Maria Teresa, a filha de Paulo Setúbal, que o convenceu a queimar um livro. Ela faleceu aos 14 anos, com fama de santidade.
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O blog da cultura e do conhecimento. Inicio com trecho do poema de Gonçalves Dias, Y- Juca Pirama: - Assim, o Timbira, coberto de glória/ Guardava a memória/ Do moço guerreiro, do velho tupi./ E à noite nas tabas,/ se alguém duvidava/ Do que ele contava/ Dizia prudente:“Meninos, eu vi”. Eu também vi muita coisa e vou contar, neste blog, para vocês. Por favor, faça seus comentários e torne-se um seguidor de meu blog. E-mail do autor: vsom01@yahoo.com.br
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Quando Beethoven compôs sua 3a. sinfonia, ele pensou em dedicá-la a Napoleão. Por quê? Porque ele admirava os ideais da revolução francesa, expressos no slogan: Liberdade, igualdade e fraternidade. Muito bonito, aliás. Mas quando Napoleão deu o golpe e se autonomeou primeiro cônsul e, depois imperador, o compositor alemão mudou de ideia e chamou a sua bela sinfonia de HERÓICA, nome pelo qual ela é conhecida até hoje.
Um fato curioso aconteceu durante a coroação do imperador francês. Napoleão convidara o Papa Pio VII para vir a Paris e presidir a cerimônia de sua coroação. Na cerimônia tradicional, o indivíduo a ser coroado, ajoelhava-se diante da autoridade religiosa, que colocava a coroa em sua cabeça, simbolizando a subordinação do poder temporal ao poder espiritual, representado por um membro da Igreja. Mas, para espanto do papa e do público presente, Napoleão arrancou a sua coroa das mãos do pontífice e a colocou na própria cabeça. Minutos antes, ele própria coroava a imperatriz Josefina, sua esposa. Com esse comportamento, ele queria dizer: conquistei o poder e sou o dono do próprio nariz. Era o dia 2 de dezembro do ano de 1804.
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Santa Clara (1193-1253) foi contemporânea de São Francisco de Assis, quem ela conheceu, muito jovem, entusiasmando-se pelas ideias do Poverello. Ela era filha de uma família muito rica, na cidade de Assis, família essa, dona de palácios e até de um castelo. Aos 18 anos, a família se preparava para arrumar-lhe um casamento, para o qual não lhe faltavam pretendentes, pois Clara era um jovem de extrema beleza. Foi, então que ela tomou a decisão que mudaria para sempre a sua vida. Acompanha da uma amiga, Bona Di Guelfuccio, fugiu para a pequena igrejinha da Porciuncola, onde Francisco e seus irmãos tinha concentrado suas atividades. Ali, Francisco a recebeu e iniciou uma cerimônia, na qual lhe cortou os lindos cabelos e a revestiu com uma tosca túnica. Iniciava-se, assim, o trabalho das irmãs clarissas, que passou a espalhar-se pela Itália e, depois para todo o mundo cristão.
O filme de Fabrizio Costa, lançado em 2007, nos conta esta bela história de Clara e Francisco, dois jovens que mudaram o mundo de seu tempo e de tempos futuros.
Mas, por quê Clara é a padroeira da televisão, título que lhe foi dado pela papa Pio XII em 1958. A história é a seguinte. Com idade avançada, Clara se encontrava em seu leito, acometida por grave enfermidade e estava entristecida por não poder assistir à missa de natal que estava sendo celebrada na igreja de São Francisco. Fez uma oração a Jesus e, por um milagre, o som e a imagem da missa surgiram em seu quarto.
Eis como ela própria narra o episódio:
Escutei, por graça do Senhor toda a solenidade celebrada esta noite na igreja de São Francisco e lá estive presente, recebendo até a santa comunhão. Agradecei comigo a Nosso Senhor Jesus".
Cartaz do filme Clara e Francisco
Os três cravos, que perfuraram o Corpo de Jesus, foram doados por Santa Helena para Constantino: um foi encastrado na Coroa de Ferro, conservado na Catedral de Monza, como lembrar que não existe soberano que não deve sucumbir à vontade de Deus. As preciosas relíquias estão guardadas, hoje, na Basílica romana de Santa Cruz de Jerusalém.
