quarta-feira, 24 de agosto de 2011

CELSO GARCIA CID, UM FAZENDEIRO MUITO TEIMOSO



                                                  


No final dos anos 60, eu dirigia uma pequena agência de propaganda no Rio de Janeiro, quando fui procurado por um empresário do Paraná de nome Celso Garcia Cid (foto). Era dono de uma grande empresa de ônibus – a Viação Garcia – e também um próspero fazendeiro da região de Londrina. Numa longa conversa, ele narrou um pouco de sua vida: era natural da Espanha e nos anos 30 veio para o Brasil e se radicou no norte do Paraná, onde fundou uma empresa transportadora. Para começar, transformou um velho caminhão numa jardineira que ele mesmo dirigia, levando as pessoas pelas estradas do interior. Essa jardineira foi o embrião de uma grande empresa – a Viação Garcia – que se tornou uma das maiores do Brasil.

Depois desse preâmbulo, ele expôs o objetivo da visita. Era dono de uma grande fazenda no Paraná – a Fazenda Cachoeira -  onde criava gado zebu com um trabalho intenso para melhoria da raça no Brasil. Tinha ido muitas vezes à Índia de onde importara numerosos animais, pois eles estavam lá em estado puro com extraordinária qualidade genética. Disse que compartilhava com outros fazendeiros da região os animais que trouxera, pois achava que o zebu  seria o futuro da pecuária brasileira, pois se adaptava muito bem ao clima tropical. 

Mas o Sr. Garcia estava, naquele momento, com um grave problema. Na Índia, ele fizera amizade com o marajá de Bhavnagar de quem comprara belos exemplares da raça zebuína. O marajá tinha falecido e deixara para ele, Garcia, um grande plantel de animais da mais alta linhagem, animais esses que iriam injetar sangue novo no rebanho brasileiro. Mas havia um obstáculo: a partir do ano de 1964, o governo do Brasil proibira, por razões sanitárias, a importação de gado da Ásia e da África. Era preciso, então,  esclarecer as autoridades e motivar o congresso nacional para que votasse uma lei permitindo a entrada de animais da Índia, originários de fazendas onde as condições sanitárias fossem condizentes. Ele já tinha conquistado para sua tese o senador Carvalho Pinto que iria apresentar um projeto de lei, abrindo as importações de gado zebu. Para esclarecer os membros do Congresso Nacional, Garcia enviara à Índia uma caravana de veterinários e zootecnistas que foram observar in loco as condições do rebanho indiano. O resultado dessa viagem foi um longo relatório que foi transformado num livro intitulado Animais e Trópicos  de cuja edição eu fui encarregado. Nele, a equipe fazia uma análise muito positiva das condições do rebanho indiano e recomendava que fossem abertas as importações, pois dariam uma grande contribuição para a melhoria do rebanho brasileiro. Os animais importados deveriam permanecer em quarentena na Ilha de Fernando de Noronha sob severa vigilância sanitária e, só então, depois de pareceres técnicos positivos, introduzidos no território nacional

Cada congressista  recebeu um exemplar do livro Animais e Trópicos, o projeto foi à votação e aprovado por quase unanimidade, mas quando foi enviado à sanção presidencial, o Presidente Médici chamou seu Ministro da Agricultura, Cirne Lima, gaúcho como o presidente, e esse, sob forte pressão dos pecuaristas do Rio Grande do Sul (que não criavam gado zebu), aconselhou o presidente a vetá-lo. Assim foi feito e o Sr. Celso Garcia perdeu um grande investimento, pois tudo fora financiado por ele: viagem dos técnicos à Índia, impressão do livro e outras despesas. Mas a perda maior foi do Brasil em razão da visão canhestra de seus governantes.  Mais tarde, ele desabafava:
- Eu queria trazer esses animais com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da pecuária brasileira. Eu não estava interessado em ganhos pecuniários, pois, na minha idade, o dinheiro tem pouca importância. Já ganhei muito dinheiro no Brasil e essa seria uma maneira de retribuir ao país a acolhida e as oportunidades que me deu. E também, porque carne é a proteína do pobre.
Quando Celso Garcia, tempos depois, retornou ao Rio de Janeiro, perguntei a ele o que fizera com o presente do marajá e ele me disse:
- O rebanho, no momento, está numa fazenda no Paraguai à espera de um momento oportuno para trazê-lo para o Brasil. Percorri o caminho da legalidade e quebrei a cara.
Não sei se o Sr. Celso Garcia trouxe para o Brasil aquele
gado zebu , mas, se o trouxe, esses animais, hoje,  devem fazer parte do sucesso da pecuária nacional, uma das mais importantes do mundo, pois, aqui,  o zebu encontrou o ambiente ideal para se desenvolver, além de ser o boi verde, que se alimenta de capim.

