domingo, 25 de setembro de 2011

A MORTE DO CAPELÃO MILITAR

                                             




Foto deFrei Orlando, capelão militar, que acompanhou a Força Expedicionária Brasileira à Itália, na Segunda Guerra Mundial. À  época, o autor estudava no Seminário Seráfico São Luiz de Tolosa, na cidade de Rio Negro,. Paraná. No livro – As Torres das Três Virtudes – R.H. Souza faz um relato sobre a morte do capelão. Eis a narrativa:

"Depois da guerra, quando os pracinhas brasileiros retornaram da Europa, visitou o seminário um frade franciscano de nome Frei Alfredo Setaro que tinha sido capelão militar junto à Força Expedicionária Brasileira. Chegou em seu uniforme militar, no posto de capitão. Era um frade muito inteligente e proferiu palestras para os seminaristas, narrando episódios que presenciou durante a guerra. Algumas de suas narrativas foram mal recebidas por alguns padres alemães mais exaltados, principalmente quando ele se referiu ao comportamento de soldados brasileiros no trato de alguns prisioneiros alemães, como aquele que teve um soldado da FEB ao encontrar um alemão, apavorado, escondido debaixo de uma cama, numa casa bombardeada. Ele pegou o prisioneiro pelo nariz e o arrastou até junto do pelotão que os recebeu às gargalhadas.

Frei Alfredo também narrou um episódio que deixou a plateia emocionada. Referia-se à morte de seu confrade, Frei Orlando, também capelão militar. Ele seguia num jipe dirigido por um soldado , em companhia de outros militares,  em visita aos postos avançados em Monte Castelo, quando o veículo teve uma das rodas travada por uma pedra. Todos desceram do jipe e um soldado italiano que acompanhava o grupo começou a bater na pedra com a coronha de seu fuzil,  momento em que a arma disparou e atingiu o capelão no coração, matando-o na hora.
– Vejam – concluiu o palestrante. – O nosso querido Frei Orlando escapou de bombardeios e de outros perigos que cercavam as tropas, para morrer estupidamente diante da imprudência e irresponsabilidade daquele soldado. Isso aconteceu em 20 de fevereiro de 1945, quase ao final da guerra.  Mas tenham certeza que a memória de nosso confrade será sempre lembrada pela dedicação e fervor com que exercia seu ministério, jamais se furtando em assistir qualquer moribundo, por mais perigosas que fossem as circunstâncias".

O governo brasileiro instituiu frei Orlando como patrono do Serviço de Assistência Religiosa do Exército, criado, em caráter permanente, por decreto-lei, no ano de 1946.


    Foto de Frei Alfredo Setaro. Ele e frei Orlando usavam o uniforme de capitão, 
o posto mais elevado entre os capelães militares que acompanhavam a Força   Expedicionária Brasileira






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domingo, 18 de setembro de 2011

A SÁBIA SETENÇA DO GOVERNADOR SANCHO PANÇA



Sancho Pança, o fiel escudeiro de D. Quixote, é um personagem fantástico na obra de Miguel de Cervantes. Ele encarna a sabedoria do povo, é um homem prático, em contraposição às alucinações de seu patrão. Numa das passagens da obra, os dois personagens se hospedam no castelo de nobres espanhóis que alimentam as loucuras do cavaleiro da triste figura e de seu escudeiro. Sancho Pança é nomeado o hipotético “governador” de uma ilha onde, para surpresa de todos, ele dá demonstrações de sabedoria e espírito prático, principalmente no julgamento das desavenças entre seus súditos. A seguir, vamos resumir um desses julgamentos, com as devidas adaptações no linguajar:

