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O blog da cultura e do conhecimento. Inicio com trecho do poema de Gonçalves Dias, Y- Juca Pirama: - Assim, o Timbira, coberto de glória/ Guardava a memória/ Do moço guerreiro, do velho tupi./ E à noite nas tabas,/ se alguém duvidava/ Do que ele contava/ Dizia prudente:“Meninos, eu vi”. Eu também vi muita coisa e vou contar, neste blog, para vocês. Por favor, faça seus comentários e torne-se um seguidor de meu blog. E-mail do autor: vsom01@yahoo.com.br
quinta-feira, 9 de dezembro de 2021
O NATAL DE OUTROS TEMPOS, SEM A FIGURA DO PAPAI NOEL
segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
NOITE FELIZ, A HISTÓRIA DA MAIS FAMOSA CANÇÃO DE NATAL, COMPOSTA HÁ MAIS DE 200 ANOS
Em cima, retrato do organista Franz Xaver Gruber, autor da música da canção Noite Feliz e, em baixo, retrato do padre Josef Mohr, autor da letra da referida música. Esta canção, traduzida para mais de 300 idiomas, foi cantada por cantores famosos, como Bing Crosby, sendo vendidas 50 milhões de cópias de sua gravação. Alguns falam que foram vendidas 100 milhões de cópias desse disco.
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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021
A ÁGUIA, SÍMBOLO DO PODER ROMANO E DE OUTROS IMPÉRIOS
A águia era o símbolo do poder romano. A sigla SPQR significa: senatus populusque romanus ou seja – o senado e o povo romano. Este símbolo estava presente nos estandartes das legiões e em locais públicos da cidade, como edifícios públicos e privados e até mesmo nas tampas dos esgotos.
Os Estados Unidos também tem a águia como sinônimo de orientação, sabedoria e poder, três valores marcantes, que se relacionam perfeitamente com esta ave. O povo americano tem muita relação com o poderio romano. Roma tinha o capitólio e os Estados Unidos também o tem. É um prédio imponente, no qual funciona o congresso com as diversas câmaras legislativas. O capitólio romano estava situado num das sete colinas e nele foi erguido o templo de Júpiter Capitolino, um dos lugares mais sagrados da antiga Roma.
A águia é também símbolo do partido nazista. Essa águia foi escolhida pelo partido alemão pelo fato de ser um símbolo universal de poder, força, autoridade e vitória, atributos que vão ao encontro da ideologia de superioridade nazista. Na foto, temos a águia, encimando a suástica, também símbolo do partido nacional socialista de Hitler, uma imagem que se tornou maldita face as atrocidades cometidas pelos membros desse partido.
Muitos países adotaram a águia como símbolo da identidade nacional, como é o caso da Alemanha e dos Estados Unidos. Essa ave imponente também foi escolhida como símbolo do Santo Império medieval e também dos impérios Russo e Austríaco.
Estes livros estão à venda, por um preço simbólico, na amazon.com e você pode ler seus conteúdos no computador, tablet celular e outros. Para isto, basta clicar no link de cada livro e terá, logo, um resumo completo da obra. Se ler o resumo, vai ler o livro, temos certeza, porque todos eles são de leitura imperdível. R.H. Souza é ator do blog scripta e virtual, com mais de 150mil acessos. Agora, estamos ao alcance de leitores na área internacional, na qual o nosso blog já tem muitos participantes.
OPERAÇÃO KAABA – A sensacional narrativa do sequestro de um papa por terroristas islâmicos, no ano de 2035.
O FILHO DE ANITA – uma narrativa repleta de mistério e suspense. Impróprio para pessoas impressionáveis.
PROVÉRBIOS LATINOS – Sã0 440 dos mais famosos prevérbios da cultura humanística, com a tradução, pronúncia e exemplos de seu uso correto.
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sábado, 27 de novembro de 2021
O BRUTAL ENVENENAMENTO DOS 6 FILHOS DE JOSEF E DE MAGDA GOEBBELS
Nas fotos, em cima, Goebbls e os seis filhos: 5 meninas e um menino. E, em baixo, a "bondosa" mãe que matou os próprios filhos.
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quinta-feira, 18 de novembro de 2021
MARKETING, PALAVRA DE DIFÍCIL TRADUÇÃO, MAS O QUE ELA SIGNIFICA?
Todo mundo hoje fala de marketing: empresários, vendedores, consumidores, mas o que significa esta palavra? O texto que segue, extraído do livro Vender é Preciso, explica detalhadamente as origens da palavra e o que ela significa. É um texto apropriado para novos e antigos empresários e todos vão saber porque alguns produtos alcançam o sucesso e outros fracassam. O texto também é apropriado para vendedores novos e antigos. É importante também saber que hoje, quem manda no mercado é o consumidor e não o fabricante. Precisamos aprender a vender melhor, porque os consumidores estão, cada vez mais, aprendendo a comprar
"Marketing significa verbalmente mercado em ação e é definido como “a disciplina que estuda os mercados, os produtos, as políticas e os planos comerciais, a organização de vendas e distribuição, as atividades publicitárias e de promoção e tudo o que diz respeito, direta ou indiretamente, ao fluxo dos produtos e dos serviços do produtor para o consumidor ou utilizador final, com o objetivo de garantir que todas as decisões da empresa tenham em conta as exigências dos clientes e as possibilidades de mercado e permitam à empresa realizar, com o mínimo de despesa, o máximo volume de vendas e de lucros”.(Manual do Vendedor Moderno de R. Butazzi e F. Ubaldini)
Mesmo antes do
nascimento do produto, o marketing já
desenvolve atividades, auscultando o mercado, pesquisando os concorrentes,
procurando saber as necessidades do consumidor, para então estabelecer as
características do produto. A seguir, irá estabelecer as áreas onde se
encontram os clientes potenciais para o produto e que meios serão usados para
alcançá-los, criando uma política de vendas, com a respectiva organização de
vendas, com alocação de recursos para a publicidade e promoção de vendas.
