Todos nós usamos
diariamente a técnica de influenciar as pessoas, quando queremos que alguém
aceite o nosso ponto de vista sobre determinado assunto. Usam e abusam dessas
técnicas os políticos, que pretendem vender aos eleitores os seus nomes para sufrágio nas urnas; os pregadores, que
procuram influenciar seus adeptos para que adotem os conceitos de sua doutrina;
os vendedores, que procuram influenciar as pessoas para que comprem o seu
produto.
Os psicólogos promoveram estudos
sobre a capacidade de influência que têm os vendedores e se perguntaram: Por
quê uns profissionais vendem mais e outros vendem menos? E chegaram à
seguinte conclusão: Para influenciar o cliente é necessário que se
estabeleça empatia com ele.
O que significa empatia?
Empatia é a aptidão de colocar-se no lugar de outra pessoa e sentir-se na
situação dessa outra pessoa, identificando-se com ela. É sinergia. Existe
empatia entre amigos, entre casais que vivem harmoniosamente, entre pessoas da
mesma religião, do mesmo clube, porque se estabeleceu uma identitade no modo de
pensar e agir dessas pessoas.
O vendedor precisa estabelecer
empatia com o cliente, deve colocar-se no lugar do cliente e se sentir como se
fosse o cliente. O vendedor deve racionar assim: se
alguém hoje viesse me oferecer este produto, como eu iria reagir, que respostas
eu daria, qual a minha
atitude diante desse profissional? O vendedor sabe que
os compradores
não são iguais,
sabe que cada um tem temperamento diferente. Uns se julgam
donos da verdade, outros não sabem
o que querem, são volúveis. E existem os tímidos, os
curiosos, os teimosos, os desconfiados. Se o vendedor estabelecer a empatia com
o cliente, mais facilidade terá de influenciá-lo.
Mas como vamos estabelecer a empatia com o cliente? Em primeiro lugar,
vamos fazer o cliente participar da venda e não transformá-lo em mero ouvinte
de dircursos preparados com antecedência. O cliente quer ser ouvido e
compreendido pelo vendedor, pois a melhor maneira de sentir o cliente é
dialogar com ele, conversar sobre um assunto de seu interesse. Mas como o vendedor vai saber qual o assunto de interesse do
cliente? Há um assunto sobre o qual todos nós gostamos de falar. É falar de nós
mesmos. Quem não gosta de falar de suas experiências, de contar suas histórias,
de falar de seu trabalho, de sua família, de sua empresa, de seu clube, de suas
preferências políticas. A venda está bem encaminhada quando o cliente começa a
falar de si mesmo. Se o cliente puder falar de suas experiências, o gelo se
quebra mais facilmente, dando oportunidade ao vendedor de entrar no assunto que
lhe interessa, a venda de seu produto. Mas cuidado para que a conversa não se
prolongue em demasia.
É através do diálogo com o cliente que você vai
sentir melhor suas necessidades e desejos. Faça perguntas e ouça as respostas.
Deixe o cliente falar à vontade. Sócrates disse que temos dois ouvidos para ouvir duas vezes e uma boca para falar uma
vez. Quando você ouve o cliente com atenção, está
tomando conhecimento de suas necessidades e
desejos.
O presidente
Teodoro Roosevelt, ao deixar o governo, pretendia empreender uma grande caçada
na África. Sabendo que um grande caçador inglês estava nos Estados Unidos,
convidou-o para um jantar na Casa Branca, pois pretendia colher ideias e
informações sobre suas experiências no continente africano. Depois de duas horas com Roosevelt,
o caçador saíu e um repórter lhe perguntou como fora a conversa
com o presidente e o homem, bastante contrariado, respondeu: “Apenas consegui lhe dizer o meu nome”.
Veja alguns exemplos para um
início de conversa por parte do vendedor:
Vendedor: Bom dia, sr. Nogueira. Hoje o sr. deve estar se sentido feliz pela
vitória de seu time.
Vendedor: Tudo bem, d. Margarida. Com as modificações que fez na loja, o aspecto
geral ficou muito convidativo. Certamente vai vender mais
Vendedor: Parabéns, dr. Gilberto. Falei com
seu filho, à entrada do escritório. Está um garotão e fico feliz em saber que
já trabalha com o senhor.
Vendedor visitando médico em
consultório.
Vendedor: Bom dia, dr. Paulo. Estive aqui na semana passada para lhe mostrar o
último lançamento de nossa empresa, mas sua secretária me informou que o sr.
estava no hospital, numa delicada cirurgia.
Médico: Exatamente! Fiquei 4 horas na sala de cirurgia.
Vendedor: mas correu tudo bem, dr. Paulo?