Uma mulher entra no tribunal agarrada ao braço de um rico pastor, enquanto, aos brados, acusa o homem de tê-la violentado, dizendo que ele serviu-se de seu corpo, tirando-lhe aquilo (a virgindade) que ela conservava ao longo dos anos, defendendo-a de mouros e cristãos, do povo do lugar e de estrangeiros.
Sancho Pança, virou-se para o acusado e perguntou-lhe o que tinha a dizer. O homem respondeu:
- Senhores, sou um pobre porqueiro. Esta manhã fui vender quatro cevados e quando voltava para minha aldeia, encontrei esta boa mulher e o diabo fez com que mantivéssemos relações. Paguei-lhe um bom dinheiro, mas ela, não satisfeita, agarrou-me e me trouxe até aqui, acusando-me de estupro, o que nego sob juramento.
Então, o governador perguntou-lhe se trazia consigo algum dinheiro e o homem  respondeu que trazia vinte ducados de prata numa bolsa de couro. Sancho mandou que ele entregasse o dinheiro à mulher, o que o homem fez muito a contragosto. A mulher pegou o dinheiro e agradeceu muito, pedindo a Deus pela saúde  do governador que se preocupava pelas órfãs necessitadas e donzelas. Saiu do tribunal segurando a bolsa com as duas mãos, mas antes examinou se as moedas eram mesmo de prata. Sancho, então,  falou para o homem que tinha os olhos cheios de lágrimas:
- Bom homem, correi atrás daquela mulher e tirai-lhe a bolsa, mesmo com o uso da força e voltai com ela aqui.
O homem se precipitou ao encalço da mulher e, depois de uma desesperada luta, não conseguiu arrancar-lhe a bolsa com o dinheiro. Voltaram ambos. Ela, com a saia levantada e com a bolsa no colo, enquanto bradava:
- Justiça de Deus e do mundo! Veja Vossa Mercê, senhor governador, a pouca vergonha e o pouco receio deste desalmado que, no meio da povoado e no meio da rua, me quis tirar a bolsa que Vossa Mercê me mandou dar.
Sancho pegou a bolsa e a devolveu ao porqueiro, enquanto dava sua sentença:
- Mana minha, se mostrásseis o mesmo alento e valor, que mostrastes na defesa desta bolsa, ou só a metade, para defender vosso corpo, nem as forças de Hércules vos violentariam. Ide com Deus e, em má hora, e não pareis nem nesta ilha, nem em seis léguas de contorno, sob pena de duzentos açoites. Ide já, repito, desavergonhada e embusteira.
A mulher saiu cabisbaixa e descontente e o governador disse para o homem:
- Ide com Deus para o vosso lugar e com o vosso dinheiro, e daqui por diante, se não quereis perde-lo, evite a vontade de namorar com ninguém.
O homem agradeceu-lhe penhorado e foi-se embora, enquanto os circunstantes ficaram admirados pela justeza das sentenças de seu novo governador.



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OPERAÇÃO KAABA – A sensacional narrativa do sequestro de um papa por terroristas islâmicos, no ano de 2035. Link: 

O FILHO DE ANITA – uma narrativa repleta de mistério e suspense. Impróprio para pessoas impressionáveis. Link:

MENINO TROPEIRO – As aventuras de um menino, no interior da Região Sul do Brasil. 

PROVÉRBIOS LATINOS – Sã0 440 dos mais famosos prevérbios da cultura humanística, com a tradução, pronúncia e exemplos de seu uso correto.  

 


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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

CRIME PASSIONAL: UM TIRO NO PÉ DE JK





                                   



Quando Juscelino Kubitschek era presidente da República, volta e meia a imprensa se referia a um problema que ele tinha no pé. Em muitas solenidades, quando precisava ficar muito tempo sentado, era comum ele descalçar o sapato, pois sentia fortes dores no pé direito. Ninguém especulava as causas desse desconforto, mas eu, um dia, consegui saber. Conheci um ilustre promotor público de Minas Gerais, homem que conhecia bem a história dos políticos mineiros e que me narrou o seguinte episódio

Juscelino Kubitschek, numa fase de sua vida, conhecera a mulher de um amigo e por ela se apaixonara, mantendo um tórrido romance com a distinta. O amigo, cujo nome não convém aqui revelar, no começo, não desconfiava de nada, até que um dia surpreendeu o casal em flagrante delito. Desesperado, sacou de um revólver e, mineiramente, deu um tiro no pé de Juscelino. Como todos os envolvidos faziam parte da elite social da capital mineira, o caso foi abafado, mas Juscelino ficou com as sequelas em seu pé. O marido traído logo esqueceu o episódio e até participou, posteriormente, dos vários governos de Juscelino, tirando dos mesmos, as devidas vantagens.