Lucrécia
Bórgia (1480- 1519) era filha ilegítima de Rodrigo Bórgia, posteriormente eleito papa Alexandre
VI. Era uma mulher de extraordinária beleza, considerada a mais bela dama de
Roma, mas se tornou vítima das maldades de sua família que exercia o poder
através da violência e do assassinato, vivendo em meio à riqueza e à
luxúria.
Segundo
Mário Puzo, autor do livro Os Bórgias, Lucrécia, ainda adolescente, teve
sua iniciação sexual com o irmão César, na presença do pai. Daí por diante, os
irmãos mantiveram um amor incestuoso por longo tempo. A família Bórgia, de
origem espanhola, era odiada pelo povo romano e muito se falava a seu respeito,
acusando-se o próprio pontífice de manter relações sexuais com a filha, mas o
escritor não corrobora essa acusação. Lucrécia casou várias vezes e teve muitos
filhos. Dizia-se que ela era adepta das orgias praticadas nas dependências do
Vaticano. Seus irmãos eram César, Jofre e Giovani. O principal detrator da bela
dama era um indivíduo chamado Filofila, a soldo dos inimigos do papa. Ele
escreveu: “A filha do papa adora copular. Pode ser com seu irmão, pai, poeta,
cachorro, bode e até um macaco”.Esses escritos acabaram custando a cabeça do
inspirado escritor.
Depois
de muitos casamentos atribulados, Lucrécia casa-se com Afonso d´Este e torna-se
duquesa de Ferrara, onde patrocina as artes e a cultura, demonstrando grande
habilidade política. Passava seus dias visitando hospitais, orfanatos e
conventos e era adorada pelos súditos, pois as obras sociais eram, agora, a
prioridade de sua vida. Ela estava agora longe da influência maléfica da família
Bórgia, dando um novo rumo a sua vida. Morreu com a idade de 39
anos.
Qual
a relação do Brasil com o papa Alexandre VI? A ele, devemos indiretamente, o
tamanho de nosso território. Pelo Tratado de Tordesilhas (1494), o Papa Alexandre VI, servindo de
árbitro entre Espanha e Portugal, aplicou o princípio do uti
possidetis (como possuías ou no estágio em que está a
posse) para delimitar a posse das terras do novo mundo pelos dois países,
tratado esse que favoreceu, involuntariamente, os portugueses, sendo responsável
pelas dimensões atuais do nosso território. Pelo tratado, Portugal ficava com a
posse de todas as terras descobertas ou a serem descobertas no Novo Mundo, até
370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde. Daquele ponto em diante, as
terras seriam da Espanha.
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