terça-feira, 31 de julho de 2012

O TERROR NAZISTA NA OCUPAÇÃO DA POLÔNIA

Gioia Pura


O jornalista americano  William L. Shirer foi correspondente em Berlim do jornal Chicago Tribune no período de 1926 a 1941 e assistiu  à ascensão e queda do nazismo, sendo testemunha ocular de muitos episódios dessa fase da história alemã. Depois da guerra, teve acesso a milhares de documentos secretos sobre a história de Hitler e do nazismo que vieram à luz  com a queda do Terceiro Reich. Realizou uma pesquisa exaustiva sobre tema, da qual resultou o livro Ascensão e Queda do III Reich, em seis volumes, um livro extraordinário, publicado nos Estados Unidos em 1960 e, em 1964 no Brasil, inicialmente,  pela Editora Civilização Brasileira. Para termos uma ideia dos métodos empregados pelos nazistas nos paises conquistados, vamos extrair alguns tópicos da primeira edição em português, referentes às ações praticadas por eles na conquista da Polônia, episódio que deu início a Segunda Guerra Mundial.

Não havia decorrido muitos dias, após o ataque contra a Polônia, já meu diário ia acumulando anotações sobre o terror nazista no país conquistado. Saber-se-ia mais tarde que muitos outros diários estavam também repletos delas. Em 19 de outubro, Hassel relatou ter tido notícias sobre os “chocantes atos bestiais praticados pelas  S.S., especialmente contra os judeus”. Pouco tempo depois, ele registrava um fato narrado por um proprietário de Posen.

A última coisa que tinha visto fora um chefe distrital do partido, bêbedo, que ordenara que se abrissem as portas da cadeia; ele atirou contra cinco meretrizes e tentou violentar duas outras.

Em 18 de outubro, Halder anotou em seu diário os pontos principais de uma conversa que teve com o general Eduard Wagner, Chefe do Serviço de Intendência do Exército, que havia conferenciado com Hitler nesse dia, acerca do futuro da Polônia. Esse futuro seria cruel.
Não pretendemos reconstruir a Polônia... Não para ser um Estado modelo segundo padrões alemães. Deve-se impedir que a classe culta se estabeleça como classe dirigente. Deve-se manter um baixo padrão de vida. Escravos baratos... Cumpre fazer uma desorganização total! O Reich dará ao General-Governador os meios para executar esses plano diabólico.
O Reich deu-os.

E prossegue o autor do livro:
Pode-se fazer agora um breve relato do começo do terror nazista na Polônia, conforme revelam os documentos capturados aos alemães e as provas apresentadas nos vários julgamentos realizados em Nuremberg. Era apenas um precursor de atos atrozes e tenebrosos que os alemães eventualmente iriam infligir a todos os povos conquistados. Mas, do primeiro ao último, mais que em qualquer outro lugar, o pior foi na Polônia. Ali, o barbarismo nazista atingiu uma incrivel profundidade.

Pouco antes de ser desfechado o ataque contra a Polônia, Hitler informou os generais, na conferência de Obersalzberg, em 22 de agosto, que iriam acontecer coisas que “não seriam do agrado dos generais alemães” e preveniu-os de que “não deveriam interferir em tais questões e sim limitar-se a seus deveres militares”. Sabia do que falava. O autor logo ficou assoberbado, tanto em Berlim como na Polônia, de reletórios sobre os massacres nazistas. O mesmo se dava com os generais. Em 10 de setembro, com a campanha da Polônia, em livre curso, Halder anotou em seu diário um exemplo que logo se tornou conhecidíssimo em Berlim. Alguns brutamontes pertencentes a um regimento de artilharia das S.S., tendo feito cinquenta judeus trabalharem o dia todo no serviço de reparo de uma ponte, levaram-nos depois para uma sinagoga e, segundo as própria palavras de Halder, “massacraram-nos”...

