segunda-feira, 11 de novembro de 2013

UM EXÉRCITO DE 200 MILHÕES DE SOLDADOS É ASSUSTADOR


                      
          
O Apocalipse (ou o livro da Revelação) de São João, é um livro intrigante, de difícil interpretação. No capítulo 9, ele fala de uma catástrofe, causada pela passagem de um gigantesco exército pelo Oriente Médio, formado por 200 milhões de soldados. Os intérpretes do Apocalipse ficavam intrigados com esse volume de soldados, que país nenhum do mundo teria condição de reunir. Hoje, entretanto, eles pensam diferente. Existe sim, um país que pode reunir 200 milhões de soldados. É a China, com uma população de mais de 1 bilhão de pessoas. Seu exército já é hoje o maior do mundo, com mais de 2 milhões e duzentos mil soldados, formado por homens e mulheres.

A estrada de karakorum que liga a China
ao Oriente Médio, com acesso fácil ao Ocidente
                                 
Mas a China, diziam outros, fica muito longe do Oriente Médio. Ficava, pois em 1967, ela assinou um tratado com  o Paquistão, pelo qual a fronteira desse último país ficava aberta aos chineses, que iniciaram, imediatamente,  a construção de uma moderna rodovia, a chamada estrada de karakorum, que liga a China ao Irã  e à Turquia, com acesso, portanto, a todo o Oriente Médio e daí ao mar Mediterrâneo e Europa. Trata-se de um moderna rodovia, com mais de 1300 km, 80 pontes, passando por regiões montanhosas e paisagens incríveis. Foi considerada uma das obras mais difíceis do planeta, na qual 25 mil pessoas trabalharam até sua conclusão.
Ao construírem essa gigantesca estrada, os chineses pensavam a longo prazo, imaginando uma época de escassez de petróleo, na qual o ouro negro seria disputado com outros países, mesmo com o apoio das armas. Eles tinham assistido à invasão do Iraque, cuja principal motivação, todos sabem, era o acesso a seus poços de petróleo. Portanto, karakorum é uma estrada de elevado valor estratégico. Mas  vejamos o texto do Apocalipse.

“ O sexto anjo tocou a trombeta, e ouvi uma voz que saia dos quatro ângulos do altar de ouro, que está na presença de Deus, a qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos que estão presos sobre o rio Eufrates*. Foram soltos os quatro anjos que estavam  preparados para a hora, e para o dia, e para o mês e para o ano, a fim de matar a terça parte dos homens. O número dos exércitos da cavalaria era de vinte mil vezes dez mil; ouvi o número deles. Igualmente, vi na visão os cavalos e os que sobre eles cavalgavam, os quais tinham couraças cor de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e as cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões, e de sua boca saía fogo e fumo e enxofre. Com as três pragas,  pereceram a terça parte dos homens, a saber, pelo fogo, e pelo fumo, e pelo enxofre, que lhes saíam da boca. O poder dos cavalos estava na sua boca e nas suas caudas, pois as caudas eram semelhantes a serpentes, tinham cabeças, e com elas danificavam.”

*Importante rio da Ásia Ocidental. Juntamente com o Tigre, é um dos dois rios que formam  a Mesopotâmia. Com suas cabeceiras no leste da Turquia, o Eufrates flui através da Síria e do Iraque para se unir ao Tigre no chamado  Chate Alárabe, que desemboca no Golfo Pérsico.



                  Uma foto dessa incrível estrada de karakorum



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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

FUI ALUNO DO ADVOGADO DO DIABO


                                                       
                                                                                             

No ano de 1960, eu estudava na Faculdade Nacional de Direito no Rio de Janeiro, onde lecionava direito penal o professor Oscar Stevenson, que tinha como assistente da cátedra, um renomado advogado de nome Leopoldo Heitor, popularmente conhecido como o Advogado do Diabo. Esse advogado dava aulas práticas de direito penal, aos sábados, oportunidade em que ensinava aos alunos todos os macetes de um criminalista, na defesa de seus clientes, mesmo que, em determinados casos, arranhasse os limites da ética profissional. Falava das muitas artimanhas que o causídico podia adotar, no decurso do processo, para confundir a outra parte ou até mesmo o magistrado, sempre com o objetivo maior de livrar o cliente da condenação. Numa aula que assisti, lembro-me de um exemplo que ele deu: em determinadas circunstâncias, o advogado podia juntar ao processo algo completamente disparatado, como um artigo de jornal, sem nenhum vínculo com a causa, para deixar o advogado da outra parte baratinado, perdendo boa parte de seu tempo para tentar descobrir a razão daquela inclusão.
Leopoldo Heitor ficara famoso face à sua atuação no chamado crime do Sacopã, que teve grande repercussão na imprensa de todo o país. Ele era um sujeito bem falante e ganhara a confiança do professor Oscar Stevenson que o convidou para seu assistente na cátedra de direito penal na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil. Segundo relatos de alunos da faculdade, Leopoldo Heitor passou a frequentar a casa do catedrático, com quem rapidamente se desentendeu. Segundo boatos no meio acadêmico, Leopoldo Heitor teria tentado seduzir ou teria mesmo seduzido uma jovem bem próxima do professor, o que, naturalmente, não posso confirmar. O fato é que Oscar Stevenson foi o primeiro a denunciar Leopoldo Heitor pelo sumiço da milionária Dana de Teffé.

