Frei Vicente do Salvador (1564-1635) é conhecido como o pai da historiografia brasileira, pois foi o primeiro autor a se ocupar desse assunto, escrevendo A História do Brasil. Ele pertencia à Ordem Franciscana e também escreveu um livro sobre a história dos franciscanos no Brasil. Nasceu na Bahia, estudou com os jesuítas e fez seus estudos de teologia na Universidade de Coimbra, em Portugal. Depois de regressar ao Brasil é ordenado sacerdote, em 1587. Como padre secular, exerce diversos cargos, ingressando depois na ordem franciscana, sendo um dos fundadores do Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro. Sua obra ficou perdida durante dois séculos e meio até ser encontrada em 1881 na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, por outro grande historiador, o famoso Capistrano de Abreu. O que impressiona na obra de Frei Vicente do Salvador é a descrição detalhada que ele faz das riquezas do Brasil, com informações precisas. Ao falar do formato do mapa do Brasil, por exemplo, ele diz que o mesmo lembra a imagem de uma harpa, figuração curiosa, bem diferente daquela feita por um ex-ministro brasileiro de nossos tempos, que o comparou a um grande presunto.
Ao contar a história de seus irmãos de hábito, Frei Vicente do Salvador mostra como era difícil o convívio, à época, dos frades brasileiros com seus irmãos portugueses que geralmente comandavam províncias e conventos. As unidades do centro-sul do Brasil eram subordinadas à casa franciscana do Rio de Janeiro, cujo padre provincial era naturalmente um português. E aconteceu que, numa determinada casa franciscana do interior de São Paulo, habitada por frades brasileiros, houve um início de rebelião contra as ordens emanadas pela chefia portuguesa do Rio de Janeiro. Para apaziguar os ânimos, a referida chefia enviou para lá dois frades portugueses que, ao chegarem ao local, reuniram-se com os irmãos brasileiros e tentaram dialogar, mas os ânimos estavam de tal maneira exaltados que os amotinados partiram para a violência física. Resultado: no final da peleja, jaziam sem vida sobre o assoalho sagrado, os dois infelizes frades portugueses, abatidos a pauladas pelos confrades brasileiros. Quando a polícia chegou, não encontrou nenhum dos assassinos, que tinham se embrenhado nas matas vizinhas ao convento.
Ao contar a história de seus irmãos de hábito, Frei Vicente do Salvador mostra como era difícil o convívio, à época, dos frades brasileiros com seus irmãos portugueses que geralmente comandavam províncias e conventos. As unidades do centro-sul do Brasil eram subordinadas à casa franciscana do Rio de Janeiro, cujo padre provincial era naturalmente um português. E aconteceu que, numa determinada casa franciscana do interior de São Paulo, habitada por frades brasileiros, houve um início de rebelião contra as ordens emanadas pela chefia portuguesa do Rio de Janeiro. Para apaziguar os ânimos, a referida chefia enviou para lá dois frades portugueses que, ao chegarem ao local, reuniram-se com os irmãos brasileiros e tentaram dialogar, mas os ânimos estavam de tal maneira exaltados que os amotinados partiram para a violência física. Resultado: no final da peleja, jaziam sem vida sobre o assoalho sagrado, os dois infelizes frades portugueses, abatidos a pauladas pelos confrades brasileiros. Quando a polícia chegou, não encontrou nenhum dos assassinos, que tinham se embrenhado nas matas vizinhas ao convento.
Eu não inventei essa história. Eu a li nos escritos de Frei Vicente do Salvador.
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