Celso Garcia Cid, já falecido, é hoje uma lenda nacional. Dizem que ele era tão entusiasmado pela pecuária que, ao morrer um dos melhores reprodutores de sua fazenda, um touro zebu, naturalmente, mandou empalhar o animal e exibi-lo no salão de sua propriedade. Não sei se é verdade ou  lenda, mas ouvi essa história de uma pessoa que sabia das coisas.




                                                  



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sábado, 20 de agosto de 2011

SAPATEIRO, NÃO VÁS ALÉM DA SANDÁLIA





Tela mostrando Alexandre o Grande em visita
 ao atelier de Apeles

Apeles foi um pintor grego que viveu na Jônia, no século IV a.C. Teria conhecido Alexandre o Grande e passou a ser o pintor oficial do macedônio, acompanhando-o em suas campanhas através da Ásia. A maioria de suas obras se perdeu, mas segundo alguns autores, teria sido ele um dos mais importantes pintores da antiguidade. A seu respeito, existe uma história que atravessou os séculos.  Conta-se que ele pintou um quadro de uma linda mulher e o expôs em frente a sua casa. As pessoas passavam, olhavam e faziam comentários, até que chegou um sapateiro e começou a criticar as sandálias, dizendo que o corte estava errado, a costura também, o salto estava desproporcional ao tamanho do pé e outros detalhes. O pintor aceitou as observações, agradeceu, quando o sapateiro passou a fazer críticas à túnica. Foi então que o pintor se irritou e falou: Ne, sutor, ultra crepidam ou seja - Sapateiro, não vás além da sandália.  A acentuação correta das palavras é a seguinte: Nê, sútor, últra crépidam. Este provérbio, em sua tradução latina,  é usado até hoje, quando queremos nos referir a pessoas  que entendem de um determinado assunto e, por tabela, pensam que  entendem de tudo.


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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

OS CÍRCULOS DE ARQUIMEDES



                                                  Arquimedes, em tela do pintor italiano
                                                      Domenico Fetti, feita em 1620.

Arquimedes (287 a.C – 212 a.C) foi um dos maiores sábios da antiguidade. Era matemático, físico, engenheiro, astrônomo e inventor de renomada competência. Viveu em Siracusa, na Sicília, uma colônia grega, fundada por Árquias de Corinto em 734 a.C. A cidade-estado fazia parte da chamada Magna Grécia, uma região colonizada pelos gregos ao sul da península itálica, incluindo a Sicília.
Arquimedes é muito lembrado por um episódio pitoresco. Ele tomava banho em sua banheira quando, repentinamente, levantou-se  e saíu completamente nu pelas ruas da cidade, gritando: Eureka, Eureka (que signifca achei, encontrei, em grego). Pronuncia-se Êureka. Ele tinha descoberto o que ficou conhecido como o Princípio de Arquimedes, segundo o qual  “a força de baixo para cima que um corpo recebe quando imerso num líquido é igual ao peso do volume de líquido deslocado.” Essa força  é chamada de empuxo.
Quando os romanos tomaram Siracusa, na Segunda Guerra Púnica, (212 a. C) contra Cartago, a ordem do comandante era encontrar Arquimedes vivo, pois os romanos tinham admiração por ele. Um soldado se aproximou de um homem que desenhava círculos na areia da praia e esse, concetrado em seus estudos, o repreendeu, dizendo: “ Noli turbare circulos meos (Não toques nos meus círculos). O soldado, em resposta,  o matou a fio de espada. O homem era Arquimedes, o maior matemático da antiguidade.


