por exemplo?

       – A senha: Vae victis!  Quem primeiro  a mencionou foi Anita. E o sr. viu como Firmino a repetiu. Parece que existe um elo de ligação entre os dois.

       – Não deixa de ser no mínimo curioso encontrar-se por aí um fazendeiro sem muitas letras, a pronunciar frases em latim. Isso talvez nem o dr. Freud explique.

       Depois de uma hora de viagem, os nossos viajantes alcançaram a estrada que levava até a Fazenda Santa Bárbara, seguiram adiante, passaram pelo lajeado onde acontecera o acidente com a carreta e se aproximaram da casa de Silvério, quando verificaram que algo inusitado ali acontecia. Umas quatro ou cinco pessoas falavam nervosamente, apontavam para a estrada, outros entravam e saíam da casa. João Custódio parou o carro, desceu e aproximou-se para verificar. Voltou muito assustado:

       – Houve uma desgraça. D. Lurdes, a mulher de Silvério, foi morta. Seu corpo foi encontrado ainda há pouco pelo marido.

       Os dois frades, acompanhados pelo médico, desceram rapidamente do carro e se dirigiram à porta  de  entrada da casa, onde se depararam com um quadro dantesco. O corpo de d. Lurdes estava caído, as roupas e a pele  estraçalhadas, como se tivessem sido atacadas por um animal feroz. Silvério estava a um canto, paralisado, sem entender o que tinha acontecido. Dr. Sartório se aproximou, levou a mão ao pescoço da vítima e o apalpou:

       – Está morta! Mas não há muito tempo, pois o corpo ainda está quente. O que aconteceu aqui, pessoal?

       – Não sabemos – respondeu um vizinho da casa. – Só ouvimos os gritos e o galope de cavalo na estrada.

       – Eu vi um homem a cavalo, seguido por um cachorro muito grande, saindo daqui – acrescentou outro.

         Ao ouvir essas palavras, Frei Gaspar entrou em grande aflição, retirou-se para um canto da sala e manteve o olhar  perdido  no  vazio  e  seu pensamento dirigiu-se a Deus e a Virgem Maria, em busca de ajuda e conselhos, pois atravessava um momento de desespero. Voltou-se para o lado oposto e qual não foi o seu espanto. Escrita com sangue na parede, estava a senha maldita: Vae victis! Aproximou-se de Frei Protásio, mostrou-lhe a inscrição e completou:

       – Acho que vou desistir, meu irmão. Até agora eram só palavras,  ameaças, mas ele passou aos fatos. Esse homem não quer que cheguemos à fazenda. Existe algo de muito assustador nisso tudo.

       – Eu também não compreendo o que aconteceu – respondeu Frei Protásio. – Existem poderes maléficos que agem aqui.

       Dr. Sartório juntou-se ao grupo, viu a senha gravada em sangue, ficou pensativo e depois falou:

       – Antes de mais nada, acho que é preciso procurar as autoridades locais para uma minuciosa investigação. Aproximou-se de um dos presentes, seu Onofre, e perguntou quem era a autoridade responsável do lugar. O homem informou:

       – Existe um delegado, no distrito de Anita Garibaldi. Ele não mora na vila, mas numa fazenda a seis léguas daqui. É o seu Otacílio Brito, homem destemido. Penso que devemos chamá-lo.

       – Então, meu amigo, vamos tomar logo essa providência. Quem poderá buscá-lo ?

       – O José Inácio é bom cavaleiro. Ele tem uma égua baia, boa de trote. Dentro de umas três a quatro horas estará lá.

       – Muito bem, seu Onofre, mãos à obra!

       Voltando-se para os dois frades que estavam calados, arrematou:

       – Meus amigos, agora só nos resta aguardar a chegada da lei, pois o que aconteceu aqui, na verdade, foi um crime bárbaro e os culpados devem pagar por ele.  Sugiro  que  prossigamos  até a  Fazenda Santa Bárbara para conhecermos a srta. Anita. Quem sabe ela tem alguma coisa a ver com isso.

       Os frades concordaram, mas antes, Frei Gaspar se dirigiu a Silvério, que estava calado num canto da sala:

       – Meu filho, eu lamento o que aconteceu. Só nos resta rezar pelo descanso da alma de sua finada esposa. Deves tomar as  providências  para o enterro, que deverá ocorrer amanhã. Eu virei até aqui para encomendar a sua alma.

         O carro de molas, com João Custódio na boleia se colocou novamente em marcha. Uma hora depois chegava à fazenda e os viajantes encontraram Pacheco, logo na entrada, pois ele acabara de saber do ocorrido por um peão que estivera no local do crime. Introduziu os recém-chegados nas dependências da casa principal, e d. Madalena, sua mãe, ofereceu-lhes uma refeição, pois todos demonstravam fome e cansaço.