O marketing está presente em todas as etapas da vida do
produto, orientando as empresas em todos os momentos. Vejamos
um exemplo: Uma empresa pretende lançar no mercado uma nova marca de
refrigerante, com sabor de frutas que já é sucesso em outros países. Mas o
sucesso lá fora não significa que será bem sucedido aqui. A empresa tem que
pesquisar para saber se o sabor do refrigerante é do agrado do consumidor, se a
cor é atraente, se a embalagem se destaca, se é pratica e funcional, saber que
faixas etárias poderão consumir o novo produto. Uma vez respondidas todas essas
perguntas, através de pesquisas com preenchimento de questionários, o
empresário tem elementos para estabelecer o mercado em que o produto será
vendido, o sistema de distribuição, o preço, a campanha de publicidade que será
criada para o mesmo, a promoção de vendas e outros detalhes.
Mesmo preenchidos todos os
requisitos acima mencionados, o produto ainda poderá fracassar. Numerosos
exemplos são conhecidos. O figurino foi seguido rigorosamente, todas as etapas
foram preenchidas, o produto foi lançado, as vendas explodiram no primeiro
momento, mas na reposição, o faturamento despencou.
Os exemplos de produtos que
fracassaram são inúmeros, tanto aqui como no exterior. Em
O escritor Lair Ribeiro, em seu livro Magia da Comunicação, afirma que “Eles, os
pesquisadores, esqueceram a lei da escassez, segundo a qual quanto mais raro é
um produto, mais desejado é ele pelo consumidor.” É possível que seja esse
o motivo do fracasso, no caso em
questão.
Mas quais são as
causas para o fracasso de um produto? Às vezes,
é difícil responder,
porque elas podem ser numerosas.
Vamos dar alguns exemplos.
Pode ser a
concorrência que, ao tomar conhecimento do novo produto, trabalhou com grandes
descontos, levando os varejistas a fazerem grandes estoques de suas marcas.
Pode ser também a publicidade que não conseguiu transmitir as qualidades do
novo produto ou não conseguiu atingir seu público alvo. Pode ser, finalmente,
um fato novo surgido entre a pesquisa e o lançamento do produto, que mudou a
maneira de pensar dos consumidores.
Nem sempre é fácil detectar as
causas da morte de um produto. Os meios de comunicação exercem hoje uma
influência extraordinária sobre as pessoas. A notícia sobre intoxicação de
pessoas que consumiram determinada marca de produto alimentício provoca de
imediato a queda nas vendas do produto em questão, como também nas vendas dos
produtos similares dos concorrentes.
Na chamada
economia de mercado, hoje globalizada, o marketing adquire uma
dimensão nunca antes imaginada. São milhares de empresas, fabricando milhões
de produtos, numa concorrência sem precedentes. Apenas, a título de ilustração,
compa-remos a indústria automobilística no Brasil depois de 25 anos de seu surgimento.
Segundo o IBGE, em
1979 o Brasil tinha 4 montadoras de carros (Ford, GM, Volks e Fiat) fabricando
40 modelos. 25 anos depois já eram 10 montadoras que fabricavam 400 modelos.
O moderno
consumidor tem hoje, além de opções de produto, opções de preços, de forma de
pagamentos, de financiamentos. Os produtos, no Brasil, como em outros países,
(carros, eletrodomésticos, alimentos) competem com produtos nacionais e com
produtos importados, produtos importados
com outros importados. Quem lucra com
isso é o consumidor e o marketing é
que indica às empresas o caminho a seguir.
O mercado é hoje
uma verdadeira selva e o marketing é
o guia que conduz o empresário na gestão de seus negócios. Ele faz
levantamentos, acompanha a concorrência, orienta a fabricação, estabelece as
metas de produção, planeja a publicidade e a promoção de vendas e direciona a
equipe de vendas, através do treinamento para que sejam alcançadas as metas
propostas pela empresa.
Todas as atividades de marketing conduzem a um só objetivo: facilitar a atividade de vendas, criando os meios adequados para o seu bom desempenho. Dentro da empresa moderna, o Departamento de Marketing desempenha um dos mais importantes papéis, estando geralmente subordinadas a ele as atividades de vendas, pesquisa, treinamento de vendedores, publicidade e promoção de vendas.
No passado, o grande problema
das indústrias era fabricar um produto, pois a tecnologia era rudimentar.
Hoje, com os avanços tecnológicos, fabricar um produto deixou de ser um
mistério. O nível de qualidade dos produtos praticamente se equivale. Veja o exemplo do mercado de televisores. A maioria
dos equipamentos de TV colocados hoje no mercado apresenta índices de qualidade
semelhantes, embora haja sempre alguma diferença entre um modelo e outro. Onde
fica, então, essa diferença? Pode ser o sistema de vendas do produto, os prazos
de garantia, preços menores, design sofisticado, assistência técnica. É
o marketing que destaca o diferencial entre um produto e outro.
