quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

O NATAL DE OUTROS TEMPOS, SEM A FIGURA DO PAPAI NOEL








Na minha infância, lá se vão os tempos, não se conhecia a figura do papai noel. As crianças eram orientadas  pelos pais a colocarem na porta da casa, antes de dormirem, um pratinho com milho ou capim. Era para o burrinho do Menino Jesus, pois era ele, o pequenino do Natal,  quem trazia os presentes. Ele vinha, montado em seu burrinho, deixava os presentes, o pequeno animal comia o milho ou capim e iam adiante. Ao acordar, a criançada corria em direção aos pratinhos e ali estava um presentinho bem simples, mas que fazia a alegria da garotada. Eram bolas, petecas, apitos, peças de roupa, gaitas de boca, bonecas de pano para as meninas. Eram presentes bem simples, porque a população da região era pobre. Fora isso, não havia mais nada no natal. Presépios nem árvores de natal eram montados. Também não havia missa do galo, porque o padre só vinha ao lugar, duas ou três vezes por ano.

Essa era uma tradição portuguesa, originária das Ilhas dos Açores, pois meu pai era descendente desse povo, que colonizou o litoral de Santa Catarina e trouxe consigo costumes e tradições daquelas longínquas ilhas. Ele era um professor primário, que dava aulas na região do Planalto catarinense, num povoado chamado Serro Negro, cuja população era formada, em sua maioria, por colonos italianos que viviam do cultivo da terra e da criação de pequenos animais. 




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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

NOITE FELIZ, A HISTÓRIA DA MAIS FAMOSA CANÇÃO DE NATAL, COMPOSTA HÁ MAIS DE 200 ANOS

 



"Stille Nacht ", traduzida para o português como "Noite Feliz", é uma das canções natalinas mais populares de todos os tempos. Foi escrita pelo padre Joseph Mohr, que pediu ao organista Franz Xaver Gruber que fizesse a música. Isso aconteceu no ano de 1818, na cidade de Oberndorf, na Áustria e foi executada pela primeira vez na Missa do Galo daquele ano na paróquia de São Nicolau.



A versão da letra em português surgiu em 1912, feita pelo frade franciscano Frei Pedro Sinzing, (foto) famoso escritor, de origem alemã, que escreveu numerosos livros em português, como a biografia de outro frade famoso,  Frei Rogérgio Nehaus, considerado o apóstolo do planalto catarinense, exercendo seu apostolado na cidade de Lages, Santa Catarina. Pedro se destacou como jornalista, musicista e ativista político, com uma obra intitulada: O Nazismo sem Máscara.

Mas, por falar em nazismo, o que os seguidores de Adolf Hitler achavam da canção Noite Feliz, feita em homenagem a um judeu, chamado Jesus Cristo. Eles fizeram uma letra para Noite Feliz, cujos primeiros versos dizia o seguinte:

"Tudo é calmo, tudo é esplendido./Apenas o Chanceler fica em guarda./ O futuro da Alemanha para vigiar e proteger./ Guiando nossa nação certamente!"/

                                                       

               Em cima, retrato do organista Franz Xaver Gruber, autor da música da canção Noite Feliz e, em baixo, retrato do padre Josef Mohr, autor da letra da referida música. Esta canção, traduzida para mais de 300 idiomas,  foi cantada por cantores famosos, como Bing Crosby, sendo vendidas 50 milhões de cópias de sua gravação. Alguns falam que foram vendidas 100 milhões de cópias desse disco. 




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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

A ÁGUIA, SÍMBOLO DO PODER ROMANO E DE OUTROS IMPÉRIOS

 


A águia era o  símbolo  do poder romano. A sigla SPQR significa: senatus populusque romanus ou seja – o senado e o povo romano. Este símbolo estava presente nos estandartes das legiões e em locais públicos da cidade, como edifícios públicos e privados e até mesmo nas tampas dos esgotos.

Os Estados Unidos também tem a águia como sinônimo de orientação,  sabedoria e poder, três valores marcantes, que se relacionam perfeitamente com esta ave. O povo americano tem muita relação com o poderio romano. Roma tinha o capitólio e os Estados Unidos também o tem. É um prédio imponente, no qual funciona o congresso com as diversas câmaras legislativas. O capitólio romano estava situado num das sete colinas e nele foi erguido o templo de Júpiter Capitolino, um dos lugares mais sagrados da antiga Roma.

A águia é também símbolo do partido nazista. Essa águia foi escolhida pelo partido alemão pelo fato de ser um símbolo universal de poder, força, autoridade e vitória, atributos que vão ao encontro da ideologia de superioridade nazista. Na foto, temos a águia, encimando a suástica, também símbolo do partido nacional socialista de Hitler, uma imagem que se tornou maldita face as atrocidades cometidas pelos membros desse partido.



Muitos países adotaram a águia como símbolo da identidade nacional, como é o caso da Alemanha e dos Estados Unidos. Essa ave imponente também  foi escolhida como símbolo do Santo Império medieval e também dos impérios Russo e Austríaco. 

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Estes livros estão à venda, por um preço simbólico, na amazon.com e você pode ler seus conteúdos no computador, tablet celular e outros. Para isto, basta clicar no link de cada livro e terá, logo, um resumo completo da obra. Se ler o resumo, vai ler o livro, temos certeza, porque todos eles são de leitura imperdível. R.H. Souza é ator do blog scripta e virtual, com mais de 150mil acessos. Agora, estamos ao alcance de leitores na área internacional, na qual o nosso blog já tem muitos participantes.

OPERAÇÃO KAABA – A sensacional narrativa do sequestro de um papa por terroristas islâmicos, no ano de 2035. 

O FILHO DE ANITA – uma narrativa repleta de mistério e suspense. Impróprio para pessoas impressionáveis.

MENINO TROPEIRO – As aventuras de um menino, no interior da Região Sul do Brasil. 

PROVÉRBIOS LATINOS – Sã0 440 dos mais famosos prevérbios da cultura humanística, com a tradução, pronúncia e exemplos de seu uso correto.  


