sexta-feira, 28 de abril de 2023

AS TORRES DAS TRÊS VIRTUDES, UMA LEITURA DE OUTROS TEMPOS, VIOLENTOS E CONTURBADOS

 

                      


Esse livro é uma narrativas de outros tempos em que as winchesters falavam mais alto. Leia o capítulo anexo e terá uma ideia do que estamos falando. Mas o melhor mesmo é comprar o livro, acessando amazon.com.br


Capítulo 15

Libório Antunes dos Santos fazia em seu escritório diversos apontamentos sobre o movimento financeiro da fazenda, quando mandou Isabel chamar à sua presença o capataz Justino. O homem, ainda meio desconfiado, diante do fracasso de sua perseguição ao casal Virgílio e Sofia, entrou na sala e falou com voz quase imperceptível:

– O patrão mandou me chamar? Estou às suas ordens.

– Sim, mandei. Quero que vás até Abdon Batista e procura ali um homem chamado Jerônimo de Assis. Ele já me prestou alguns serviços no passado e preciso dele com urgência aqui na fazenda.

– O sr. tem o endereço dele?

– Não, mas é muito conhecido na cidade. Pergunta nas vendas e bodegas, pois todos o conhecem.

– Posso saber o que o sr. quer com esse Jerônimo?

– Podes, sim. Quero ele para fazer o serviço que não fizeste e me traga de volta os fujões.

No dia seguinte, Justino partiu para Abdon Batista à procura de Jerônimo de Assis. Na primeira venda em que perguntou por ele, logo lhe indicaram o local de sua residência. Ele morava numa fazendola fora da cidade, para onde o capataz seguiu imediatamente.

Jerônimo de Assis era uma espécie de pistoleiro-detetive. Era um homem de estatura elevada, pele queimada do sol, vestia bombachas e botas gaúchas, sempre com um lenço vermelho ao pescoço. Era simpático e bem falante. Quando alguém tinha um problema complicado, que significava a prisão ou a eliminação de algum desafeto, lhe encomendava o serviço, em troca de um bom pagamento. Servira na Revolução de Trinta, quando acompanhou as tropas de Getúlio Vargas em direção ao Rio de Janeiro. Ao se alistar nas fileiras rebeldes, foi categórico ao pronunciar uma frase, que gerou muitos comentários e gozações dos vizinhos: “Eu participo da revolução, mas só vou de cabo pra cima”. Como tinha alguns empregados e muitos cavalos, deram-lhe o posto de capitão, posto do qual tinha muito orgulho. Na sala principal da casa tinha um grande retrato pendurado à parede em que ostentava com muito orgulho o uniforme de oficial revolucionário.

 Quando retornou do Rio de Janeiro, ao final da revolução, exerceu diversas funções na região, como delegado, investigador e,  finalmente, como  justiceiro,  com   a fama de muito eficiente. Geralmente, trabalhava sozinho, mas se a tarefa era complexa, levava também alguns capangas. Era conhecido na região como o Capitão Jerônimo.

Libório Antunes recebeu Jerônimo com toda a indispensável deferência:

 Há quanto tempo não nos vemos, capitão?

 Há bastante tempo, Coronel Libório. Foi na época em que o sr. assumiu a fazenda, após a morte de seu pai, que lhe prestei o último serviço. Mas, agora, vejo que o amigo prosperou muito. Que bela fazenda!

– É... temos conseguido bons resultados. A terra é boa para a agricultura, temos boas pastagens para o gado, mercado para os produtos.

– Mas em que posso ser de utilidade para o coronel?

A seguir, Libório explicou ao capitão Jerônimo o objetivo de sua missão. Mostrou uma foto do casal Virgílio e Sofia, tiradas no dia do casamento, e disse que precisava trazer os dois de volta para a fazenda, pois tinham fugido, depois de roubarem dois cavalos de uma propriedade vizinha.

– O sr. quer eles de volta por causa do roubo dos cavalos?