As diferenças entre os produtos
podem também estar no acabamento, na assistência técnica, na qualidade da
matéria-prima, nos rigorosos padrões de qualidade. O que também pode destacar
um produto do outro pode ser a qualificação
do vendedor, uma equipe bem
treinada, capaz de prestar toda a assistência ao cliente.
Três aspectos do marketing são importantes: as pesquisas,
os setores, os objetivos.
As pesquisas recolhem, classificam e analisam todos os dados
necessários para orientar as atividades comerciais. Elas são quantitativas e
qualitativas. As pesquisas quantitativas usam dados estatísticos (numéricos) muitas vezes disponíveis na própria
empresa. Exemplo: Vou lançar um produto farmacêutico indicado para a pediatria.
Para avaliar o potencial do mercado, vou levantar o número de pediatras
existentes nas praças que a empresa pretende atingir, o número de concorrentes
e o potencial de consumidores na faixa de preço do produto.
As pesquisas
qualitativas realizam investigações e
inquéritos psicológicos de nível variável sobre os consumidores. Exemplo: A empresa está lançando
um perfume no mercado e faz previamente
uma pesquisa entre os consumidores que vão indicar sua opinião, para
classificação do produto como ótimo, bom, regular. Na pesquisa qualitativa, a
empresa procura a opinião do consumidor sobre o produto.
Os setores de interesse do marketing são
os mercados, os produtos, a política de vendas, a organização de vendas, a
publicidade e a promoção de vendas.
Os mercados são aqueles segmentos territoriais em que se encontram grupos ou
classes de clientes. Exemplo: Área de uma cidade onde se localiza grande parte
da classe A de determinada sociedade. Se a empresa vai montar uma loja de
carros de luxo, importados, vai localizá-la na área de maior poder aquisitivo.
Um comerciante numa grande cidade brasileira montou uma sorveteria num bairro da cidade, cercado de colégios públicos e alguns particulares, confiando no mercado escolar. Vendia ali exclusivamente sorvete de uma marca famosa, mas de preço bem elevado. Ele investiu um bom dinheiro em máquinas e instalações e o empreendimento fracassou, porque o poder aquisitivo da população escolar era baixo. O vendedor do fabricante de sorvete da que área não se apercebeu da situação e não alertou o cliente para o problema. Esqueceu também que a época era de crise e os pais não estavam conseguindo nem pagar as mensalidades de seus filhos nos colégios particulares. Resultado: antes de completar seis meses da inauguração, a loja fechou. Era uma loja bonita, com vendedores atenciosos, mas não resistiu à realidade do mercado.
Os produtos a serem lançados no mercado devem considerar os gostos, desejos e necessidades
dos consumidores e não aqueles do fabricante e dos membros de sua família.
Quando foram
lançados nos Estados Unidos em 1922 os primeiros carros da Ford, produzidos em
série, o Modelo T, conhecido popularmente no Brasil como Ford Bigode, os
consumidores não tinham outra opção. Ou compravam o carro ou ficavam com suas
antigas charretes e carroças. Mas logo entraram outros fabricantes no mercado,
produzindo outros modelos, atendendo outras faixas de consumidores, pois o
modelo da Ford era um modelo popular. Anos mais tarde, o próprio Modelo T,
fabricado para percorrer estradas ruins de antes da guerra, começou a se tornar
obsoleto, porque era de aparência rústica e os consumidores queriam produtos
mais sofisticados e confortáveis. As estradas eram melhores e consumidores de
maior poder aquisitivo estavam no mercado. Havia até uma piada sobre o modelo T.
“Um Ford é como uma banheira: é útil, mas
ninguém quer ser visto dentro dela”.
Henry Ford, empolgado com o
sucesso do modelo T, não queria lançar novos modelos. Chegou ao ponto de dizer
que os compradores poderiam escolher qualquer cor para seus carros, desde que
fosse o preto. Logo, ele teve que lançar um novo modelo (o modelo A) e em cores
diversas, porque o consumidor já tinha
outras opções, pois outros fabricantes, como a General Motors e a Crysler
ameaçavam o seu
império. A teimosia de Ford, não
acreditando no poder do consumidor, quase levou seu império à ruína. Ele
entendia muito de mecânica, mas pouco de marketing.
A política de vendas. O marketing deve indicar a política de vendas a ser adotada com
relação ao produto, para garantir à empresa os maiores lucros, no maior período
de tempo possível
A organização de vendas compreende a formação da equipe de vendas e o sistema a ser adotado
para alcançar os objetivos. A empresa define se vai
fazer vendas diretas ao consumidor, se vai operar através de representantes,
atacadistas e varejistas, se é venda por telemarketing.
Publicidade e
promoção de vendas. Devem ser definidas as
atividades de publicidade e promoção de vendas que são as mais adequadas para
estimular os consumidores a comprarem o produto.
Os objetivos do marketing são: especificar os mercados mais favoráveis à venda do produto; determinar o nível de produção mais adequado em função dos custos e do potencial do mercado; organizar a venda do produto produzido; programar e organizar a publicidade e as atividades de promoção de vendas.
Outrora, a preocupação com o
lançamento de um produto era de ordem técnica. Hoje, é exatamente o contrário. A empresa procura inicialmente auscultar as
necessidades e os desejos do consumidor, através de pesquisas, para depois
lançar o produto de acordo com os desejos e as necessidades desse consumidor.