 

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sábado, 27 de novembro de 2021

O BRUTAL ENVENENAMENTO DOS 6 FILHOS DE JOSEF E DE MAGDA GOEBBELS

 


Uma cena estarrecedora, até mesmo para os insensíveis soldados soviéticos, ao invadirem o bunker nazista de Hitler, na conquista de Berlim, foi certamente encontrarem as seis crianças, filhos de Goebbels e de sua mulher, Magda, deitados em diversas camas, como se estivessem dormindo. Mas não. Eles estavam mortos, envenenados por cianeto, pela própria mãe, com a concordância do pai e a colaboração de um médico nazista. Esse médico aplicou uma dose de morfina nas crianças, para que elas tivessem um sono profundo e, depois, a mãe injetou em suas bocas o pó de cianeto, das cápsulas que os nazistas usavam para se envenenarem, numa emergência. Era o dia 1 de maio de 1945, o dies ater para os nazistas. Dies ater (dia negro, tenebroso) era um termo usado pelos romanos para designar uma dia de grandes calamidades.
Nesse dia, Hitler e a esposa, Eva Braun, casaram perante um funcionário do reich e, em seguida, se suicidaram, com seus corpos, incinerados. Depois que envenenaram os filhos, o casal Goebbels também deu fim às próprias vidas.

Magda era amiga íntima de Hitler e uma fanática adepta do nacional-socialismo. Em certa oportunidade, quando o marido se encantou por uma artista de cinema, fazendo dela sua amante, Magda recorreu ao führer, que mandou Goebbels se desfazer da amante, sob pena de perder todos os cargos que ele tinha no governo. E foi prontamente obedecido e a referida amante, de nome  Lida Baarova, que até então tinha tido uma carreira de sucesso, caiu em desgraça, amargando o ostracismo.

Magda tinha suas razões para admirar o ditador, mas matar os próprio filhos era uma ato bárbaro sem precedentes. Na ocasião, ela afirmou que não haveria lugar para eles no mundo após o nacional-socialismo e que os soviéticos iriam levá-los para Moscou e transformá-los em adeptos do regime comunista. E o marido concordou com suas alegações.


Nas fotos, em cima, Goebbls e os seis filhos: 5 meninas e um menino. E, em baixo, a  "bondosa" mãe que matou os próprios filhos. 




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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

MARKETING, PALAVRA DE DIFÍCIL TRADUÇÃO, MAS O QUE ELA SIGNIFICA?



Todo mundo hoje fala de marketing: empresários, vendedores, consumidores, mas o que significa esta palavra?  O texto que segue, extraído do livro Vender é Preciso, explica detalhadamente as origens da palavra e o que ela significa. É um texto apropriado para novos e antigos empresários e todos vão saber porque alguns produtos alcançam o sucesso e outros fracassam. O texto também é apropriado para vendedores novos e antigos. É importante também saber que hoje, quem manda no mercado é o consumidor e não o fabricante. Precisamos aprender a vender melhor, porque os consumidores estão, cada vez mais, aprendendo a comprar

"Marketing significa verbalmente mercado em ação e é definido como “a disciplina que estuda os mercados, os produtos, as políticas e os planos comerciais, a organização de vendas e distribuição, as atividades publicitárias e de promoção e tudo o que diz respeito, direta ou indiretamente, ao fluxo dos produtos e dos serviços do produtor para o consumidor ou utilizador final, com o objetivo de garantir que todas as decisões da empresa tenham em conta as exigências dos clientes e as possibilidades de mercado e permitam à empresa realizar, com o mínimo de despesa, o máximo volume de vendas e de lucros”.(Manual do Vendedor Moderno de R. Butazzi e F. Ubaldini)

Mesmo antes do nascimento do produto, o marketing já desenvolve atividades, auscultando o mercado, pesquisando os concorrentes, procurando saber as necessidades do consumidor, para então estabelecer as características do produto. A seguir, irá estabelecer as áreas onde se encontram os clientes potenciais para o produto e que meios serão usados para alcançá-los, criando uma política de vendas, com a respectiva organização de vendas, com alocação de recursos para a publicidade e promoção de vendas.

O marketing  está presente em todas as etapas da vida do produto, orientando as empresas em todos os momentos. Vejamos um exemplo: Uma  empresa  pretende lançar no mercado uma nova marca de refrigerante, com sabor de frutas que já é sucesso em outros países. Mas o sucesso lá fora não significa que será bem sucedido aqui. A empresa tem que pesquisar para saber se o sabor do refrigerante é do agrado do consumidor, se a cor é atraente, se a embalagem se destaca, se é pratica e funcional, saber que faixas etárias poderão consumir o novo produto. Uma vez respondidas todas essas perguntas, através de pesquisas com preenchimento de questionários, o empresário tem elementos para estabelecer o mercado em que o produto será vendido, o sistema de distribuição, o preço, a campanha de publicidade que será criada para o mesmo, a promoção de vendas e outros detalhes.

Mesmo preenchidos todos os requisitos acima mencionados, o produto ainda poderá fracassar. Numerosos exemplos são conhecidos. O figurino foi seguido rigorosamente, todas as etapas foram preenchidas, o produto foi lançado, as vendas explodiram no primeiro momento, mas na reposição, o faturamento despencou.

Os exemplos de produtos que fracassaram são inúmeros, tanto aqui como no exterior. Em 1985, a Coca-Cola realizou uma pesquisa  para lançar um novo sabor de seu refrigerante. As pessoas provavam os dois sabores sem saber qual era  o novo e qual o velho e 55% dos entrevistados se mostraram a favor do novo. Depois, eram  informadas sobre qual era o novo e qual o antigo. 75% das pessoas preferiram o novo e só 23% preferiram o antigo. Foi lançado o novo sabor e foi um fracasso. Por quê? Os pesquisadores ficaram sem resposta para a pergunta.

 O escritor Lair Ribeiro, em seu livro Magia da Comunicação, afirma que “Eles, os pesquisadores, esqueceram a lei da escassez, segundo a qual quanto mais raro é um produto, mais desejado é ele pelo consumidor.” É possível que seja esse o motivo  do fracasso, no caso em questão.

Mas quais são as causas para o fracasso de um produto? Às vezes,  é  difícil  responder,  porque elas  podem ser numerosas. Vamos dar alguns exemplos.

Pode ser a concorrência que, ao tomar conhecimento do novo produto, trabalhou com grandes descontos, levando os varejistas a fazerem grandes estoques de suas marcas. Pode ser também a publicidade que não conseguiu transmitir as qualidades do novo produto ou não conseguiu atingir seu público alvo. Pode ser, finalmente, um fato novo surgido entre a pesquisa e o lançamento do produto, que mudou a maneira de pensar dos consumidores.

Nem sempre é fácil detectar as causas da morte de um produto. Os meios de comunicação exercem hoje uma influência extraordinária sobre as pessoas. A notícia sobre intoxicação de pessoas que consumiram determinada marca de produto alimentício provoca de imediato a queda nas vendas do produto em questão, como também nas vendas dos produtos similares dos concorrentes.

