sexta-feira, 6 de março de 2015

TODOS QUERIAM A CABEÇA DE LAMPIÃO, O REI DO CANGAÇO

                          
                            Lampião, Maria Bonita e seu bando de cangaceiros














No final da década de 30, o cangaço tinha seus dias contados. A política de centralização de poder da era Vargas incentivava o maior policiamento; as ferrovias tornavam mais rápido o deslocamento dos soldados; o crescimento das cidades nordestinas e a industrialização do Sul geravam empregos e migrações.

Em 1938, o tenente Bezerra, da força pública alagoana, capturou um coiteiro, amigo de Lampião e obrigou-o a levar soldados ao esconderijo do “Rei do Cangaço”: a fazenda Angico, no sertão de Sergipe, a 12 km da fronteira com Alagoas. Lá, o bando refazia suas forças, preparando-se para novas aventuras. Lampião e Maria Bonita estavam cansados do cangaço; tinham já uma filha – Maria Expedita – que haviam deixado com amigos no interior de Sergipe. Mas não havia como retroceder: as volantes procuravam suas cabeças. Mais de cinquenta cangaceiros aquartelavam- se em Angico. Os soldados atacaram de surpresa, numa madrugada de julho de 1938. Lampião e Maria Bonita foram mortos com mais nove companheiros. Os outros conseguiram fugir. Os onze cangaceiros mortos foram degolados, e suas cabeças expostas nas escadarias da igreja matriz de Santana do Ipanema, cidade próxima. De lá, foram conduzidos a Maceió, e depois para Salvador, onde foram mumificadas e entraram para o acervo do Museu Nina Rodrigues.

Uma semana depois do massacre de Angico, o  cangaceiro Corisco – o “Diabo Louro” – que havia se separado de Lampião, constituíndo um bando à parte, desfechou ataques fulminantes sobre cidades à margem do rio São Francisco como vingança pela morte de seu amigo. Jurou matar todas as pessoas de sobrenome Bezerra. Enviou algumas cabeças cortadas ao prefeito do povoado de Piranhas, com um bilhete: ”Se o negócio é de cabeças, vou mandar em quantidade”. Corisco foi morto em julho de 1940. Terminava o cangaço.

(Texto  extraído da publicação  da Editora Abril Cultural, NOSSO SÉCULO - 1930/1945)

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