O que restou da Polônia, depois que a Rússia se apoderou de seu quinhão a leste e a Alemanha anexou formalmente suas antigas províncias e alguma parte adicional do território a oeste, foi designado por um decreto do Führer, de 12 de outubro, como governo geral da Polônia. Hans Frank foi nomeado governador-geral... Frank era o exemplo típico do facínora intelectual nazista... Uma figura morena, guapa, elegante, pai de cinco filhos, sua inteligência e cultura contrabalançavam em parte seu primitivo fanatismo e até esse tempo fizeram-no um dos menos repulsivos elementos que cercavam Hitler. Por trás desse verniz civilizado, porém, estava o assassino frio. O diário de quarenta e dois volumes que manteve de sua vida e de sua obra, que foi exibido em Nuremberg foi um dos mais estarrecedores documentos a sairem do tenebroso mundo nazista, descrevendo o seu autor como um homem frio, eficiente, cruel e sedento de sangue. Aparentemente, não omitiu nenhuma de suas declarações de bárbaro.

“Os poloneses – declarou ele no dia seguinte à sua posse no novo posto – deverão ser escravos do Reich Alemão”. Certa vez, ao saber que Neurath, “Protetor” da Boêmia havia colocado cartazes anunciando a execução de sete estudantes universitários checos, Frank exclamou para um jornalista nazista: ”Se eu desejasse ordenar que se deviam colocar cartazes para cada sete poloneses fuzilados, não haveria florestas suficientes na Polônia para a fabricação de papel para esses cartazes”.

Em outra oportunidade, numa conferência, o mesmo Frank declarou.
“Devem ser destruídos os homens que possam exercer liderança na Polônia. Aqueles que os acompanharem... devem por sua vez, ser eliminados. Não há necessidade de sobrecarregar o Reich com isso... nenhuma necessidade de  enviar esses elementos para os campos de concentração do Reich”.
Seriam eliminados ali mesmo na Polônia.

Nessa conferência, conforme Frank anotou em seu diário, o chefe da Polícia de Segurança entregou-lhe um relatório sobre o progresso feito. Cerca de dois mil homens e várias centenas de mulheres – declarou – haviam sido presos “no começo da Ação Extraordinária de Pacificação”. A maioria já tinha sido “sentenciada sumariamente” – um eufemismo nazista para “liquidação”. Uma segunda leva de intelectuais estava agora sendo reunida para receber a “sentença sumária”. Ao todo, “cerca de 3.500 pessoas”, as mais perigosas da classe culta polonesa, seriam assim eliminadas.

Frank não se esqueceu dos judeus, embora a Gestapo se encarregasse diretamente da tarefa de exterminação. Seu diário está repleto de ideias e realizações sobre o assunto.
Num discurso posterior ele disse.

Meus camaradas!... Eu não poderia eliminar todos os piolhos judeus em apenas um ano. (“O público achou graça”, anotou ele nesse ponto). Mas, com o tempo e se me ajudarem, esse objetivo será atingido.

Mais tarde, em outra conferência.
No que diz respeito aos judeus, quero dizer-lhes com toda a franqueza que eles precisam ser eliminados de um modo ou de outro... Senhores, devo dizer-lhes que se libertem de qualquer sentimento de piedade. Precisamos aniquilar os judeus.

Em 9 de outubro, dois dias depois de assumir o último de seus postos, Himmler decretou que 550.000 dos 650.ooo judeus que viviam nas províncias polonesas anexadas, juntamente com todos os poloneses não apropriados para a “assimilação”, seriam deslocados para o território do governo geral, a leste do rio Vístula. Em um ano, 1.200.ooo poloneses e 300.000 judeus foram deslocados para o leste. Mas somente 497.000 Volksdeutsche  instalaram-se em suas terras. Foi um proporção melhor que a citada por Halder: dois poloneses e um judeu expulsos para cada alemão que lá se instalava.

Fala de Himmler:
... aconteceu na Polônia, a temperatura marcando quarenta graus abaixo de zero, onde tínhamos que evacuar milhares, dezenas de milhares, centenas de milhares; onde tínhamos que ser inflexíveis – devem ouvir isso, mas devem também esquece-lo imediatamente – e fuzilar milhares de poloneses importantes... Senhores! É muito mais fácil, em muitos casos, entrar num combate com uma companhia do que eliminar uma população obstrucionista e de baixo nível cultural ou fazer execuções ou evacuar um povo o expulsar mulheres a gritarem histericamente”.