Na chamada economia de mercado, hoje globalizada, o marketing adquire uma dimensão nunca antes imaginada. São milhares de empresas, fabricando milhões de produtos, numa concorrência sem precedentes. Apenas, a título de ilustração, compa-remos a indústria automobilística no Brasil depois de  25 anos de seu surgimento.

Segundo o IBGE, em 1979 o Brasil tinha 4 montadoras de carros (Ford, GM, Volks e Fiat) fabricando 40 modelos. 25 anos depois já eram 10 montadoras que fabricavam 400 modelos.

O moderno consumidor tem hoje, além de opções de produto, opções de preços, de forma de pagamentos, de financiamentos. Os produtos, no Brasil, como em outros países, (carros, eletrodomésticos, alimentos) competem com produtos nacionais e com produtos importados,  produtos importados com outros importados.  Quem lucra com isso é o consumidor e o marketing é que indica às empresas o caminho a seguir.

O mercado é hoje uma verdadeira selva e o marketing é o guia que conduz o empresário na gestão de seus negócios. Ele faz levantamentos, acompanha a concorrência, orienta a fabricação, estabelece as metas de produção, planeja a publicidade e a promoção de vendas e direciona a equipe de vendas, através do treinamento para que sejam alcançadas as metas propostas pela empresa.

Todas as atividades de marketing conduzem a um só objetivo: facilitar a atividade de vendas, criando os meios adequados para o seu bom desempenho. Dentro  da   empresa   moderna,   o    Departamento de Marketing desempenha um dos mais importantes papéis, estando geralmente subordinadas a ele as atividades de vendas, pesquisa, treinamento de vendedores, publicidade e promoção de vendas.

No passado, o grande problema das indústrias era fabricar um produto, pois a tecnologia era rudimentar. Hoje, com os avanços tecnológicos, fabricar um produto deixou de ser um mistério. O nível de qualidade dos produtos praticamente se equivale. Veja o exemplo do mercado de televisores. A maioria dos equipamentos de TV colocados hoje no mercado apresenta índices de qualidade semelhantes, embora haja sempre alguma diferença entre um modelo e outro. Onde fica, então, essa diferença? Pode ser o sistema de vendas do produto, os prazos de garantia, preços menores, design sofisticado, assistência técnica. É o marketing que destaca o diferencial entre um produto e outro.

As diferenças entre os produtos podem também estar no acabamento, na assistência técnica, na qualidade da matéria-prima, nos rigorosos padrões de qualidade. O que também pode destacar um produto do outro pode ser a qualificação do vendedor, uma equipe bem treinada, capaz de prestar toda a assistência ao cliente.

Três aspectos do marketing são importantes: as pesquisas, os setores, os objetivos.

As pesquisas recolhem, classificam e analisam todos os dados necessários para orientar as atividades comerciais. Elas são quantitativas e qualitativas. As pesquisas quantitativas usam dados estatísticos (numéricos) muitas vezes disponíveis na própria empresa. Exemplo: Vou lançar um produto farmacêutico indicado para a pediatria. Para avaliar o potencial do mercado, vou levantar o número de pediatras existentes nas praças que a empresa pretende atingir, o número de concorrentes e o potencial de consumidores na faixa de preço do produto.

As pesquisas qualitativas realizam investigações e inquéritos psicológicos de nível variável sobre os consumidores.  Exemplo:  A empresa  está   lançando  um perfume no mercado e faz previamente uma pesquisa entre os consumidores que vão indicar sua opinião, para classificação do produto como ótimo, bom, regular. Na pesquisa qualitativa, a empresa procura a opinião do consumidor sobre o produto.

Os setores de interesse do marketing são os mercados, os produtos, a política de vendas, a organização de vendas, a publicidade e a promoção de vendas.

Os mercados são aqueles segmentos territoriais em que se encontram grupos ou classes de clientes. Exemplo: Área de uma cidade onde se localiza grande parte da classe A de determinada sociedade. Se a empresa vai montar uma loja de carros de luxo, importados, vai localizá-la na área de maior poder aquisitivo.

Um comerciante numa grande cidade brasileira montou uma sorveteria num bairro da cidade, cercado de colégios públicos e alguns particulares, confiando no mercado escolar. Vendia ali exclusivamente sorvete de uma marca famosa, mas de preço bem  elevado. Ele   investiu  um  bom dinheiro em máquinas e instalações  e o empreendimento fracassou, porque o poder aquisitivo da população escolar era baixo. O vendedor do fabricante de sorvete da que área não se apercebeu da situação e não alertou o cliente para o problema. Esqueceu também que a época era de crise e os pais não estavam conseguindo nem pagar as mensalidades de seus filhos nos colégios particulares. Resultado: antes de completar seis meses da inauguração, a loja fechou. Era uma loja bonita, com vendedores atenciosos, mas não resistiu à realidade do mercado.

Os produtos a serem lançados no mercado devem considerar os gostos, desejos e necessidades dos consumidores e não aqueles do fabricante e dos membros de sua família.

Quando foram lançados nos Estados Unidos em 1922 os primeiros carros da Ford, produzidos em série, o Modelo T, conhecido popularmente no Brasil como Ford Bigode, os consumidores não tinham outra opção. Ou compravam o carro ou ficavam com suas antigas charretes e carroças. Mas logo entraram outros fabricantes no mercado, produzindo outros modelos, atendendo outras faixas de consumidores, pois o modelo da Ford era um modelo popular. Anos mais tarde, o próprio Modelo T, fabricado para percorrer estradas ruins de antes da guerra, começou a se tornar obsoleto, porque era de aparência rústica e os consumidores queriam produtos mais sofisticados e confortáveis. As estradas eram melhores e consumidores de maior poder aquisitivo estavam no mercado. Havia até uma piada sobre o modelo T. “Um Ford é como uma banheira: é útil, mas ninguém quer ser visto dentro dela”.

Henry Ford, empolgado com o sucesso do modelo T, não queria lançar novos modelos. Chegou ao ponto de dizer que os compradores poderiam escolher qualquer cor para seus carros, desde que fosse o preto. Logo, ele teve que lançar um novo modelo (o modelo A) e em cores diversas, porque o consumidor já tinha  outras  opções, pois  outros fabricantes, como a General Motors  e a Crysler  ameaçavam  o  seu  império. A  teimosia de Ford, não acreditando no poder do consumidor, quase levou seu império à ruína. Ele entendia muito de mecânica, mas pouco de marketing.