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terça-feira, 16 de agosto de 2011

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN


Bandeira do estado deMinas Gerais
                         Bandeira criada pelos Inconfidentes 
                     Mineiros (1789), hoje bandeira de Minas Gerais 

Libertas quae sera tamen (Liberdade ainda que tardia), lema dos Inconfidentes Mineiros que figura hoje na bandeira de Minas Gerais. Foi extraído das Bucólicas de Virgílio, palavras essas colocadas pelo poeta na boca de um escravo, ao receber a liberdade. A frase completa do poeta latino é: libertas quae sera tamen respexit inertem (A liberdade, ainda que tardia, voltou os olhos para este desamparado). O inconfidente Alvarenga Peixoto a teria adaptado para lema dos Inconfidentes, suprimindo as palavras respexit inertem. O Triângulo, para alguns, teria sido escolhido pelo próprio Tiradentes como representação da Santíssima Trindade, já, para outros, significaria os ideais da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

CONSULTAS A ORÁCULOS E SIBILAS


                                Uma das Sibilas de Michelangelo, 
                                                                 na capela Sistina

Na Grécia antiga, as pessoas recorriam aos oráculos para conhecerem o futuro. No mundo romano, procuravam-se as sibilas, quem exerciam essa função de profetisas. Alguns desses locais ficaram famosos, como o Oráculo de Delfos dedicado ao deus Apolo e o Oráculo de Dodona, dedicado a Zeus, na Grécia e Cumas, na Itália . Em seus templos, as sacerdotisas, em transe, faziam suas previsões. As repostas às consultas às vezes eram dúbias e levavam o cliente a interpretá-las erroneamente.

Uma dessas previsões passou à história e teria sido feita pelo Oráculo de Dodona, situado na região do Epiro, na Grécia. O rei de determinada cidade, antes de ir para a guerra, consultou esse oráculo que lhe deu a seguinte resposta, espertamente escrita sem pontuação: Ibis redibis nunquam in bello peribis (irás voltarás nunca na guerra perecerás). Pronuncia-se: íbis  redíbis núnquam in béllo períbis. O rei interpretou assim: Irás, voltarás, nunca na guerra perecerás. Foi para  a guerra, seu exército foi destruído e ele morreu. Quando os herdeiros vieram reclamar do oráculo, este esclareceu que a mensagem fora interpretada erroneamente pelo rei,  pois as vírgulas deveriam ser colocadas assim: Ibis, redibis nunquam, in bello peribis. (Irás, voltarás nunca, na guerra perecerás).





              


 




                                     



domingo, 14 de agosto de 2011

A POBREZA QUE TRAZ FELICIDADE






Dias atrás li que um senador da República pretendia inserir na constituição brasileira um parágrafo, obrigando o Governo a garantir a felicidade de todo o cidadão brasileiro. O tema foi assunto de comentários humorísticos da mídia. Então, me lembrei de uma história que me contaram anos atrás. É a seguinte:

Um empresário foi passar umas férias numa praia distante no litoral da Bahia, onde existia uma colônia de pescadores, na qual sua população vivia em precárias condições de vida. Um dia, diante de um grupo de pescadores ele falou:

- Pessoal, tenho observado a vida de vocês, que não é fácil. Vocês deviam reunir esforços e trabalhar para a melhoria de vida de todos. Juntem um dinheirinho e comprem um barco melhor, a motor,  formem uma cooperativa e revendam o pescado, pegando melhores preços. Podem até conseguir financiamento do Banco do Brasil. Com o aumento dos lucros, compram mais um barco, mais outro, até formarem uma frota pesqueira. Os lucros chegarão e todos serão felizes.

O grupo ouvia em silêncio o empresário até que, depois de uma prolongada pausa, um velho pescador que representava o grupo, falou:
- Agradecemo  tudo o que o doutô disse, agradecemo memo de coração, mas pra quê toda essa trabaeira, doutô,  se nóis aqui  já é feliz...muito feliz...



