sábado, 13 de novembro de 2021

MARA, A GUERRILHEIRA QUE PARTICIPOU DO SEQUESTRO DE UM PAPA



Leia, a seguir, um dos últimos capítulo do livro, Operação Kaaba, com destaque para o desempenho da guerrilheira, que tem o nome de Mara, e que foi treinada para enfrentar todo tipo de perigo, nas circunstâncias mais diversas. Ela é uma bela mulher, mas de alta periculosidade. Faz tudo em defesa da causa que abraçou. 

"Finalmente, chegou o dia da grande viagem. Naquela noite de sábado, o avião partiria com o papa e seus sequestradores rumo à etapa final desua via crucis. Mas, algumas horas antes de partirem da fortaleza, um acontecimento mudou um pouco a rotina de preparação da viagem. Os guardas, sempre atentos, avistaram um helicóptero se aproximando velozmente do castillo e pela sigla de identificação perceberam ser uma aeronave da CIN. A máquina sobrevoou a fortificação por duas vezes e depois desceu no pátio principal. Dela saiu Bob Müller, sorridente. Ele cumprimentou os guardas, de quem era conhecido, e foi recebido por Abdel como um reforço naquela emergência.

– Então, Abdel, foi você o único que se salvou do ataque à fazenda?

– Eu e Mara. Khaled e Fuad foram metralhados ao se dirigirem para o helicóptero e fomos forçados a levantar voo sem eles, para não colocar a operação toda a perder.

– De nada adiantaria, mesmo, pois pelo que vi na televisão, eles viraram uma peneira de tanto tiro que levaram e estavam irreconhecíveis. Mas como vão as coisas por aqui?

– Está tudo pronto para a partida. O avião sairá hoje à noite de uma pista perto de Caaguazú. Dentro de duas horas iremos para lá.

– Recebi ordens do chefe para dar toda a cobertura a vocês. Mas, agora, vou até o refeitório para comer alguma coisa, enquanto vocês fazem os últimos preparativos.

Ao entrar na casa principal, Bob se encontrou com Mara que preparava as malas para a viagem e lhe dirigiu um galanteio:

– Então, a nossa  odalisca vai  embora?  Esses árabes não sabem o que se pode fazer com uma mulher bonita como você. Eles não conhecem aquele preceito da Bíblia que diz: “não se jogam pérolas aos porcos”.

A jovem sorriu constrangida e continuou o trabalho de preparação da bagagem para a longa viagem.

Já estava tudo pronto para o embarque, quando os empre-gados acenderam as luzes do pátio da fortaleza, porque a noite se aproximava. Alguns deles ajudavam a carregar as malas até a aeronave. Abdel trazia, pessoalmente, as armas que sempre acompanhavam os terroristas e as colocou dentro de sacolas, junto aos assentos que lhes estavam reservados. O helicóptero tinha dois assentos largos para os passageiros, um voltado para o outro. O papa foi o primeiro a entrar. Sentou-se do lado esquerdo do banco de trás. Mara ficou no mesmo assento, próximo à porta. Abdel viajaria sentado de frente para ela.

Os guardas que faziam a proteção da propriedade se aproximaram do helicóptero para assistirem à decolagem, enquanto Bob Müller ficava próximo à porta da aeronave. Quando viu que Abdel saiu da casa e vinha para o embarque, virou-se para os guardas e disse:

– O que é isso, amigos? Todos armados perante S. Santidade, o Papa Pedro Paulo ? Não acham que é falta de respeito? Por favor, coloquem suas armas no chão e batam continência para o Sumo Pontífice.

Os guardas, meio confusos, pois não sabiam que estavam diante do papa, obedeceram e colocaram no chão as suas metralhadoras portáteis. Afinal, era uma ordem do comandante e devia ser cumprida. Nesse momento, Abdel se aproximou de Bob Müller para as despedidas, quando o americano sacou uma pistola 45 e apontou-a para o terrorista, dizendo, com um sorriso sarcástico:

– Um momento, amigo, nada de despedidas, pois houve uma mudança radical nos planos. Depois de muito pensar, resolvi mudar de lado e ficar com o Sumo Pontífice, pois, afinal de contas, ele vale um milhão de dólares e vou levá-lo ao Brasil, enquanto você, meu amigo, não vale nada.

