quinta-feira, 18 de novembro de 2021

MARKETING, PALAVRA DE DIFÍCIL TRADUÇÃO, MAS O QUE ELA SIGNIFICA?



Todo mundo hoje fala de marketing: empresários, vendedores, consumidores, mas o que significa esta palavra?  O texto que segue, extraído do livro Vender é Preciso, explica detalhadamente as origens da palavra e o que ela significa. É um texto apropriado para novos e antigos empresários e todos vão saber porque alguns produtos alcançam o sucesso e outros fracassam. O texto também é apropriado para vendedores novos e antigos. É importante também saber que hoje, quem manda no mercado é o consumidor e não o fabricante. Precisamos aprender a vender melhor, porque os consumidores estão, cada vez mais, aprendendo a comprar

"Marketing significa verbalmente mercado em ação e é definido como “a disciplina que estuda os mercados, os produtos, as políticas e os planos comerciais, a organização de vendas e distribuição, as atividades publicitárias e de promoção e tudo o que diz respeito, direta ou indiretamente, ao fluxo dos produtos e dos serviços do produtor para o consumidor ou utilizador final, com o objetivo de garantir que todas as decisões da empresa tenham em conta as exigências dos clientes e as possibilidades de mercado e permitam à empresa realizar, com o mínimo de despesa, o máximo volume de vendas e de lucros”.(Manual do Vendedor Moderno de R. Butazzi e F. Ubaldini)

Mesmo antes do nascimento do produto, o marketing já desenvolve atividades, auscultando o mercado, pesquisando os concorrentes, procurando saber as necessidades do consumidor, para então estabelecer as características do produto. A seguir, irá estabelecer as áreas onde se encontram os clientes potenciais para o produto e que meios serão usados para alcançá-los, criando uma política de vendas, com a respectiva organização de vendas, com alocação de recursos para a publicidade e promoção de vendas.

O marketing  está presente em todas as etapas da vida do produto, orientando as empresas em todos os momentos. Vejamos um exemplo: Uma  empresa  pretende lançar no mercado uma nova marca de refrigerante, com sabor de frutas que já é sucesso em outros países. Mas o sucesso lá fora não significa que será bem sucedido aqui. A empresa tem que pesquisar para saber se o sabor do refrigerante é do agrado do consumidor, se a cor é atraente, se a embalagem se destaca, se é pratica e funcional, saber que faixas etárias poderão consumir o novo produto. Uma vez respondidas todas essas perguntas, através de pesquisas com preenchimento de questionários, o empresário tem elementos para estabelecer o mercado em que o produto será vendido, o sistema de distribuição, o preço, a campanha de publicidade que será criada para o mesmo, a promoção de vendas e outros detalhes.

Mesmo preenchidos todos os requisitos acima mencionados, o produto ainda poderá fracassar. Numerosos exemplos são conhecidos. O figurino foi seguido rigorosamente, todas as etapas foram preenchidas, o produto foi lançado, as vendas explodiram no primeiro momento, mas na reposição, o faturamento despencou.

Os exemplos de produtos que fracassaram são inúmeros, tanto aqui como no exterior. Em 1985, a Coca-Cola realizou uma pesquisa  para lançar um novo sabor de seu refrigerante. As pessoas provavam os dois sabores sem saber qual era  o novo e qual o velho e 55% dos entrevistados se mostraram a favor do novo. Depois, eram  informadas sobre qual era o novo e qual o antigo. 75% das pessoas preferiram o novo e só 23% preferiram o antigo. Foi lançado o novo sabor e foi um fracasso. Por quê? Os pesquisadores ficaram sem resposta para a pergunta.

 O escritor Lair Ribeiro, em seu livro Magia da Comunicação, afirma que “Eles, os pesquisadores, esqueceram a lei da escassez, segundo a qual quanto mais raro é um produto, mais desejado é ele pelo consumidor.” É possível que seja esse o motivo  do fracasso, no caso em questão.

Mas quais são as causas para o fracasso de um produto? Às vezes,  é  difícil  responder,  porque elas  podem ser numerosas. Vamos dar alguns exemplos.

Pode ser a concorrência que, ao tomar conhecimento do novo produto, trabalhou com grandes descontos, levando os varejistas a fazerem grandes estoques de suas marcas. Pode ser também a publicidade que não conseguiu transmitir as qualidades do novo produto ou não conseguiu atingir seu público alvo. Pode ser, finalmente, um fato novo surgido entre a pesquisa e o lançamento do produto, que mudou a maneira de pensar dos consumidores.