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

AS MALDADES DO IMPERADOR CALÍGULA



Caligula bust.jpg
                                            Busto de Calígula - Museu do Louvre - Paris
O historiador Suetônio, em seu famoso livro, A Vida dos Doze Césares, nos traz um relato sobre a vida dos principais imperadores de Roma, narrando seus feitos, suas conquistas e também suas maldades. Nesse quadro se destaca a figura de Caio César Calígula (12 d.C – 41 d.C)  que, certamente, ganharia o primeiro lugar num concurso de barbaridades. Ele era o filho caçula de Germânico, um importante general do império e recebeu dos legionários de seu pai,  o carinhoso apelido de Calígula (o sandalinha), por andar pelos acampamentos vestido de legionário, calçando sandálias militares. Ele governou o império de 16 de março de 37 até seu assassinato pela guarda pretoriana em 24 de janeiro de 41, com apenas 29 anos.
Calígula se destacou pelas exentricidades, como nomear senador seu cavalo Incitatus, que tinha 18 criados para servi-lo,  e pela vida devassa, tendo praticado incesto com suas irmãs, obrigando-as a se prostituírem, mas, principalmente, pelas suas maldades.
A seguir, vamos transcrever algumas  dessas maldades,  que constam do livro, A Vida dos Doze Césares, de Suetônio, editado pela Editora Prestígio, em 4ª. edição, com prefácio de Carlos Heitor Cony. 
 * “ A ferocidade de sua natureza ficou evidenciada nos seguintes traços: como o gado com que se alimentavam as feras custava muito caro, designou, entre os criminosos, os que deviam ser devorados. Com esse intuito, revistou as prisões, sem examinar nenhum registro carcerário, limitando-se a, de pé, no meio da galeria, fazê-los conduzir ao suplício, do primeiro ao último.”
* “ Condenou ao trabalho das minas, das estradas e também às feras, uma multidão de cidadãos honrados, depois de afrontados com estigmas vergonhosos, ou, de outro modo, depois de encerrados em jaulas onde eram obrigados a se conservarem de quatro pés como animais. A outros, mandava cortá-los pelo meio do corpo. Nada disso se verificava em virtude de motivos graves, mas por se descontentar-se em algum espetáculo ou porque não tivessem querido jurar pelo seu gênio. Forçou os pais a assistir ao suplício dos próprios filhos...”
* “ Queimou em meio à arena o autor de um verso humorístico que se prestava a trocadilho. Como um cavaleiro romano, exposto às feras, gritasse que era inocente, cortou-lhe a lingua e devolveu-o à arena”.
* “Perguntou, em certa oportunidade, a um cidadão que voltava de longo exílio, o que costumava fazer lá. Este, para adulá-lo, respondeu:”Pedia sempre aos deuses que matassem Tibério (o que se realizou) e te entregassem o Império”. Desta maneira persuadiu-se de que todos os que haviam sido proscritos desejavam também a sua morte e enviou soldados, de ilha em ilha, para degolá-los”.
* “Como quisesse reduzir um senador a pedaços, aliciou gente para acusá-lo como inimigo público, logo à sua entrada na cúria, atirar-se contra ele, feri-lo com seus estiletes e entregá-lo à população para que o estraçalhasse. Não se deu por satisfeito enquanto não viu com os próprios olhos os membros e as entranhas do homem arrastados pelas ruas e amontoados aos seus pés”.
* “Matava suas vítimas a pequenos e repetidos golpes e era-lhes bem conhecida a opinião, que não cessava de emitir:”Bate-lhe, mas de maneira que ele se sinta morrer”... Constantemente lhe vinha à boca este verso duma tragédia:”Podem me odiar, contanto que me temam”... “Irritado contra a massa, cujos aplausos contrariavam as suas preferências, exclamou:”Quem me dera que o povo romano tivesse apenas um pescoço!”.
* “Quando se divertia e se dedicava aos jogos e aos festins, a mesma crueldade impregnava suas palavras e seus atos. Muitas vezes, enquanto comia ou realizava uma orgia, as torturas eram aplicadas ali mesmo, sob seus olhos. Um soldado, hábil em decapitações, cortava indiferentemente a cabeça de todos os prisioneiros”.
* “Em Puzoles, quando da consagração da ponte que ele imaginara, como já dissemos, convidou para junto de si numerosas pessoas que se achavam pelas margens e, repentinamente, precipitou-as todas ao mar. Alguns apegaram-se ao leme da embarcação. Ele as afogou a golpes de varas e remos”.
Suetônio escreveu páginas e páginas sobre as maldades de Calígula.
Para conhecê-las  melhor, só lendo o livro.