Quando Henry Ford dizia que os compradores de seu Ford T podiam escolher qualquer cor para os seus carros, desde que fosse a cor preta, demonstrava desconhecer as regras do mercado. Ele estava preocupado com os seus problemas de produção e não com os desejos dos consumidores. As coisas tinham mudado e os concorrentes surgiam no mercado e ele não queria se dar conta do problema.
O conceito de vendas mudou em sua essência. O foco não é mais a empresa nem o vendedor, mas o cliente.
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quarta-feira, 17 de novembro de 2021
COMO CONHECI A BISNETA DE FRANZ LISZT DURANTE UMA EXCURSÃO MUSICAL PELO BRASIL
sábado, 13 de novembro de 2021
MARA, A GUERRILHEIRA QUE PARTICIPOU DO SEQUESTRO DE UM PAPA
–
Então, Abdel, foi você o único que se salvou do ataque à fazenda?
– Eu
e Mara. Khaled e Fuad foram metralhados ao se dirigirem para o helicóptero e
fomos forçados a levantar voo sem eles, para não colocar a operação toda a
perder.
– De
nada adiantaria, mesmo, pois pelo que vi na televisão, eles viraram uma peneira
de tanto tiro que levaram e estavam irreconhecíveis. Mas como vão as coisas por
aqui?
–
Está tudo pronto para a partida. O avião sairá hoje à noite de uma pista perto
de Caaguazú. Dentro de duas horas iremos para lá.
–
Recebi ordens do chefe para dar toda a cobertura a vocês. Mas, agora, vou até o
refeitório para comer alguma coisa, enquanto vocês fazem os últimos
preparativos.
Ao
entrar na casa principal, Bob se encontrou com Mara que preparava as malas para
a viagem e lhe dirigiu um galanteio:
–
Então, a nossa odalisca vai embora?
Esses árabes não sabem o que se pode fazer com uma mulher bonita como
você. Eles não conhecem aquele preceito da Bíblia que diz: “não se jogam
pérolas aos porcos”.
A
jovem sorriu constrangida e continuou o trabalho de preparação da bagagem para
a longa viagem.
Já
estava tudo pronto para o embarque, quando os empre-gados acenderam as luzes do
pátio da fortaleza, porque a noite se aproximava. Alguns deles ajudavam a
carregar as malas até a aeronave. Abdel trazia, pessoalmente, as armas que
sempre acompanhavam os terroristas e as colocou dentro de sacolas, junto aos
assentos que lhes estavam reservados. O helicóptero tinha dois assentos largos
para os passageiros, um voltado para o outro. O papa foi o primeiro a entrar.
Sentou-se do lado esquerdo do banco de trás. Mara ficou no mesmo assento,
próximo à porta. Abdel viajaria sentado de frente para ela.
Os
guardas que faziam a proteção da propriedade se aproximaram do helicóptero para
assistirem à decolagem, enquanto Bob Müller ficava próximo à porta da aeronave.
Quando viu que Abdel saiu da casa e vinha para o embarque, virou-se para os
guardas e disse:
– O
que é isso, amigos? Todos armados perante S. Santidade, o Papa Pedro Paulo ?
Não acham que é falta de respeito? Por favor, coloquem suas armas no chão e
batam continência para o Sumo Pontífice.
Os
guardas, meio confusos, pois não sabiam que estavam diante do papa, obedeceram
e colocaram no chão as suas metralhadoras portáteis. Afinal, era uma ordem do
comandante e devia ser cumprida. Nesse momento, Abdel se aproximou de Bob
Müller para as despedidas, quando o americano sacou uma pistola 45 e apontou-a
para o terrorista, dizendo, com um sorriso sarcástico:
– Um
momento, amigo, nada de despedidas, pois houve uma mudança radical nos planos.
Depois de muito pensar, resolvi mudar de lado e ficar com o Sumo Pontífice,
pois, afinal de contas, ele vale um milhão de dólares e vou levá-lo ao Brasil,
enquanto você, meu amigo, não vale nada.
Mal
acabou de proferir as últimas palavras, disparou dois tiros à
queima roupa, projetando para trás o corpo do jovem terrorista, enquanto Bob
Müller ordenava aos guardas que recuassem e se afastassem das armas, o que eles
fizeram prontamente. Neste momento, Mara, que já desconfiava de Bob Müller,
quando ele mandou os guardas arriarem as armas no chão, saltou do helicóptero
e, com as mãos nos quadris, se colocou, atrevidamente, bem em frente ao
americano.
–
Agora – gritou ela – é a minha vez! Pode atirar!
–
Não, para você eu tenho planos bem melhores, minha odalisca, desde que se
comporte bem.
Mara
vestia uma calça jeans, com um largo cinturão, que tinha no lugar da fivela um
enfeite de metal, em relevo, bem destacado. Num movimento imperceptível, ela
pressionou com a mão direita uma placa de metal de uns dez centímetros como se
fosse um adorno aplicado ao cinto. A peça saltou para a posição perpendicular
ao cinto e, preso a ela, surgiu um pequeno cilindro. Ela acionou um botão do
lado esquerdo e um projétil partiu do cilindro, provocando pequena explosão e
acertou em cheio a barriga de Bob Müller, distante a menos de um metro da
jovem. Enquanto caía, ele ainda fez graça.