A política de vendas. O marketing deve indicar a política de vendas a ser adotada com relação ao produto, para garantir à empresa os maiores lucros, no maior período de tempo possível

A organização de vendas compreende a formação da equipe de vendas e o sistema a ser adotado para alcançar os objetivos. A empresa define se vai fazer vendas diretas ao consumidor, se vai operar através de representantes, atacadistas e varejistas, se é venda por telemarketing.

Publicidade e promoção de vendas. Devem ser definidas as atividades de publicidade e promoção de vendas que são as mais adequadas para estimular os consumidores a comprarem o produto.

 Os objetivos do marketing são: especificar os mercados mais favoráveis à venda do produto; determinar o nível de produção mais adequado em função dos custos e do potencial do mercado; organizar a venda do produto produzido; programar e organizar a publicidade e as atividades de promoção de vendas.

Outrora, a preocupação com o lançamento de um produto era de ordem técnica. Hoje, é exatamente o contrário. A empresa procura inicialmente auscultar as necessidades e os desejos do consumidor, através de pesquisas, para depois lançar o produto de acordo com os desejos e as necessidades desse consumidor.

Quando Henry Ford dizia que os compradores de seu Ford T podiam escolher  qualquer cor para os seus carros, desde que fosse a cor preta, demonstrava desconhecer as regras do mercado. Ele estava preocupado com os seus problemas de produção e não com os desejos dos consumidores. As coisas tinham mudado e os concorrentes surgiam no mercado e ele  não queria se dar conta do problema.

O conceito de vendas mudou em sua essência. O foco não é mais a empresa nem o vendedor, mas o cliente.


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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

COMO CONHECI A BISNETA DE FRANZ LISZT DURANTE UMA EXCURSÃO MUSICAL PELO BRASIL

 


Franz Liszt, compositor húngaro,
considerado um dos maiores pianistas
de todos os tempos

Infelizmente, não me lembro do nome dela. Era uma jovem pálida, magra, mas muito inteligente. Com poucos meses de Brasil, falava fluentemente o português. Era exímia organista e compositora.  Acompanhada dos pais, visitou várias cidades brasileiras, no ano de 1954. Por onde passava, realizava concertos de órgão em igrejas, com grande afluência de público. Não sei quem financiava suas viagens e estadias, pois nos concertos nas igrejas não eram cobrados ingressos.

Nessa época, o autor deste blog estudava na cidade de Curitiba e teve a oportunidade de conhecer a famosa organista. Por solicitação de um grupo de senhoras da cidade, eu tinha composto um texto para um oratório sobre a vida de São Francisco de Assis. O oratório é uma peça para instrumentos musicais e cantores. As referidas senhoras tiveram a ideia de solicitar à jovem organista que escrevesse a música para o referido texto e ela o fez com muita competência, sem cobrar nada pelo trabalho. Foi, então, que eu tive a oportunidade de conhecer a bisneta do famoso Liszt. Fiquei impressionado com a sua simpatia e  inteligência.

Uma pequena orquestra de Curitiba e o coro dos frades do convento do Bom Jesus ficaram encarregados  da execução da obra. A apresentação foi  feita no teatro do colégio dos irmãos maristas, situado no centro da capital paranaense, com grande afluência de público. Um jovem tenor da cidade fez o papel principal do oratório, São Francisco, tendo sido muito elogiado pelo público que lotou as dependências do teatro. A compositora não teve oportunidade de assistir ao espetáculo, porque já se encontrava em outra cidade, seguindo a programação de espetáculos a que se propusera.

Franz Liszt (1811-1886), o bisavô da nossa organista, foi um uma grande celebridade de seu tempo, com sua presença em várias capitais europeias, em famosos concertos de piano, sendo considerado um dos maiores pianistas de todos os  tempos Sua obra mais famosa são as famosas Rapsódias Húngaras. Quando jovem, teve um de seus concertos assistido por Beethoven, que o beijou na testa no final da apresentação.

Liszt teve uma vida conjugal tumultuada, com várias mulheres em seu relacionamento. Em seus últimos anos, se refugiou na vida religiosa, ingressando na Ordem Terceira de São Francisco e passando a compor músicas de caráter religioso. Sua bisneta, certamente, herdou um pouco do talento do famoso bisavô.



                                              

O FILHO DE ANITA – uma narrativa repleta de mistério e suspense. Impróprio para pessoas impressionáveis. Veja o resumo do livro, acessando amazon.com.br




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sábado, 13 de novembro de 2021

MARA, A GUERRILHEIRA QUE PARTICIPOU DO SEQUESTRO DE UM PAPA



Leia, a seguir, um dos últimos capítulo do livro, Operação Kaaba, com destaque para o desempenho da guerrilheira, que tem o nome de Mara, e que foi treinada para enfrentar todo tipo de perigo, nas circunstâncias mais diversas. Ela é uma bela mulher, mas de alta periculosidade. Faz tudo em defesa da causa que abraçou. 

"Finalmente, chegou o dia da grande viagem. Naquela noite de sábado, o avião partiria com o papa e seus sequestradores rumo à etapa final desua via crucis. Mas, algumas horas antes de partirem da fortaleza, um acontecimento mudou um pouco a rotina de preparação da viagem. Os guardas, sempre atentos, avistaram um helicóptero se aproximando velozmente do castillo e pela sigla de identificação perceberam ser uma aeronave da CIN. A máquina sobrevoou a fortificação por duas vezes e depois desceu no pátio principal. Dela saiu Bob Müller, sorridente. Ele cumprimentou os guardas, de quem era conhecido, e foi recebido por Abdel como um reforço naquela emergência.

– Então, Abdel, foi você o único que se salvou do ataque à fazenda?

– Eu e Mara. Khaled e Fuad foram metralhados ao se dirigirem para o helicóptero e fomos forçados a levantar voo sem eles, para não colocar a operação toda a perder.

– De nada adiantaria, mesmo, pois pelo que vi na televisão, eles viraram uma peneira de tanto tiro que levaram e estavam irreconhecíveis. Mas como vão as coisas por aqui?

– Está tudo pronto para a partida. O avião sairá hoje à noite de uma pista perto de Caaguazú. Dentro de duas horas iremos para lá.

– Recebi ordens do chefe para dar toda a cobertura a vocês. Mas, agora, vou até o refeitório para comer alguma coisa, enquanto vocês fazem os últimos preparativos.

Ao entrar na casa principal, Bob se encontrou com Mara que preparava as malas para a viagem e lhe dirigiu um galanteio:

– Então, a nossa  odalisca vai  embora?  Esses árabes não sabem o que se pode fazer com uma mulher bonita como você. Eles não conhecem aquele preceito da Bíblia que diz: “não se jogam pérolas aos porcos”.

