quinta-feira, 21 de março de 2024

O SONHO DE CALPÚRNIA, MULHER DE JÚLIO CÉSAR E O ASSASSINATO DELE PELOS SENADORES ROMANOS

 



 Assassinato de JúlioCésar, Tela de 1805 do pintor Vincenzo Camuccini, exposta num museu de Nápolis, Itália

Júlio César foi assassinado  por um grupo de senadores nos idos de março (15 de março do ano 44 a.C). Sua mulher, Calpúrnia teve um sonho em que viu a figura do marido morto, todo ensanguentado. Antes, um vidente também alertou-o sobre o perigo que corria. César ficou na dúvida se deveria comparecer ao senado, naquele dia, mas um colaborador a quem relatou os fatos, ridicularizou os seus temores, dizendo que ele não podia acreditar em sonhos tolos e premonições. Era tudo mera fantasia. César, então, resolveu comparecer ao senado. Marco Antônio, seu principal general, sempre o acompanhava em suas visitas, mas nesse dia teve outro compomisso e só  chegou ao cenário do crime, depois do assassinato do amigo.


               Calpúrnia, a terceira mulher de Júlio César

Pelo menos 60 senadores participaram da conspiração, liderados por Brutus e Caio Cássio, sendo que o primeiro era visto por César como um filho de criação, pois a mãe dele, Servilia, tinha sido sua  amante. Os senadores desferiram 23 golpes de adagas no homem indefeso, sendo que Brutus também participou da chacina, tendo ouvido da vitima a frase que ficou famosa: et tu, Brute ( até tu, Brutus).

        
                Imagem de Brutus, exemplo nefasto de traição


Quando da batalha de Farsália, entre César e Pompeu, vencida pelo conquistador da Gália, Brutus não  apoiou seu protetor, mas aliou-se a Pompeu, sendo, posteriormente, perdoado por César, provavelmente a pedido da mãe, Servilia, que fora amante do vencedor. Brutus aliou-se, posteriormente, aos assassinos do amigo e protetor,  passando à história como protótipo repugnante de traição e covardia. 

Os cospiradores justificaram o seu ato bárbaro, alegando que Cesár, no momento ditador da república, com plenos poderes, pretendia restaurar a monarquia, sendo ele o imperador. Mas o golpe fracassou e os cospiradores foram derrotados numa guerra civil, sendo Marco Antônio seu principal comandante. Derrotado na batalha de Filipos, Brutus se suicidou. 



César (foto) se tornara famoso em Roma, em razão de suas conquitas na Gália, onde  combateu durante oito anos, tendo trasformado suas legiões numa força de elite, que deixou os senadores de Roma assustados. Eles lhe ordenaram dissolver essas legiões e retornar a Roma para ser julgado. O cérebro dessa conspiração era Pompeu, casado com Júlia, filha de César, que falecera durante um parto para grande amargura do pai.

Como resposta às exigências do senado, para dissolver suas legiões, César reuniu suas tropas e atravessou o Rubicão, quando pronunciou a famosa frase: alea jacta est (o dado ou a sorte foi lançada). Pompeu com seus legionários esperou César, na Grécia, onde foi travada a batalha de Farsália. Embora em menor número, Júlio César conseguiu derrotar Pompeu, usando táticas militares de alta relevância. Pompeu fugiu para o Egito, onde foi morto por ordem de Ptolomeu, irmão de Cleópatra. Seus assassinos ofereceram a César a cabeça do general, pretendendo agradá-lo, mas César, horrorizado, mandou eliminá-los.


No Egito, César manteve um relacionamento amoroso com Cleópatra, nascendo-lhe um filho de nome Cesário. Cleópatra (foto) e o irmão Ptolomeu governavam o Egito, mas estavam em disputa feroz pelo poder. César apoiou a amante e ela se tornou soberana única do país, com a derrrota e morte do irmão, sob os auspícios de Júlio César. Quando César foi assassinado, Cleópatra se encontrava em Roma, com o filho Cesário, tendo retornado, imediatamente, ao Egito, pois ambos corriam perigo de vida. Além do que, sua  presença na capital romana,  era motivo de constante constrangimento para Calpúrnia, a legítima esposa do assassinado.

Com seu retorno a Roma, depois da vitória de Farsália,  César se tornou um ditador, com plenos poderes, outorgados pelo senado, mas os senadores, na surdina,  conspiravam, suspeitando de suas intenções em se tornar rei, o que era verdade. Marco Antônio, em duas oportunidades, diante de uma multidão, chegou a colocar uma coroa na cabeça dele. O ato foi aplaudido por muitos, mas uma parcela da multidão ficou em silêncio, desconfiada.