– O
que é isso, odalisca...logo eu que gostava tanto do teu cinto...
Toda
a operação demorou alguns segundos. Tratava-se, na verdade, de uma engenhosa
arma usada por algumas mulheres guerrilheiras. Era uma espécie de mini míssil,
com projétil que se fragmentava ao penetrar o corpo da vítima e lhe causava
queimação e hemorragia instantânea, deixando-a completamente sem ação. As
coisas se sucederam tão rapidamente, deixando todos paralisados diante da cena.
O papa levou um grande susto e ficou extremamente pálido e foi preciso algum
tempo para se restabelecer.
Mara
tirou sua metralhadora da sacola e ficou atenta, enquanto o americano
agonizava, dizendo coisas incompreensíveis. Abdel jazia morto, numa poça de
sangue. Os guardas recuperaram as próprias armas e ficaram de prontidão, pois
não sabiam se Bob Müller lhes tinha preparado outras surpresas. Mara
voltou-se para eles e pediu que sepultassem os mortos. O papa, já recuperado do
susto, pediu um tempo a Mara, desceu do helicóptero e se aproximou dos corpos
de Abdel e Bob Müller e fez uma oração, sendo acompanhado por todos. Depois,
retornou ao helicóptero.
Mara,
já recuperada do susto, caiu na realidade. Como, sozinha, iria, agora,
conduzir o prisioneiro até seu destino final. Aproximou-se de Domingos
Ignácio Rodrigues, o administrador da fortaleza, e lhe expôs o problema. Este
falou:
- A
solução para isso é formarmos uma pequena escolta para acompanhá-la até o final
da viagem.
-
Acho que é a solução mais acertada, pois as forças armadas brasileiras vão
tentar libertar o prisioneiro, agora sob minha responsabilidade, pois os meus
companheiros estão todos mortos.
-
Vou telefonar para o D. Herrera e pedir autorização. Tenho um grupo de homens
muito competentes para desempenhar essa tarefa.
Domingos
se dirigiu a seu escritório e telefonou para o chefão da CIN e retornou com sua
aprovação para o envio da escolta de ajuda a Mara na difícil missão de conduzir
o papa até o seu destino final.
A
seguir, Domingos escolheu três de seu melhores homens e mandou que se
preparassem para uma longa jornada, pois iriam acompanhar a jovem guerrilheira
até o Oriente Médio, conduzindo seu valioso prisioneiro. Os homens foram
instruídos como agir, no caso de um confronto com as forças legais para
libertação de Juliano Monteverde.
terça-feira, 9 de novembro de 2021
O LIVRO, O FILHO DE ANITA, É UMA EXTRAORDINÁRIA HISTÓRIA DE MISTÉRIO E SUSPENSE
"Os dias de
Anita na Toca do Diabo transcorriam com relativa tranquilidade, mas as
noites eram tempestuosas. Ela tinha horríveis pesadelos, sonhava que Firmino
Constantino a violentava, que Nefasta a encarava com aquele olhar frio e
cortante, acompanhado de sonoras gargalhadas. Soldante rosnava próximo de seu
rosto e ela caía do cavalo, só que a queda
era num abismo profundo. Em seus pesadelos via os peões da fazenda, como
zumbis, parados à volta de seu leito, observando-a. Quando acordava de manhã,
estava suada e cansada, com os pensamentos embaralhados. Nesses momentos, não
se lembrava bem da mãe e do irmão, de Ricardo, seu noivo, cujo assassinato ela
desconhecia, nem de Frei Gaspar e dos empregados da Fazenda Santa Bárbara. Seus
pensamentos se alternavam entre lucidez momentânea e períodos de grande
confusão e perda de memória.
Mais ou menos uma semana depois do sequestro,
próximo da hora do jantar, Nefasta entrou no quarto de Anita e disse:
– Hoje, o Poderoso te convida para jantar
com ele, convite que naturalmente não podes recusar. Primeiro, tomas o teu
banho e depois irás vestir as mais lindas roupas que estão ali naquele armário.
Podes ficar tranquila que eu irei te ajudar. Em primeiro lugar, vou preparar a
água do banho.
– Por que esse convite, repentinamente?
– Ele não convida qualquer um para jantar
e este é um jantar importante, porque hoje é o dia do seu aniversário e serás a
convidada de honra.
– Aniversário? Eu não sabia.
– Ele mandou preparar algo muito especial,
porque, além do aniversário, ele gosta muito de ti, Anita. Por favor, não o
decepcione. Hoje, ele está muito feliz e tu fazes parte dessa alegria.
Nefasta se retirou e mandou as empregadas
trazerem a água para o banho da sua princesa. Depois que a grande banheira
estava cheia, a Governanta colocou sais perfumados e espalhou pétalas de flores
sobre a água e disse para Anita iniciar o banho, enquanto ela escolhia no
armário o traje para o jantar.
Quando terminou de banhar-se, Anita
entrou no quarto com uma toalha lhe envolvendo o corpo. Sobre a cama já estavam
arrumadas as vestes que deveria
usar para o misterioso jantar.
Nefasta iniciou, então, um verdadeiro tratamento de beleza, executado
por mãos hábeis, demonstrando grande conhecimento no desem-penho da tarefa.
