sexta-feira, 8 de outubro de 2021

O APÓSTOLO PAULO SERIA A FAVOR DA ESCRAVIDÃO?





Vista aérea do convento  de Santo Antônio no Largo da Carioca, Rio de Janeiro, cuja construção foi iniciada em 1592 pelos frades franciscanos. No fundo do convento ainda está a senzala dos escravos que prestavam serviços aos religiosos da comunidade.


Os primeiro colonizadores do Brasil precisavam de mão de obra para suas lavouras e criação de animais. Inicialmente, tentaram escravizar os índios, mas esses preferiam morrer a trabalhar para os brancos. Os jesuítas se opuseram à escravidão dos índios e, então, adotaram uma teoria chamada de  doutrina do mal menor, que permitia a escravidão dos negros, porque esses eram mais dóceis e se dispunham a trabalhar para os colonizadores. A escravidão negra era um mal, mas um mal menor. Então, possuir escravos se tornou um hábito na colônia, praticado pelos membros de todas as classes socais, inclusive os membros da congregações religiosas. Jesuítas, carmelitas, franciscanos e outras ordens religiosas, eram proprietárias da fazendas e de grandes conventos, onde os escravos lhes prestavam serviços, embora alguns poucos  padres combatessem a escravidão.

A doutrina do mal menor  se baseava em teorias de Santo Tomás de Aquino e de outros teólogos, mas também é bom lembrar que o Apóstolo Paulo, numa epístola aos colossenses pareceu demonstrar certa condescendência com a escravidão, ao escrever o seguinte texto:

“Escravos, obedecei em tudo a vossos senhores terrenos, não servindo só na presença, como quem busca agradar a homens, mas com sinceridade de coração, temendo a Deus. Tudo o que fizerdes, fazei-o do bom coração, como para o Senhor e não para os homens. Sabeis que recebereis como recompensa, a herança das mãos do Senhor. Servi ao senhor Jesus Cristo. Quem fizer injustiça receberá o pagamento do que fez injustamente, porque em Deus não há distinção de pessoas” (Epístola aos Colossenses, 3: 22-5).
“Senhores, daí aos escravos o que é justo e equitativo, considerando que também vós tendes um Senhor no céu” (idem, 4: 01).

No Brasil, o movimento pela abolição da escravatura contou com o trabalho de muitos intelectuais, entre os quais se destaca a figura do poeta Castro Alves, que escreveu um poema famoso, intitulado O Navio Negreiro, que é um libelo dos mais contundentes contra o tráfico de escravos, tratados como animais no percurso entre a África e o Brasil, morrendo muitas vezes mais da metade deles durante a viagem. 






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