Nem sempre é fácil detectar as causas da morte de um produto. Os meios de comunicação exercem hoje uma influência extraordinária sobre as pessoas. A notícia sobre intoxicação de pessoas que consumiram determinada marca de produto alimentício provoca de imediato a queda nas vendas do produto em questão, como também nas vendas dos produtos similares dos concorrentes.

Na chamada economia de mercado, hoje globalizada, o marketing adquire uma dimensão nunca antes imaginada. São milhares de empresas, fabricando milhões de produtos, numa concorrência sem precedentes. Apenas, a título de ilustração, compa-remos a indústria automobilística no Brasil depois de  25 anos de seu surgimento.

Segundo o IBGE, em 1979 o Brasil tinha 4 montadoras de carros (Ford, GM, Volks e Fiat) fabricando 40 modelos. 25 anos depois já eram 10 montadoras que fabricavam 400 modelos.

O moderno consumidor tem hoje, além de opções de produto, opções de preços, de forma de pagamentos, de financiamentos. Os produtos, no Brasil, como em outros países, (carros, eletrodomésticos, alimentos) competem com produtos nacionais e com produtos importados,  produtos importados com outros importados.  Quem lucra com isso é o consumidor e o marketing é que indica às empresas o caminho a seguir.

O mercado é hoje uma verdadeira selva e o marketing é o guia que conduz o empresário na gestão de seus negócios. Ele faz levantamentos, acompanha a concorrência, orienta a fabricação, estabelece as metas de produção, planeja a publicidade e a promoção de vendas e direciona a equipe de vendas, através do treinamento para que sejam alcançadas as metas propostas pela empresa.

Todas as atividades de marketing conduzem a um só objetivo: facilitar a atividade de vendas, criando os meios adequados para o seu bom desempenho. Dentro  da   empresa   moderna,   o    Departamento de Marketing desempenha um dos mais importantes papéis, estando geralmente subordinadas a ele as atividades de vendas, pesquisa, treinamento de vendedores, publicidade e promoção de vendas.

No passado, o grande problema das indústrias era fabricar um produto, pois a tecnologia era rudimentar. Hoje, com os avanços tecnológicos, fabricar um produto deixou de ser um mistério. O nível de qualidade dos produtos praticamente se equivale. Veja o exemplo do mercado de televisores. A maioria dos equipamentos de TV colocados hoje no mercado apresenta índices de qualidade semelhantes, embora haja sempre alguma diferença entre um modelo e outro. Onde fica, então, essa diferença? Pode ser o sistema de vendas do produto, os prazos de garantia, preços menores, design sofisticado, assistência técnica. É o marketing que destaca o diferencial entre um produto e outro.

As diferenças entre os produtos podem também estar no acabamento, na assistência técnica, na qualidade da matéria-prima, nos rigorosos padrões de qualidade. O que também pode destacar um produto do outro pode ser a qualificação do vendedor, uma equipe bem treinada, capaz de prestar toda a assistência ao cliente.

Três aspectos do marketing são importantes: as pesquisas, os setores, os objetivos.

As pesquisas recolhem, classificam e analisam todos os dados necessários para orientar as atividades comerciais. Elas são quantitativas e qualitativas. As pesquisas quantitativas usam dados estatísticos (numéricos) muitas vezes disponíveis na própria empresa. Exemplo: Vou lançar um produto farmacêutico indicado para a pediatria. Para avaliar o potencial do mercado, vou levantar o número de pediatras existentes nas praças que a empresa pretende atingir, o número de concorrentes e o potencial de consumidores na faixa de preço do produto.

As pesquisas qualitativas realizam investigações e inquéritos psicológicos de nível variável sobre os consumidores.  Exemplo:  A empresa  está   lançando  um perfume no mercado e faz previamente uma pesquisa entre os consumidores que vão indicar sua opinião, para classificação do produto como ótimo, bom, regular. Na pesquisa qualitativa, a empresa procura a opinião do consumidor sobre o produto.

Os setores de interesse do marketing são os mercados, os produtos, a política de vendas, a organização de vendas, a publicidade e a promoção de vendas.