Começou pelos cabelos, que foram escovados e depois friccionados com óleos
especiais. Para amaciar a pele, usou cremes perfumados, além de cosméticos apropriados
para os olhos, os lábios e as faces. Eram produtos importados e Anita, que
aprendera francês com a freiras em Lages, viu nas embalagens que se tratava de
produtos procedentes de Paris, das mais famosas marcas. Só não entendia como
eles tinham chegado até a Toca do Diabo.
Depois que a princesa vestiu a
lingerie íntima, Nefasta colocou sobre
seu corpo um longo vestido de seda vermelho, de finíssimo
acabamento, envolvendo-lhe a cintura com um cinto bordado a ouro. Calçou-lhe as meias de seda e
nos pés lhe colocou finos sapatos de salto alto, última moda em Paris, de
acordo com suas palavras. Para adornar o colo, Anita recebeu um colar de faiscantes
diamantes.
A governanta se afastou um pouco para ter
uma visão de corpo inteiro de sua pupila. Voltou ao armário e trouxe uma
luxuosa pele de chinchila que colocou sobre os ombros da jovem e nos cabelos
lhe assentou um delicado diadema de ouro. Finalmente, trouxe um pequenino
frasco de perfume francês e aplicou-lhe algumas gotículas nos braços e pescoço.
Só então proclamou:
– Agora, estás uma princesa de verdade,
digna do nosso Todo Poderoso, porque estás verdadeiramente linda, minha
querida. Olha no espelho e terás certeza do que eu digo.
Anita, vendo-se no grande espelho que ficava a um canto do quarto, ficou
fascinada pela própria beleza e dissipou-se a nuvem de ansiedade que lhe
toldava o espírito diante do inusitado convite para o jantar. Mas um pensamento
de repente aflorou do subconsciente: ”De que vale ao homem ganhar o mundo
inteiro se vier a perder a sua alma?”. Sua alma poderia estar em perigo
diante de tanto luxo e vaidade. E foi a governanta quem a trouxe de volta à
realidade:
– Está na hora, princesa. Vamos entrar
que o Poderoso te espera com muita ansiedade.
Nefasta abriu a porta do quarto e Anita
entrou pelo pequeno corredor e foi em direção à sala de jantar, feericamente
iluminada. A grande mesa estava posta, coberta por uma linda toalha de linho
branco, a baixela era de prata reluzente, os pratos da mais fina porcelana. Os
copos, de cristal finíssimo, rebrilhavam à luz das velas e os talheres eram de
ouro. As cabeceiras da mesa estavam preparadas para receber apenas dois
comensais. Anita ficou aturdida com tanto luxo e suntuosidade. Foi então que um
vulto saiu do quarto de hóspedes e bateu palmas entusiásticas. Era Firmino
Osório Constantino, o Poderoso.
– Parabéns, minha querida! Como estás
linda e maravilhosa nessas roupas que eu mandei
buscar em Paris, especialmente para ti, no dia de hoje.
Firmino vestia calças de veludo escuro,
com uma linda camisa branca de cambraia, sobre a qual ostentava um colete
também de veludo. Do pescoço lhe pendia um pesado cordão de ouro. Calçava finos
sapatos de cromo alemão, com polainas de pele de castor. Aproximou-se de Anita
e a conduziu pelo braço até uma das cabeceiras da mesa, acomodando-a na
cadeira, enquanto falava:
– Hoje, minha querida, estou feliz,
porque é um grande dia para todos nós.
– Meus parabéns pelo seu aniversário.
– Obrigado, minha querida, muito
obrigado, mas estamos festejando muito mais do que o meu aniversário.
– Mais
o quê?
– Por enquanto é segredo. Logo, logo
saberás de tudo. O importante agora é este jantar festivo. Mandei preparar um
cardápio digno dos maiores maitres, acom-panhado também de um bom vinho
francês.
– Por que tudo aqui é ligado à França? –
perguntou Anita. – São francesas as roupas que visto, franceses são os
perfumes, agora até a comida e o vinho...
– Porque a França, minha querida, particularmente
Paris, é a terra da arte, da beleza, das mulheres bonitas e, principalmente,
minha cara, é a terra do prazer e do pecado.
Ao pronunciar as últimas palavras, o
Poderoso sorriu maliciosamente, enquanto se dirigia para o seu lugar, na outra
cabeceira da mesa. Fez então sinal para que Nefasta e as criadas começassem a
servir o jantar, na verdade um suntuoso jantar com iguarias raras que Anita
nunca imaginara que pudessem ser preparadas naquele fim de mundo. Quando foi
servido o vinho, Firmino ergueu um brinde à saúde de Anita e à sua própria
saúde, pois, afinal, o aniversariante era ele.
Já no final do jantar, Anita tinha bebido
duas taças de vinho e Nefasta lhe serviu mais
uma. Neste momento, Firmino olhava para a jovem, fixamente, e ela começou a ficar perturbada, pois se
sentia hipnotizada por aqueles olhos penetrantes. Ela caiu numa espécie de
torpor, enquanto seu corpo era tomado de intenso prazer e bem-estar, como nunca
antes acontecera.
