sexta-feira, 20 de julho de 2012

OS VELHOS TEMPOS DOS CARROS MOVIDOS A GASOGÊNIO

                                   

                                  
A Segunda Guerra Mundial passou mais ou menos ao largo da população da pequena Anita Garibaldi, uma pequena povoação perdida no planalto catarinense onde meu pai era professor primário e onde passei parte de minha infância e adolescência. A gente acompanhava o noticiário da guerra pelo rádio do dr. De Negri, o médico do lugar e amigo de meu pai.

A única coisa que chamava a nossa atenção para a guerra era a presença eventual na estrada estadual de carros movidos a gasogênio, pois a gasolina estava racionada em todo o país. Esses carros carregavam na traseira dois cilindros de metal, cada um com altura aproximada de um metro e meio por quarenta centímetros de diâmetro, um verdadeiro trambolho que chegava a um peso total de 100 quilos. Na base dos cilindros era aceso um fogo alimentado por carvão ou lenha que produzia uma mistura de gases, fazendo o motor funcionar. Esses carros andavam bem em terreno plano e descida, mas tinham dificuldade nas subidas. De qualquer maneira, quando um deles chegava a Anita Garibaldi, todo mundo se aproximava para observá-los. A vantagem devia ser o preço do combustível, pois lenha e carvão havia em todo lugar. Os proprietários desses veículos davam preferência a carvão de nó de pinho, material abundante na região e que era melhor para o motor, segundo diziam os entendidos.

Quando um pinheiro cai, o tronco dele vai aos poucos apodrecendo, mas no seu interior ficam os chamados nós de pinho que não se deterioram e são muito resistentes. Têm uma forma cônica com mais ou menos trinta a quarenta centímetros de comprimento. Seu interior é de cor avermelhada e produzem uma brasa viva e de maior duração, razão da preferência que lhes davam os motoristas para queima em seus automóveis.







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