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O FILHO DE ANITA - Uma história que beira o fantástico. Um rico fazendeiro que incorpora o Malvado, desenvolve um intenso trabalho para seduzir uma bela jovem, Anita, criando situações inusitadas. A história reúne frades, médicos, vaqueiros, mulheres inteligentes e o povo simples dos vilarejos. E tem um final surpreendente. Só lendo, para crer. Mas, se você é impressionável, compre o livro, mas não leia, para não perder o sono. Deixe que outros o leiam.
VENDER É PRECISO- Um livro para treinamento de vendedores e empresários, mostrando as melhores técnicas de vendas, desenvolvidas no país e no exterior. Agora, em segunda edição. Um professor de vendas sobre Vender é Preciso, disse o seguinte:” Este livro deveria estar no porta-luvas do carro de todo vendedor, pois também Ler é Preciso”.
OPERAÇÃO KAABA - Uma história extraordinária, que se passa no ano de 2035, num conflito internacional de graves consequências e o sequestro de um papa por terroristas islâmicos. O livro fala do surgimento de uma nova ordem religiosa - os Novos Templários, em cujos votos está, agora incluído, o voto de Preservação, com o objetivo de minorar os graves problemas ambientais que surgirão no futuro. A história envolve terroristas, jornalistas, políticos, fanáticos religiosos, personagens do clero e a figura de um papa - Pedro Paulo I, além de uma bela jovem que dá um colorido especial à narrativa.
AS TORRES DAS TRÊS VIRTUDES- livro dividido em duas partes. A primeira se passa num seminário, com a narrativa de fatos vivenciados pelo autor em sua juventude, mostrando como se desenvolvia a vida de um jovem, baseada no estudo, no trabalho e na oração, além das atividades esportivas. A segunda parte é vivida pelo herói da narrativa, na fazenda de seu pai, onde impera a corrupção, a violência e a lei da Winchester.
MENINO TROPEIRO - é a biografia da infância do autor, filho de um professor primário, que dava aulas em povoados do Planalto Catarinense. Aulas para 4 turmas, simultaneamente, com a maioria dos alunos vindos das propriedades agrícolas. Eles não tinham condução, como os alunos atuais. Vinham a pé, na escola não havia refeições e, à tarde voltavam para casa e pegavam uma enxada para ajudar os pais no trabalho das lavouras. Eram outros tempos.
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A Virgem de Guadalupe aparece na colina de Tepeyac em 1531 para um indígena que passava por aquela área. O índio Juan Diego ouviu o chamado no canto dos pássaros e se aproximou para ver quem o chamava. Dias atrás, ele tinha sido batizado e era tanta sua dedicação a Deus que a Virgem o escolheu para lhe dar uma missão. O pedido da Virgem era simples, ela queria que um templo para a adoração de Deus fosse erguido naquele lugar. Juan Diego não teve problemas em cumprir a ordem de Maria, então ele foi à paróquia falar com o bispo.
Em duas ocasiões, ele só encontrou negativos por parte do bispo. Sendo necessária a intervenção da Virgem, dando três milagres como prova.
O primeiro foi a cura do tio de Juan Diego.
O segundo milagre foi cultivar flores na época do inverno. Porém, o mais peculiar é que elas eram únicas em sua espécie e não cresciam naquela região. A virgem ordenou que Juan Diego as cortasse e levasse ao bispo.
Ao mostrar as flores, Juan Diego as deixou cair e em seu manto apareceu a imagem da Virgem. Este último milagre ocorreu em 12 de dezembro de 1531, desde então é a data em que se comemora a aparição da Virgem de Guadalupe.
Devoção à Virgem de Guadalupe
A devoção à Virgem de Guadalupe começa no mesmo dia em que se manifestou na túnica de Juan Diego, em 12 de dezembro de 1531. O bispo, ao observar que todas as histórias do índio sobre a colina de Tepeyac eram verdadeiras, não hesitou em ser o primeiro a venerar a Virgem.
No início era uma pequena capela bem próxima à colina. E ao longo dos anos, a Basílica da Virgem de Guadalupe foi construída ao lado do local das aparições.
Uma pequena cabana foi construída na colina de Tepeyac, que funcionava como uma capela para a adoração da Virgem. Durante o percurso alguém disparou uma flecha, ferindo gravemente um homem. Ele foi colocado na frente da imagem e imediatamente curado diante dos olhos de todos.