De repente, a jovem começou a ouvir uma
música em ritmo alucinante, ao mesmo tempo em que entravam no recinto numerosas
figuras de mulheres semidespidas, muito formosas, que lembravam as ninfas da
mitologia e começaram a dançar ao ritmo frenético da música. Depois, entraram sátiros, seres lascivos, com corpo humano e pernas e
pés de bode, que também aderiram ao ritmo diabólico. Na regência daquele baile
infernal, estava Firmino, o Poderoso, que dava gargalhadas e servia taças e mais
taças de vinho a todos, enquanto ele
mesmo rodopiava em meio ao turbilhão de prazer e orgia. As ninfas se
aproximavam de Anita e lhe exibiam os corpos seminus, de seios desnudos e
Nefasta gritava: “Mais vinho, toma mais vinho, princesa!”,
enquanto enchia sua taça até o líquido transbordar e escorrer pela toalha da
mesa. Era uma dança sensual, lasciva e
libidinosa.
Anita não tinha mais noção de tempo e
espaço, enquanto prosseguia a dança alucinante. Firmino se aproximou dela e puxou-a pelo
braço, obrigando-a a participar do ritmo frenético e ela começou a dançar,
dançar, volutear, enquanto os sátiros agarravam as ninfas e as arrastavam
brutalmente para os cantos da sala e as possuíam ali, à vista da platéia, que
aplaudia. Depois, todos voltavam ao centro da sala e bailavam, bebendo novas
taças de vinho que Firmino lhes oferecia, enquanto bradava: “Viva o prazer,
viva o sexo, viva a lascívia, viva o pecado!”. E eles, em coro, respondiam:
“Viva o prazer, viva o sexo, viva a lascívia, viva o pecado e viva o nosso
Senhor Todo Poderoso, a quem rendemos honra e glória”.
Anita foi despertada daquele pesadelo
pela voz de Nefasta:
– Minha princesa, está na hora de dormir,
pois estás muito cansada. Já preparei tua cama e podes te recolher.
A jovem olhou à volta e a sala estava
como no início do jantar. Firmino continuava em seu lugar, enquanto
bebia lentamente mais uma taça de vinho. Anita perguntou:
– E aquela gente toda que estava aqui?
– A que gente te referes? – perguntou
Nefasta, enquanto o Poderoso sorria satisfeito.
– Tinha muita gente aqui: mulheres, seres
esquisitos, sátiros, ninfas. Todos bebiam, dançavam e praticavam atos
pecaminosos.
– É o vinho, minha querida – acrescentou
Firmino. – Bebeste um pouco além da tua resistência.
Anita se despediu de Firmino
e se retirou
para o quarto, acompanhada de Nefasta,
que a ajudou a trocar os trajes de festa por roupas de dormir. Colocou-lhe
sobre o corpo uma camisola muito sensual que lhe deixava os seios praticamente
à mostra. Depois, falando baixinho, completou:
– Tenho certeza de que desta, ele vai
gostar.
Anita não chegou a prestar atenção às
últimas palavras de Nefasta. Deitou-se e caiu logo em sono profundo, pois o
vinho que bebera parecia funcionar como forte narcótico. Quando
acordou, na manhã seguinte, a jovem viu Firmino Constantino saindo do quarto de banho, vestindo as roupas que
costumava usar na fazenda. Teve a sensação de que alguém dormira na cama com
ela, pois o travesseiro e as cobertas estavam revirados e ela estava nua sob as
cobertas. Sua camisola jazia aos pés da cama. Muito nervosa, perguntou:
– O
que fazes aqui? Por que estou sem a minha roupa de dormir?
– Nefasta me disse que o vinho te subiu a
cabeça e tiveste uma noite agitada e chegaste a arrancar as roupas do corpo.
Isso é muito comum em pessoas não acostu-madas com umas taças de vinho. E
ontem, tiveste até alucinações, lembras-te? Prometo nunca mais te oferecer vinho. Sinto-me
culpado.
– E o que fazes aqui no meu quarto?
– Ora, Anita, estes são os meus
aposentos. Eu lavava o rosto aqui no quarto de banho, quando acordaste. Não
fiques preocupada, pois não vou te causar nenhum mal.
A essa altura da conversa Nefasta entrou
nos aposentos e confirmou para a jovem as turbulências da noite, quando ela se
livrou das roupas e procurou convencê-la de que tudo não passara de um sonho
agitado, provocado pelo vinho e acrescentou:
– Deixei-a dormir, assim, à vontade, para
não acordares.
–
Chega de conversa – completou Firmino. – Sai logo dessa cama, Anita, pois hoje
quero tomar o café da manhã contigo. Já pedi a Nefasta para preparar uma
suculenta refeição matinal.
Anita não se atreveu recusar o convite do
Poderoso, pois era mais uma ordem do que um convite. Levantou-se, procurou uma
das luxuosas roupas no armário
e, momentos depois, surgiu na
sala de refeições onde Firmino a aguardava com uma farta
mesa para o café da manhã.
– Sabes, Anita, estás linda como sempre.
Com esses trajes, pareces uma dama francesa a desfilar pelos cafés de Paris.
Sei que não conheces Paris, mas não perdes nada para suas belas mulheres.
– Eu não conheço Paris, mas o sr. a
conhece?
– Eu conheço o mundo todo, minha menina,
mas senta-te aqui bem próximo de mim, que Nefasta vai te servir. E, por favor,
não me chames de senhor.
Terminado o café, Firmino ordenou a
Anita que trocasse os trajes luxuosos por sua roupa de montaria, pois iriam dar
um passeio a cavalo, para que ela conhecesse a fazenda e as riquezas que ela
abrigava. Firmino mandou selar os cavalos, sendo que o de Anita era um garboso
cavalo branco, enquanto Firmino montava seu corcel negro, um soberbo animal,
irrequieto e perigoso.