Segundo o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, Dana de Teffé era de origem judaica, com cidadania tcheca, passando  por vários países antes de chegar ao Brasil. Além de bailarina clássica, ela teria sido espiã de alemães, russos, ingleses e mexicanos. 
Aqui, casou-se com o embaixador brasileiro Manuel de Teffé  von Hoonholtz, tornando-se uma mulher muito rica. E 1951, mudou-se com o marido para o Rio de Janeiro. Após separar-se do embaixador, ela contratou o advogado Leopoldo Heitor de Andrade Mendes para administrar sua fortuna. Foi nesse momento que ela entregou o ouro ao bandido, pois, munido de uma falsa procuração, Leopoldo Heitor conseguiu botar a mão na fortuna de sua cliente. Advogado e cliente teriam também mantido  uma relação amorosa, pois Leopoldo Heitor era famoso também pelas suas conquistas no mundo feminino.
Durante uma viagem pela Via Dutra, em companhia de Leopoldo Heitor, Dana de Teffé desapareceu, misteriosamente. O advogado foi preso, julgado e condenado por assassinato. Ele alegava que ambos tinham sido assaltados e que Dana fora sequestrada.  Conseguiu fugir da prisão, e somente anos mais tarde foi recapturado. A condenação do primeiro julgamento foi anulada e, num segundo julgamento, ele obteve absolvição. O motivo parece ter sido a falta do corpo. Ele levava muito a serio aquele princípio jurídico: “sem cadáver, não existe crime”. O fato é que o corpo de Dana nunca foi encontrado.
Ele conseguiu que seu julgamento fosse feito na cidade de Rio Claro, onde  tinha um sítio e também onde desfrutava de grande popularidade. Ele fez sua defesa e conseguiu a absolvição.
Depois de solto, o Advogado do Diabo voltou à sua banca de advocacia, no Rio de Janeiro, exercendo a profissão até sua morte em 2001. Casou-se por três vezes e teve dez filhos. Sua imaginação fértil continuava insistindo no sequestro de Dana de Teffé e dizia por aí que, com outro nome, ela estaria vivendo num país da cortina de ferro e que um dia,  reapareceria.
(Na foto acima, Dana de Tefé e Leopoldo Heitor, assunto que ocupou as páginas da imprensa nacional durante longo período)

                                                                                                                                

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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

EM MEMÓRIA DE MINHA IRMÃ, MARIA APARECIDA SOUZA TRIPODI (1942-2013)


                                       NOSSA SENHORA APARECIDA, PADROEIRA E RAINHA DO BRASIL



( Texto extraído do livro Menino Tropeiro, de R.H. Souza)