Outro grande milagre ocorreu durante a peste de 1554, que matou mais de 12 mil pessoas. Mais uma vez os fiéis imploraram à Virgem Morena e a peste desapareceu. Em 1633 veio a coqueluche, uma nova epidemia que devastou o México.
Mas as súplicas do povo devoto levaram a colocá-la em procissão pelas ruas mais afetadas. No mesmo dia, a epidemia acabou.
Algo muito semelhante aconteceu em 1737, quando a febre tifoide estava matando pessoas em massa. Devido à angústia, em 23 de maio ela foi nomeada como padroeira da nação e a partir disto não houve mais mortes.
Finalmente, o milagre que o povo mexicano mais se lembra foi o de 1921. Dentro da Basílica, uma bomba foi colocada no lugar onde a imagem estava. A explosão destruiu parte da Basílica, mas a imagem não sofreu nenhum dano.
A Virgem de Guadalupe foi nomeada pelo Vaticano como Padroeira e Rainha das Américas, dada a sua crescente disseminação de fé para diferentes países do continente.
Por outro lado, como um presente adicional pela graça de Deus, em 12 de dezembro de 2002, o Papa João Paulo II reafirmou sua divina aparição na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, no México. Para então elevar Juan Diego Cuauhtlatoatzin a condição de Santo.
(texto extraído da Internet)
Para o leitor ter uma ideia de como era feita a derrubada dos pinheirais no Planalto Catarinense, nos anos de trinta e quarenta, vou publicar aqui um capítulo do meu livro, As Torres das Três Virtudes. É uma obra de ficção, mas os fatos narrados são reais, pois as coisas aconteciam aos olhos da autoridades, sem que fossem tomadas medidas para preservação dessa extraordinária riqueza nacional. (R.H. Souza)
"Clarice estava àquela tarde, no escritório com o Professor Virgílio, onde faziam o levantamento das contas a pagar e a receber da fazenda, quando Isabel veio avisá-la que tinha na entrada da propriedade um homem que queria falar com os proprietários da Fazenda Pedras Negras.
– Receba-o na sala de visitas, Isabel, que já irei encontrá-lo – disse.
– Será que é mais um comprador de gado?
– É bem possível! – completou Virgílio.
Quando foi ao encontro do inesperado visitante, Clarice percebeu que se
tratava de um indivíduo de baixa estatura, gordo, uns 45 anos de idade. Ao
vê-la entrar na sala, ele se levantou e, sorridente, foi ao seu encontro.
Falava com um forte sotaque italiano.
– Permita que eu me
apresente, senhora. Meu nome é Victório... Victório Parri. Moro no Rio
Grande do Sul e percorro as fazendas da região para fazer o levantamento dos
pinheirais existentes...
– Para que esse levantamento, sr... Victório?
– Acontece que...mas como é mesmo seu nome, senhora?
– Clarice! Clarice Weber.
– Sim, dona Clarice,
porque vou instalar aqui no Município de Campos Novos uma serraria movida a
vapor, a última palavra em tecnologia, e estou propondo aos
fazendeiros, que têm pinheirais nas suas terras um excelente negócio. Eu
derrubo os pinheiros, arrasto eles até a serraria, serro as tábuas, vendo tudo
e dou uma parti-cipação pra eles..
– Participação de quanto, sr. Vitório?
– Geralmente, de 20%, livre de qualquer despesa, pois o capital e o trabalho
são de minha inteira responsabilidade.
– Aqui
– Tem madeira de primeira, dona Clarice. Já observei, andando por aí.
– Os pinheiros que temos só são derrubados para uso da madeira na
própria fazenda. Com eles, construímos casas para os empregados, fazemos cercas
e currais. E, no lugar de um pinheiro derrubado, plantamos outro.
– A sra. é a proprietária da fazenda?
– Sim...eu e meu
marido, mas quem administra sou eu. O que eu resolvo, ele assina em
baixo.
– Posso lhe garantir, d. Clarice, que quase todos os fazendeiros do
Município participam do nosso plano.