A jovem sorriu constrangida e continuou o trabalho de preparação da bagagem para a longa viagem.

Já estava tudo pronto para o embarque, quando os empre-gados acenderam as luzes do pátio da fortaleza, porque a noite se aproximava. Alguns deles ajudavam a carregar as malas até a aeronave. Abdel trazia, pessoalmente, as armas que sempre acompanhavam os terroristas e as colocou dentro de sacolas, junto aos assentos que lhes estavam reservados. O helicóptero tinha dois assentos largos para os passageiros, um voltado para o outro. O papa foi o primeiro a entrar. Sentou-se do lado esquerdo do banco de trás. Mara ficou no mesmo assento, próximo à porta. Abdel viajaria sentado de frente para ela.

Os guardas que faziam a proteção da propriedade se aproximaram do helicóptero para assistirem à decolagem, enquanto Bob Müller ficava próximo à porta da aeronave. Quando viu que Abdel saiu da casa e vinha para o embarque, virou-se para os guardas e disse:

– O que é isso, amigos? Todos armados perante S. Santidade, o Papa Pedro Paulo ? Não acham que é falta de respeito? Por favor, coloquem suas armas no chão e batam continência para o Sumo Pontífice.

Os guardas, meio confusos, pois não sabiam que estavam diante do papa, obedeceram e colocaram no chão as suas metralhadoras portáteis. Afinal, era uma ordem do comandante e devia ser cumprida. Nesse momento, Abdel se aproximou de Bob Müller para as despedidas, quando o americano sacou uma pistola 45 e apontou-a para o terrorista, dizendo, com um sorriso sarcástico:

– Um momento, amigo, nada de despedidas, pois houve uma mudança radical nos planos. Depois de muito pensar, resolvi mudar de lado e ficar com o Sumo Pontífice, pois, afinal de contas, ele vale um milhão de dólares e vou levá-lo ao Brasil, enquanto você, meu amigo, não vale nada.

Mal acabou  de proferir  as últimas palavras, disparou dois tiros à queima roupa, projetando para trás o corpo do jovem terrorista, enquanto Bob Müller ordenava aos guardas que recuassem e se afastassem das armas, o que eles fizeram prontamente. Neste momento, Mara, que já desconfiava de Bob Müller, quando ele mandou os guardas arriarem as armas no chão, saltou do helicóptero e, com as mãos nos quadris, se colocou, atrevidamente, bem em frente ao americano.

– Agora – gritou ela – é a minha vez! Pode atirar!

– Não, para você eu tenho planos bem melhores, minha odalisca, desde que se comporte bem.

Mara vestia uma calça jeans, com um largo cinturão, que tinha no lugar da fivela um enfeite de metal, em relevo, bem destacado. Num movimento imperceptível, ela pressionou com a mão direita uma placa de metal de uns dez centímetros como se fosse um adorno aplicado ao cinto. A peça saltou para a posição perpendicular ao cinto e, preso a ela, surgiu um pequeno cilindro. Ela acionou um botão do lado esquerdo e um projétil partiu do cilindro, provocando pequena explosão e acertou em cheio a barriga de Bob Müller, distante a menos de um metro da jovem. Enquanto caía, ele ainda fez graça.

– O que é isso, odalisca...logo eu que gostava tanto do teu cinto...

Toda a operação demorou alguns segundos. Tratava-se, na verdade, de uma engenhosa arma usada por algumas mulheres guerrilheiras. Era uma espécie de mini míssil, com projétil que se fragmentava ao penetrar o corpo da vítima e lhe causava queimação e hemorragia instantânea, deixando-a completamente sem ação. As coisas se sucederam tão rapidamente, deixando todos paralisados diante da cena. O papa levou um grande susto e ficou extremamente pálido e foi preciso algum tempo para se restabelecer.

Mara tirou sua metralhadora da sacola e ficou atenta, enquanto o americano agonizava, dizendo coisas incompreensíveis. Abdel jazia morto, numa poça de sangue. Os guardas recuperaram as próprias armas e ficaram de prontidão, pois não sabiam se  Bob Müller  lhes tinha preparado outras surpresas. Mara voltou-se para eles e pediu que sepultassem os mortos. O papa, já recuperado do susto, pediu um tempo a Mara, desceu do helicóptero e se aproximou dos corpos de Abdel e Bob Müller e fez uma oração, sendo acompanhado por todos. Depois, retornou ao helicóptero.

Mara, já recuperada do susto, caiu na realidade. Como, sozinha,  iria, agora,  conduzir o prisioneiro até seu destino final. Aproximou-se de Domingos Ignácio Rodrigues, o administrador da fortaleza, e lhe expôs o problema. Este falou:

- A solução para isso é formarmos uma pequena escolta para acompanhá-la até o final da viagem.

- Acho que é a solução mais acertada, pois as forças armadas brasileiras vão tentar libertar o prisioneiro, agora sob minha responsabilidade, pois os meus companheiros estão todos mortos.

- Vou telefonar para o D. Herrera e pedir autorização. Tenho um grupo de homens muito competentes para desempenhar essa tarefa.

Domingos se dirigiu a seu escritório e telefonou para o chefão da CIN e retornou com sua aprovação para o envio da escolta de ajuda a Mara na difícil missão de conduzir o papa até o seu destino final.

A seguir, Domingos escolheu três de seu melhores homens e mandou que se preparassem para uma longa jornada, pois iriam acompanhar a jovem guerrilheira até o Oriente Médio, conduzindo seu valioso prisioneiro. Os homens foram instruídos como agir, no caso de um confronto com as forças legais para libertação de Juliano Monteverde.

Os guardas selecionados por Domingos, tomaram acento no helicóptero e Mara deu ordem para a partida."



OPERAÇÃO KAABA – A sensacional narrativa do sequestro de um papa por terroristas islâmicos, no ano de 2045. Veja mais detalhes no site:amazon.com.br



terça-feira, 9 de novembro de 2021

O LIVRO, O FILHO DE ANITA, É UMA EXTRAORDINÁRIA HISTÓRIA DE MISTÉRIO E SUSPENSE






O livro O FILHO DE ANITA de R.H. Souza, autor do blog scripta e virtual é uma história de suspense e mistério, com personagens marcantes e momentos de grande dramaticidade, segundo opinião de especialistas. Publicamos o capítulo 18 do livro para o leitor avaliar a opinião dos especialistas mencionados. É uma narrativa que tem como cenário uma região do Sul do Brasil, numa época conturbada (anos 20 e 30) quando seus habitantes foram vítimas da chamada Guerra do Contestado, que fez mais de 20 mil vítimas. Essa guerra foi o resultado do descaso das autoridades do país, com políticas excludentes, que mergulharam suas poluções na mais absoluta miséria, propiciando o surgimento de líderes fanáticos, imbuídos de um falso messianismo, criando um ambiente de crendice e elevado misticismo.