"E aconteceu novamente o inevitável. Minha mãe ficou grávida de mais um filho. Era o de número cinco, excluindo aquele que ela perdera dois anos antes. Desta vez, a gravidez era em condições  difíceis,  pois  ela  ficava a  maior parte do dia sozinha em casa com os dois filhos pequenos, enquanto minha irmã e eu íamos para a escola com meu pai. João, o empregado, fora embora,  porque  também  precisava ajudar sua família nos trabalhos da lavoura. Se ela tivesse um problema repentino, quem iria socorrê-la? Nos dias em que não estava bem, eu faltava a aula para ficar em casa de plantão. Meu pai passou a considerar que a mudança para o sítio tinha trazido mais males do que benefícios. Agora, sem a ajuda de João, não tinha mais ninguém para trabalhar na lavoura e o mato tomava conta das plantações.
No dia 7 de maio de 1942, minha mãe teve uma menina, a quem deu o nome de Maria Aparecida, em homenagem à padroeira do Brasil, de quem era muito devota. Quem realizou o parto foi uma senhora que morava num sítio a dois quilômetros do local. Nesse dia, eu fiquei de plantão, com um cavalo preparado para chamar a parteira. Quando minha mãe sentiu as primeiras dores, parti a galope atrás da boa senhora e, duas horas depois, ela já estava a postos, momento em que meu pai também chegava da escola. Graças a Deus, tudo correu bem.
Mas, depois do parto, dona Lina não era mais a mesma pessoa. Tinha problemas intestinais, passava por crises graves de saúde. Uma noite, ela estava tão mal que meu pai me chamou e perguntou se eu tinha coragem de ir até Anita Garibaldi e chamar o dr. De Negri.
 Eu disse que sim e me pus logo a caminho. Estava muito escuro e caía uma chuva fininha que penetrava os ossos, além do frio, pois era o mês de julho, em pleno inverno. Pelo caminho eu pensava se o médico iria atender ao chamado, depois daquela confusão na casa de Silvério entre minha mãe e d. Talita. As famílias não se falavam há muito tempo.
Ao chegar em Anita Garibaldi, fui até a casa do médico, mas ele não estava. D. Talita, sua mulher, me atendeu  bem,  mas  informou  que  ele tinha ido visitar um doente e ainda não retornara, mas era esperado em casa naquela noite. Fiquei desesperado e voltei para casa onde o estado de saúde de minha mãe se agravara.
Depois de algum tempo de hesitação, meu pai resolveu retornar comigo à casa do doutor e, quando lá chegamos, graças a Deus ele ali se encontrava. Imediatamente, pegou sua maleta e nos acompanhou pelos caminhos tortuosos que iam dar em nossa casa. Numa descida, cujo chão estava escorregadio, ele tropeçou num pequeno arbusto e caíu. Embora, todo arranhado, disse que não tinha acontecido nada e avançamos rapidamente. Ao chegarmos em casa, encontramos minha mãe ainda com muitas dores na barriga. O médico a examinou e depois lhe deu uma injeção que a fez dormir por um longo período. Já era dia claro e dr. Giovanni continuava de plantão, pois estava preocupado com o estado da paciente. Reunido com meu pai na pequena sala, ele falou:
– Professor, o estado de saúde de sua mulher é muito preocupante.  É melhor todos voltarem a residir no povoado, pois aqui nesses matos podemos fazer muito pouco  por ela.
– Eu já tinha pensado nisso – disse meu pai. – Mas a Lina é teimosa e não quer abandonar suas plantações.
– É melhor ficar sem as plantações do que sem a vida. Aqui, fica difícil lhe dar assistência médica. O sr. tem o exemplo de hoje.
– Vou falar com o Silvério, pois o casarão onde morávamos lá na vila, continua vazio. Vou lhe pedir permissão para voltarmos, imediamente, para lá.
– Faça isso, professor. É para o bem de toda a família, pode acreditar.
Apesar do problema com a vaca, Silvério não  fez nenhuma objeção e algumas semanas depois, a família voltava ao ninho antigo. Era a quarta mudança que fazíamos no pequeno povoado naquele esquema de vida de ciganos. Deixamos para trás a casa do sítio que era fria e úmida e voltamos para o casarão bem confortável, com todos os cômodos com forro de madeira e as paredes calafetadas com ripas pregadas sobre a junção das tábuas para impedir a entrada do vento e do frio. A grande vantagem, agora, é que estávamos a duzentos metros da escola e dona Lina contava com a assistência de todos a qualquer hora.
E a família tomou também uma decisão importante: vaca emprestada, nunca mais. E eu, depois de um tempo, voltei a tocar o Angelus, três vezes ao dia, pois na minha ausência ninguém se candidatara para a realização da sagrada tarefa.
A rotina voltou a tomar conta do povoado. A única saudade que eu tinha do sítio, era a abundância de lenha. Bastava sair da casa que, por todos os lados havia galhos secos em profusão. Bastava arrastá-los para o pátio e botar o machado pra funcionar. No sítio também havia muita fartura de pinhão, mas tínhamos muitas vezes que disputá-los com os porcos que os criadores soltavam no mato, na época de produção do fruto, mais precisamente no inverno. Durante esse período, o vento debulhava as pinhas e os suínos, espertos, dormiam debaixo dos pinheiros e quando o dia clareava, o alimento estava ao alcance de seus dentes. Quem chegasse mais tarde, ficava a ver navio".

                                        

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

NEILA ALCKMIN – UMA EXTRAORDINÁRIA VIDENTE







No ano de 1989, o Brasil tinha 22 candidatos à presidência da república. Entre eles se destacavam Collor, Lula e Guilherme Affif Domingos. Dona Neila Alckmin, uma consagrada vidente mineira, de Conceição do Rio Verde, vaticinou a vitória desse último candidato, o que não aconteceu, sendo a mesma ridicularizada por numerosos veículos de comunicação. O fato, entretanto, não diminui a importância dessa extraordinária vidente, face aos numerosos acertos ao longo de sua vida, sendo consultada frequentemente por políticos mineiros, como Juscelino Kubitshek e Trancredo Neves. Em tempo: o famoso código da Bíblia também indicava Affif Domingos como vencedor daquela eleição. 

