O livro Operação Kaaba é extraordinária narrativa do sequestro de um papa de nacionalidade brasileira por terroristas islâmicos no ano de 2045, em circunstâncias dramáticas. Veja como isso foi planejado em seus mínimos detalhes. no texto que segue. Para conhecer a história toda, compre o livro no seguinte endereço: atendimento@clubedeautores.com.br
"Eram 18h quando o comandante do grupo, depois de dar alguns telefonemas, saiu de seu quarto e se dirigiu à sala de reuniões, onde cumprimentou com um aperto de mão os dois recém-chegados, chamando cada um pelo nome. Depois, sentou-se à cabeceira da mesa e iniciou a conversa:
–
Vamos acabar com os segredos, amigos, e
ir direto ao assunto. Neste momento,
declaro o início da Operação Kaaba, que tem por objetivo silenciar um
dos maiores, senão o maior símbolo do Ocidente, o representante máximo dos
infiéis. A missão a nós confiada pelo Presidente Abu al-Raschid é se-questrar o
papa, sua santidade Pedro Paulo I.
Todos
os presentes se entreolharam espantados. Omar Kahled fez uma pausa, enquanto
saboreava o impacto de suas palavras sobre a pequena plateia. Em
seguida, continuou:
–
Sim, o objetivo é sequestrar o papa. E vocês talvez me perguntem o motivo e eu
direi. Estamos em guerra com o Ocidente, principalmente com a Europa e os
Estados Unidos, o grande Satã. E o papa é o principal símbolo dos cristãos. Ele
tem feito declarações contundentes contra as Nações Árabes Unidas, hoje a maior
força do Islã. Ele se tornou o líder de um grande complô internacional contra
os nossos países, é visceralmente contra os nossos modos de vida e métodos de
trabalho, defende uma política abertamente favorável ao Estado de Israel, hoje
um país com relações estreitas com o Vaticano. Vocês sabem muito bem que uma
fração significativa dos judeus já aceita a figura de Jesus de Nazaré como o
Messias prometido. Eles são vinho da mesma pipa, rezam pela mesma bíblia e se
unem quando se trata de combater os povos islâmicos.
–
Por que Operação Kaaba ? – perguntou Mara.
–
Como boa seguidora de Alá, você sabe que a Kaaba é um dos nossos maiores
símbolos. Inicialmente, era uma pedra alva e imaculada, depois enegrecida pelos
pecados dos homens. Daí, o nome Kaaba – pedra negra. Operação Kaaba é uma
homenagem ao santuário de Meca, que atrai milhões de fiéis islâmicos para
adorar a pedra que nos foi enviada por Alá, pelas mãos do Patriarca Abraão.
–
Mas onde está o papa? – perguntou Abdel.
–
Ainda não sabemos e é para isso que estamos aqui. Depois do bombardeio de Roma,
feito pelos nossos mísseis, ele foi resgatado por um comando americano e
embarcado num submarino nuclear, que navegou em direção ao Atlântico. A seguir,
foi transferido para um navio, provavelmente da marinha brasileira, que se
dirigiu ao litoral do Nordeste. A partir desse momento, não temos mais
informações. É só isso o que sabemos. Mas como o papa é brasileiro, os nossos
agentes acham que ele deve estar
no Brasil, possivelmente nas Regiões Sudeste ou
Nordeste, onde seria mais fácil escondê-lo e defendê-lo. O Presidente Abu
al-Raschid emitiu uma ordem para caçá-lo onde quer que esteja e considera sua
prisão ponto de honra para a causa islâmica.
–
Mas como achar o papa num país imenso, com mais de oito milhões de quilômetros
quadrados? – perguntou Ricardo Fuad.
– Se fosse fácil, vocês não seriam os
escolhidos. Ini-cialmente, faremos um trabalho de prospecção. Mara seguirá para
Brasília, onde tem alguns contatos no Ministério das Relações Exteriores. Você,
Fuad, seguirá para São Paulo e Abdel ficará no Rio de Janeiro. Eu ficarei aqui,
onde estará o nosso quartel general. Receberei todas as informações e as
passarei para vocês onde quer que se encontrem. Se Mara não conseguir nenhuma
pista em Brasília, irá em seguida para São Paulo onde trabalhará junto com
Ricardo Fuad.
