A chamada Guerra do Contestado durou de 1912 a 1916 e teve como cenário uma região entre os Estados do Paraná e Santa Catarina, conhecida como “terra de ninguém”, disputada pelos dois estados. Numerosas foram as causas para a rebelião da população pobre da região: a exploração exercida pelos coronéis da erva-mate, o desemprego de milhares de trabalhadores com o fim da construção da estrada de ferro São Paulo Rio Grande do Sul pela Brazil Railway, desapropriação de terras pela ferrovia e depois vendidas para colonos poloneses e alemães. Um bilhete encontrado no bolso de um camponês morto no Contestado dizia:” Nóis não tem direito de terra; tudo é prá gente das Oropa”. Isso tudo propiciou o surgimento de messias salvadores, com destaque para o monge José Maria que conduziu milhares de pessoas à luta contra as forças dos governos estaduais e depois do governo federal. Os revoltosos se denominavam de pelados e as forças que lhes eram antagônicas, de peludos. O movimento tomou tais proporções que o governo federal foi obrigado a intervir.
O encarregado para comandar o combate aos revoltosos foi o general Fernando Setembrino de Carvalho que mobilizou 7.000 homens, além de artilharia e até de aviação. 20.000 pessoas morreram durante os anos de luta.
Quando adolescente, conheci um senhor que participou dos combates aos revoltosos. Ele era sargento do exército e estava sediado em Curitiba, quando foi convocado para a luta. Entre outros combates, eles participou do cerco ao povoado de Taquaruçu, quando centenas de rebeldes foram destroçados pela artilharia: homens, mulheres e crianças. Esse sargento contava que, a essa época, a tropa do exército era formado de gente da pior espécie, que pilhava, matava e estuprava as mulheres. Contou a história de um soldado que foi surpreendido por seu oficial, estuprando uma mulher agonizante. O oficial ficou tão revoltado que pegou a espada e com ela, deu uma surra no infrator. Segundo ainda esse sargento, o nível da tropa só começou a melhorar com a instituição do serviço militar obrigatório, resultado de uma grande campanha na imprensa promovida pelo poeta Olavo Bilac.
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