   Entre os fatos mais comentados na história de Dona Neila Alckmin, está aquele relacionado a um acidente de avião ocorrido no ano de 1980, quando uma aeronave de pequeno porte bateu no pico do Frade, em Paraty, Rio de Janeiro. Apesar das numerosas buscas, os destroços do avião não foram encontrados, até que os parentes das vítimas recorreram a Neila e ela mostrou num mapa a localização exata dos mesmos, onde, efetivamente, foram encontrados. As vítimas do acidente eram o irmão e a cunhada de Milu Vilella que, à época, confirmou o fato aqui narrado. 

       Entre os episódios que mais se destacam na biografia de Neila Alckmin está a indicação de jazidas de petróleo na Bacia de Campos, o que ela fez, a pedido do Ministro César Cals, das Minas e Energia, nos anos 80. O mapa com os pontos a serem prospectados, foi enviado à Petrobrás, cujos técnicos o desdenharam, mas, depois, sob pressão das circunstâncias, furaram os poços de onde jorrou petróleo em abundância. Ela afirmava que, no subsolo do território brasileiro, existiam grandes jazidas do ouro negro, talvez já vislumbrando a descoberta do pré-sal, cuja exploração, segundo especialistas, colocará o Brasil entre os maiores produtores mundiais.

      O pai do empresário Eike Batista, Elieser Batista, que também foi Ministro das Minas e Energia nos anos 60 e participou de diversos cargos em governos posteriores, tinha em sua gaveta um mapa feito pela vidente Neila Alckmin, onde ela assinalava numerosos pontos do território nacional com a presença dos mais variados tipos de minérios. Esse mapa foi passado ao filho Eike e, segundo relatos, através dessas indicações, o empresário brasileiro teria garimpado respeitável fortuna. Mas, quem poderia confirmar a assertiva, seria o próprio Eike. 

      Hoje, não dispomos de muitos dados biográficos de Neila Alckmin. Sabe-se que, depois daquele vaticínio  sobre a eleição presidencial, ela se negou, até sua morte, a fazer qualquer previsão de cunho político.


 Circula na Internet uma previsão sobre a presidente Dilma, atribuída a Leila Alckmin, mas ficou evidenciado que se trata de um texto espúrio, sem nenhum fundamento.



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

CRESCIMENTO POPULACIONAL, UMA BOMBA DE RETARDO


               



Thomas Malthus, um economista inglês, estudioso das ciências sociais e que viveu no século XVIII, desenvolveu uma teoria sobre o crescimento populacional e a produção de alimentos, afirmando que, enquanto a produção de alimentos crescia em ritmo aritmético (2,4,6,8,10...) o crescimento populacional se fazia em escala geométrica (2,4,8,16,32,64, 128 ...). Suas teorias são conhecidas como maltusianismo.

As teorias do pensador inglês foram consideradas por muitos, à época,  como exageradas, mas hoje existe uma forte corrente científica que dá apoio às mesmas, pois os números confirmam sua veracidade.

Vejamos esses números:  a população da terra só alcançou um bilhão de habitantes no início do século XIX, mas, em apenas 100 anos, esse número duplicou. A partir de então, essa mesma população dobrou, novamente, e chegou a 4 bilhões na década de 70. Até o final do século XXI, deveremos ter entre 9 a 10 bilhões de moradores no planeta. A cada ano, o planeta recebe uma média de 90 milhões de habitantes, equivalente a população total da Alemanha ou mais do que duas Argentinas. Para isso, contribui o elevado índice de natalidade, como o aumento médio de vida das populações, graças aos avanços da medicina.

Apesar dos avanços científicos, a produção de alimentos não tem acompanhado o ritmo do crescimento populacional. Calcula-se que cerca de 800 milhões de pessoas passem fome no mundo. O fato é que os recursos naturais estão se esgotando, principalmente, a água potável, além das incertezas climáticas. Uma seca recente nos Estados Unidos, reduziu drasticamente sua produção de milho, forçando o maior produtor do mundo desse cereal, a  importá-lo, para atender às próprias necessidades. Se os Estados Unidos, o maior produtor mundial de alimentos,  deixassem de exportá-los, causariam verdadeiras catástrofes em muitos países. 

