Em 1965, eu estudava direito na Faculdade Nacional de Direito, situada no Largo do Caco, próxima à Praça da República, no Rio de Janeiro. Foi um ano muito tumultuado face à situação política da época, gerada pelos governos militares e agitação nos meios estudantis.
Eu estudava na turma da noite e entre meus colegas havia um jovem bem apessoado, vestindo ternos requintados, da última moda. Chegava à faculdade num belo carro, trazido por um motorista particular, que ali o aguardava até o final das aulas. Em determinadas ocasiões, mandava o referido motorista levar professores até suas residências, gentileza que, certamente, o favorecia no curriculum acadêmico.
Era um jovem simpático e bem falante, que se relacionava bem com os colegas, aos quais costumava exibir um belo revólver, com cabo de madrepérola, arma que sempre o acompanhava. O nome do colega: Castor de Andrade, filho de Eusébio da Andrade, famoso bicheiro do Rio de Janeiro.
Castor de Andrade não se envolvia nos movimentos estudantis da época, pois seus olhos estavam voltados para as atividades do pai, o jogo do bicho. Com a morte do pai, ele se tornou herdeiro de um grande império, tornando-se um dos homens mais ricos do Brasil, patrocinando escolas de samba, futebol e outras ações voltadas para as comunidades que o cercavam. Morreu de infarto, com a idade de 71 anos, deixando para seus herdeiros uma trágica herança, com numerosos atentados, chegando a 50 o número de mortes pelo controle das atividades criminosas da família. Seu filho, Paulinho de Andrade, foi assassinado em 1998, a mando do próprio primo, Rogério de Andrade.
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