 
 
A seguir, o capítulo 18 de O Filho de Anita.

"Os dias de Anita na Toca do Diabo transcorriam com relativa tranquilidade, mas as noites eram tempestuosas. Ela tinha horríveis pesadelos, sonhava que Firmino Constantino a violentava, que Nefasta a encarava com aquele olhar frio e cortante, acompanhado de sonoras gargalhadas. Soldante rosnava próximo de seu rosto e ela caía do  cavalo,  só  que  a  queda era num abismo profundo. Em seus pesadelos via os peões da fazenda, como zumbis, parados à volta de seu leito, observando-a. Quando acordava de manhã, estava suada e cansada, com os pensamentos embaralhados. Nesses momentos, não se lembrava bem da mãe e do irmão, de Ricardo, seu noivo, cujo assassinato ela desconhecia, nem de Frei Gaspar e dos empregados da Fazenda Santa Bárbara. Seus pensamentos se alternavam entre lucidez momentânea e períodos de grande confusão e perda de memória.

       Mais ou menos uma semana depois do sequestro, próximo da hora do jantar, Nefasta entrou no quarto de Anita e disse:

       – Hoje, o Poderoso te convida para jantar com ele, convite que naturalmente não podes recusar. Primeiro, tomas o teu banho e depois irás vestir as mais lindas roupas que estão ali naquele armário. Podes ficar tranquila que eu irei te ajudar. Em primeiro lugar, vou preparar a água do banho.

       – Por que esse convite, repentinamente?

       – Ele não convida qualquer um para jantar e este é um jantar importante, porque hoje é o dia do seu aniversário e serás a convidada de honra.

         – Aniversário? Eu não sabia.

       – Ele mandou preparar algo muito especial, porque, além do aniversário, ele gosta muito de ti, Anita. Por favor, não o decepcione. Hoje, ele está muito feliz e tu fazes parte dessa alegria.

       Nefasta se retirou e mandou as empregadas trazerem a água para o banho da sua princesa. Depois que a grande banheira estava cheia, a Governanta colocou sais perfumados e espalhou pétalas de flores sobre a água e disse para Anita iniciar o banho, enquanto ela escolhia no armário o traje para o jantar.

         Quando terminou de banhar-se, Anita entrou no quarto com uma toalha lhe envolvendo o corpo. Sobre a cama já estavam arrumadas as  vestes  que  deveria  usar  para  o  misterioso  jantar.  Nefasta iniciou, então, um verdadeiro tratamento de beleza, executado por mãos hábeis, demonstrando grande conhecimento no desem-penho da tarefa. Começou pelos cabelos, que foram escovados e depois friccionados com óleos especiais. Para amaciar a pele, usou cremes perfumados, além de cosméticos apropriados para os olhos, os lábios e as faces. Eram produtos importados e Anita, que aprendera francês com a freiras em Lages, viu nas embalagens que se tratava de produtos procedentes de Paris, das mais famosas marcas. Só não entendia como eles tinham chegado até a Toca do Diabo.

       Depois que a princesa vestiu a lingerie  íntima, Nefasta colocou sobre seu corpo um longo vestido de seda vermelho,  de  finíssimo acabamento, envolvendo-lhe a cintura com um cinto  bordado a ouro. Calçou-lhe as meias de seda e nos pés lhe colocou finos sapatos de salto alto, última moda em Paris, de acordo com suas palavras. Para adornar o colo, Anita recebeu um colar de faiscantes diamantes.

       A governanta se afastou um pouco para ter uma visão de corpo inteiro de sua pupila. Voltou ao armário e trouxe uma luxuosa pele de chinchila que colocou sobre os ombros da jovem e nos cabelos lhe assentou um delicado diadema de ouro. Finalmente, trouxe um pequenino frasco de perfume francês e aplicou-lhe algumas gotículas nos braços e pescoço. Só então proclamou:

       – Agora, estás uma princesa de verdade, digna do nosso Todo Poderoso, porque estás verdadeiramente linda, minha querida. Olha no espelho e terás certeza do que eu digo.

         Anita, vendo-se no grande  espelho que ficava a um canto do quarto, ficou fascinada pela própria beleza e dissipou-se a nuvem de ansiedade que lhe toldava o espírito diante do inusitado convite para o jantar. Mas um pensamento de repente aflorou do subconsciente: ”De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma?”. Sua alma poderia estar em perigo diante de tanto luxo e vaidade. E foi a governanta quem a trouxe de volta à realidade:

       – Está na hora, princesa. Vamos entrar que o Poderoso te espera com muita ansiedade.

       Nefasta abriu a porta do quarto e Anita entrou pelo pequeno corredor e foi em direção à sala de jantar, feericamente iluminada. A grande mesa estava posta, coberta por uma linda toalha de linho branco, a baixela era de prata reluzente, os pratos da mais fina porcelana. Os copos, de cristal finíssimo, rebrilhavam à luz das velas e os talheres eram de ouro. As cabeceiras da mesa estavam preparadas para receber apenas dois comensais. Anita ficou aturdida com tanto luxo e suntuosidade. Foi então que um vulto saiu do quarto de hóspedes e bateu palmas entusiásticas. Era Firmino Osório Constantino, o Poderoso.

       – Parabéns, minha querida! Como estás linda e maravilhosa  nessas roupas  que eu  mandei buscar em Paris, especialmente para ti, no dia de hoje.

         Firmino vestia calças de veludo escuro, com uma linda camisa branca de cambraia, sobre a qual ostentava um colete também de veludo. Do pescoço lhe pendia um pesado cordão de ouro. Calçava finos sapatos de cromo alemão, com polainas de pele de castor. Aproximou-se de Anita e a conduziu pelo braço até uma das cabeceiras da mesa, acomodando-a na cadeira, enquanto falava:

       – Hoje, minha querida, estou feliz, porque é um grande dia para todos nós.

       – Meus parabéns pelo seu aniversário.

       – Obrigado, minha querida, muito obrigado, mas estamos festejando muito mais do que o meu aniversário.

       –  Mais o quê?