– Não. Isso é problema do vizinho. E também tenho dúvidas que tenham roubado os animais...talvez tenham comprado. Não é essa a razão. O fato é que esse casal me serviu durante muitos anos e não pode, sem mais  nem  menos, se mandar, abandonando  o  serviço por causa de uma desavença ocorrida aqui, no dia de seu casamento. Eles resolveram bater asas... E o sr. compreende, eles sabem demais sobre a fazenda, pois o marido, o tal de Virgílio, foi professor de meu filho durante muitos anos e agora me ajudava na administração. Todo negócio tem seus segredinhos e eu quero preservá-los

– Então, é um serviço simples...não vai correr sangue?

– Não, de maneira alguma, não quero sangue. Mas, o serviço não é tão simples, capitão, pois não temos ideia do rumo que tomaram. Meu capataz e alguns peões foram atrás deles, mas se mostraram mais espertos e sumiram no mato.

          O sr. tem alguma pista?

– No momento, sei apenas que foram para a outra margem do Canoas. Podem estar vivendo por aí, num sítio, perto de Anita Garibaldi, podem ter ido para Cerro Negro, Campo Belo, Capão Alto ou talvez estejam morando em Lages, pois o homem é professor... aliás   um bom professor e vai achar emprego com facilidade.

– Não é um trabalho fácil e pode demorar – disse Jerônimo.– Não posso nem lhe dar um preço pelo serviço, pois não sei se vai durar dias ou semanas. E como tenho que trazer os dois de volta, preciso levar um ajudante.

– Irá viajar, como... a cavalo?

– Não, agora já tenho o meu Fordinho, que é muito bom para rodar por essas estradas. Quero só que o sr. me faça um adiantamento para as despesas de gasolina, hospedagem, alimentação. No final, fechamos tudo por um preço justo.

          – Dinheiro não é problema – concluiu Libório.

– O seu capataz me falou que o senhor tem um filho. Eu não sabia...

– Sim, tenho um guri muito bonito e inteligente, que hoje está com 17 anos e estuda num colégio interno, no Paraná. O nome dele é Júlio César.

– Ótimo! Assim, o amigo tem um sucessor para administrar a fazenda.

           Quero mais do que isso para ele.

 – Está certo, coronel. Sempre procuramos o melhor para os nossos filhos.

Jerônimo retornou a Abdon Batista e começou os preparativos para a caçada, que se iniciaria nas próximas horas. Escolheu um empregado, de nome Inácio, para ajudá-lo, porque o rapaz era também motorista e poderia conduzir o carro, um pequeno Ford T, entre os muitos que agora circulavam pelo interior do Estado. Jerônimo traçou um mapa que começaria por Anita Garibaldi, onde também tinha muitos conhecidos, que poderiam ajudá-lo na tarefa. Afinal, um rapaz alto, de porte atlético, acompanhado de uma bonita mulher, não passariam despercebidos. Depois de muitas conversas no povoado, o capitão  chegou à conclusão  que ali o casal não estava escondido e resolveu  partir  para Cerro Negro, a povoação mais próxima, e que ficava perto de Anita Garibaldi.

Jerônimo e Inácio chegaram a Cerro Negro num final de tarde de uma sexta-feira e se dirigiram à pensão de d. Luiza, a única do lugar. Na hora do jantar, Jerônimo tirou do bolso a foto do casal fujão e mostrou-a à dona da casa, perguntando-lhe se os dois não teriam se hospedado ali. A mulher ficou desconfiada e quis saber se os dois tinham cometido algum crime ou coisa parecida.

– Não! Pelo contrário, d. Luíza – respondeu Jerônimo –, eles não cometeram crime nenhum. Acontece que Sofia, a mulher de Virgílio, tinha uma tia, rica fazendeira, que morava em Campos Novos. A velha senhora morreu e, como não tinha herdeiros, deixou toda a sua fortuna para a sobrinha. São terras e mais terras. Eu fui contratado pelo advogado inventariante para localizar a felizarda e levá-la até Campos Novos para tomar posse da propriedade.

– Não me diga, seu Jerônimo. Que coisa maravilhosa, pois eles iam para Lages atrás de trabalho.

            Eles foram para Lages?

         – Sim! Vieram até aqui a cavalo, venderam os animais e tomaram o ônibus para lá.