– Eu soube que muitos industriais vieram do Rio Grande do Sul para levar
os nossos pinheirais. Do jeito que vão as coisas, em pouco tempo não restará
mais nada. Aqui no Sul, há muitos anos atrás, pelo que sei, uma empresa
estrangeira derrubou milhares de hectares de florestas de pinheiros e imbuias ao longo da estrada de ferro São
Paulo-Rio Grande do Sul, como parte do pagamento pela construção da referida
estrada. Devastaram uma faixa de
– Nós não queremos fazer um deserto da sua fazenda, d. Clarice. Só vamos
tirar uns pinheirinhos aqui e outros acolá.
– Agradeço muito o seu interesse, sr. Victório, mas não estamos
interessados na sua proposta. Preferimos preservar as nossas áreas de
florestas, principalmente os exemplares de araucária.
Clarice acabou de falar e se levantou, para indicar o fim da entrevista.
Victório Parri se despediu meio sem graça e saiu pela porta da frente, onde um
carro com motorista o esperava.
Ao comentar com
Virgílio a visita do italiano, ouviu dele que há muito tempo se iniciara o cerco
aos pinheirais das fazendas próximas e que serrarias eram montadas na região, com a concordância dos fazendeiros
que, assim, ganhavam um dinheiro fácil sem pensar nas consequências
futuras.
– Eles derrubam os pinheiros – acrescentou o professor – e depois mandam
as tábuas para o litoral. Um comprador de gado me contou que, na estrada que
vai de Lages para Florianópolis, existem filas de caminhões, descendo a serra,
carregados de madeira, que descarregam nos portos catarinenses, de onde vão
para diversas cidades brasileiras e até para o exterior.
– E o nosso governo não acorda para a situação. Temo que, no futuro,
nossos filhos e netos só conheçam um pinheiro através de fotografia.
– Podes crer, minha cara, que isso acontecerá, pois a ganância fala mais
alto.
Na hora do jantar, Clarice falou com o marido sobre a proposta do
italiano e ele concordou plenamente com sua decisão.
– No seminário –
disse ele – fui educado dentro de uma filosofia preservacionista, que mantenho
até hoje. Todo progresso às custas da natureza deixa feridas profundas, que
jamais cicatrizam. Os frades lá falavam muito de São Francisco, o fundador da
Ordem, um homem que tinha profundo amor à natureza, amor esse expresso no
famoso Cântico do Irmão Sol, que
tem uma estrofe que diz assim: “Louvado sejas tu pela terra, Senhor; Pois
ela nos sustenta e produz fruto e flor; Flor dum fino matiz com que nós Te
adoramos, fruto diverso e bom com que nos sustentamos”.
– Isso é maravilho! – disse Clarice. – Arranja-me uma cópia do Cântico
do Irmão Sol, meu querido, que vou colocar num quadro lá no escritório
– O santo – prosseguiu o advogado– fala do sol, da lua, das estrelas, da
água...
– Como ele fala da água?
Júlio César fez uma pausa, depois
declamou: “Louvado sejais sempre ó divino Senhor, Pela água, nossa irmã, a
qual, com seu frescor, Pura como o cristal, fecundante e preciosa, Nos suaviza
a sede e faz florir a rosa”.
–
Ela faz florir a rosa – continuou Clarice –, os pomares, faz crescer o trigo
que alimenta o homem, as pastagens que nutrem os animais, as matas que
alimentam e abrigam os pássaros.
– É isso aí, minha querida – concluiu o ex-seminarista–. Encontramos
mais uma entusiasta do Poverello de Assis.
Segundo Chico Xavier, este retrato falado de Maria, Mãe de Jesus, teria sido relevado através dele, pelo Espirito de Emmanuel, ao fotógrafo Vicente Avela, que, durante muito tempo fez retoques sucessivos até chegar à imagem atual. O acontecimento se deu na noite de primeiro de dezembro de 1984 no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais.
Segundo declarações de Chico Xavier, a fisionomia de Maria assim retratada, revela tal qual Ela é conhecida quando de Suas visitas às esferas espirituais mais próximas e perturbadas da crosta terrestre; como por exemplo, na Legião dos Servos de Maria, grande instituição de amparo aos suicidas descrita detalhadamente no livro Memórias de um Suicida, recebido mediunicamente por Yvonne A. Pereira.