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

AS ARTIMANHAS DO VENDEDOR AKIO MORITA

      




Ver a imagem de origem








Akio Morita, fundador da Sony, conta em seu livro Made in Japan, como conseguiu, em 1955, introduzir nos Estados Unidos o primeiro rádio transistor, fabricado pela empresa. Era um produto de pequenas dimensões, quando o mercado estava acostumado aos aparelhos de grande porte, pois os americanos viviam em casas grandes, com muitos quartos. Para introduzir seu produto, ele argumentava que, face à grande quantidade de emissoras  existentes  em Nova  York,  cada  membro da família poderia ter o seu próprio aparelho e ouvir suas músicas preferidas em seu quarto, sem perturbar os outros. O argumento de Morita prevaleceu. Em contato com uma grande cadeia de lojas, o comprador gostou do produto e pediu cotação de preço para cinco, dez, trinta, cinquenta e cem mil aparelhos. Mas como a fábrica, no Japão, ainda não tinha capacidade para grandes produções, Morita deu uma cotação de preços em que o custo unitário subia de acordo com o aumento da quantidade. Quando o comprador leu a proposta, falou: “Sr. Morita, há trinta anos trabalho no setor de compras e o Sr. é a primeira pessoa que vem aqui e me diz que, quanto maior for a encomenda, maior será o preço por unidade. Isso não tem lógica”. Diante das explicações do vendedor, o comprador sorriu e Morita saiu da sala com um pedido de 10 mil rádios, o que foi bom para ele e para a empresa compradora. Ele tinha criatividade.
Sob a liderança de Morita, a Sony se tornou uma das maiores e mais importantes empresas do mundo no setor de eletro-eletrônicos, hoje atuando também nas áreas de comunicação e tecnologia da informação.

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terça-feira, 9 de agosto de 2011

COMAMOS E BEBAMOS, PORQUE...





Em Pompeia, os donos de ricos palácios, costumavam ter à cabeceira da mesa de jantar um esqueleto com o lembrete: Edamus et bibamus, cras enim moriemur! (Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos).Este era o pensamento das classes abastadas de Pompeia e de outras cidades romanas, que tinham no prazer a sua filosofia de vida, uma mentalidade muito divulgada pela chamada filosofia edonista (hedonê do grego), que significa prazer, considerado o supremo bem do ser humano. Ela surgiu na Grécia e teve como seu fundador o filósofo Aristipo de Cirene, discípulo de Sócrates. Os romamos, além de múltiplos prazeres, eram tão amantes da boa mesa que, nos palácios, existiam os vomitórios. As pessoas se empanturravam de comida, vomitavam e voltavam a comer. 

Além dos hedonistas,  existiam  os epicuristas, seguidores de Epicuro, cuja filosofia tinha por objetivo o prazer, mas era o prazer moderado, proporcionado pela liberdade, pela amizade e pelo pensamento filosófico. Hedonismo e epicurismo são muitas vezes confundidos, mas são filosofias completamente antagônicas. Na antiga Grécia existia mesmo uma cidade em cujo mercado as paredes traziam escritos os pensamentos de Epicuro relativos à felicidade, segundos os quais a posse de bens materiais não tornaria as pessoas mais felizes como elas podiam acreditar. Esse pensamento pode ser aplicado ao moderno consumismo.

Filosofia completamente antagônica ao hedonismo era aquela professada pelos filósofos estoicos, segundo a qual o único bem do homem não é o prazer, a felicidade, mas a virtude. Um dos seguidores dessa filosofia foi o filósofo Sêneca, conselheiro e preceptor de Nero que acabou sendo vítima da crueldade do tirano. Acusado de conspiração, foi obrigado a suicidar-se.