A estratégia do Capitão Jeronimo dera certo. Virou-se para o companheiro e falou:

– Então, amigo Inácio, estamos perto de achar a nova milionária. Amanhã, vamos botar o carrinho na estrada.

Os dois pistoleiros acordaram bem cedo, no dia seguinte, e partiram para Lages. As coisas estavam mais fáceis do que tinham imaginado. Chegaram, à tarde, à cidade e a  primeira  coisa  que fizeram foi  procurar a estação rodoviária, pois o casal, certamente, devia ter  desembarcado ali. Mostraram a foto ao chefe da estação, que reconheceu os dois, mas não tinha ideia para onde se dirigiram. Em seguida, andaram ate o o mercado municipal, que ficava bem próximo, e foram de loja em loja, fazendo as mesmas perguntas, até que, numa padaria próxima, um balconista reconheceu a mulher. Disse que ela vinha todos os dias de manhã comprar pão, mas não sabia onde morava.

– Inácio – disse Jerônimo –, hoje não podemos fazer mais nada. Precisamos descansar  e comer  alguma coisa. Vamos  procurar uma pensão aqui perto e, amanhã, levantamos cedo e faremos plantão nas proximidades da padaria, pois eles devem morar por perto.

– Por que não perguntamos pro povo se conhecem eles? –disse Inácio.

– Se começarmos a fazer muitas perguntas, vamos levantar suspeitas e eles acabam escapando de novo. Neste negócio, Inácio, a melhor arma é a surpresa.

No dia seguinte, Jerônimo e seu comparsa levantaram cedo e ficaram de longe vigiando a  padaria. Por volta das sete horas, quem apareceu para comprar pão, foi Virgílio. Ele saiu da padaria e seguiu até uma rua que subia em direção a uma construção que ficava no alto de um morro, parecendo um castelo, mas que, na verdade, se  tratava  de  uma  estação  de  fomento  agropecuário  do governo estadual. Virgílio, sem desconfiar de nada, subiu pela rua principal e depois entrou numa ruela à direita e parou diante de uma pequena casa de madeira. Tirou a chave do bolso e abriu a porta. Quando entrava, Jerônimo se aproximou, enquanto Inácio vigiava a saída dos fundos.

– O amigo é, por acaso, o professor Virgílio?

Virgílio voltou-se, assustado, e nada respondeu.

– É que eu estou procurando um professor para o meu filho – acrescentou Jerônimo – e fui informado que o sr. é bom explicador.

– Tenho alguns alunos e dou aulas aqui na minha casa.

– Eu podia entrar, para combinarmos os detalhes?

Diante da tranquilidade de Jerônimo, o professor deixou que ele entrasse, enquanto Inácio ficava ao longe, para não levantar suspeita. Virgílio ofereceu uma cadeira ao visitante e foi até a cozinha levar o pão, pois Sofia já preparava o café.

– Quem está aí ?– perguntou a mulher.

– É alguém interessado em aulas para o filho.

– Toma cuidado – disse ela em voz baixa –, porque ninguém vem a esta hora tratar de aula.

Virgílio voltou à sala, enquanto Jerônimo observava a rua, através da pequena janela.

– Posso saber o seu nome? – perguntou Virgílio.

– É claro, professor. Eu me chamo Jerônimo de Assis e estou aqui para falar também com sua mulher.

          – Quem trata de aulas sou eu e não minha mulher.

– Eu quero também falar com ela. Sofia não é o seu nome?

Sofia, da cozinha, ouviu o visitante pronunciar o seu nome, ficou assustada e resolveu entrar na sala, para ver o que acontecia. Virgílio começou a entrar em pânico, mas procurou se controlar, para não assustar a mulher, que logo falou:

– Posso saber por quê o cavalheiro quer falar comigo?

– Na verdade  – disse Jerônimo – eu  preciso  falar  com  os  dois, pois fui encarregado de uma missão especial. O casal, certamente, conhece um fazendeiro lá pras bandas de Campos Novos, de nome Libório Antunes dos Santos.