Entretanto, a morte de Júlio César, foi o acontecimento que possibilitou o surgimento do império romano, com Otaviano Augusto, seu primeiro imperador (foto). Ele era sobrinho-neto de César e tinha sido adotado por ele, tornando-se, portanto, seu herdeiro político. O fato constava, inclusive, de seu testamento.


Na tela, Marco Antônio exibe o corpo de Júlio César perante o povo de Roma, oportunidade em que pronunciou um discurso emocionante, no qual enalteceu as qualidades do amigo como uma das maiores personalidades de seu tempo.A cidade foi tomada por grande emoção.

Na verdade, Júlio César foi um dos maiores generais da história da humanidade,  um grande administrador e um dos políticos mais importantes da República romana. Sua trajetória de vida vem sendo estudada ao longo tempo por historiadores da maioria das nações, Ave, Caesar!!!










sábado, 16 de março de 2024

AVE, CAESAR, MORITURI TE SALUTANT (SALVE, CÉSAR, OS QUE VÃO MORRER TE SAUDAM)

 


Era  com a frase acima que os gladiadores da Roma antiga iniciavam a luta mortal, para alegria de uma multidão insana que os assistia. Um dos contendores, perderia a vida, se o imperador botasse o dedo polegar para baixo. A luta de gladiadores era uma maneira de o imperador dominar a população da cidade, que sempre reclamava  por panem et circenses (pão e circo), pois os imperadores distribuíam de graça trigo para o  pão, trigo esse que vinha das províncias, principalmente  do Egito, famoso pela fertilidade de seu solo às margens do Rio Nilo. E o circo era uma maneira de ocupar a mente de sua população e assim, dominá-la com facilidade. Os jogos, muitas vezes, se prolongavam por largos períodos, para satisfação do populacho.


Os gladiadores lutavam homem com homem, ou homem com animais. E, em determinados casos, havia até mulheres, que também lutavam. Dois imperadores chegaram a participar dessas lutas: Cômodo e Calígula, mas os espetáculos eram preparados de maneira que fossem eles os vencedores. Cômodo foi até acusado de fornecer a seu contedor uma espada sem fio.

Os gladiarores ficavam em ambientes especiais, onde eram treinados e tinham até uma alimentação especial e participavam de lutas ao menos três vezes por ano. E os imperadores também investiam em grandes estádios para reunir multidões, como o Coliseu de Roma, cujas ruinas ainda estão de pé.


O combatentes eram escolhidos entre os escravos ou eram prisioneiros de guerra. Quando um gladiador vencia numerosas lutas, ele se tornava famoso, como hoje os jogadores de futebol.  Podiam se aposentar depois de anos de fama e até receber um estipêndio do estado.

Os romanos não foram o criadores das lutas de gladiadores, mas os etruscos, primeiros habitantes de península itálica. Mas até quando perduraram as lutas de gladiadores? Quem primeiro os proibiu foi o imperador Costantino no ano de 399, mas elas continuaram na clandestinidade até a chegada do papa Inocêncio I, em 401, que acabou com os mesmos em definitivo, pois isso era uma demanda do cristianismo e de filósofos de diversas correntes durante séculos, como os estóicos.


Um dos gladiadores mais famosos de Roma, foi Espártaco, cuja rebleião deu muita dor de cabeça aos romanos, pois ele conseguiu formar um exército de 40 mil ex-escravos e infrigiu numerosas derrotas às legiões do império. Foi, finalmente, derrotado por Crasso
em batalha em que ele também deve ter perecido, mas seu corpo nunca foi encontrado pelo general romano. Crasso quis dar uma lição a possíveis novas revoltas e mandou crucificar 6 mil escravos aprisionados e exibi-los ao longo da via Ápia, uma das principais estradas da antiga Roma. Espetáculo sem similar na história da humanidade.





terça-feira, 12 de março de 2024

PLÍNIO, O JOVEM, FOI TESTEMUNHA OCULAR DA DESTRUIÇÃO DE POMPEIA PELO VULCÃO VESÚVIO



Era o ano 79 d.c., quando ocorreu a grande tragédia que destruíu as cidades de Pompeia e Herculano,  cidades romanas às margens do Mediterrâneo. Quem lá se encontrava. no momenro, era um jovem de 18 anos, com o nome de Plínio, hospedado com sua família na casa de seu tio, conhecido como Plínio, o velho. O jovem assistiu à grande tragédia, desde o início e, posteriormente, escreveu duas cartas para o historiador Tácito  com um completo relato dos acontecimentos, durante os quais também pereceu seu tio. Em seus escritos, o joven Plínio descreve o terror que tomou conta da cidade. Grandes pedras atigiam a cabeça das pessoas e elas corriam em desespero pelas ruas da cidade, com travesseiros sobre a cabeça para se protegerem do impacto das mesmas. Depois das pedras, vieram as cinzas e os gases venenosos, com elevadas temperaturas, que fulminavam as pessoas em questão de segundos. O piso das ruas cedia sob os pés da multidão, correndo em desespero. Era o choro, os gritos e o clamor de quem tentava escapar da cidade em chamas.