* O jus primae noctis teria sido um costume medieval que dava ao senhor feudal o direito de dormir com a noiva na primeira noite das núpcias, desde que os noivos fossem súditos do referido senhor.
"Virgílio Monteiro acompanhava e contabilizava os lucros do patrão. E ele chegou também à conclusão, que estava na hora de mudar um pouco de rumo e constituir família. Já tinha amealhado um bom dinheiro ao longo dos anos e podia montar uma casa para nela acolher a amada de seu coração, e já tinha uma candidata. Era Sofia, a jovem auxiliar de Isabel na administração da casa da fazenda. Virgílio sabia que era correspondido e, embora, o seu namoro com a jovem fosse meio às escondidas, tinha convicção que seu pedido não seria rejeitado. Quando fez a proposta a Sofia, ela fez uma observação:
– Sim, eu concordo em me casar contigo, Virgílio,
pois sei o quanto me amas e eu também te amo muito. Mas, casamento?... como
isso será encarado pelo patrão? Sabes que nossa liberdade aqui é limitada.
– Eu falarei com ele e se não concordar, iremos
embora. Tenho o suficiente para começarmos uma nova vida em qualquer lugar.
– Sabes que não é assim tão fácil. Sabemos demais
para sairmos sem mais nem menos deste lugar.
– Fica tranquila, minha querida, que tudo dará
certo.
Quando Virgílio expôs suas intenções a Libório
Antunes, a reação do patrão foi positiva e ele falou:
– Ótima ideia, pois gosto
muito que aqueles que trabalham para mim, fiquem cada vez
mais unidos. E tem mais,
eu custearei todas as despesas do
casamento, vou lhe arranjar uma casa nos terrenos da fazenda e tu e tua mulher
continuarão trabalhando para mim.
Virgílio foi aos saltos contar as novidades para a
noiva.
– O que está por trás de tanta bondade,
Virgílio? Estou desconfiada, pois quando a esmola é muito grande... o santo
desconfia.
– Ele
gosta muito da gente, minha querida, e quer que continuemos a seu serviço.
– Espero que estejas certo, Virgílio. Mas confia, desconfiando,
meu querido
O casamento ficou marcado para dali a seis meses e
se realizaria na própria fazenda. O juiz de paz de Campos Novos foi convidado,
juntamente com o páraco da cidade, para a realização das cerimônias civil e
religiosa.
A
festa de núpcias de Virgílio e Sofia foi um acontecimento na fazenda. A noiva
estava lindíssima, num belo vestido de seda, comprado na cidade de Lages. Foi
organizada uma grande festa, patrocinada por Libório Antunes dos Santos, com
churrasco para todos os empregados, com muita comida e muita bebida. Foi
organizado também um grande baile, animado por um conjunto de músicos, que veio
especialmente de Abdon Batista. O baile entrou pela noite e Libório era um dos
mais animados. Dançou com a noiva por diversas vezes, o que deixou Virgílio um
tanto intrigado. O fazendeiro não se cansava de elogiar a beleza de Sofia e
cochichava em seus ouvidos, enquanto dançava, deixando-a nervosa e constrangida.
Quando voltou a dançar com Virgílio, a noiva pediu que saíssem mais cedo do
baile e se retirassem para a nova casa, onde passariam a lua-de-mel. Disse não
suportar mais os galanteios do patrão, que a convidava a toda hora para dançar.
A coisa estava tão escancarada, que os participantes da festa comentavam entre
si.
– Deves dar-lhe um desconto – disse o professor,
sem convicção –, pois ele bebeu muito durante a festa e está bêbado.
– Espero que estejas certo, meu querido.
Próximo da meia-noite, os convidados começavam a se
retirar e Virgílio se aprontava para conduzir a noiva ao leito nupcial, quando
dele se aproximou Justino, o capataz da fazenda. Pediu que o acompanhasse até
um quarto ao lado, pois tinha um assunto para lhe falar. O Professor ficou
desconfiado e pediu que Sofia o aguardasse, que logo estaria de volta.
– Pedi que viesse até aqui – disse Justino, constrangido
–, pois tenho para o senhor um recado do patrão.
– Que recado? – perguntou Virgílio.
– O patrão mandou avisar que a primeira noite é
dele...
– Como... a primeira noite ...