         Virgílio e Sofia foram tomados pelo pânico ao ouvirem o nome do fazendeiro e ficaram, por alguns momentos, sem fala. Jerônimo procurou tranquilizá-los:

– Não quero que fiquem assustados, pois vim em missão de paz. O coronel Libório convida o casal a voltar pra fazenda, pois ambos fazem uma falta danada por lá. O professor, porque era o braço direito dele nas escritas e dona Sofia, porque ajudava na administração da casa. Dona Isabel está com muita saudade da senhora.

– Será que o forasteiro pode me repetir o seu nome? – arriscou Virgílio.

– Certamente que sim. Meu nome, como já lhe disse, é Jerônimo, Jerônimo de Assis, mais conhecido como Capitão Jerônimo. Estou acompanhado, nesta empreitada, pelo companheiro Inácio, que é também meu motorista. Nosso carro está parado na garagem do hotel e é nele que iremos levar o casal de volta à Fazenda Pedras Negras. Peço que façam as malas, pois queremos partir ainda hoje de manhã. O coronel Libório tem pressa em revê-los.

– E se não quisermos acompanhá-lo? – arriscou Sofia, que tremia de medo.

Jerônimo tirou o revólver 38, cano longo, que trazia à cintura e o colocou sobre a mesa, enquanto falava:

– Se não quiserem ir, vou ter que usar de outras falas. Quero fazer tudo na mansidão, pois não sou homem de violência. Já lutei pela liberdade na  Revolução  de 30, ao  lado do  dr.  Getúlio,  mas não gosto de violência. Prefiro fazer tudo na diplomacia. O casal não precisa ficar nervoso, porque não pretendo atentar contra sua integridade física. D. Sofia pode acabar com calma o seu café, que está bastante cheiroso. E, se nos convidarem, meu companheiro e eu aceitamos uma xícara, porque ainda estamos em jejum.

         A seguir, o capitão chamou Inácio e  juntos  tomaram o café que Sofia lhes serviu. Mandou, então, o subordinado até o hotel fechar a conta e trazer o carro. Disse para o casal preparar as malas, pois tão logo Inácio retornasse, eles iriam partir. Pediu que agissem com serenidade para não levantar suspeitas na vizinhança.

– O que vamos fazer com a mobília da casa? – perguntou Virgílio.

– Levem somente o indispensável. Talvez possam retornar outro dia e resolver assuntos relativos à casa. Vai depender da conversa que terão com o Coronel Libório.

– O senhor disse que lutou pela liberdade na Revolução de 30 – falou Sofia. –  O que está fazendo conosco, por acaso, tem algo a ver com a liberdade?

– Esse é um problema do Coronel Libório. Assumi com ele um compromisso e vou  honrar minha palavra.

– O sr. sabe o que nos espera da parte do Coronel Libório – acrescentou a mulher de Virgílio. – Bem que poderia nos deixar em paz. Nós não fizemos nada de errado e agora somos sequestrados por um homem que se diz herói da revolução.

– Eu lamento a situação do casal, mas apenas faço o meu trabalho. Como já disse, tenho minha palavra empenhada com o Coronel Libório e, para um homem como eu, palavra empenhada é questão de honra.                            

Por volta das 9h30 da manhã, Inácio sentou-se ao volante do Ford T e Jerônimo mandou que Virgílio tomasse assento ao lado do motorista, enquanto ele e Sofia iam no banco de trás. Todos iam em silêncio, embora Virgílio e Sofia não pudessem disfarçar o medo que os afligia. Ela procurava esconder as lágrimas, diante da trágica situação. O carro desceu, lentamente, a ladeira e por uma rua lateral, dirigiu-se à saída da cidade, pegando uma rodovia mais ao norte, que os levaria  diretamente a  Campos  Novos,  sem  ter  que passar pelos lugares anteriormente percorridos. Se o carro mantivesse uma velocidade  média   de 60 a 70 km/h, poderiam   chegar naquela mesma noite à Fazenda Pedras Negras. A missão tinha sido bem mais fácil do que Jerônimo imaginara, e ele estava feliz por prestar mais um serviço ao Coronel Libório. O desespero estampado no semblante do casal sequestrado, não o preocupava, pois sua profissão exigia dele frieza e autocontrole. Isso era o mínimo que se podia esperar de um valoroso combatente da Revolução de Trinta.


