Lampião, Maria Bonita e seu bando de cangaceiros |
No final da década de 30, o cangaço tinha seus dias contados. A política de centralização de poder da era Vargas incentivava o maior policiamento; as ferrovias tornavam mais rápido o deslocamento dos soldados; o crescimento das cidades nordestinas e a industrialização do Sul geravam empregos e migrações.
Em
1938, o tenente Bezerra, da força pública alagoana, capturou um coiteiro, amigo
de Lampião e obrigou-o a levar soldados ao esconderijo do “Rei do Cangaço”: a
fazenda Angico, no sertão de Sergipe, a 12 km da fronteira com Alagoas. Lá, o
bando refazia suas forças, preparando-se para novas aventuras. Lampião e Maria
Bonita estavam cansados do cangaço; tinham já uma filha – Maria Expedita – que haviam
deixado com amigos no interior de Sergipe. Mas não havia como retroceder: as
volantes procuravam suas cabeças. Mais de cinquenta cangaceiros aquartelavam-
se em Angico. Os soldados atacaram de surpresa, numa madrugada de julho de
1938. Lampião e Maria Bonita foram mortos com mais nove companheiros. Os outros
conseguiram fugir. Os onze cangaceiros mortos foram degolados, e suas cabeças
expostas nas escadarias da igreja matriz de Santana do Ipanema, cidade próxima.
De lá, foram conduzidos a Maceió, e depois para Salvador, onde foram
mumificadas e entraram para o acervo do Museu Nina Rodrigues.
Uma
semana depois do massacre de Angico, o
cangaceiro Corisco – o “Diabo Louro” – que havia se separado de
Lampião, constituíndo um bando à parte, desfechou ataques fulminantes sobre
cidades à margem do rio São Francisco como vingança pela morte de seu amigo.
Jurou matar todas as pessoas de sobrenome Bezerra. Enviou algumas cabeças
cortadas ao prefeito do povoado de Piranhas, com um bilhete: ”Se o negócio é de
cabeças, vou mandar em quantidade”. Corisco foi morto em julho de 1940.
Terminava o cangaço.
(Texto extraído da publicação da Editora Abril Cultural, NOSSO SÉCULO -
1930/1945)
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