Hoje, depois das escavações realizadas,  são encontrados centenas de corpos  petrificados. São pessoas abraçadas, crianças no colo das mães, cidadãos em seus trabalhos diários e até casais praticando sexo. E existe, mesmo uma múmia, com um homem se masturbando. Em Pompeia e Herculano, calcula-se que 16 mil pessoas pereceram num só dia. 


Entre os corpos petrificados, um se tornou lendário. É o corpo de um legionário romano, sentinela de um ponto estratégico da  cidade. Ele surportou o calor, foi coberto pelas cinzas, mas não abandonou o posto. O fato é considerado exemplo de disciplina e responsabilidade. Sua lança e capacete estão  hoje no museu de Nápolis.



As escavações que são feitas hoje em Pompeia, mostra uma cidade progressista, com belas construçôes, balneários, obras de arte, comércio intenso, pois era ali que a elite romana tinha suas vivendas e palacetes, onde seus membros se refugiavam do estresse da poluída Roma. Muitos até a consideram a cidade do pecado, face aos múltiplos prazeres oferecidos por ela, como comprovam os afrescos conservados em vários palacetes.



Mas o que impressiona nas escavações da cidade são os corpos mumificados das pessoas, surpreendidas 
em diversos momentos de suas vidas pelas lavas e altas temperaturas do Vesúvio. Isso aconteceu em frações de segundos.

Mas o Vesúvio de hoje, oferece perigo? Os cientistas afirmam que sim e autoridades italianas têm projetos para evacuar os habitantes de Pompeia, para que não aconteça com eles o que aconteceu com os antigos moradores, que jamais imaginaram o grande perigo que corriam. Para eles, a montanha era mais uma entre outras. Não imaginavam que o perigo morava ao lado.


sábado, 2 de março de 2024

A PERIGOSA AVENTURA DO PRESIDENTE THEODORE ROOSEVELT PELA SELVA AMAZÔNICA



No ano de 1914, o presidente americano, (foto homem com chapéu), Theodore Roosevelt visitou o Brasil e aceitou o convite do governo brasileiro para participar de uma expedição à Amazônia em companhia do marechal Rondon. O presidente americano saía de uma derrota à reeleição nos Estados Unidos, depois de um governo com muitas realizações. Rondon, anteriormente tinha descoberto um rio na região, que chamou de Rio da Dúvida, pois não tinha certeza que o mesmo seria afluente do Amazonas. E um dos objetivos   da expedição era confirmar o fato e ficou evidente que o Rio da Dúvida não era afluente do grande rio,  passando, então, a ser denominado de Rio Roosevelt. 

Da expedição faziam parte 22 pessoas, incluindo o filho do americano. Apesar da experiência do Marechal Rondon, a viagem se tornou um grande pesadelo, pois os viajantes foram vítimas de doenças, como a malária, ataque de índios, acidentes na selva, fome e  outros perigos  imprevisíveis. O próprio Roosevelt sofreu um ferimento na perna, mordida por uma cobra coral e teve que sofrer uma cirurgia às margens do rio para conseguir concluir a viagem até ao encontro de uma equipe de socorro. Ele correu grande perigo de vida, segundo relato do marechal Cândido Rondon.

Antes de vir para o Brasil, o presidente americano pretendia fazer um safari na África. Sabendo que um famoso caçador africano visitara os Estados Unidos convidou-o para um jantar na Casa Branca, pois pretendia colher ideias e informações sobre suas experiências no continente africano. Depois de duas  horas  com  Roosevelt,  o  caçador  saiu  e  um repórter lhe perguntou como fora a conversa com o presidente e o homem, bastante contrariado, respondeu: “Apenas consegui lhe dizer o meu nome”. 
 O fato aqui narrado, revela o temperamento do Presidente. Parece que ele gostava de falar pelos cotovelos.



Equipe da expedição Roosevelt-Rondon, com perdas de vidas e grandes sacrifícios.