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quinta-feira, 20 de abril de 2023

MAIS DE 400 EXPRESSÕES E PROVÉRBIOS LATINOS COM TRADUÇÃO, PRONÚNCIA E EXEMPLOS DE USO

 


Esse livro, aqui apresentado,  de autoria do autor deste blog, mostra os mais conhecidos provérbios latinos, usados até hoje na linguagem erudita, na literatura jurídica,  e em centenas de manifestações culturais em diversos idiomas modernos. Damos, aqui, alguns exemplos, com a tradução e pronúncia dos mesmos. Para comprar o livro, acesse amazon.com.br

AB INITIO (ab início)

Desde o início.

Exemplo: “Estamos errados nas  votações deste projeto de lei, ab initio – ou seja, desde que começamos a discutir  o assunto.”

 

ABUSUS NON TOLIT USUM (abúsus non tólit úsum)

O abuso não  impede o uso.

Exemplo: “Se alguns cometem imprudência ao volante, em razão da bebida, não significa que não possamos mais beber o nosso copo de vinho, porque abusus non tolit usum”.

 

AD ASTRA (ad ástra)

Rumo às estrelas.

Exemplo: “Os nossos atletas fizeram um grande esforço para chegar ao topo, pois a determinação deles era ir ad astra, se  necessário fosse”. E existe também a expressão per aspera ad astra (per áspera ad ástra) - através das dificuldades, até as estrelas).

 

A DEO REX, A REGE LEX ( a Dêo réks, a lége léks)

De Deus vem o rei e do rei vem a lei.

Frase atribuída a James I da Inglaterra e que bem expressa o chamado direito divino dos soberanos segundo o qual eles governavam por vontade divina e não por vontade dos súditos.

 

AD IMPOSSIBILIA NEMO TENETUR

(ad impossibília, nêmo tenêtur)

Ninguém é obrigado a fazer o impossível.

Exemplo: “Queriam que o médico salvasse o doente que já estava com parada cardíaca e falência total dos órgãos. Afinal, ad impossibilia, nemo tenetur”.

 

AD MAIOREM DEI GLORIA (ad maiórem Dêi glória)

Para a maior glória de Deus.


A MARI USQUE AD MARE (a mári úsqüe ad máre)

De mar a mar.

Lema do Canadá, um pais banhado por três oceanos: Atlântico, Pacífico e Ártico. Foi tirado do salmo 72:8.

 

ADSUMUS (ádsumus)

Estamos presentes ou estamos alerta.

É o lema do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha  Brasileira. O singular de adsumus é adsum(ádsum) que significa estou presente

 

AGE QUOD AGIS (áge qüód ágis)

Age como tens agido.

Exemplo: “Não mude de opinião com relação a seus adversários. Continue observando seus princípios. Age quod agis, pois isso é muito importante para os interesses da nação.

 

AD INFINITUM (ad infinítum)

Até o infinito.

Exemplo: “Vamos defender as nossas ideias sobre o regime democrático ad infinitum. Em outras palavras: jamais mudaremos de ideia”.

 

AD LIBITUM (ad líbitum)

À vontade.

Se um orador está lendo um discurso e sai do texto, improvisando, estará falando ad libitum. O mesmo acontece no teatro, quando o ator, saindo do texto, passa a falar livremente, improvisando.

 

AD LITTERAM (ad líteram)

Literalmente.

Exemplo: “O pastor fez uma citação da Bíblia ad litteram”. Quer dizer, ele reproduziu o texto inte-gralmente, palavra por palavras, sem  modificação.

 

AD NAUSEAM  (ad náuseam)

Até a repugnância, até ficar enojado.

Exemplo: “O presidente combateu os maus costumes de seus conterrâneos ad nauseam ”.

 

AD REFERENDUM (ad referêndum)

Para aprovação final, para confirmação, para chancela de alguém.

Exemplo: “O projeto  foi enviado ad referendum do conselho superior para aprovação final dos membros desse conselho, que aceitarão a responsabilidade pela decisão dos participantes na elaboração do referido projeto”.