       – Por enquanto é segredo. Logo, logo saberás de tudo. O importante agora é este jantar festivo. Mandei preparar um cardápio digno dos maiores maitres, acom-panhado também de um bom vinho francês.

       – Por que tudo aqui é ligado à França? – perguntou Anita. – São francesas as roupas que visto, franceses são os perfumes, agora até a comida e o vinho...

       – Porque a França, minha querida, particularmente Paris, é a terra da arte, da beleza, das mulheres bonitas e, principalmente, minha cara, é a terra do prazer e do pecado.

       Ao pronunciar as últimas palavras, o Poderoso sorriu maliciosamente, enquanto se dirigia para o seu lugar, na outra cabeceira da mesa. Fez então sinal para que Nefasta e as criadas começassem a servir o jantar, na verdade um suntuoso jantar com iguarias raras que Anita nunca imaginara que pudessem ser preparadas naquele fim de mundo. Quando foi servido o vinho, Firmino ergueu um brinde à saúde de Anita e à sua própria saúde, pois, afinal, o aniversariante era ele.

       Já no final do jantar, Anita tinha bebido duas taças de vinho e Nefasta  lhe  serviu  mais uma. Neste  momento,  Firmino olhava para a jovem, fixamente,  e ela começou a ficar perturbada, pois se sentia hipnotizada por aqueles olhos penetrantes. Ela caiu numa espécie de torpor, enquanto seu corpo era tomado de intenso prazer e bem-estar, como nunca antes acontecera.

       De repente, a jovem começou a ouvir uma música em ritmo alucinante, ao mesmo tempo em que entravam no recinto numerosas figuras de mulheres  semidespidas,  muito formosas, que lembravam as ninfas da mitologia e começaram a dançar ao ritmo frenético da música.  Depois, entraram  sátiros,  seres lascivos, com corpo humano e pernas e pés de bode, que também aderiram ao ritmo diabólico. Na regência daquele baile infernal, estava Firmino, o Poderoso, que dava gargalhadas e servia taças e mais taças de vinho a todos,  enquanto ele mesmo rodopiava em meio ao turbilhão de prazer e orgia. As ninfas se aproximavam de Anita e lhe exibiam os corpos seminus, de seios desnudos e Nefasta gritava: “Mais vinho, toma mais vinho, princesa!”, enquanto enchia sua taça até o líquido transbordar e escorrer pela toalha da mesa. Era uma dança  sensual, lasciva e libidinosa.

       Anita não tinha mais noção de tempo e espaço, enquanto prosseguia a dança alucinante.  Firmino se aproximou dela e puxou-a pelo braço, obrigando-a a participar do ritmo frenético e ela começou a dançar, dançar, volutear, enquanto os sátiros agarravam as ninfas e as arrastavam brutalmente para os cantos da sala e as possuíam ali, à vista da platéia, que aplaudia. Depois, todos voltavam ao centro da sala e bailavam, bebendo novas taças de vinho que Firmino lhes oferecia, enquanto bradava: “Viva o prazer, viva o sexo, viva a lascívia, viva o pecado!”. E eles, em coro, respondiam: “Viva o prazer, viva o sexo, viva a lascívia, viva o pecado e viva o nosso Senhor Todo Poderoso, a quem rendemos honra e glória”.

       Anita foi despertada daquele pesadelo pela voz de Nefasta:

       – Minha princesa, está na hora de dormir, pois estás muito cansada. Já preparei tua cama e podes te recolher.

       A jovem olhou à volta e a sala estava como no início  do  jantar. Firmino continuava em seu lugar, enquanto bebia lentamente mais uma taça de vinho. Anita perguntou:

       – E aquela gente toda que estava aqui?

       – A que gente te referes? – perguntou Nefasta, enquanto o Poderoso sorria satisfeito.

       – Tinha muita gente aqui: mulheres, seres esquisitos, sátiros, ninfas. Todos bebiam, dançavam e praticavam atos pecaminosos.

       – É o vinho, minha querida – acrescentou Firmino. – Bebeste um pouco além da tua resistência.

       Anita se despediu  de  Firmino  e  se  retirou  para o quarto, acompanhada de Nefasta, que a ajudou a trocar os trajes de festa por roupas de dormir. Colocou-lhe sobre o corpo uma camisola muito sensual que lhe deixava os seios praticamente à mostra. Depois, falando baixinho, completou:

       – Tenho certeza de que desta, ele vai gostar.

       Anita não chegou a prestar atenção às últimas palavras de Nefasta. Deitou-se e caiu logo em sono profundo, pois o vinho que bebera parecia funcionar como forte narcótico. Quando acordou, na manhã seguinte,  a jovem  viu Firmino Constantino saindo   do quarto de banho, vestindo as roupas que costumava usar na fazenda. Teve a sensação de que alguém dormira na cama com ela, pois o travesseiro e as cobertas estavam revirados e ela estava nua sob as cobertas. Sua camisola jazia aos pés da cama. Muito nervosa, perguntou:

       – O que fazes aqui? Por que estou sem a minha roupa de dormir?

       – Nefasta me disse que o vinho te subiu a cabeça e tiveste uma noite agitada e chegaste a arrancar as roupas do corpo. Isso é muito comum em pessoas não acostu-madas com umas taças de vinho. E ontem, tiveste até alucinações, lembras-te?  Prometo nunca mais te oferecer vinho. Sinto-me culpado.

       – E o que fazes aqui no meu quarto?

       – Ora, Anita, estes são os meus aposentos. Eu lavava o rosto aqui no quarto de banho, quando acordaste. Não fiques preocupada, pois não vou te causar nenhum mal.

       A essa altura da conversa Nefasta entrou nos aposentos e confirmou para a jovem as turbulências da noite, quando ela se livrou das roupas e procurou convencê-la de que tudo não passara de um sonho agitado, provocado pelo vinho e acrescentou:

       – Deixei-a dormir, assim, à vontade, para não acordares.

       – Chega de conversa – completou Firmino. – Sai logo dessa cama, Anita, pois hoje quero tomar o café da manhã contigo. Já pedi a Nefasta para preparar uma suculenta refeição matinal.

       Anita não se atreveu recusar o convite do Poderoso, pois era mais uma ordem do que um convite. Levantou-se, procurou uma das luxuosas  roupas  no  armário e,  momentos  depois,  surgiu  na  sala  de refeições onde Firmino a aguardava com uma farta mesa para o café da manhã.

       – Sabes, Anita, estás linda como sempre. Com esses trajes, pareces uma dama francesa a desfilar pelos cafés de Paris. Sei que não conheces Paris, mas não perdes nada para suas belas mulheres.