– Sim, ele diz
que
existe um costume antigo, que dá ao chefe, ao senhor,
ao patrão, o direito de dormir a primeira noite com a noiva. Ele diz que é só a
primeira noite.
– Justino, tu sabes o que estás me dizendo? – falou
Virgílio, vermelho de raiva.
– Sei, perfeitamente, professor. Será que o sr. acha que o patrão lhe preparou
essa festa, lhe deu casa, mandou comprar o vestido da noiva... tudo de graça.
Como paga, ele só quer uma noite com a noiva.
– Não admito – gritou Virgílio –, vou falar com
ele.
– Eu, se fosse o senhor, ficava quieto e aceitava
as coisas como são, porque a noiva já foi mesmo levada para o quarto dele. Ela
deve ter esperneado bastante, mas acaba tendo que se conformar.
Virgílio deu um salto e se precipitou em direção à
porta do cômodo em que estava com
Justino, abriu-a violentamente, mas deu de
cara com dois capangas de Libório, que o aguardavam do lado de fora. Os homens
o empurraram de volta ao interior do quarto e o fizeram sentar-se. Justino
procurou acalmá-lo:
– Professor, procure se conformar. O sr. sabe que,
quando o patrão quer uma coisa, ele sempre consegue. Não adianta ficar nervoso.
Além disso, ele garante que é um direito dele.
Virgílio baixou
a cabeça e começou
a chorar baixinho.
Estava desesperado diante da dura realidade que o atingia em cheio no dia em
que pensava ser o mais feliz de sua vida. Sua noiva, sua querida Sofia, estava
lá, no leito do maldito Libório Antunes, o homem que agora revelava toda a
maldade de seu coração. Enquanto isso, ele estava ali, impotente, cercado por
três capangas prontos a acabar com sua vida, se reagisse.
Depois de quatro horas de longa espera, quando o
dia já começava a clarear, finalmente a porta do quarto de Libório se abriu e
Sofia, cambaleante, se aproximou e atirou-se nos braços de Virgílio, em choro
convulsivo. Justino que estava na sala, aproximou-se do casal e falou:
– Vou levar os dois para casa. Viram, tudo acabou e
ninguém se machucou. É melhor assim.
Abraçado, o casal se
dirigiu à porta da residência, sem dizer palavra, com Sofia amparada por
Virgílio, enquanto Justino providenciava uma charrete para levá-los para o novo
lar, que ficava a três quilômetros da sede da fazenda. Aquele que, para
o casal, deveria ser um dia de muita felicidade, se tranformou no pior dia de suas vidas. O
futuro para eles era um grande ponto de interrogação."
Naquela manhã, depois da noite de núpcias, Libório
se levantou da cama mais tarde e se dirigiu à sala de jantar, para tomar o café
da manhã. Isabel já o aguardava e foi a primeira a falar:
– Espero que o patrão tenha tido uma boa noite.
– Dentro das circunstâncias, até que foi uma
noite bem agradável.
– O patrão tem alguma recomendação especial para o
dia de hoje?
– Tenho, sim. Quero que mantenhas vigilância
constante sobre Sofia, a mulher de Virgílio. Acho que eles, depois do que aconteceu,
pretendam fugir da propriedade e isso eu não permitirei. Ambos sabem de muitas
coisas aqui da fazenda, que não devem ser conhecidas lá fora, senão perderemos
o controle.
– Mas sozinha eu não posso
vigiar os dois...
– Exatamente!
Cuidas de Sofia que de Virgílio, Justino e seus homens cuidarão.
Depois de proferir as últimas palavras, o fazendeiro
tomou seu café, tranquilamente. Ao sair da sala de jantar, encontrou-se com
Justino. O capataz lhe relatou que os recém-casados, depois que a jovem saíu do
quarto do chefe, foram levados até sua nova residência, onde permaneciam até
aquele momento, provavelmene dor-mindo.
– Deixa descansarem! – concluiu Libório. – Nada
como um bom sono para curar as mágoas. Mais alguns dias e tudo estará
esquecido, pois o tempo cicatriza todas as feridas.
Acabou de falar e montou em seu cavalo, para fazer
a visita de rotina às dependências da fazenda, pois era adepto daquele ditado
popular que dizia: “O que engorda o boi é o olho do dono”.
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