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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SANTOS DUMONT SERIA MESMO O INVENTOR DO AVIÃO?



                                               
                           
Para o escritor  Leandro Narloch, em seu livro, Guia

 Politicamente Incorreto da História do Brasil, Alberto Santos

 Dumont não foi o verdadeiro  inventor do avião, mas sim os

 irmãos Orville e Wilbur Wrihgt. 

Para comprovar sua teoria, ele  enumera, entre outros, os seguintes argumentos:

- Enquanto os dois americanos inventavam o avião, Santos Dumont lidava com balões, pois achava que esse seria o veículo aéreo do futuro. O voo dos irmãos  aconteceu em 17 de dezembro de 1903, enquanto que o 14 Bis só teve seu voo registrado em 12 de novembro de 1906. O aparelho voou a uma altura de 6 metros, percorrendo 220 metros.   Santos Dumont voaria mais uma vez nesse aparelho em 1907.  Depois de um voo de 30 metros de distância – escreve  o escritor -, a máquina se desequilibrou bruscamente e bateu no chão. A asa esquerda despedaçou-se. É instigante imaginar Santos Dumont exatamente nesse momento. Após meses, tentando tirar o aparelho do chão e mantê-lo equilibrado no ar, ele se vê dentro de uma geringonça defeituosa e quebrada. Em silêncio e secretamente deve ter percebido a verdade dolorosa: o 14 Bis não voava. No máximo, dava uns pulinhos”.
Em outro argumento do autor, os irmãos Wrihgt, embora tenham lançado seu primeiro aparelho de uma catapulta, prosseguiram nas pesquisas e, 3 anos antes do voo do 14 Bis, pediram  a patente  de uma máquina de voar “em que o peso é sustentado por reações resultantes  em aeroplano sob um pequeno ângulo de incidência, através da aplicação de força mecânica ou pela utilização da força da gravidade”. Isso lembra um avião, conclui Narloch. Os irmãos conseguiram a patente   em maio de 1906, seis meses antes de Santos Dumont voar com o 14 Bis e ganhar o prêmio de 1.500 francos do Aeroclube de Paris.
Ainda segundo o autor, “em 1905, enquanto os irmãos Wright preparavam o Flyer para a venda, Santos Dumont passava tardes soltando pipas e atirando com arco e flecha. Não era só um passatempo francês, mas o aviador tentava aprender mais sobre aerodinâmica e asas planas, uma ciência nova para ele”.
Além de muitos outros argumentos em favor de sua tese, Leandro Narloch conclui que, depois de conhecerem o invento dos irmãos Wrihgt, os franceses esqueceram Santos Dumont.
Leandro Narloch também afirma que Santos Dumont não inventou o relógio de pulso, como se afirma, pois ele já era conhecido desde os tempos de Shakespeare. A rainha Elizabeth I (1533-1603) tinha um. Em 1868, a empresa Patek Philippe reinventou a peça, que também foi usada por militares nos campos de batalha do século 19, como na Guerra Franco-Prussiana.
Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil (Editora LeYa – 2009) procura desconstruir outros mitos da História do Brasil. É leitura  imperdível.




                                          


 


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sábado, 6 de agosto de 2011

ESTÓRIAS DE BRASÍLIA: O PENICO DO GENERAL E A CURIOSIDADE DO ENGENHEIRO

Na foto, Oscar Niemeyer, Israel Pinheiro, Lúcio Costa e Juscelino Kubitschek (www.portalbrasil.eti.br)
    










                  