 

AD VALOREM (ad valórem)

De acordo com o valor.

É o tributo sobre a mercadoria, calculado de acordo com o seu valor de venda e não pelo tamanho, quantidade ou outra característica qualquer.

 

A FORTIORI (a forcióri)

Motivo imperativo, razão de força maior.

Exemplo: “O funcionário não compareceu ao trabalho a fortiore, pois estava hospitalizado”;

 

AGENDA (agênda)

O que deve ser feito. As coisas a serem  feitas.

Esta é a forma do gerúndio  do verbo agere (ágere) que significa fazer. Todos nós possuímos uma agenda, onde anotamos os nossos compromissos, ou seja, aquilo que devemos fazer.


AGERE, NON LOQUI (ágere, non lóqüi)

Agir, não falar ou atos e não palavras.

Exemplo: ”O prefeito tem falado muito dos planos  para melhorar a vida dos cidadãos, mas isso tem ficado só nas palavras. Agere, non loqui é o que povo espera dele.

 

ALEA JACTA EST ! (álea iácta est)

Verbalmente, o dado foi jogado  ou a sorte está lançada.

Depois de conquistar a Gália, o Senado Romano mandou César depor as armas e dissolver as legiões, temendo o poderio do grande conquistador. Para derrotar César, o Senado contava com o apoio de Pompeu. Mas o conquistador da Gália se rebelou e,  em 11 de janeiro de 49 a.C., atravessou o Rio Rubicão, momento em que pronunciou a famosa frase: “alea jacta est”. Depois, invadiu a Itália, chegando às portas de Roma, obrigando Pompeu a se refugiar na Grécia, sendo posteriormente assassinado. A sorte estava lançada, dando  início ao império romano, com César assumindo plenos poderes.

 

ALIBI  (álibi)

Em outro lugar.

Advérbio latino usado na linguagem jurídica e que indica que a pessoa indiciada não estaria no local do crime. Ela tem um alibi que garante a sua não participação no ato criminoso.

 

A LIMINE (a límine)

Desde o começo.

Exemplo: “As propostas de compra do imóvel foram rejeitadas a limine, porque a documentação não estava em ordem, não havendo, portanto, nenhuma razão para o prosseguimento das negociações”

 

ALTER  EGO (álter égo)

O outro eu.

Os romanos usavam este termo para designar uma pessoa muito amiga, com gostos e maneira de pensar semelhantes. Almas gêmeas, como se diz, modernamente. “Fulano é o meu alter ego”.

 

AMA E FAC  QUOD VIS (âma e fác qüód vís)

Ama e faça o que quer. Ou ama e faça o que bem entender.

Frase de Santo Agostinho ao se referir ao compor-tamento da pessoa humana com relação a Deus, quando o amor deve prevalecer, tornando-se insi-gnificante qualquer outro comportamento.

 

AMICI  INTER  COPULLA (amíci  ínter cópula)

Amigos entre  os copos.

Refere-se àquelas pessoas que aparentam ser suas   amigas, enquanto você desfruta de boa situação, promovendo festas e banquetes, oferecendo bom vinhos aos convidados, mas que o abandonam na hora da dificuldade.

 

AMICUS CERTUS IN RE INCERTA CERNITUR

(amícus cértus in rê incérta cérnitur)

Amigo certo se manifesta na hora incerta.

Este provérbio se refere ao amigo com quem se pode contar no momento de desventura e que não nos abandona na desgraça.

 

AMOR OMNIA VINCIT (âmor ômnia víncit)

O amor tudo vence.


AMOR PATRIAE, NOSTRA LEX

(âmor pátrié, nóstra léks)

O amor à pátria é a nossa lei.

Exemplo: “Temos que superar todos os problemas surgidos com a crise econômica, sem desanimar, porque amor patriae, nostra lex.


ANIMUS  ABUTENDI  (ânimus  abutêndi)

Intensão de causar dano, de abusar, de prejudicar.

Exemplo: “O  jornalista, com seu animus abutendi, citou uma série de fatos que não condiziam com a verdade e causou graves danos à imagem do industrial”.


ANIMUS FURANDI  (ânimus furândi)

Intenção de roubar.