Depois
das instruções gerais, Omar Kahled exibiu um documentário sobre a vida do papa,
no qual o mostrava em solenidades no Vaticano e em visitas a diversos países do
mundo cristão. Simulações feitas em computador indicavam que aparência o
pontífice poderia apresentar, usando disfarces. Cópias dessas simulações foram
entregues aos presentes, bem como um longo dossiê sobre as relações de Juliano
Monteverde desde os tempos em que fora Cardeal Arcebispo de São Paulo, até
aquela data. O texto falava de suas relações com prelados brasileiros, com
políticos, empresários, líderes católicos e membros de outras religiões, com as
quais sempre procurou manter um bom relacionamento. Juliano Monteverde era
adepto entusiasta do ecumenismo, iniciado por seus antecessores, principalmente
por João Paulo II, que governou a Igreja na virada do segundo para o terceiro
milênio.
Em
resumo, era isso o que dizia o texto fornecido pelo líder terrorista. O dossiê
informava que o cardeal era amigo de rabinos e pastores, mas chamava a atenção
para o fato de o papa ter também inimigos no Brasil. Citava os membros da seita
Legionários do Nazareno, constituída por grupos de fanáticos, que tinham como mandamento número um, a defesa da moral
e dos bons costumes. Eles formavam uma espécie de força paramilitar e atacavam
até fisicamente aqueles que não estivessem de acordo com seus princípios. As
atrizes que posavam nuas para revistas masculinas ou aquelas que apareciam nuas
na internet, eles as chamavam de
prostitutas virtuais e achavam que deviam ser punidas com rigor. Depredavam
boates, atacavam bancas de jornais e revistas que expunham material por eles
chamados de pornográfico. No litoral de
Santa Catarina, atacaram uma praia de nudistas e o saldo foi um morto e
muitos feridos entre os frequentadores da mesma. O papa, quando cardeal de São
Paulo, condenou com veemência as atitudes dos Legionários do Nazareno e eles
passaram a chamá-lo de representante do Diabo, bem como a outros membros do
clero, que se opunham a tais métodos. O dossiê informava sobre a possibilidade
de a Operação Kaaba contar com o auxílio dos legionários na caçada ao pontífice
em território brasileiro, o que certamente daria maior velocidade à missão.
– Se
descobrimos o esconderijo do papa – perguntou Mara – como iremos atacá-lo? Ele
certamente estará protegido por um forte esquema de segurança.
–
Nesse momento, nós contaremos com reforços de pessoal e equipamentos que virão
de nossas bases na Tríplice Fronteira formada pelo Brasil, Paraguai e
Argentina, cujo comando está localizado em Foz do Iguaçu, no Brasil. O ataque
final não pode falhar, sob pena de comprometermos a causa islâmica no mundo
inteiro. A Operação Kaaba se desenvolverá em três etapas: a primeira é de
prospecção, para localização do esconderijo do papa. A segunda etapa é a
formação de um comando fortemente armado e treinado para o ataque. Finalmente,
a terceira etapa será o ataque, com o sequestro do pontífice e a retirada dos
guerrilheiros em segurança para suas bases e a volta da maioria para suas
casas, pois imaginem a caçada que sofreremos, se bem sucedidos. E fracasso,
vocês sabem, é palavra que não existe para um guerrilheiro islâmico.
–
Como você sabe, eu tenho uma amiga em Brasília, de nome Lúcia, que é casada com
um diplomata do Itamaraty – falou Mara. – Eu a conheci há alguns anos atrás
quando seu marido era o embaixador na embaixada brasileira no Irã. Lúcia não
sabe das minhas atuais atividades. Poderei fazer contato com ela, pois me deve
alguns favores daqueles tempos, quando eu tinha a função de intérprete na
chancelaria iraniana.
–
Pode ser um bom começo. Use sua intuição feminina e procure levantar o máximo
de informações que nos auxilie nessa gigantesca tarefa.
– E se a guerra se prolongar –, falou Ricardo
Fuad – não corremos o risco de perder os nossos contatos no Oriente Médio,
principalmente na Arábia?
–
Sim, corremos, mas a missão continuará.
Recursos não nos faltarão, pois
temos uma soma considerável depositada em bancos de Foz do Iguaçu, onde
contamos também com o apoio de patrícios, que defendem a mesma causa. Ali,
teremos também a ajuda de importantes traficantes de drogas e armas que fazem
negócios milionários com a NAU. É importante que saibam que a Operação Kaaba é
formada por um grupo numeroso de agentes. Na Arábia, temos o comando central,
subordinado diretamente ao nosso Presidente Abu al-Raschid. Temos homens espalhados pela Europa e até nos Estados
Unidos, na coleta de informações. Nós formamos a linha de frente.
– E
será que podemos contar com a ajuda desses Legio-nários do Nazareno? –
perguntou Abdel.