A Organização Mundial da Saúde e fundações particulares, como a Fundação Bill Gates, procuram conter o crescimento populacional, com a divulgação de métodos contraceptivos nos países mais pobres, como o uso da camisinha nas relações sexuais, mas esbarram em grupos religiosos que condenam tais práticas e ameaçam seus usuários até mesmo com o fogo no inferno. Isso aconteceu, recentemente,  em diversos países africanos, onde milhões de camisinhas doadas e não  usadas, foram  parar no lixo.

Um organismo  da ONU declarou, recentemente, que, se o crescimento populacional continuar no ritmo atual, com o aumento descontrolado do consumo por parte dos diversos povos, à semelhança do que ocorre nos países desenvolvidos, em breve, serão necessárias quatro terras  para atender às necessidades básicas de suas populações.



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domingo, 23 de junho de 2013

OS COLONOS ITALIANOS E SUAS FESTAS EXÓTICAS



                  

No meu livro, Menino Tropeiro, descrevo alguns costumes exóticos dos italianos, residentes no Planalto Catarinense,  mais precisamente no povoado de Cerro Negro, hoje um importante município da região. O ano era 1934. Eis a narrativa:

"Pouco a pouco meu pai estabeleceu relações com o povo do lugar e as pessoas o procuravam para resolver diversos problemas. Passou a ser convidado a visitar residências e fazendas onde lhe dispensavam acolhida respeitosa. Mantinha também boas relações com a comunidade italiana local que tinha algumas tradições curiosas, como a passarinhada e a batida surpresa.

A passarinhada se realizava em determinado dia e consistia num grande almoço, cujo prato principal era uma macarronada acompanhada de carne de pequenos pássaros. Dias antes, os garotos saíam pelos matos atrás de todo tipo de passarinho que abatiam com suas fundas certeiras. Caçavam centenas de pássaros que eram depenados e cozidos, servidos com o macarrão, acompanhado de vinho. Confesso que a primeira vez que minha família participou desse almoço, senti repugnância e não comi. Certamente, hoje, tal costume seria abominado pelos ecologistas, mas os tempos eram outros.

A batida surpresa era outro curioso costume dos italianos  e  que  consistia  no   seguinte:  quando    um membro da comunidade, de poder aquisitivo razoável, fazia aniversário e deixava a data passar em brancas nuvens, sem convidar os amigos para um almoço ou jantar ou mesmo para umas canecas de vinho, o pessoal aguardava a chegada da noite, quando ele e a família já estivessem dormindo. Aproximavam-se em silêncio da residência, momento em que alguém batia à porta, enquanto rojões estouravam no céu e as sanfonas tocavam músicas típicas italianas. Todos gritavam o nome do aniversariante e lhe davam os parabéns.

Enquanto se fazia grande algazarra em frente à casa da vítima, um grupo de homens invadia os fundos da residência, atrás de galinhas, patos ou perus que eram levados até a cozinha onde as melhores cozinheiras do povoado os preparavam para o jantar em honra do homenageado. Corriam  também  até as adegas e traziam garrafas ou pequenos barris de vinho, enquanto o povo, dentro da casa, dançava animadamente. O ponto alto da comemoração era o jantar, durante o qual se faziam discursos e se levantavam brindes em honra do dono da casa que, na maioria das vezes, ainda em trajes de dormir, assistia a tudo atordoado, acompanhado de seus familiares".



                                   






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terça-feira, 11 de junho de 2013

PAPA FRANCISCO, SEGUINDO OS PASSOS DO “POVERELLO”


O papa Francisco tem dado demonstrações contundentes de sua intenção de fazer mudanças radicais na Igreja Católica, voltando-a integralmente para os pobres, seguindo os passos de Jesus de Nazaré e tomando como exemplo, São Francisco, o
poverello * de Assis.

Como Cardeal Primaz da Argentina, ele levava uma vida de pobreza e simplicidade, morando num pequeno apartamento, fazendo a própria comida, dispensando as suntuosas limousines para se locomover na cidade portenha.

Hoje, no Vaticano, Francisco dispensou as luxuosas instalações do apartamento pontifício, preferindo um simples apartamento na Casa de Marta, onde se hospedam bispos e cardeais em visita ao Vaticano. Dispensou também as suntuosas vestes usadas  pelos papas nas grandes cerimônias na Basílica de São Pedro, a maioria delas ostentando metros e metros de tecidos bordados com fios de ouro e cravejados de pedras preciosas.

A figura do papa  Francisco lembra aquele pontífice retratado no livro, As Sandálias do Pescador, de Morris West, em que o papa Kiril I se reúne com os cardeais da Cúria Romana e propõe a venda de todos os bens da Igreja para ajudar a combater uma grande fome na China. O filme, baseado no livro, teve a magistral interpretação do Ator Anthony Quinn, no papel de Kiril I.