O PENICO DO GENERAL 
Em certa oportunidade, ainda nos primórdios de Brasília, lá estive  e conheci um funcionário federal que participou do governo desde o início da construção da cidade, tendo servido aos presidentes Juscelino, Jânio Quadros e João Goulart. Acompanhava o presidente Juscelino para todo canto durante a construção de Brasília. JK, muitas vezes, chegava  de madrugada para vistoriar as numerosas obras em curso.  Foi esse funcionário (vou chamá-lo aqui pelo nome fictício de João) quem me narrou o seguinte episódio:
Em junho de 1957, visitou o Brasil o presidente de Portugal, general Craveiro Lopes que veio acompanhado da esposa, dona Berta da Costa Ribeiro Artur. O ilustre visitante visitou Brasília, ainda em construção, acompanhado do presidente Juscelino Kubitschek e se hospedou no chamado Catetinho onde Juscelino ficava em suas idas e vindas à futura capital do Brasil.
Depois de um dia de intensa movimentação, Juscelino levou seus hóspedes para o pequeno palácio de madeira que tinha   todos os equipamentos necessários para o conforto de seus moradores. E foi nessa noite que o general Craveiro Lopes, depois de entrar em seus aposentos com a mulher, voltou a procurar o anfitrião, dizendo-lhe:
- Sr. presidente, desculpe o incômodo, mas tenho que lhe fazer um pedido especial. Será que haveria a possibilidade de seus auxiliares  me arrumarem  um penico, pois procurei um no quarto e não encontrei... Sabe, são os velhos hábitos.
Juscelino, surpreso com o pedido, respondeu:
- Aqui no Catetinho não devemos ter penicos, mas vou pedir a meu pessoal que lhe arrumem um, general.
A seguir, Juscelino chamou João, funcionário de sua absoluta  confiança e o encarregou da difícil missão. O rapaz, surpreso com o pedido, respondeu?
- Mas onde vou conseguir um penico a essa hora da noite, presidente. O pouco comércio da cidade já está fechado.
- Vire-se, meu amigo, pois não posso deixar de atender a um pedido de meu ilustre convidado. Trata-se de problema de segurança nacional.
O homem, atarantado, reuniu-se com outro companheiro, embarcaram num jipe e saíram em direção ao  Núcleo Bandeirantes, à época conhecido como “cidade livre”, que abrigava os milhares de trabalhadores da construção da cidade, os chamados candangos. O local tinha uma  vida noturna movimentada e ali talvez fosse possível encontrar um penico. Percorreram lojas àquela hora fechadas, pararam em botecos, armazéns e restaurantes à cata do precioso vaso. Já estavam quase desistindo da empreitada, quando o dono de um botequim lhes deu uma ideia:
- Procurem na zona que ali, em qualquer puteiro, vão encontrar um penico.
Foi a salvação dos aturdidos funcionários. No primeiro bordel que chegaram, a proprietária, uma senhora simpática,  falou:
- Sim, aqui temos penicos, mas são para uso das meninas.
- Pagamos o preço que a sra. quiser... É para atender a um convidado do presidente Juscelino, hospedado no Catetinho.
A mulher, diante das explicações dos nervosos funcionários sobre o destino do vaso noturno, resolveu atende-los. Mandou uma empregada buscar um penico em boas condições, lavá-lo bem e o entregou aos emissários da presidência sem lhes cobrar nada. Na despedida, acrescentou:
- Levem isso – disse com um sorriso maroto - como um presente das meninas da casa  ao Juscelino  como agradecimento pelo aumento dos negócios aqui na zona por causa da construção de Brasília. O nosso movimento tem duplicado a cada mês.
Já era noite avançada quando S. Excelência, o Presidente da República do Brasil atendeu os colaboradores que voltavam aliviados ao Catetinho trazendo o objeto de desejo do ilustre Presidente de Portugal, General Francisco Higino Craveiro Lopes. Afinal, um penico poderia se transformar num incidente diplomático de graves consequências.

João tinha muitas histórias pitorescas. Sobre Jânio Quadros dizia que ele não se acostumava com o isolamento de Brasília e que muitas vezes descarregava na bebida o seu dissabor. Aos sábados, costumava assistir filmes,  de preferência faroestes, no cinema do palácio, enquanto esvaziava um litro de uísque. No final das sessões, já embriagado, circulava entre as poltronas do cinema, imitando os mocinhos da tela, disparando tiros fictícios contra um inimigo invisível.
Sobre a bebida, existia uma frase famosa de Jânio Quadros: ”Bebo porque é líquido. Se sólido fosse, come-lo-ia.”
João também participou do curto governo e Jango Goulart e foi testemunha do drama vivido por Dona Maria Thereza Goulart, considerada a mais bonita primeira dama do Brasil, à época com apenas 23 anos de idade. Foi testemunha de seu sofrimento diante da situação política do marido, deposto pelos militares e exilando-se com a família no Uruguai.