E para terminar, Auschwitz.
Para superintender o novo campo e suprir a mão-de-obra escrava para a I.G Farben (grande fabricante alemão de produtos químicos), chegaram na primavera de 1940, a Auschwitz, um bando dos mais selecionados rufiões das S.S., entre eles Josef Kramer, que se tornaria mais tarde conhecido do público inglês como a “Fera de Belsen”, e Rudolf Franz Hoess, um criminoso que havia cumprido cinco anos de pena numa prisão – passou a maior parte da vida adulta primeiro como convicto e, depois, como carcereiro – e que em 1946, à idade de quarenta e seis anos, iria vangloriar-se em Nuremberg de que havia supervisionado, em Auschwitz, o extermínio de dois e meio milhões de pessoas, sem contar meio milhão que deixaram “sucumbir de inanição”.
Pois Auschwitz logo estaria destinada a tornar-se o mais célebre dos campos de extermínio – Vernichtungslager – que cumpre distinguir-se dos campos de concentração, onde uns poucos ainda puderam sobreviver. Não deixa de ser significativo, para se compreenderem os alemães, até mesmo os mais respeitáveis, no governo de Hitler, que uma figura tão ilustre e internacionalmente conhecida como a I.G. Farben, cujos diretores se distinguiam entre os principais homens-de-negócios da Alemanha, todos eles tementes a Deus, deliberadamente escolhessem aquele campo de morte como local apropriado para operações lucrativas.

(As primeiras edições do livro Ascensão e Queda do III Reich estão esgotadas, mas temos informações que a Editora AGIR relançou a obra em português.




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sábado, 28 de julho de 2012

NAIR DE TEFFÉ, UMA MULHER ADIANTE DE SEU TEMPO



                      
                        

Seu nome completo era Nair de Teffé von Hoonholtz. Nasceu em 10 de junho de 1886 na cidade de Petrópolis e faleceu em 10  de junho de 1981, no Rio de Janeiro, com 95 anos de idade. Era o dia de seu aniversário. Foi pintora, cantora, atriz e pianista. De 1913 a 1914, foi a primeira-dama do Brasil, casada com o presidente  Marechal Hermes da Fonseca. A publicação Nosso Século da Editora Abril, assim resumiu a  biografia dessa extraordinária mulher brasileira.

“ Nair de Teffé foi uma pioneira. Filha do Almirante Antônio Luís Hoonholtz, Barão de Teffé, estudou na França, como toda a boa moça de elite. Desde adolescente, sua inteligência e sua personalidade independente a levaram a quebrar os tabus da época. Falando vários idiomas, era apaixonada pelo teatro (revelando-se atriz de talento) e pela música popular (gostava de tocar violão, instrumento considerado pela elite como “coisa de populacho”). Para escândalo da “boa sociedade”, a jovem Nair costumava frequentar o bar do Jeremias, reduto da intelectualidade boêmia do Rio. Revelou-se também brilhante na caricatura – gênero em que se iniciou ainda menina, quando estudou num colégio de freiras em Paris e fazia “retratos” humorísticos de suas professoras. Aos 24 anos, já era famosa na imprensa colaborando em publicações como Gazeta de Notícias, Careta, Fon-Fon!, O Malho,  Le Rire, Fantasio, Excelsior (estas três últimas francesas). Primeira mulher a fazer caricaturas na imprensa brasileira, Nair de Teffé tornou-se conhecida em Paris e Londres pelo seu traço moderno, captando com argúcia e ironia o lado cômico da vida.

Em 1913, aos 27 anos, Nair se tornaria a primeira dama do Brasil. Ela própria conta seu namoro com o presidente Hermes da Fonseca: ”Papai avisou-me: ´Nair, hoje o Marechal Hermes vai chegar naquele trem que você batizou de trem dos maridos. Vamos à estação espera-lo´. (...)