Médico: Graças a Deus, correu tudo bem, pois o hospital é muito bem aparelhado e
conto com uma equipe altamente qualificada.
Esse vendedor
iniciou com muita propriedade a sua entrevista de vendas, foi quebrado o gelo e
deu-se início ao processo de empatia entre vendedor e cliente. Quando visitamos
um cliente a primeira vez, é mais difícil quebrar o gelo, pois não sabemos qual
será a sua reação. A primeira entrevista é sempre a mais difícil.
Naquele longo jantar entre o
presidente Teodoro Roosevelt e o caçador inglês não se estabeleceu a empatia,
porque o presidente só falou de si mesmo e não estabeleceu o diálogo com o seu
convidado. Sem diálogo não existe empatia. O
vendedor, embora sinta que as pessoas têm comportamento e atitudes diferentes,
não se preocupa muito com isso, mas procura pontos de encontro que lhe permitam
compreender o cliente, pois é preciso sentir o cliente, sintonizar-se com o
cliente, estabelecer a comunicação e o diálogo.
Em lojas é muito comum nos
depararmos com a antítese da empatia que é a antipatia, quando nos
deparamos com aquele vendedor ou vendedora que recebe o cliente e nem se digna
olhar para ele, responde com monossílabos e dá a impressão de que, quanto mais
rápido o cliente se mandar, melhor. Esse cliente, provavelmente não retornará
àquela loja e o futuro desse vendedor ou vendedora não será muito promissor e
também o futuro da loja, pois ela ficará de portas abertas até se instalar nas
proximidades um concorrente competente.
No dia-a-dia de vendas, o vendedor pode se deparar com situações
inusitadas, encontrar cliente nervoso, explosivo ou passar por uma situação que
exija dele uma reação. Mas, em qualquer circunstância, o vendedor deve sempre
agir racionalmente e não emocionalmente, comportamento recomendado não só em
vendas, mas em nossa vida diária, como no trânsito e em outras circunstâncias.
Aaron Levenstein,
em seu livro Use a Cabeça, nos dá dois exemplos de comportamento em que as pessoas agem emocional
ou racionalmente diante de um problema. No primeiro exemplo, ele nos conta a
história de Xerxes, rei dos persas, que precisava atravessar o mar com seus
exércitos para invadir a Grécia. Mandou construir uma ponte feita de barcos
sobre o Helesponto, um estreito situado no Mar Negro. Mas, durante a noite, uma
grande tempestade destruíu os barcos. O rei, enfurecido, ordenou a seus
escravos que aplicassem 300 chibatadas no mar e executassem os construtores da
ponte.
O outro exemplo é do menino
holandês que percebeu um pequeno furo no grande dique que represava as águas do
mar, furo que iria se expandir se não fosse logo
estancado, causando uma grande catástrofe. O que fez o menino? Tapou o furo com
o dedo e ali ficou até chegar socorro.
Xerxes fracassou,
porque enfrentou o problema encolerizado. Agiu emocionalmente. Já o menino
holandês foi bem sucedido, porque aplicou, no caso, a sua capacidade de
resolver problemas. Agiu racionalmente, usou a cabeça. Ambos lutavam contra o
mesmo elemento - o mar.
Conhecemos o caso
de um gerente de vendas de uma grande empresa que, ao conversar sobre descontos
na compra de determinado produto com um grande atacadista numa cidade do Sul,
recebeu um copo d’água na cara, porque não podia dar o desconto exigido pelo
nosso destemperado comerciante. O que fez o gerente? Não se exaltou e esperou
que passasse a raiva do cliente, dando prosseguimento à negociação dentro das
condições da empresa vendedora. O comportamento do gerente deixou o agressor
com vergonha e acabou por lhe pedir desculpas.
A atividade de
vendas também exige que, além do raciocínio, o vendedor exerça a sua
criatividade. Criativo é aquele vendedor que, diante de determinadas
circunstâncias, encontra saída em favor de seu produto.
Akio Morita, fundador da Sony,
conta em seu livro Made in Japan como conseguiu, em 1955, introduzir nos
Estados Unidos o primeiro rádio transistor, fabricado pela empresa. Era um
produto de pequenas dimensões, quando o mercado estava acostumado aos aparelhos
de grande porte, pois os americanos viviam em casas grandes, com muitos
quartos. Para introduzir seu produto, ele argumentava que, face à grande
quantidade de emissoras existentes
O fato aqui narrado demonstra
o espírito de criatividade do vendedor, seu senso de oportunidade e sua
presença de espírito.
(Texto extraído do livro VENDER É PRECISO de R.H Souza. autor deste blog. Para comprá-lo, acesse: atendimento@clubedeautores com.br
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