Nas últimas décadas, os papas já vinham se livrando de alguns símbolos de ostentação. O último papa a usar a Tiara (tríplice coroa) foi o papa Paulo VI, que renunciou ao uso da mesma, sendo ela comprada pelos católicos americanos e o dinheiro doado a países pobres da África. Paulo VI foi aquele papa que disse que a fumaça de Satanás estava penetrando na Igreja por alguma fenda.

Anteriormente, a Igreja já tinha abolido o uso dos longos mantos púrpura usados na sagração de um cardeal, assim como a liteira que transportava o papa durante as cerimônias na Basílica de São Pedro, também chamada de sede gestatória, hoje substituída pelo papamóvel.




Na verdade, o papa Francisco segue os passos de São Francisco que, no ano de 1210, viajou até Roma com seus seguidores  para buscar a aprovação do Papa Inocêncio III  para o seu modo de vida. Ali, ele ficou escandalizado com o luxo e a pompa que rodeavam as pessoas do clero romano. Quando aquele bando de maltrapilhos entrou pelas dependências do Vaticano, foram impedidos pelos guardas de prosseguir, mas o Papa mandou que eles se aproximassem, pois reconheceu em Francisco a figura que lhe apareceu em sonhos, amparando as colunas da Igreja de Latrão que ameaçavam ruir. A Igreja de Latrão era a mãe de todas as igrejas do mundo. O papa viu no Poverello um enviado de Deus para salvar sua Igreja, dominada pela riqueza e pelo pecado de seus membros.

À semelhança do Poverello,  estaria o papa Francisco destinado a amparar as colunas da moderna igreja, ameaçadas de desmoronamento por perigos internos e externos?

* Poverello, pobrezinho em italiano.







             

quarta-feira, 5 de junho de 2013

HENRY FORD, UM CABEÇA DURA


Quando foram lançados nos Estados Unidos em 1922 os primeiros carros da Ford, produzidos em série, o Modelo T, conhecido popularmente no Brasil como Ford Bigode, não oferecia outra opção aos consumidores. Ou compravam o carro ou ficavam com suas antigas charretes e carroças. O sucesso do modelo foi tal que a metade dos carros que rodavam pelas estradas americanas era formada pelo famoso Ford T. Henry Ford, um gênio da mecânica, o inventor da linha de montagem, propiciou  uma enorme capacidade de produção às suas numerosas fábricas, espalhadas pelo mundo inteiro. 

Mas, como na vida nada é permanente,  logo entraram outros fabricantes de automóveis no mercado, produzindo novos modelos, atendendo a outras faixas de consumidores, pois o Ford T era um carro popular. Anos mais tarde, o próprio Modelo T, fabricado para percorrer estradas ruins de antes da guerra, começou a se tornar obsoleto, porque era de aparência rústica e os consumidores,  agora, queriam produtos mais sofisticados e confortáveis. As estradas eram melhores e compradores de maior poder aquisitivo estavam no mercado. Havia até uma piada sobre o modelo T: “Um Ford é como uma banheira: é útil, mas ninguém quer ser visto dentro dela”. 

Henry Ford, empolgado com o sucesso do modelo T, não queria lançar novos modelos. Chegou ao ponto de dizer que os compradores poderiam escolher qualquer cor para seus carros, desde que fosse o preto. Logo, ele teve que lançar um novo modelo (o modelo A) e em cores diversas, porque o consumidor já tinha outras opções, pois outros fabricantes, como a General Motors e a Crysler,  ameaçavam o seu império. A teimosia de Henry Ford, não acreditando no poder do consumidor, quase levou seu império à ruína. Ele entendia muito de mecânica, mas pouco de marketing.

Dois aspectos da vida de Henry Ford mancham a sua biografia. Era o anti-semitismo exacerbado  e a simpatia pelo nazismo. Existia uma mútua admiração entre ele e Adolf Hitler.

Ford Bigode




segunda-feira, 20 de maio de 2013

ASSUSTADORAS PROFECIAS SOBRE O PAPA FRANCISCO



Existem diversas profecias que se referem aos últimos papas da Igreja Católica, com destaque para aquelas de São Malaquias e também do Monge de Pádua, publicadas em Veneza no ano de 1527, que identificava com frases os últimos 20 papas da Igreja Católica. Publicamos aqui aquelas referentes aos últimos 6 papas, que apresentam uma incrível coincidência. Vejamos:

15 - "Homem de grande humanidade que fala francês". 
João XXIII (1958 a 1963). Falava Francês e foi núncio apostólico em Paris. Era conhecido como sendo um homem de grande humanidade.