Os mercados são aqueles segmentos territoriais em que se encontram grupos ou classes de clientes. Exemplo: Área de uma cidade onde se localiza grande parte da classe A de determinada sociedade. Se a empresa vai montar uma loja de carros de luxo, importados, vai localizá-la na área de maior poder aquisitivo.

Um comerciante numa grande cidade brasileira montou uma sorveteria num bairro da cidade, cercado de colégios públicos e alguns particulares, confiando no mercado escolar. Vendia ali exclusivamente sorvete de uma marca famosa, mas de preço bem  elevado. Ele   investiu  um  bom dinheiro em máquinas e instalações  e o empreendimento fracassou, porque o poder aquisitivo da população escolar era baixo. O vendedor do fabricante de sorvete da que área não se apercebeu da situação e não alertou o cliente para o problema. Esqueceu também que a época era de crise e os pais não estavam conseguindo nem pagar as mensalidades de seus filhos nos colégios particulares. Resultado: antes de completar seis meses da inauguração, a loja fechou. Era uma loja bonita, com vendedores atenciosos, mas não resistiu à realidade do mercado.

Os produtos a serem lançados no mercado devem considerar os gostos, desejos e necessidades dos consumidores e não aqueles do fabricante e dos membros de sua família.

Quando foram lançados nos Estados Unidos em 1922 os primeiros carros da Ford, produzidos em série, o Modelo T, conhecido popularmente no Brasil como Ford Bigode, os consumidores não tinham outra opção. Ou compravam o carro ou ficavam com suas antigas charretes e carroças. Mas logo entraram outros fabricantes no mercado, produzindo outros modelos, atendendo outras faixas de consumidores, pois o modelo da Ford era um modelo popular. Anos mais tarde, o próprio Modelo T, fabricado para percorrer estradas ruins de antes da guerra, começou a se tornar obsoleto, porque era de aparência rústica e os consumidores queriam produtos mais sofisticados e confortáveis. As estradas eram melhores e consumidores de maior poder aquisitivo estavam no mercado. Havia até uma piada sobre o modelo T. “Um Ford é como uma banheira: é útil, mas ninguém quer ser visto dentro dela”.

Henry Ford, empolgado com o sucesso do modelo T, não queria lançar novos modelos. Chegou ao ponto de dizer que os compradores poderiam escolher qualquer cor para seus carros, desde que fosse o preto. Logo, ele teve que lançar um novo modelo (o modelo A) e em cores diversas, porque o consumidor já tinha  outras  opções, pois  outros fabricantes, como a General Motors  e a Crysler  ameaçavam  o  seu  império. A  teimosia de Ford, não acreditando no poder do consumidor, quase levou seu império à ruína. Ele entendia muito de mecânica, mas pouco de marketing.

A política de vendas. O marketing deve indicar a política de vendas a ser adotada com relação ao produto, para garantir à empresa os maiores lucros, no maior período de tempo possível

A organização de vendas compreende a formação da equipe de vendas e o sistema a ser adotado para alcançar os objetivos. A empresa define se vai fazer vendas diretas ao consumidor, se vai operar através de representantes, atacadistas e varejistas, se é venda por telemarketing.

Publicidade e promoção de vendas. Devem ser definidas as atividades de publicidade e promoção de vendas que são as mais adequadas para estimular os consumidores a comprarem o produto.

 Os objetivos do marketing são: especificar os mercados mais favoráveis à venda do produto; determinar o nível de produção mais adequado em função dos custos e do potencial do mercado; organizar a venda do produto produzido; programar e organizar a publicidade e as atividades de promoção de vendas.

Outrora, a preocupação com o lançamento de um produto era de ordem técnica. Hoje, é exatamente o contrário. A empresa procura inicialmente auscultar as necessidades e os desejos do consumidor, através de pesquisas, para depois lançar o produto de acordo com os desejos e as necessidades desse consumidor.

Quando Henry Ford dizia que os compradores de seu Ford T podiam escolher  qualquer cor para os seus carros, desde que fosse a cor preta, demonstrava desconhecer as regras do mercado. Ele estava preocupado com os seus problemas de produção e não com os desejos dos consumidores. As coisas tinham mudado e os concorrentes surgiam no mercado e ele  não queria se dar conta do problema.

O conceito de vendas mudou em sua essência. O foco não é mais a empresa nem o vendedor, mas o cliente.


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