O ENGENHEIRO CURIOSO
Outra história inusitada que me contaram em Brasília foi a de um engenheiro de uma empresa de material de iluminação que morava na cidade para atender aos numerosos clientes do setor.  Como funcionários de outras empresas, ele residia no único hotel da cidade, o Brasília Palace Hotel. À noite, a cidade virava um deserto, pois não tinha vida noturna, a menos que as pessoas quisessem se deslocar para a “cidade livre”, onde havia distrações de todo o tipo.
Uma noite, depois de uma árduo dia de trabalho, o nosso engenheiro chegou ao hotel, quando percebeu na recepção um jovem casal preenchendo a ficha de hospedagem. Perguntando a um funcionário quem eram os novos hóspedes (coisa rara no hotel), esse informou que se tratava de um casal  em lua de mel. Ao subir para seu apartamento que ficava no segundo andar, o nosso engenheiro percebeu pela movimentação dos funcionários, que os novos hóspedes seriam seus vizinhos, separados apenas por um quarto.
Ele entrou em seus aposentos, tomou um banho e depois descansou um pouco, quando lhe entrou cabeça a dentro uma ideia de girico, como diriam os nordestinos. Olhando para o forro do quarto percebeu que era formado por placas de material isolante, algumas com pequeninas frestas entre elas. E, para completar o quadro, no forro de seu quarto tinha um alçapão. Ele, então, colocou uma cadeira em cima de uma cômoda onde guardava seu material de trabalho, subiu na cadeira e alcançou com facilidade o alçapão e pôde sentir que a armação de madeira que sustentava as placas era bem resistente, suportando perfeitamente o peso de um homem. Aliás, já vira um operário trabalhando na colocação das referidas placas em outro quarto, aboletado sobre a tal estrutura.
Voltou a se deitar e quando achou que as coisas ferviam do quarto do casal em lua de mel, voltou a subir na cadeira sobre a cômoda, pendurando-se na armação. Em poucos segundos, estava  sobre a estrutura de madeira que prendia as placas acústicas a quase um metro abaixo da laje da construção. Andando de gatinhas, percebeu que poderia chegar até  o quarto do casal,  sem fazer  barulho, espiar os dois e ouvir os ruídos pertinentes... Assim, vagarosamente foi se deslocando, passando para o quarto ao lado que separava o seu daquele do casal. Quando estava bem no meio do recinto, ouviu um estalo na estrutura de madeira. Ficou um momento sem fôlego e resolveu retornar, mas ao virar-se com todo o cuidado, ouviu um estalo mais forte, quando a estrutura toda desabou e veio a cair sobre a cama do aposento sem hóspede naquele noite, para sorte sua. Passado o susto, com dores nas costas, nosso amigo saltou da cama e correu em direção à porta para fugir, mas, para sua desgraça, ela estava fechada a chave. Foi, então,  que ouviu os gritos do casal no quarto vizinho chamando os funcionários do hotel para verificarem o que estava acontecendo. Dali a instantes chegou o gerente com dois funcionários, abriram a porta do aposento e acenderam a luz. Aproximou-se também o marido em lua de mel e quando viu o estrago feito no forro do quarto, se deu conta da realidade. Ele e a mulher estavam sendo vítimas de um maldito vouyer que pretendia espiá-los em seus momentos de intimidade. Vermelho de raiva e aos gritos, o  homem correu para seu quarto  e voltou com um revólver, disposto a estourar os miolos do nosso apavorado aventureiro. Para sua salvação, os funcionários do hotel conseguiram conter o marido revoltado e evitar, assim, uma tragédia.
O gerente foi categórico: o infrator seria expulso imediatamente das dependências do hotel. Assim dito, assim foi feito.





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