       – Eu não conheço Paris, mas o sr. a conhece?

       – Eu conheço o mundo todo, minha menina, mas senta-te aqui bem próximo de mim, que Nefasta vai te servir. E, por favor, não me chames de senhor.

       Terminado o café, Firmino ordenou a Anita que trocasse os trajes luxuosos por sua roupa de montaria, pois iriam dar um passeio a cavalo, para que ela conhecesse a fazenda e as riquezas que ela abrigava. Firmino mandou selar os cavalos, sendo que o de Anita era um garboso cavalo branco, enquanto Firmino montava seu corcel negro, um soberbo animal, irrequieto e perigoso.

       Os cavaleiros saíram pela porteira dos fundos da casa da fazenda e percorreram alguns metros até o alto de uma  colina, de  onde se descortinava um belo panorama. Eram campos e mais campos, ao longo do rio, até se perderem no horizonte, com verdes pastagens por onde circulava o gado. Eram animais bem tratados, de raças europeias, sob os cuidados de vaqueiros zelosos. Uns davam-lhes sal, em cochos colocados em locais estratégicos, outros, próximo a um braseiro, faziam a marcação das reses mais novas, com ferro em brasa, sempre com as inicias FC do todo poderoso Firmino Constantino. Alguns vaqueiros galopavam atrás de novilhos arredios que se separavam do grupo. Depois de um prolongado silêncio, Firmino falou:

       – Vê, Anita, isso tudo não é maravilhoso? Vê as pastagens exuberantes, observa  como  são  saudáveis e numerosos os animais e como são diligentes os meus vaqueiros. Foram todos escolhidos a dedo, por mim, pessoalmente.

         – Na verdade, eu nunca tinha visto uma fazenda como esta. Acho que não existe nada igual nesta região. Só não entendo como eu nunca tenha ouvido falar dela, sendo tão próxima da fazenda da minha família.

       – O segredo é a alma do negócio. Sabes, Anita, tudo isso que  vês poderá um dia te pertencer.

       – Mas a que preço?

       – Bem, tudo tem seu preço. E o preço do que vês, saberás no momento apropriado.

         Em seguida, esporeou o cavalo e, seguido de Anita, desceu a colina em direção a um rebanho de ovelhas que um daqueles vaqueiros esquisitos apascentava. Eles não falavam, nem olhavam para as pessoas. Ao ver alguns cordeiros que saltitavam à volta das mães, Firmino falou para o empregado:

       – Aqueles dois ali, tu reservas para mim...

       – Reservar para quê? – perguntou Anita.

       – Eles proporcionam um bom assado – respondeu Firmino, e seguiu adiante.

       O sol já estava a pino quando retornaram à fazenda. Deixaram os animais nas cavalariças e se dirigiram à sede da propriedade, passando antes pelo grande galpão, que ficava aos fundos da casa. Ali se encontrava Nefasta com algumas criadas, que varriam o chão, limpavam os móveis, como se preparassem o ambiente para uma grande festa. Num canto do galpão, estava  montado um estrado de madeira, coberto com tapete  vermelho  e  sobre  o  qual  fora  colocada  uma  grande cadeira, toda trabalhada em madeira de lei. Alguns metros à frente do estrado era preparada uma mesa que mais lembrava um altar.

       – Vão dar uma festa, aqui? – perguntou Anita a Firmino.

       – Não é uma festa, mas uma reunião que costumo fazer mensalmente com todos os  empregados  para  comemorar  os   bons resultados comerciais da proprie-dade. É uma reunião exclusiva, para a qual não convidamos estranhos. Na verdade, não passa de uma grande confraternização entre todos aqui da fazenda, que faremos amanhã à noite.

         Anita achou tudo  muito  estranho  e  imaginou  que algo muito grave estava por acontecer naquele galpão e foi tomada de intenso temor. Dirigiu-se a seus aposentos para se preparar para o almoço com Firmino, cujo convite não tinha coragem de recusar. Ela percebeu que aquele homem era perverso e a dominava por completo, assim como dominava a todos que o cercavam. Precisava cortar as amarras e se livrar dele. Não lhe saíam da mente as imagens da festa de aniversário de Firmino, nem aquele ritmo diabólico. Aquilo não fora um sonho, mas algo real, preparado por uma mente poderosa e doentia.

         Quando a noite chegou, Anita resolveu se recolher mais cedo. Logo dormiu e teve um sonho que ela interpretou como um aviso. Ela viu um grande foco de luz e no meio dele lhe apareceu a  figura humilde de Frei Gaspar, que dela se aproximou, colocou a mão sobre sua cabeça e lhe disse:

       – Anita, é preciso que saibas que Firmino Constantino é a reencarnação do Demônio. Ele já te causou grandes males e planeja coisas piores para teu corpo e para tua alma. Precisas te livrar dele, o quanto antes. Amanhã à noite, ele vai realizar uma cerimônia maldita em  companhia de seus asseclas. Quando eles estiverem no auge da cerimônia, por volta da meia-noite, todos estarão ocupados. Segue até à beira do rio, desce pela ribanceira e encontrarás uma canoa amarrada num galho de árvore. Deves entrar na canoa e remar a favor da correnteza, até estares bem longe daqui. Deus a guiará pelo caminho.

         Anita acordou sobressaltada e não viu mais a figura de Frei Gaspar. O sonho reforçou ainda mais a sua vontade de evadir-se daquele lugar. Mas teria que agir com cautela, pois sabia que era vigiada  constantemente  por  Nefasta  e pelo  temido Soldante. E ela ainda tinha bem claras em sua mente as palavras da governanta, no dia em que chegou à fazenda: “Qualquer traição é punida com muito rigor”.

       A jovem costumava passear, todos os dias, num gramado ao lado da sala de jantar para apanhar sol, pois Nefasta  lhe dera essa permissão. Depois do sonho que tivera, durante o passeio, naquela manhã, ela se aproximou um pouco mais do rio que margeava a propriedade e chegou bem perto da ribanceira, que ficava a uns 100 metros da casa. Olhando lá de cima, pôde constatar que existia, sim, lá em baixo, uma canoa, presa a um galho de árvore, conforme ouvira da boca de Frei Gaspar, durante o sonho. O fato veio reforçar ainda mais a sua decisão de fugir da Toca do Diabo, pois sentia que estava em grande perigo, mas amparada por uma grande força espiritual."


                                              

O FILHO DE ANITA – uma narrativa repleta de mistério e suspense. Impróprio para pessoas impressionáveis. Veja o resumo do livro, acessando: amazon.com.br