Mal acabou  de proferir  as últimas palavras, disparou dois tiros à queima roupa, projetando para trás o corpo do jovem terrorista, enquanto Bob Müller ordenava aos guardas que recuassem e se afastassem das armas, o que eles fizeram prontamente. Neste momento, Mara, que já desconfiava de Bob Müller, quando ele mandou os guardas arriarem as armas no chão, saltou do helicóptero e, com as mãos nos quadris, se colocou, atrevidamente, bem em frente ao americano.

– Agora – gritou ela – é a minha vez! Pode atirar!

– Não, para você eu tenho planos bem melhores, minha odalisca, desde que se comporte bem.

Mara vestia uma calça jeans, com um largo cinturão, que tinha no lugar da fivela um enfeite de metal, em relevo, bem destacado. Num movimento imperceptível, ela pressionou com a mão direita uma placa de metal de uns dez centímetros como se fosse um adorno aplicado ao cinto. A peça saltou para a posição perpendicular ao cinto e, preso a ela, surgiu um pequeno cilindro. Ela acionou um botão do lado esquerdo e um projétil partiu do cilindro, provocando pequena explosão e acertou em cheio a barriga de Bob Müller, distante a menos de um metro da jovem. Enquanto caía, ele ainda fez graça.

– O que é isso, odalisca...logo eu que gostava tanto do teu cinto...

Toda a operação demorou alguns segundos. Tratava-se, na verdade, de uma engenhosa arma usada por algumas mulheres guerrilheiras. Era uma espécie de mini míssil, com projétil que se fragmentava ao penetrar o corpo da vítima e lhe causava queimação e hemorragia instantânea, deixando-a completamente sem ação. As coisas se sucederam tão rapidamente, deixando todos paralisados diante da cena. O papa levou um grande susto e ficou extremamente pálido e foi preciso algum tempo para se restabelecer.

Mara tirou sua metralhadora da sacola e ficou atenta, enquanto o americano agonizava, dizendo coisas incompreensíveis. Abdel jazia morto, numa poça de sangue. Os guardas recuperaram as próprias armas e ficaram de prontidão, pois não sabiam se  Bob Müller  lhes tinha preparado outras surpresas. Mara voltou-se para eles e pediu que sepultassem os mortos. O papa, já recuperado do susto, pediu um tempo a Mara, desceu do helicóptero e se aproximou dos corpos de Abdel e Bob Müller e fez uma oração, sendo acompanhado por todos. Depois, retornou ao helicóptero.

Mara, já recuperada do susto, caiu na realidade. Como, sozinha,  iria, agora,  conduzir o prisioneiro até seu destino final. Aproximou-se de Domingos Ignácio Rodrigues, o administrador da fortaleza, e lhe expôs o problema. Este falou:

- A solução para isso é formarmos uma pequena escolta para acompanhá-la até o final da viagem.

- Acho que é a solução mais acertada, pois as forças armadas brasileiras vão tentar libertar o prisioneiro, agora sob minha responsabilidade, pois os meus companheiros estão todos mortos.

- Vou telefonar para o D. Herrera e pedir autorização. Tenho um grupo de homens muito competentes para desempenhar essa tarefa.

Domingos se dirigiu a seu escritório e telefonou para o chefão da CIN e retornou com sua aprovação para o envio da escolta de ajuda a Mara na difícil missão de conduzir o papa até o seu destino final.

A seguir, Domingos escolheu três de seu melhores homens e mandou que se preparassem para uma longa jornada, pois iriam acompanhar a jovem guerrilheira até o Oriente Médio, conduzindo seu valioso prisioneiro. Os homens foram instruídos como agir, no caso de um confronto com as forças legais para libertação de Juliano Monteverde.

Os guardas selecionados por Domingos, tomaram acento no helicóptero e Mara deu ordem para a partida."



OPERAÇÃO KAABA – A sensacional narrativa do sequestro de um papa por terroristas islâmicos, no ano de 2045. Veja mais detalhes no site:amazon.com.br



Nenhum comentário:

Postar um comentário