quinta-feira, 18 de setembro de 2014

D. JOÃO VI E SUAS ESQUISITICES


Simplício Rodrigues de Sá - Retrato de Dom João VI.jpg



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O livro 1808 de Laurentino Gomes (Editora Planeta) traz na capa o seguinte texto: “Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão Bonaparte e mudaram a História de Portugal e do Brasil”. No capítulo 13, o autor fala especificamente do regente (depois rei) D. João VI e descreve  algumas de suas esquisitices. Aqui, reproduzimos algumas delas.

“ O Príncipe regente e, depois de 1816, rei do Brasil e de Portugal, D. João tinha medo de siris, caranguejos e trovoadas. Durante as frequentes tempestades tropicais do Rio de Janeiro, refugiava-se  em seus aposentos na companhia do roupeiro predileto, Matias Antônio Lobato. Ali, com uma vela acesa, ambos faziam orações a santa Bárbara e são Jerônimo até que cessassem os trovões. Certa noite foi picado por um carrapato na fazenda de Santa Cruz, onde passava o verão. O ferimento inflamou e causou febre. Os médicos lhe recomendaram banho de mar. Como temia ser atacado por crustáceos, mandou construir uma caixa de madeira, dentro da qual era mergulhado nas águas da Praia do Caju, nas proximidades do Palácio de São Cristóvão. A caixa era uma banheira portátil, com dois varões transversais e furo laterais por onde a água do mar podia entrar. O rei permanecia ali dentro por alguns minutos, com a caixa imersa e sustentada por escravos para que o iodo marinho ajudasse a cicatrizar as feridas.

Esses mergulhos improvisados na Praia do Caju, a conselho médico são a única notícia que se tem de um banho de D. João nos treze anos em que permaneceu no Brasil. Quase todos os historiadores o descrevem como um homem desleixado com a higiene pessoal e avesso ao banho. “Era muito sujo, vício de resto muito comum a toda a família, a toda a nação”, afirmou Oliveira Martins. “Nem ele, nem D. Carlota, apesar de se odiarem, discrepavam na regra de não se lavarem.” A relutância da corte portuguesa contrastava com os costumes da colônia brasileira, onde os cuidados com o asseio pessoal chamava a atenção de quase todos os viajantes que por aqui passaram nessa época.”Apesar de certos hábitos que aproximam da vida selvagem os brasileiros da classe baixa, qualquer que seja sua raça, é para notar que todos eles são notavelmente cuidadosos com a limpeza do corpo”, escreveu o inglês Henry Koster, que morou em Recife entre 1809 e 1820."

Entre outras excentricidades do monarca, o autor se refere ao seu gosto pelos famosos franguinhos, que costumava levar na  algibeira de seu surrado casaco. Já vinham desossados e assados na manteiga e ele os devorava com avidez, forçando, naturalmente, seu intestino a funcionar em momentos impróprios. Mas o rei não se incomodava com o fato, pois se prevenia, levando consigo uma cadeirinha com um grande penico em baixo. No momento oportuno, ele descia da carruagem, baixava os calções e ali, diante de todos, fazia suas necessidades, mesmo que mulheres estivessem presentes.

Esse era o rei D. João VI, mas o escritor Laurentino Gomes conclui, afirmando a importância dele para o Brasil, com a abertura dos portos e o consequente desenvolvimento da economia brasileira,
transformando uma colônia esquecida, num reino e, depois, num país independente com a proclamação da independência por seu filho, D. Pedro I. Nascia o império brasileiro.

Laurentino Gomes escreveu uma trilogia extraordinária sobre a história brasileira, com os livros: 1808, 1822 e 1889. É leitura imperdível. Você encontra os livros nas boas livrarias. Esses livros foram escritos numa linguagem fácil e agradável, fruto de uma pesquisa imensa. O leitor encontra nesses livros aquela história brasileira que não lhe contaram na escola.



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