Os cavaleiros saíram pela porteira dos
fundos da casa da fazenda e percorreram alguns metros até o alto de uma colina, de
onde se descortinava um belo panorama. Eram campos e mais campos, ao
longo do rio, até se perderem no horizonte, com verdes pastagens por onde
circulava o gado. Eram animais bem tratados, de raças europeias, sob os
cuidados de vaqueiros zelosos. Uns davam-lhes sal, em cochos colocados em
locais estratégicos, outros, próximo a um braseiro, faziam a marcação das
reses mais novas, com ferro em brasa, sempre com as inicias FC do todo poderoso
Firmino Constantino. Alguns vaqueiros galopavam atrás de novilhos arredios que
se separavam do grupo. Depois de um prolongado silêncio, Firmino falou:
– Vê, Anita, isso tudo não é maravilhoso?
Vê as pastagens exuberantes, observa como
são saudáveis e numerosos os animais e como são
diligentes os meus vaqueiros. Foram todos escolhidos a dedo, por mim,
pessoalmente.
– Na verdade, eu nunca tinha visto uma
fazenda como esta. Acho que não existe nada igual nesta região. Só não entendo
como eu nunca tenha ouvido falar dela, sendo tão próxima da fazenda da minha
família.
– O segredo é a alma do negócio. Sabes,
Anita, tudo isso que vês poderá um dia
te pertencer.
– Mas a que preço?
– Bem, tudo tem seu preço. E o preço do
que vês, saberás no momento apropriado.
Em seguida, esporeou o cavalo e,
seguido de Anita, desceu a colina em direção a um rebanho de ovelhas que um
daqueles vaqueiros esquisitos apascentava. Eles não falavam, nem olhavam para
as pessoas. Ao ver alguns cordeiros que saltitavam à volta das mães, Firmino
falou para o empregado:
– Aqueles dois ali, tu reservas para
mim...
– Reservar para quê? – perguntou Anita.
– Eles proporcionam um bom assado –
respondeu Firmino, e seguiu adiante.
O sol já estava a pino quando retornaram
à fazenda. Deixaram os animais nas cavalariças e se dirigiram à sede da propriedade,
passando antes pelo grande galpão, que ficava aos fundos da casa. Ali se
encontrava Nefasta com algumas criadas, que varriam o chão, limpavam os móveis,
como se preparassem o ambiente para uma grande festa. Num canto do galpão,
estava montado um estrado de madeira,
coberto com tapete vermelho e sobre
o qual fora
colocada uma grande cadeira, toda trabalhada em madeira de
lei. Alguns metros à frente do estrado era preparada uma mesa que mais lembrava
um altar.
– Vão dar uma festa, aqui? – perguntou
Anita a Firmino.
– Não é uma festa, mas uma reunião que
costumo fazer mensalmente com todos os empregados
para comemorar os bons
resultados comerciais da proprie-dade. É uma reunião exclusiva, para a qual não
convidamos estranhos. Na verdade, não passa de uma grande confraternização
entre todos aqui da fazenda, que faremos amanhã à noite.
Anita achou tudo muito estranho
e imaginou que algo muito grave estava por acontecer naquele
galpão e foi tomada de intenso temor. Dirigiu-se a seus aposentos para se
preparar para o almoço com Firmino, cujo convite não tinha coragem de recusar.
Ela percebeu que aquele homem era perverso e a dominava por completo, assim
como dominava a todos que o cercavam. Precisava cortar as amarras e se livrar
dele. Não lhe saíam da mente as imagens da festa de aniversário de Firmino, nem
aquele ritmo diabólico. Aquilo não fora um sonho, mas algo real, preparado por
uma mente poderosa e doentia.
Quando a noite chegou, Anita resolveu
se recolher mais cedo.
Logo dormiu e teve um sonho que ela interpretou como um
aviso. Ela viu um grande foco de luz e no meio dele lhe apareceu a figura humilde de Frei Gaspar, que dela se
aproximou, colocou a mão sobre sua cabeça e lhe disse:
– Anita, é preciso que saibas que Firmino
Constantino é a reencarnação do Demônio. Ele já te causou grandes males e
planeja coisas piores para teu corpo e para tua alma. Precisas te livrar dele,
o quanto antes. Amanhã à noite, ele vai realizar uma cerimônia maldita em companhia de seus asseclas. Quando eles estiverem
no auge da cerimônia, por volta da meia-noite, todos estarão ocupados. Segue
até à beira do rio, desce pela ribanceira e encontrarás uma canoa amarrada num
galho de árvore. Deves entrar na canoa e remar a favor da correnteza, até
estares bem longe daqui. Deus a guiará pelo caminho.
Anita acordou sobressaltada e não viu
mais a figura de Frei Gaspar. O sonho reforçou ainda mais a sua vontade de
evadir-se daquele lugar. Mas teria que agir com cautela, pois sabia que era
vigiada constantemente por
Nefasta e pelo temido Soldante. E ela ainda tinha bem claras
em sua mente as palavras da governanta, no dia em que chegou à fazenda: “Qualquer
traição é punida com muito rigor”.
A jovem costumava passear, todos os dias,
num gramado ao lado da sala de jantar para apanhar sol, pois Nefasta lhe dera essa permissão. Depois do sonho que
tivera, durante o passeio, naquela manhã, ela se aproximou um pouco mais do rio
que margeava a propriedade e chegou bem perto da ribanceira, que ficava a uns