16 - "A sombra do Anti-Cristo começará a obscurecer a Cidade Eterna".
 Paulo VI (1963 a 1978). O Papa Paulo VI disse em 1968 que "a fumaça de Satanás" tinha penetrado na Igreja por alguma fenda.

17 - "O pastor da laguna; seu reinado será tão rápido como a passagem de uma estrela cadente".
 João Paulo I (1978). João Paulo I foi Patriarca de Veneza e faleceu 33 dias depois de sua eleição. Seu pontificado foi  mesmo rápido como uma estrela cadente e sua morte deixou a humanidade perplexa.

18 - "Virá de longe e manchará a pedra com seu sangue".
João Paulo II (1978 a 2005). O Papa João Paulo II veio da Polônia. A maioria  dos Papas são italianos, por isso a frase diz que ele veio de longe. O atentado sofrido em 1981 manchou de sangue a Praça de São Pedro.

19 - "Semeador de paz e de esperança em um mundo que vive suas últimas
 esperanças".
Bento XVI (2005 a 2013). O mundo em que vivemos está prestes a sofrer grandes convulsões. Nada mais apropriado para descrever a atualidade como a frase acima.

20 - "Ele chegará a Roma de uma terra distante para encontrar tribulação e morte". Seria o novo papa, Francisco, que veio do extremo Sul do continente sul-americano? Esperamos que essa profecia não se cumpra.

A profecia de São Malaquias referente ao papa Francisco é mais detalhada. Ele é chamado de Petrus Romanus, embora não tenha adotado esse nome, mas os intérpretes da profecia dizem que o nome de São Francisco era inicialmente Giovani di Pietro di Bernardone. Portanto, ele tinha Pedro no nome e se preocupou intensamente pela reforma da igreja romana.  Seria ele, então, o Petrus Romanus?  (Pedro Romano).
Sobre esse papa da Igreja Católica, São Malaquias escreveu :"Na derradeira perseguição da Santa Igreja Romana estará sentado (no sólio de Pedro) Petrus Romanus, que apascentará suas ovelhas em meio a múltiplas turbulências, as quais transcorridas e a cidade das sete colinas destruída, o juiz poderoso julgará o povo".


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sábado, 13 de abril de 2013

NERO: INCESTO E MATRICÍDIO





Nero Cláudio César Augusto Germânico (37 d. C – 68 d. C) foi um dos maiores tiranos da história. Seu governo foi marcado pela crueldade, luxúria e crimes abomináveis. Mantinha relações incestuosas com a própria mãe, Agripina.
Suetônio, autor da Vida dos Doze Césares, escreveu: ”Narra-se, inclusive que toda vez que andava em liteira com sua mãe, satisfazia com ela seus apetites incestuosos e provava esse fato com as manchas apresentadas por suas vestes”. O mesmo autor escreve que o tirano pretendeu coabitar com a própria mãe e os inimigos de Agripina fizeram-no desistir desse propósito, pois temiam que ela se aproveitasse da nova situação para cometer arbitrariedades, pois era uma mulher cruel, difícil de ser contida. Para se consolar, Nero admitiu entre suas concubinas uma cortesã muito parecida com a mãe. Mas o destino de Agripina foi trágico como o de tantos outros, sendo condenada à morte pelo próprio filho, tornando-se ele um dos mais famosos matricidas da historia.


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OPERAÇÃO KAABA – A sensacional narrativa do sequestro de um papa por terroristas islâmicos, no ano de 2035.

O FILHO DE ANITA – uma narrativa repleta de mistério e suspense. Impróprio para pessoas impressionáveis.

MENINO TROPEIRO – As aventuras de um menino, no interior da Região Sul do Brasil.

PROVÉRBIOS LATINOS – Sã0 440 dos mais famosos prevérbios da cultura humanística, com a tradução, pronúncia e exemplos de seu uso correto.  




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domingo, 17 de fevereiro de 2013

O PESADELO DE ABRAHAM LINCOLN, PREVENDO A PRÓPRIA MORTE

Iconic black and white photograph of Lincoln showing his head and shoulders.

A chamada guerra da secessão que dividiu o povo americano, durou de 1861 a 1865, terminando com a vitória da União contra os confederados do Sul. Após a vitória, liderada por Lincoln, a segurança do presidente passou a ser uma preocupação constante de seus auxiliares mais próximos, pois sabiam do ódio e desejo de vingança dos vencidos. A comemoração da rendição do general Lee aconteceu numa terça-feira, 11 de abril, quando a cidade de Washington se agitou em sucessivas celebrações, com multidões desfilando diante da Casa Branca.