[A cena se passa em Petrópolis, RJ, onde a elite passava o verão.] Quando o Marechal desembarcou, achei-o abatido, triste (...) [Quando me viu,] notei que seus olhos ficaram diferentes. Apertou minha mão e olhou-me com viva ternura. No dia 18, o Presidente telefonou, marcando um passeio para o dia 20, dia de São Sebastião. Veio acompanhado de seu filho Euclides, do Ajudante de Ordens e do cocheiro Luís. Saímos a passeio em companhia de papai, em direção ao Bairro Caxambu, onde meu selim virou e eu caí em pé. Estava em frente do grupo, distanciada de todos. O Presidente acelerou o seu cavalo, veio em meu socorro e perguntou-se gentilmente:´Machucou-se mademoiselle?´´Não!´ Antes que cheguem os outros, eu quero lhe falar uma coisa depressa. Tive um sonho, mas acho quase impossível a sua realização. Não devo dizer-lhe´. Emparelhamos os nossos cavalos e insisti para contar-me o sonho (...) E ele, encabulado, olhando para o chão, falou-me: “Estou encantado com a beleza de mademoiselle. Queria fazê-la minha esposa".

sexta-feira, 20 de julho de 2012

OS VELHOS TEMPOS DOS CARROS MOVIDOS A GASOGÊNIO

                                   

                                  
A Segunda Guerra Mundial passou mais ou menos ao largo da população da pequena Anita Garibaldi, uma pequena povoação perdida no planalto catarinense onde meu pai era professor primário e onde passei parte de minha infância e adolescência. A gente acompanhava o noticiário da guerra pelo rádio do dr. De Negri, o médico do lugar e amigo de meu pai.

A única coisa que chamava a nossa atenção para a guerra era a presença eventual na estrada estadual de carros movidos a gasogênio, pois a gasolina estava racionada em todo o país. Esses carros carregavam na traseira dois cilindros de metal, cada um com altura aproximada de um metro e meio por quarenta centímetros de diâmetro, um verdadeiro trambolho que chegava a um peso total de 100 quilos. Na base dos cilindros era aceso um fogo alimentado por carvão ou lenha que produzia uma mistura de gases, fazendo o motor funcionar. Esses carros andavam bem em terreno plano e descida, mas tinham dificuldade nas subidas. De qualquer maneira, quando um deles chegava a Anita Garibaldi, todo mundo se aproximava para observá-los. A vantagem devia ser o preço do combustível, pois lenha e carvão havia em todo lugar. Os proprietários desses veículos davam preferência a carvão de nó de pinho, material abundante na região e que era melhor para o motor, segundo diziam os entendidos.

Quando um pinheiro cai, o tronco dele vai aos poucos apodrecendo, mas no seu interior ficam os chamados nós de pinho que não se deterioram e são muito resistentes. Têm uma forma cônica com mais ou menos trinta a quarenta centímetros de comprimento. Seu interior é de cor avermelhada e produzem uma brasa viva e de maior duração, razão da preferência que lhes davam os motoristas para queima em seus automóveis.