Exemplo: “O indivíduo entrou na loja com animus furandi, pois não tinha intenção nenhuma de comprar mercadorias, mas de roubar um relógio”.


ANIMUS NECANDI (ânimus necândi)

Intenção de matar.

Exemplo: “O criminoso foi ao encontro da vítima, com animus necandi, com a intenção evidente de cometer o crime.

 

A POSTERIORI (a posterióri)

Depois de ter acontecido.

Exemplo: “Eles só tomaram as devidas medidas, a posteriori, quando o desastre já tinha acontecido”.

 

A PRIORI  (a prióri)

Antecipadamente.

Exemplo: “Declaro, a priori, que não faremos nenhuma concessão em relação aos trabalhadores na questão salarial”.

 

APUD (ápud)

Junto de

Emprega-se na citação de autores, na bibliografia de livros.

Exemplo: Apud Euclides da Cunha  - Os Sertões - pag. 85 - 3ª edição. Tem também o sentido de junto de, como por exemplo: apud populum – diante do povo.

 

AQUILA NON CAPIT MUSCAS

(áqüila non cápit múscas)

A águia não caça moscas.

Emprega-se esse provérbio quando queremos dizer que alguém muito importante não irá se preocupar com coisas insignificantes.

 

ARBITER ELEGANTIARUM (árbiter eleganciárum)

O árbitro da elegância.

Refere-se às pessoas que ditam a moda e dão conselhos sobre elegância. Na Roma de Nero,  quem ostentava esse título de árbitro da alegância era Caius Petronius Arbiter, amigo do imperador e que para ele  organizava grandes festas e banquetes, onde predominavam o luxo e o bom gosto. Segundo o historiador Tácito, Petronius, por ordem do tirano, foi obrigado a se matar, sob suspeita de conspiração, o que ele fez, cortando os pulsos, durante um banquete, cena muito bem  retratada no filme Quo vadis.

 

ARBOR BONA, FRUCTUS BONOS FACIT (árbor bôna, frúctus bônos fácit)

A boa árvore produz bons frutos.

Exemplo: “Os filhos do industrial continuaram os ideais de seu pai, dando  condições dignas de vida aos empregados de suas indústrias, porque arbor bona, fructus bonos facit.

 

ARBOR EX FRUCTU COGNOSCITUR (árbor eks frúctu cognóscitur)

A árvore se conhece pelo fruto.

Exemplo: “O que poderíamos esperar de um homem que tantos males causou à sociedade, pois, afinal, arbor ex fructu cognoscitur”.

 

AREA NON AEDIFICANDI (área non édificândi)

Área onde não é permitido construir.

Refere-se àquelas áreas onde as posturas municipais não permitem que se faça qualquer tipo de construção.

 

ARS LONGA, VITA BREVIS (árs lônga, víta  brévis)

A arte é longa, a vida é breve.

Significa que a obra de arte se perpetua, indo muito além da vida do artista.


ARS, GRATIA ARTIS (árs, grácia ártis)

A arte pela arte ou a arte para o benefício da arte.

Este é o lema da Metro Goldwin Mayer

 

AUDACES FORTUNA JUVAT (audáces fortúna iúvat)

A sorte ajuda os audazes.

Se a pessoa não tentar, certamente não alcançará o seu objetivo. Os audazes, aqueles que se arriscam, recebem ajuda da sorte, pois audaces fortuna juvat.

 

AUDIATUR ET ALTERA PARS (audiátur et áltera párs) 

Que seja também ouvida a outra parte.

Expressão usada nos tribunais, quando o juiz manda que a outra parte também seja ouvida, no decurso do processo.

 

AURI  SACRA FAMES (Áuri sácra famês)

A maldita fome de ouro.

O adjetivo sacer (masculino),  sacra (feminino), sacrum (neutro) no latim tem curiosamente dois significados, aparentemente opostos: sagrado e maldito. A fome de ouro se tornou maldita, porque foi a causa de guerras entre os povos, de desavenças entre as pessoas, da ruína dos indivíduos. Essa frase é um verso do poeta Virgílio. (Quando é um verso, a métrica latina tem outra acentuação)