Naquela noite, o presidente em reunião com os principais colaboradores e sua mulher, relatou um estranho sonho que tivera em noites anteriores, narrativa que publicamos com tradução de Carlos Lacerda, extraída de uma condensação do livro de Jim Bishop e publicada pela Biblioteca de Seleções. Eis o texto:

“ - Há uns dez dias, fui deitar-me muito tarde. Estava à espera de um telegrama muito importante. Mal me deitara caí numa madorna, devido ao cansaço. Logo comecei a sonhar. Parecia haver em volta de mim uma quietude de morte. Então ouvi soluços abafados, como se muita gente estivesse a chorar. Pensei ter saltado da cama e descido ao acaso, as escadas.
- Então quebrou o silêncio o mesmo soluçar lastimoso, mas as pessoas eram invisíveis. Fui de sala em sala. Nenhuma pessoa viva à vista, mas os mesmos sons lamentosos vinham ao meu encontro enquanto eu passava. Havia luz em todas as salas. Os objetos eram familiares, mas onde estava aquela gente toda, que se lamuriava de partir o coração?
- Eu estava intrigado e cheio de espanto... decidido a encontrar a causa dessas ocorrências tão misteriosas e despropositadas, continuei o caminho até chegar ao Salão da ala direita, onde entrei. Ali deparei com uma surpresa medonha. Diante de mim, uma essa na qual jazia um cadáver preparado para os funerais. Em volta, soldados montavam guarda; e a multidão... uns a olhar tristemente para o cadáver, cujo rosto estava coberto, outros a chorar de dar pena.
- Quem está morto na Casa Branca? – perguntei a um dos soldados.
- O Presidente – foi a resposta. Abatido por um assassino.
- Então levantou-se da turba uma ruidosa explosão de mágoa, que me despertou do sonho. Não mais dormi naquela noite; embora fosse apenas um sonho, desde então me tem perturbado estranhamente.
Mr. Lincoln calou-se. Ninguém disse nada. A Sra. Lincoln estava horrorizada.
- É medonho – disse – Preferia que você não tivesse contado. Felizmente, não acredito em sonhos, senão passaria a viver apavorada.
O Presidente sorriu.
- Era apenas um sonho, Mãe. Não falemos mais nisto, tratemos de esquecer.
Os amigos começaram as despedidas..."

Lincoln sabia dos riscos que sua vida corria. Num arquivo em seu gabinete guardava uma pasta com mais de 80 cartas que o ameaçavam de morte, mas estava conformado. Se a vontade de Deus permitisse que ele fosse sacrificado, nada poderia fazer. Em Suas mãos entregara o seu destino.

E o sonho do Presidente se tornou realidade, quando o ator John Wilkes Booth, invadiu o camarote do chefe da nação, durante uma apresentação teatral no Teatro Ford, acertando-lhe à queima-roupa um tiro na cabeça. Eram 10h15 da noite de 14 de abril de 1865. Um dies ater (dia negro) para o povo americano.


Veja como foi  o assassinato de \lincoln

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

NOITE DE ENCOMENDAÇÃO DAS ALMAS



   Resultado de imagem para encomendação das almas

A cena narrada a seguir, se passa na localidade de Cerro Negro, um povoado localizado no planalto catarinense e foi extraída do livro Menino Tropeiro de R. H. Souza. Estávamos no início dos anos trinta e minha família morava nessa  localidade, onde meu pai era professor primário. O povo da região mantinha tradições curiosas, entre as quais se destacava aquela da encomendação das almas, uma cerimônia realizada nas sextas-feiras da quaresma. A seguir, a narrativa. 

"Entre a gente nativa da região existia também um costume singular. Numa noite, dormíamos tranquilamente em nossa casa, quando fomos acordados por orações e cânticos, acompanhados do ruído de matracas à porta da escola. Minha mãe acordou assustada e perguntou a meu pai o que aquilo significava e ele respondeu:
– Fiquem todos quietos, porque se trata de uma cerimônia de encomendação das almas.
– Mas o que isso significa?
– Em noites da quaresma, o povo se reúne no cemitério e dali partem grupos de homens, mulheres e crianças. Visitam as casas. cantam e rezam pelas almas. As pessoas da casa devem ficar em silêncio e só abrir as portas depois de terminada a cerimônia. Aí, sim, podem receber os visitantes e lhes oferecer um café ou coisa parecida.
E assim, aconteceu lá em casa. Dona Lina correu para a cozinha, fez um café, cortou fatias de pão e levou tudo até a escola, onde os visitantes noturnos aguardavam em silêncio. Depois que terminaram de comer, se retiraram e foram atrás de outras residências do povoado, repetindo o mesmo cerimonial de cânticos e orações pelas almas sofredoras. Confesso que aquela cerimônia noturna tinha qualquer coisa de misterioso e impressionava as pessoas visitadas."



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