–
Acho perfeitamente possível, mas precisamos agir com cautela, pois não
conhecemos bem essa gente. Iremos fazer
sondagens, antes de qualquer contato com eles.
Encerrada
a reunião, ficou acertado que, no dia seguinte, Mara, Fuad e Abdel partiriam em
busca de informações. Era o início da caçada. Omar Khaled ficaria na casa de
pedra à espera de notícias da área internacional. Quando tivessem um quadro
mais concreto da situação, se reuniriam novamente em Petrópolis ou em outro
local para traçarem os planos para o ataque final.
Os
meios de comunicação de todo o
mundo especulavam sobre o
paradeiro do papa e na internet surgiam as conjecturas mais absurdas.
Aventava-se a hipótese de ele estar preso no Oriente Médio, onde seria julgado
e condenado à morte. Outros diziam que estaria numa fazenda na região do
Pantanal Brasileiro, onde fora visto por turistas, a passeio pela região. Ele
estaria viajando num pequeno barco com dois guarda-costas. Alguém, julgando-se
bem informado, afirmava que o papa fora resgatado por um comando americano e
estava escondido numa base militar no Texas.
Na grande imprensa brasileira, muitos
jornalistas tinham informações não confirmadas de que Juliano Monteverde
estaria escondido no Brasil, em local ignorado, pois era um segredo guardado a
sete chaves pelo Governo Brasileiro. Corriam também boatos sobre um grupo
terrorista, a soldo das Nações Árabes Unidas. Esse grupo teria entrado no País
para sequestrar o papa, pois, com ele nas mãos, os governantes da NAU contariam
com um excelente trunfo no desenvolvimento do conflito. Entretanto, a imprensa
do Brasil mantinha silêncio sobre o assunto para não colocar em risco a vida do
pontífice. Tinha feito um pacto com o Governo.
Aliás,
foi esse o conteúdo de uma informação confidencial emitida pela Chancelaria
Brasileira e enviada ao Presidente da República. O documento dizia o seguinte:
“Temos
informações dos serviços secretos americanos e também da Polícia Federal
Brasileira, que um grupo de terroristas provenientes de países árabes já entrou
ou tenta entrar em território brasileiro com passaportes falsificados. O chefe
deles deve ser um terrorista de grande experiência internacional, cujo nome
ainda não é conhecido, nem a facção à qual pertence. Seriam quatro os
participantes da operação em território brasileiro, pertencentes ao mesmo grupo,
que, anos atrás, ficou famoso pela prática de diversos atos terroristas
praticados na Europa e Estados Unidos. A missão desses terroristas teria por
objetivo sequestrar e até mesmo matar o papa, exilado em nosso país.”
A
partir das informações do Itamaraty, o Governo Bra-sileiro acionou todos
os serviços de inteligência, inclusive o Ministério da
Defesa. A Polícia Federal redobrou a fiscalização nos portos e aeroportos, com
a realização de batidas em rodovias, no exame rigoroso da lista de passageiros
de todos os aviões que chegavam ao território nacional, principalmente aqueles
pro-venientes da Tríplice Fronteira ao Sul do Brasil, onde era certo que
existiam células terroristas patrocinadas pela NAU. Sabia-se, outrossim, que os
membros da NAU mantinham estreitas relações comerciais com organizações criminosas
da região, com destaque para os traficantes de armas e narcotraficantes. Com os
primeiros, eles faziam negócios de milhões de dólares na compra de armas para
uso de suas tropas, na Guerra do Oriente Médio, pois os aliados exerciam um
verdadeiro bloqueio nos oceanos para que carregamentos de armas provenientes da
China e da Rússia não chegassem à região. Os negócios de armas na América
Latina eram feitos com uma organização denominada CIN, Consórcio Internacional
de Negócios, cujo chefão era o argentino Don Juan López Herrera, residente
no Paraguai, mas com negócios também em território brasileiro, próximo à
fronteira do Estado do Mato Grosso do Sul.
O
Consórcio Internacional de Negócios era uma poderosa organização, cujos
tentáculos alcançavam vastas regiões do território da América Latina, com forte
influência política em inúmeros países. Juan López Herrera tinha uma grande
mansão no Paraguai, próximo à cidade de Pedro Juan Caballero, onde dava
suntuosas festas com a presença de políticos, empresários, policiais e até
pessoas dos meios artísticos internacionais. Era um homem culto e refinado, que
mantinha relações com o chamado grand monde internacional.
A
essa altura do século XXI, o crime organizado na América Latina ganhara status de empresa multinacional, pois
adotavam práticas modernas na gestão dos negócios, com a presença de
núcleos em diversos países da região."
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