quarta-feira, 11 de julho de 2012

A MORTE DE MARCO TÚLIO CÍCERO




Marcus Tullius Cicero era o seu nome em latim. Nasceu em Arpino em 3 de Janeiro de 106 a.C e faleceu em Formia a 7 de Dezembro de 43 a.C. É considerado uma das personalidades mais importantes da história romana, tendo sido filósofo, orador, escritor, político e advogado, além de grande defensor da República Romana. Viveu num dos momentos mais conturbados da história de R0ma, assolada pela guerra civil, entre Pompeu e Júlio César, resultando na derrota e morte do primeiro. Cícero posicionou-se em favor de Pompeu, mas, depois da vitória, Júlio César procurou atraí-lo para seu lado, face às suas qualidades extraordinárias  de homem público. Com o assassinato de Júlio César, dominavam a cena política romana, Otávio, herdeiro do ditador e Marco Antônio que tinha um profundo ódio a Cícero. Os últimos dias do grande político romano são narrados por Taylor Galdwell, consagrada escritora inglesa, radicada nos Estados Unidos, em seu magnífico livro: Um Pilar de Ferro (Editora Record), cujo texto apresentamos a seguir:
   “Devagar a luz brilhante e dourada abriu-se como uma cortina e por entre as dobras vibrantes estendeu-se a mão de um homem, firme e jovem, exprimindo amor em todas as suas curvas, em sua palma virada para cima, nos dedos que o chamavam. Era ao mesmo tempo a mão de um jovem e de um pai, acalentando, alcançando, protegendo. Ao vê-la, todo o coração de Cícero agitou-se com ansiedade, alegria e humildade. E, então, ele ouviu uma voz que parecia tocar as estrelas mais longínquas:
   “Não temas, pois estou contigo. Não desanimes, pois sou teu Deus. Quando tu passares por entre as águas eu estarei contigo, e os rios não te submergirão; quando andares por entre o fogo, não serás queimado e a chama não arderá em ti. Porque eu, o Senhor teu Deus, seguro a tua mão direita.”
   A luz apagou-se e a mão se retirou e, no entanto, Cícero não sentia mais frio, nem que estava abandonado e desesperado. Caiu num sono profundo e repousou como uma criança, o rosto na palma da mão, dormindo como dorme um bebê, com confiança e sem medo.
   Na manhã seguinte, ele levantou-se, e os escravos se espantaram ao ver a animação de seu rosto e sua expressão decidida.
   - Viajo hoje para a Macedônia - disse ele. Eles ficaram desanimados. Não obstante, prepararam tudo para ele. O mar estava mais revolto do que na véspera. Mas havia um barco para a Macedônia no cais e o barco de Cícero, remado por escravos fortes, dirigiu-se para ele. As ondas levantaram-se mais alto ainda. Cícero suspirou:
   - Temos de voltar para a vila – disse ele. – Amanhã pode ser mais propício.
   É Plutarco quem dá o relato mais eloquente do último dia do chefe da casa de Cícero:
   “Havia em Gaeta uma capela em homenagem a Apolo, não distante do mar, de onde um bando de corvos elevou-se, aos gritos, dirigindo-se para a embarcação de Cícero, quando ele se dirigia para a terra; pousando de ambos os lados do lais de verga, alguns dos corvos ficaram crocitando, enquanto outros bicavam as pontas das cordas. Todos a bordo acharam que aquilo era um sinal de mau agouro. Cícero desembarcou e, logo depois de entrar em casa, foi deitar-se na cama para descansar um pouco. Muitos dos corvos pousaram junto da janela, crocitando tristemente. Um deles pousou sobre o leito em que Cícero estava coberto e, com o bico, tentou pouco a pouco puxar a coberta do rosto dele. Os empregados vendo aquilo, culparam-se por ficar ali para ver o patrão ser morto e nada fazer para defendê-lo, enquanto que as criaturas irracionais chegavam para ajudar a cuidar dele em suas privações imerecidas. Portanto, em parte por súplicas, em parte à força, pegaram-no e carregaram-no na liteira em direção ao mar.
   “Mas, entrementes, os assassinos tinham chegado, Herênio, um centurião, e Popílio, um tribuno, a quem Cícero anteriormente defendera, quando ele fora processado pelo assassínio do pai. Com eles estavam soldados. Encontrando fechadas as portas da vila, eles as arrombaram. Quando Cícero não apareceu e os que estavam em casa disseram que não sabiam onde ele se encontrava, dizem que um jovem a quem Cícero dera uma educação liberal, um escravo liberto de seu irmão Quinto, chamado Filólogo, informou ao tribuno que a liteira estava a caminho do mar, no meio do bosque cerrado. O tribuno, levando consigo alguns homens, apressou-se para o ponto de onde ele deveria sair, enquanto Herênio corria pelo caminho atrás dele. Cícero o viu correndo e mandou que os servos baixassem a liteira. Depois, afagando o queixo, como costumava fazer com a mão esquerda, ele olhou com firmeza para seus assassinos, estando ele todo coberto de pó, os cabelos desgrenhados, o rosto abatido. Assim, a maior parte dos que estavam ali cobriu o rosto, enquanto Herênio o matava. Ele tinha posto a cabeça para fora da liteira e Herênio a degolou. Depois, por ordem de Antônio, também cortou-lhe as mãos, com as quais foram escritas as Filípicas.
    “Quando esses membros foram levados a Roma, Antônio estava presidindo uma assembleia para escolha de funcionários públicos. Quando ele soube da notícia, e viu a cabeça e as mãos, exclamou: ´Agora acabem-se as proscrições!´Mandou que a cabeça e as mãos fossem pregadas sobre o rostro, de onde falavam os oradores, espetáculo que os romanos contemplaram tremendo. Eles acreditaram ver ali não o rosto de Cícero, mas a imagem da própria alma de Antônio.”
   O corpo mutilado de Cícero foi enterrado no local onde fora assassinado.



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